Venda de vermífugo sem eficácia contra Covid tem faturamento bilionário

Foto: Miguel Noronha/Futura Press/Folhapress

Em um ano, a ivermectina, vermífugo também usado em tratamento de sarna e piolho, registrou aumento expressivo de unidades vendidas no país, segundo a Iqvia, instituto especializado em dados do varejo farmacêutico. Mas o que chama a atenção é o faturamento bilionário.

As vendas do remédio, que os defensores do chamado tratamento precoce incentivam, mas não tem eficácia comprovada contra a Covid-19, subiram 750% em abril de 2021 ante o mesmo mês do ano passado, para 84 milhões de unidades.

O salto no valor alcançado pelo varejo com as vendas foi maior, de 1.272%, na mesma base de comparação. O ganho subiu de R$ 116,3 milhões para R$ 1,6 bilhão.

As informações são da coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo.

Aliado-chave abandona Netanyahu e abre caminho para oposição formar governo em Israel

Foto: Walterson Rosa/Folhapress

O líder do partido israelense Yamina, Naftali Bennett, aceitou uma proposta para fazer parte da coalizão negociada pelo líder da oposição Yair Lapid. Caso não haja reviravolta nas próximas horas, a decisão de Bennett deve pôr fim a 12 anos de governo do premiê Binyamin Netanyahu em Israel.

Lapid e Bennet concordaram em um acordo de divisão de poder nos próximos quatro anos no qual haverá um revezamento no papel de primeiro-ministro. O partido apoiou o acordo fechado por seu líder.

Se concretizado, o acordo colocará fim à sequência de eleições em Israel – foram quatro nos últimos dois anos. Fora do governo e sem imunidade judicial, Netanyahu terá de responder a acusações de corrupção na Justiça.

Conhecido como “O Mágico”, em virtude de sua habilidade de costurar acordos políticos e sobreviver no cargo mesmo diante dos cenários mais improváveis, Netanyahu ainda tenta uma última cartada: dividir o cargo de premiê com Bennet.

“Um governo de direita ainda é possível”, disse Netanyahu após o anúncio da oposição. Analistas, no entanto, creem que a possibilidade disso ocorrer é pequena.
Estadão

Ministério da Saúde enviará aparelhos de oxigênio para Norte-Nordeste

Foto: Ministério da Saúde
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que enviará 5,1 mil concentradores de oxigênio para auxiliar as unidades de saúde com pacientes internados com covid-19 no Norte e Nordeste do país. Queiroga encontra-se em Pernambuco, estado que, segundo ele, receberá 148 aparelhos até o dia 10 de junho.

“Estamos visitando a região, pois sabemos que há ameaça de colapso no sistema de saúde, sobretudo em função do insumo oxigênio. O ministério já providenciou para essas regiões 5.100 concentradores de oxigênio. Para Pernambuco, serão 148 concentradores”, disse o ministro.
Falta de oxigênio

Perguntado sobre se há risco de colapso por falta de oxigênio, mesmo após o envio desses concentradores, Queiroga disse que o governo trabalha para que isso não aconteça. “Só que lidamos com a imprevisibilidade biológica porque esse vírus sofre mutação e pode ter variantes que podem ter comportamento biológico diferente, o que leva pressão maior para o sistema de saúde. Mas as autoridades sanitárias estão empenhadas para que não haja falta de oxigênio”, acrescentou.

Queiroga, no entanto, ressaltou que distribuição e logística de oxigênio “é questão complexa”, uma vez que o gás é distribuído não apenas na forma líquida, mas também em cilindros, forma mais comumente adotada nos municípios de menor porte. “Há carência de cilindros [em municípios], mas estamos apoiando as secretarias municipais de saúde para que não haja falta de cilindros”, disse Queiroga ao destacar ser preciso aprimorar a logística, para esse tipo de transporte. .
Compra de vacinas

Sobre as ações do governo visando à compra de vacinas, Queiroga disse que a carência de vacina é mundial. “Mas no mês de junho teremos garantidos mais de 40 milhões [de doses de vacinas] a serem distribuídas. Em junho teremos uma marca importante, que é de [atingir um total de] 100 milhões [de doses] distribuídas para o país inteiro”, acrescentou.

“Só com a Pfizer, temos um contrato de 200 milhões de doses de vacinas. Agora, em 1º junho, assinaremos acordo de transferência de tecnologia entre a indústria Astrazênica e a Fiocruz, colocando o Brasil na vanguarda de países que tem capacidade com autonomia de produzir vacinas. Há também negociações com outras farmacêuticas para buscarmos antecipar doses. Agora, é um contexto que não é simples porque é uma emergência em saúde pública internacional”, completou.

Edição: Nélio de Andrade
Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Bolsonaro pede a Exército que não puna Pazuello e amplia a crise

Foto: Reprodução

Jair Bolsonaro disse ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que não quer ver o ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde) punido por participar de um ato em favor do presidente no Rio de Janeiro domingo passado (23).

A sinalização foi dada ao comandante durante a viagem de ambos a São Gabriel da Cachoeira (AM), onde Bolsonaro foi inaugurar uma ponte de menos de 20 metros e fazer uma visita de dois dias a partir de quinta (27).

Pazuello é um general da ativa, no topo da carreira de intendente (responsável pela logística militar) com três estrelas. Paulo Sérgio é seu superior, e o pedido de Bolsonaro acirra a já grave crise entre o Planalto e a Força da qual o presidente saiu praticamente expulso como capitão em 1988.

Na viagem ao Amazonas estavam presentes o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Ambos são generais de quatro estrelas, cume da hierarquia, da reserva do Exército.

No domingo passado, Pazuello participou de um evento de motociclistas com Bolsonaro e subiu ao palanque para dar apoio ao presidente. Demitido em março por sua gestão considerada desastrosa à frente da Saúde, o general foi incorporado a um cargo burocrático na Secretaria-Geral do Exército.

A proteção sugerida por Bolsonaro a Pazuello amplia muito a crise entre a Presidência e o Planalto. O ato de Pazuello gerou irritação no Alto-Comando do Exército, colegiado de 15 generais de quatro estrelas encabeçado por Paulo Sérgio.

O grupo defendeu a punição a Pazuello. Pelo regimento militar, que veta manifestações políticas de quem está fardado, é inegociável a situação: ele pode ser advertido verbalmente, receber uma repreensão por escrito ou pegar 30 dias de cadeia em um quartel.

No Alto-Comando, a repreensão, vista como desonrosa, parecia de bom tamanho. Menos que isso é contratar, nas palavras de um de seus generais, a anarquia —em especial na eleição polarizada de 2022 à frente.

A ideia de Pazuello ir à reserva para atenuar a crise, por sua vez, já é vista como insuficiente entre os fardados.

O ex-ministro deixou vazar sua linha de defesa, entregue na sexta (28) ao Exército. Ela foi considerada, segundo a Folha ouviu de generais, como “uma desfaçatez”. Basicamente, ele diz que não pode ser punido porque apoiava o cidadão Bolsonaro, não o presidente em um ato político.

Chegou a alegar que o fato de o presidente não ser filiado a um partido despolitizaria todo o evento. O conceito foi dado pelo próprio Bolsonaro em uma live na quinta (26).

Por absurda, a argumentação reforçou a crítica inclusive à hipótese de Pazuello ir à reserva para proteger a instituição. Para militares ouvidos, mesmo que o ex-ministro fizesse o gesto, a linha já foi cruzada e a punição se faz imperiosa.

O que traz de volta o impasse. Paulo Sérgio não é um favorito de Bolsonaro. Ao contrário, dias antes de o presidente intervir no Ministério da Defesa e levar à demissão coletiva dos três comandantes de Força, ele havia concedido entrevista que irritou o Planalto ao defender medidas contra a Covid-19.

Como se sabe, Bolsonaro reza pela cartilha do negacionismo na pandemia. Mas ao ver os comandantes de saída, o presidente resolveu os demitir, na maior crise militar desde 1977.

Para acalmar os ânimos, encaminhou substituições que respeitaram critérios de antiguidade, o que ungiu Paulo Sérgio no comando.

Segundo um interlocutor do comandante do Exército, ele se vê num beco sem saída.

Se acatar o desejo do chefe e poupar Pazuello, abrirá a porta da politização das Forças Armadas de forma inequívoca e ainda perderá a autoridade ante seus pares que são contrários a isso.

A questão é uma fantasma que acompanha os militares desde que, de forma geral, adotaram Bolsonaro como um candidato capaz de dar vazão a seus sentimentos antipetistas e anticorrupção na esteira da Operação Lava Jato, em 2018.

Uma vez eleito, muitos aceitaram integrar o governo, inclusive oficiais da ativa, emprestando seu prestígio. Tal movimento hoje é ressentido por oficiais-generais que apoiaram a ideia, apesar das benesses obtidas, como um plano de carreira e Previdência generoso sob Bolsonaro.

Por outro lado, se punir Pazuello, Paulo Sérgio poderá se ver numa situação em que a permanência no cargo será insustentável, levando à segunda crise militar em dois meses.

Alguns observadores fardados, notadamente fora do Exército, acreditam que é exatamente isso o que Bolsonaro quer, visando gerar um ambiente de instabilidade para que possa sacar sua usual carta de “vou chamar meu Exército” para resolver a crise.

Nenhum ator sério acredita nisso, mas a confusão pode contaminar estratos inferiores do estamento militar se o exemplo da punição não for dado, argumentam esses militares preocupados.

Paulo Sérgio tem uma semana para decidir o que fazer com o ex-ministro da Saúde.

A tendência por uma punição intermediária parece ter sido rejeitada por Bolsonaro, e há a especulação acerca da hipótese de o general a manter e esperar a reação do Palácio do Planalto.

Se isso ocorrer, a piora da crise também estará dada: uma desautorização de Paulo Sérgio por parte de Bolsonaro será recebida, dizem aliados do comandante, com uma renúncia.

Os militares de cúpula mais otimistas ainda acreditam em uma saída na qual Bolsonaro irá recuar ante uma punição mais branda de Pazuello.

Seja como for, o esgarçamento proposto pelo presidente da tessitura institucional militar tem tido péssimas repercussões. As declarações do seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão, são vistas como um sinal disso.

Praticamente rompido com Bolsonaro, Mourão passou a semana dizendo que Pazuello era culpado e que tinha de ser punido pela indisciplina.

Mesmo não sendo uma unanimidade no Exército, o general falava ali pela corporação —com a autoridade extra conferida pelos votos que recebeu na chapa com o chefe.

Não parece haver um final feliz possível para o impasse.

Igor Gielow / Folha de São Paulo

Origem do coronavírus em laboratório não pode ser descartada, mas fonte natural é mais provável

Foto: Lucas Landau/Reuters
Ao longo das últimas semanas, o debate sobre a origem do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, adquiriu uma urgência que não era vista desde o início da presente pandemia. Uma carta publicada por pesquisadores no prestigioso periódico especializado Science, bem como investigações sob os auspícios do governo americano, colocam em questão a possibilidade de que o vírus poderia ter vindo de um laboratório de Wuhan, na China, e não diretamente de um hospedeiro animal na natureza.

É óbvio que esse tipo de debate é um prato cheio para a desinformação. Escrevi esta coluna, portanto, como um pequeno guia para os perplexos, ponto a ponto. Vamos a eles.

1) Ainda não há evidências diretas de vazamento laboratorial, nem propriamente dados novos. Esse me parece um elemento muito importante e pouco mencionado. A discussão sobre o tema não se reacendeu por causa de evidências “positivas” —ou seja, dados diretos indicando o vazamento do Sars-CoV-2 do laboratório chinês. Tais dados, por ora, não existem.

As evidências são, na verdade, “negativas”. Isso significa que ainda não foi encontrado um vírus idêntico ao que afeta humanos em hospedeiros animais (selvagens ou domésticos), o que impede a reconstrução completa da trajetória evolutiva do Sars-CoV-2, ou o momento e local aproximados em que ele teria feito o salto de bichos para humanos. É esse ponto que mantém aberta a possibilidade do espalhamento em laboratório.

2) Vazar de um laboratório não é a mesma coisa que ser arma biológica criada propositalmente. A “hipótese laboratorial” na verdade é uma família de hipóteses. O vírus, por exemplo, pode ter sido coletado por pesquisadores em animais, sendo estudado por eles, até que vazou acidentalmente e desencadeou a pandemia.

Também pode ser que um vírus de origem natural tenha sido modificado em experimentos cujo objetivo era entender como esses patógenos adquirem propriedades perigosas para seres humanos. Depois, essa forma alterada teria escapado por acidente.

Por fim, haveria a modificação deliberada para uso como arma biológica. É quase impossível achar um cientista sério que ache que a terceira possibilidade deste item 2 seja mais provável que a primeira e a segunda.

3) É preciso cuidado antes de achar que o Sars-CoV-2 é “engenheirado”. Este ponto é um pouco mais complexo de explicar. Alguns defensores da hipótese laboratorial têm dado muito destaque ao fato de que a combinação exata de estruturas moleculares que permitem que o vírus se acople com eficiência às células humanas, por não ter sido identificada ainda em parentes dele na natureza, seria tão incomum que só poderia ter surgido a partir de manipulação genética. Também chamam atenção para o fato de que o coronavírus de morcegos que é o parente mais próximo do Sars-CoV-2 foi identificado muito longe de Wuhan (e, claro, não contém a combinação de moléculas “pronta para atacar humanos”).

Por enquanto, parece mais seguro afirmar que essas ideias são, no máximo, meias-verdades. O motivo é simples: só conhecemos a pontinha do iceberg da diversidade viral carregada por animais selvagens, e o esforço de pesquisa de alguns meses depois da pandemia, por mais que tenha examinado dezenas de milhares de bichos e pessoas, está muito longe de esgotar os potenciais reservatórios de vírus.

De mais a mais, não custa ressaltar que nenhum patógeno emergente até hoje veio originalmente de um laboratório ““e a grande maioria surgiu na fauna selvagem. Sempre pode haver uma primeira vez, é claro, mas precisamos de evidências muito sólidas para apostar em hipóteses extraordinárias.
Reinaldo José Lopes / Folha de S. Paulo

Testado em 2002, voto impresso causou confusão e tornou urna eletrônica vulnerável a fraude

Foto: Bruno Stuckert/Folhapress
Bandeira do presidente Jair Bolsonaro e de aliados, o voto impresso foi testado em 2002 e, em vez do aumento da segurança, transparência e confiabilidade, o diagnóstico foi em sentido oposto: as eleições nessas localidades se tornaram mais inseguras, confusas e passíveis de fraude.

Ao todo, a Justiça Eleitoral acoplou naquele ano 23 mil impressoras às urnas eletrônicas de Sergipe, do Distrito Federal e de cidades próximas às capitais, em um total de 150 municípios.

Seis por cento dos eleitores brasileiros passaram, na ocasião, pela experiência de escolher seus candidatos na urna eletrônica, tendo ao lado um mecanismo em que podiam conferir visualmente a impressão do voto para, após isso e sem contato manual, o papel ser automaticamente depositado em um local lacrado.

O teste foi feito devido a uma lei aprovada pelo Congresso instituindo a impressão do voto eletrônico (não confundir com as cédulas de papel usadas em todo o país até o início dos anos 1990) a partir do pleito de 2004.

A análise do relatório divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), das duas ações de inconstitucionalidade analisadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e dos documentos anexados ao projeto de lei do Congresso que revogou a medida em 2003 mostra uma lista de episódios e indicadores que contraindicam fortemente a adoção novamente do modelo em 2022.

O relatório do TSE resume os problemas encontrados: “A experiência demonstrou vários inconvenientes na utilização do denominado módulo impressor externo. Sua introdução no processo de votação nada agregou em termos de segurança ou transparência. Por outro lado, criou problemas. Nas seções eleitorais com voto impresso foi: a) maior o tamanho das filas; b) maior o número de votos nulos e brancos; c) maior o percentual de urnas com votação por cédula, com todo o risco decorrente desse procedimento; e d) maior o percentual de urnas que apresentaram defeito, além das falhas verificadas apenas no módulo impressor”.

De acordo com o documento, no Rio de Janeiro cerca de 60% dos eleitores não conferiram a impressão. Na Bahia, eleitores não conseguiram finalizar a votação. No Distrito Federal, que teve 100% das urnas com impressora de voto, o índice de quebra foi de 5,3%, contra 1,4% do restante do país.

“Outro dado que impressiona, e muito preocupa, é o fato de nas seções com voto impresso, 30,2% delas terem utilizado o sistema de voto cantado, enquanto nas seções que utilizaram urna eletrônica, sem voto impresso, o percentual foi de apenas 0,68%”, diz o relatório.

A referência é ao modelo em que há utilização de cédulas devido a problema na urna. Depois, esses votos são “cantados” para registro em um programa da urna eletrônica.

“O voto cantado fragiliza o processo de votação e apuração, na medida em que possibilita a interferência da ação humana, com todas as suas consequências.”

Material produzido pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE e reproduzido no voto da ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia —que considerou inconstitucional lei do voto impresso de 2009— aprofunda o relato da experiência e das possíveis consequências da generalização da medida.

“No caso de uma recontagem, a simples perda de um pedaço de papel poderá causar inconsistências, podendo gerar impugnação da seção eleitoral, criando um novo tipo de vulnerabilidade no sistema. Esta vulnerabilidade pode ser explorada no reduto eleitoral do candidato opositor provocando a anulação das urnas. Da mesma forma, votos impressos podem ser inseridos, provocando a mesma impugnação”, escrevem os técnicos.

“Mesmo sendo automática, existe a dependência da intervenção manual no processo de organização dos votos e, consequentemente, traz de volta a possibilidade de fraudes”, prossegue o texto reproduzido por Cármen Lúcia.

O documento ressalta ainda que o eleitor não tem como saber se o voto que ele viu sendo impresso na seção eleitoral é o mesmo que está sendo recontado em caso de auditoria, assim como a possibilidade de todo o candidato derrotado poder alegar que a eleição foi fraudada, sem provas, e pedir recontagem.

“Assim, a recontagem dos votos impressos tornar-se-á o método padrão de contagem de votos, o que significa um retrocesso, pois o antigo processo de votação manual é suscetível a fraudes e por isso foi abandonado no Brasil.”

O voto em cédula no Brasil, com apurações lentas e conturbadas, que podiam durar dias, vigorou até 1994. Na eleição municipal de 1996, a urna eletrônica começou a ser implantada nas maiores cidades do país.

Em 2000, o novo sistema estava operando em todo o território nacional, o que levou as cédulas a serem reservadas apenas para localidades em que o aparelho apresentasse defeito.

Desde então, apesar de não haver nenhum indicativo ou suspeita concreta de fraude na votação eletrônica, o Congresso Nacional já aprovou em três ocasiões leis tentando implantar não a volta das cédulas, mas a impressão do voto dado na urna eletrônica —leis 10.408/2002, 12.034/2009 e 13.165/2015.

A primeira foi revogada pelo próprio Congresso em 2003 após o fiasco do ano anterior.

A segunda foi declarada inconstitucional pelo STF sob os argumentos de risco à garantia constitucional do sigilo do voto e violação aos princípios de economia e eficiência na gestão do dinheiro público.

Segundo estimativas, o custo para implantar o voto impresso em todo o país deve superar a casa dos R$ 2 bilhões.

A terceira lei também foi barrada pelo Supremo, sob o mesmo argumento: inconstitucionalidade.

Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro levanta suspeitas baseadas em falsas premissas contra a votação em urnas eletrônicas. Aliados seus no Congresso querem aprovar uma proposta de emenda à Constituição estabelecendo o voto impresso a partir do pleito de 2022.

O TSE já indicou que, mesmo que o Congresso aprove a medida, não terá condições orçamentárias e de logística para cumprir a medida.
Ranier Bragon / Folha de São Paulo

Bahia passeia na estreia do Brasileiro, que já tem 1º técnico demitido

Foto: Felipe Oliveira
A edição 2021 da Série A do Campeonato Brasileiro teve início neste sábado (29). O primeiro time a vencer na competição foi o Bahia, que derrotou o Santos por 3 a 0 no estádio de Pituaçu, em Salvador. Nos outros dois encontros da noite, somente empates. No Morumbi, na capital paulista, São Paulo e Fluminense não saíram do zero em partida transmitida ao vivo pela Rádio Nacional. Na Arena Pantanal, Cuiabá e Juventude ficaram no 2 a 2, no jogo que abriu a competição. A igualdade custou o emprego do técnico Alberto Valentim, do Dourado.
Foto: Felipe Oliveira
O triunfo baiano no Pituaçu foi decidido nos primeiros sete minutos do segundo tempo, depois de uma etapa inicial em que o Esquadrão de Aço já havia sido superior ao Peixe. Antes mesmo do ponteiro do cronômetro completar a primeira volta, o lateral Pará bobeou e Rossi aproveitou. O atacante cruzou pela direita e o meia Thaciano apareceu na área para concluir.

Aos quatro, Rossi novamente escapou pela direita e deu assistência para Thaciano finalizar e ampliar. Três minutos depois, o meia Daniel cruzou pela esquerda o zagueiro Juninho, livre, cabeceou para marcar o terceiro do Tricolor. Desnorteado com os gols em sequência e mesmo com a posse de bola na casa dos 60%, o Santos foi incapaz de criar perigo.

Os dois times têm compromissos pela terceira fase da Copa do Brasil antes da próxima rodada da Série A. Na terça-feira (2), o Bahia enfrenta o Vila Nova no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, em Goiânia, às 16h30 (horário de Brasília). No mesmo dia, às 19h, o Santos visita o Cianorte-PR no estádio Albino Turbay, em Cianorte (PR).

Pelo Brasileirão, as equipes voltam a campo no próximo sábado (5). O Peixe encara o Ceará às 19h (horário de Brasília), na Vila Belmiro, em Santos (SP). Mais tarde, às 21h, o Esquadrão mede forças com o Red Bull Bragantino no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP), às 21h.
Empate no Morumbi
Foto: Felipe Oliveira
Na capital paulista, o Fluminense foi superior ao São Paulo no primeiro tempo e só não saiu na frente porque o goleiro Tiago Volpi defendeu um pênalti batido pelo meia Nenê aos 28 minutos. Na etapa final, o Tricolor carioca quase abriu o placar no minuto inicial, com Gabriel Teixeira. O atacante recebeu cruzamento pela direita do lateral Martinelli e chutou na saída de Volpi. A bola desviou no goleiro e tocou na trave.

Os anfitriões só conseguiram assustar na reta final da partida, com Joao Rojas. Aos 40 minutos, o atacante finalizou de surpresa, com o joelho, após cruzamento do lateral Reinaldo pela esquerda, mandando à direita, rente ao gol de Marcos Felipe. Nos acréscimos, o equatoriano teve nova oportunidade, mas o lance foi todo anulado por impedimento do atacante Éder na origem da jogada.

Aguardando a definição dos adversários nas oitavas de final da Libertadores, que sairá na terça, São Paulo e Fluminense terão a semana cheia para treinar. O Tricolor paulista só volta a campo no sábado que vem, às 19h, no estádio Antônio Accioly, em Goiânia, contra o Atlético-GO. O Tricolor carioca joga no próximo domingo (6), às 11h, diante do Cuiabá, no Maracanã.
Igualdade e demissão
Foto: Felipe Oliveira
Os mato-grossenses, aliás, saíram na frente do Juventude aos 28 minutos da primeira etapa, com o atacante Jonathan Cafu. Foi o primeiro gol da competição e o primeiro da história do Cuiabá na elite nacional. Antes do intervalo, os gaúchos conseguiram a virada, com gols do volante Wescley, aos 42, e do atacante Matheus Peixoto, aos 45 minutos. No segundo tempo, após muito pressionar, o Dourado igualou aos 41 minutos, com Élton aproveitou cruzamento do também atacante Guilherme Pato.

Após a partida, o Cuiabá anunciou a demissão de Alberto Valentim. O técnico durou apenas dez jogos no comando da equipe, com sete vitórias e três empates. Apesar do título estadual invicto conquistado no último domingo (23), o Dourado foi eliminado de forma precoce da Copa do Brasil, caindo para o 4 de Julho-PI nos pênaltis, na segunda fase. O time será dirigido pelo auxiliar Luiz Fernando Iubel, de forma interina, até a contratação do novo treinador.

O Juventude, de volta à primeira divisão após 14 anos, volta a campo no outro domingo, pela segunda rodada do Brasileirão, para enfrentar o Athletico-PR no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul (RS), às 18h15.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues
Por Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e Rádio Nacional - São Paulo

Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 29 de maio, tivemos 04 nove casos de coronavirus

A Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 29 de maio, tivemos 9646 casos registrados como suspeitos, sendo 2.817 casos confirmados, dentre estes, são 2.743 pessoas RECUPERADAS, 04 estão em isolamento social, 04 estão internadas e 66 foram a óbito. 6792 casos foram descartados e 37 pessoas aguardam resultado de exame. Nesse momento, temos 08 casos ativos.

O uso da máscara é indispensável, evite aglomerações, use álcool 70% e lave as mãos com água e sabão sempre que puder .

Prefeitura de Ipiaú/Dircom

Coronavírus: Aumento da pobreza e falta de comida transformam ovo em ‘prato principal’ na pandemia

Foto: BBC News Brasil
Coloca a panela no fogão, acende, põe um fio de óleo e quebra um ovo. Este se tornou o novo hábito diário da aposentada Maria José de Araújo, de 73 anos, e de milhares de brasileiros nos últimos meses na hora de preparar as refeições.

Com o agravamento da crise financeira causada pela pandemia do coronavírus e as constantes altas do preço da carne, aliados à perda da renda e do emprego, o ovo tornou-se a principal fonte de proteínas de muitas famílias.

“Eu sempre comprava costela, bife ou frango. Mas hoje bife é para rico. Aqui em casa, nem pensar. Quando compro alguma coisa diferente, é coxa e sobrecoxa. Até o pé do frango está caro”, afirmou Maria José, que mora com o marido e a filha na Brasilândia, zona norte de São Paulo.

“Antes, a gente sempre colocava carne na mesa. Mas hoje a gente faz tudo com ovo. Omelete, ovo frito, cozido. Daqui a alguns dias, a gente não vai aguentar mais”, contou à reportagem.

Um estudo do grupo de pesquisas Food for Justice: Power, Politics, and Food Inequalities in a Bioeconomy (Comida por Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares em uma Bioeconomia, em tradução livre), da Universidade Livre de Berlim, apontou que o ovo foi o alimento que teve maior aumento no consumo dos brasileiros durante a pandemia: 18,8%.

Na avaliação dos pesquisadores, esse crescimento no consumo de ovos aponta para uma clara substituição no consumo de carne, que teve redução de 44%.

O número de pessoas que disse ter comido mais carne, entre novembro e dezembro de 2020, foi de apenas 3,2%.

‘Olha o ovo!”

O vendedor de ovos Leonardo Carlos Ribeiro Cabral, de 37 anos, sentiu essa mudança. Suas vendas dispararam.

Antes da pandemia, ele vendia cerca de 1,5 mil a 2 mil caixas de ovos por mês. “Hoje, eu vendo 4 mil”, disse.

Três vezes por semana, ele percorre os 70 km que separam a Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, e a cidade de Mairinque, para buscar ovos.

Cabral entrou nesse mercado há seis anos como ambulante, vendendo cartelas de porta em porta e anunciando o produto por meio de um alto-falante, em uma Kombi.

Mas a perda de renda e a fome durante a pandemia fizeram o negócio de Cabral prosperar. Hoje, ele tem três funcionários que vendem o alimento em carros nas ruas.

“A gente mudou da água para o vinho. Eu tinha duas peruas velhas que usava para vender ovos. Hoje, comprei uma van, comprei um carro novo e estou construindo quatro casas para investimento porque não sei até quando vai durar essas vendas”, afirmou.

Cabral contou que percebeu uma mudança no perfil de seus clientes no último ano.

“Antes, as pessoas de classe média não compravam. Hoje, elas são as que mais compram, principalmente quando a Prefeitura fecha os comércios e as pessoas não podem sair de casa. Se eu soubesse que vender ovo seria tão bom, hoje eu teria um galinheiro”, afirmou sorrindo.

Ele cita um de seus clientes, que compra ovos para revender: um taxista que deixou de fazer corridas e encheu o carro com o produto para comercializar na zona norte da capital paulista.

Agnaldo Machado dos Santos, de 34 anos, tem história parecida. Ele trabalhava como motorista de aplicativo, mas foi alertado por um amigo sobre o aquecimento do mercado de venda de ovos e agora usa o carro para vender o produto na rua.

“Eu encho o porta-malas com caixas de ovos, abro em um lugar com grande movimento e fico ali com uma placa por uns 20 minutos. Depois vou mudando de lugar ao longo do dia. Chego a ganhar 50% a mais do que fazendo corridas”, contou Santos.

Insegurança alimentar cresce na pandemia

O economista Marcelo Neri, diretor do centro de estudos FGV Social, afirmou que a queda na renda provocada pela pandemia agrava uma tendência crescente de insegurança alimentar que o Brasil atravessa nos últimos anos.

A Food for Justice apontou que, em abril de 2021, 59,4% dos domicílios do país se encontravam em situação de insegurança alimentar. Isso ocorre quando uma família diz ter preocupação com a falta de alimentos em casa ou já enfrenta dificuldades para conseguir fazer todas as refeições.

De acordo com o estudo da Food for Justice, os mais altos percentuais de insegurança alimentar são registrados em famílias com apenas uma fonte de renda (66,3%). Isso se acentua ainda mais quando essa responsável é uma mulher (73,8%) ou uma pessoa parda (67,8%) ou preta (66,8%).

Uma pesquisa feita pelo Data Favela, uma parceria entre Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (Cufa), em fevereiro, apontou que, entre os 16 milhões de brasileiros que moram em favelas, 67% tiveram de cortar itens básicos do orçamento com o fim do auxílio emergencial, como comida e material de limpeza.

Outros 68% afirmaram que, nos 15 dias anteriores à pesquisa, em ao menos um dia faltou dinheiro para comprar comida. Oito em cada dez famílias disseram que, se não tivessem recebido doações, não teriam condições de se alimentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar as contas básicas durante os meses de pandemia.

Consumo de carne caiu ao menor patamar da história

A crise fez o consumo de carne no Brasil chegar ao menor patamar em 25 anos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), desde o início da série histórica, em 1996.

Hoje, cada brasileiro consome, em média, 26,4 kg de carne por ano. Isso significa uma queda de quase 14% na comparação com 2019, um ano antes da pandemia. A queda em relação a 2020 é de 4%, segundo o Conab.

Economistas apontam que, com a alta do dólar, os produtores preferem vender a carne para outros países, como a China, que paga em dólares.

Mas nem o ovo escapou ileso da crise. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas, no último ano, seu preço teve uma alta acumulada de 11,45%, enquanto a inflação do consumidor foi de 6,35%.

“Se o ovo não tivesse ficado mais caro, eu estaria vendendo ainda mais”, disse Leonardo Cabral.

O preço da sua caixa de ovos, com 30 unidades, passou de R$ 10 para R$ 15, um aumento de 50%.

A aposentada Maria de Araújo conta que, onde ela mora, o ovo encareceu bastante também. A cartela com uma dúzia, que custava R$ 8, hoje sai por R$ 13.

“Se continuar assim, até ovo vai ser difícil comprar”, afirmou à BBC News Brasil.

“Saída é aumentar a renda”, aponta economista

O economista Marcelo Neri, da FGV, diz que a procura maior pelo ovo causou essa subida repentina do preço.

“O aumento do preço das commodities e a variação cambial causaram uma alta nos alimentos”, afirmou o professor da FGV.

Isso faz com que as famílias procurem por proteínas que tenham um custo mais baixo. Mas Neri pondera que o mercado deve se ajustar e os preços devem diminuir, seguindo tendências históricas.

“O aumento das commodities é uma boa notícia para a macroeconomia brasileira, mas ruim para o consumidor. A notícia boa é que esse aumento não veio para ficar. O preço das commodities flutua, e eu diria que isso não é um choque permanente”, afirmou Neri.

Mas o economista ressalta que há uma tendência de piora da insegurança alimentar desde 2014. Um fenômeno, segundo ele, ligado ao aumento da desigualdade e pobreza.

Neri explica que o auxílio emergencial ajudou a reduzir esse problema, mas que parte desse benefício foi anulado pelo encarecimento dos alimentos.

Para o economista, a melhor solução hoje para amenizar o impacto na alta dos preços é investir na melhoria de renda da população e aguardar para que os valores voltem a patamares pelo menos mais próximos dos anteriores.

“As outras alternativas, como o controle de preços, não são boas. A gente já experimentou isso no passado e viu que causa escassez porque as pessoas consomem e gera uma corrida que não chega a lugar nenhum. Temos que pensar em políticas estruturais e de melhora de renda da população”, afirmou Neri.
Felipe Souza / Folha de São Paulo

Justiça concede liminar que suspende demissões em massa de médicos pelo Governo Rui

Foto: Reprodução/Facebook
O desembargador do Trabalho Esequias Pereira de Oliveira concedeu liminar para suspender demissões em massa de médicos da Bahia, Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), Fundação ABM de Pesquisa e Extensão na Área de Saúde (Fabamed) e Fundação José Silveira (FJS), “até que se estabeleça procedimento transparente, claro e informativo, como fruto de processo de negociação coletiva”.

A liminar determinou também a “suspensão da redução ou ruptura dos vínculos mantidos entre o Estado da Bahia e as empresas Rés e de outras empresas que lhes prestem serviços de saúde, de modo a evitar a despedida dos empregados médicos, até dezembro de 2021, prazo suficiente a fim de que a SESAB planeje a regularização dos vínculos da mão de obra médica, sem a utilização do credenciamento como intermediação de mão de obra”.

A Justiça suspendeu ainda o credenciamento de empresas médicas com base na Portaria Sesab nº 134/2021 e determinou que as rés devem “abster-se de praticar qualquer represália ou perseguição à testemunha, pelo simples fato de ter prestado depoimento perante o Ministério Público do Trabalho ou perante a Justiça do Trabalho”.

Manifestação contra Bolsonaro no Recife é encerrada com bombas e correria

Foto: Reprodução/Folha de São Paulo
A manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro foi encerrada com bombas de gás lacrimogênio, tiros de balas de borracha e correria nas ruas do centro do Recife neste sábado (29).

De acordo com os organizadores, o ato acontecia de forma pacífica e mantendo o distanciamento entre as pessoas. Contudo, os manifestantes foram surpreendidos por uma guarnição da tropa de choque da Polícia Militar bloqueando a rua já no final do trajeto.

Os manifestantes pararam a cerca de 200 metros do bloqueio, mas os policiais avançaram e lançaram bombas de gás, gerando correria. Um vídeo mostra a vereadora Liana Cirne (PT) sendo atacada com gás de pimenta ao tentar negociar com policiais que estavam em uma viatura.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, o governador Paulo Câmara (PSB) informou que determinou a imediata apuração de responsabilidades.

Segundo o governador, a corregedoria da Secretaria de Defesa Social instaurou procedimento para investigar os fatos. O oficial comandante da operação, além dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne, foram afastados de suas funções.

“Sempre vamos defender o amplo diálogo, o entendimento e o fortalecimento de nossas instituições dentro da melhor tradição democrática de Pernambuco”, disse.

Um dos organizadores da manifestação, o vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL) afirmou que as agressões aconteceram de forma gratuita e criticou o governador Paulo Câmara.

“Se um protesto sem violência é interrompido de forma tão violenta e gratuita, ou o governador ordenou que a polícia encerrasse a manifestação ou ele não manda na sua própria polícia”, disse.

Procurada, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco ainda não se manifestou sobre o conflito.

Em uma rede social, a vice-governadora Luciana Santos (PC do B) afirmou que a ação policial não foi autorizada pelo governador Paulo Câmara.

“O governador Paulo Câmara tem se pautado pela democracia, pelo diálogo […] Nós repudiamos esse tipo de atitude e vamos tirar as consequências do acontecido”, afirmou.

A violência da ação policial foi alvo de críticas de entidades da sociedade civil. Em nota, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Pernambuco cobrou uma apuração rigorosa e punição por parte do Governo do Estado de Pernambuco dos responsáveis pela atuação da PM.

“Imagens reportam uma repressão absolutamente desproporcional por parte da PMPE, com uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta, contra grupos que realizavam o ato na área central da cidade”.

A OAB também condenou a agressão sofrida pela advogada e vereadora do Recife Liane Cirne, atingida com spray de pimenta no rosto.

​Na sexta-feira (28), o Ministério Público estadual havia emitido uma recomendação de suspensão dos atos para evitar a disseminação do vírus. Ele expediu recomendações semelhantes contra aglomerações em manifestações de apoio ao presidente Bolsonaro.

Liderados por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda, os atos contra Jair Bolsonaro reuniram manifestantes em várias cidades do país. Na manhã deste sábado (29), houve protestos em capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Recife.

As manifestações, que foram alvo de críticas por acontecerem presencialmente em meio à pandemia, são realizadas num momento em que o país chega a 459 mil mortes pela doença, sendo 2.418 registradas nas últimas 24 horas, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.

A expectativa da organização é que atos semelhantes aconteçam em pelo menos 205 cidades, incluindo as 27 capitais, até o final do dia.

Como mostrou a Folha, a mobilização nacional deste sábado foi feita pensando em desgastar Bolsonaro e incentivar a CPI da Covid, enquanto o impeachment é visto como algo ainda distante. Líderes ligados à organização, porém, enxergam os atos como um impulso.

O dilema entre o discurso pró-isolamento social e o incentivo a aglomerações resultou em diferentes níveis de participação. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não convocaram seus integrantes institucionalmente, embora não impeçam a ida.

PT, PSOL, PC do B, PCB, PCO e UP declararam apoio à iniciativa e dispararam chamados para os militantes, mas ressaltaram que a organização é de responsabilidade de frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos (que congregam dezenas de entidades).
João Pedro Pitombo / Folha de São Paulo

Com permissão para abrir comércio, região Oeste segue com toque de recolher e outras medidas

Foto: Divulgação/SSP
Em decreto publicado neste sábado (29) no Diário Oficial do Estado, seguem mantidos, de domingo (30) até o dia 8 de junho, o toque de recolher e outras medidas de restrição em cidades do Oeste da Bahia. A publicação flexibiliza a medida que restringia o funcionamento de apenas serviços essenciais na região. As novas ações, que têm como objetivo conter a disseminação da Covid-19, valem para 36 municípios: Angical, Baianópolis, Barra, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brejolândia, Brotas de Macaúbas, Buritirama, Canápolis, Catolândia, Cocos, Coribe, Correntina, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Ibotirama, Ipupiara, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Mansidão, Morpará, Muquém do São Francisco, Oliveira dos Brejinhos, Paratinga, Riachão das Neves, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, Santana, São Desidério, São Félix do Coribe, Serra do Ramalho, Serra Dourada, Sítio do Mato, Tabocas do Brejo Velho e Wanderley.

Fica mantida a restrição de locomoção noturna das 20h às 5h. Os estabelecimentos comerciais e de serviços devem encerrar as atividades 30 minutos mais cedo, para garantir o deslocamento de funcionários às residências. Cada município deve estabelecer critérios para lotação dos estabelecimentos permitidos e fiscalizar o cumprimento da medida.

Está proibido o funcionamento de academias, exceto os espaços voltados ao atendimento de fisioterapia, de acordo com protocolos sanitários estabelecidos, que indicam a atividade como uma possibilidade para determinados tratamentos pós Covid-19.

Proibida também a prática de esporte amador coletivo, de eventos e atividades, independente do número de participantes, e de shows e festas. Já os atos religiosos litúrgicos podem ocorrer com 25% da capacidade dos espaços.

Ainda de acordo com o novo decreto, está vedado o funcionamento de bares, restaurantes e congêneres, no período de 18h do dia 4 de junho até as 5h do dia 7 de junho. Também neste período, estará proibida a venda de bebida alcoólica em quaisquer estabelecimentos, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery) ou em depósitos e distribuidoras.

Cumprimento de medida

Seguindo decreto anterior, 24 municípios da região oeste cumprem, até este sábado (29), restrição para o funcionamento de apenas serviços essenciais.
Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia

Senado e Câmara lançam portal conjunto para informar tramitação de projetos

Foto: Pedro França/Agência Senado

As secretarias-gerais das Mesas do Senado e da Câmara dos Deputados lançaram nesta sexta-feira (28) o portal Simplificou, onde é possível consultar o estado da tramitação de proposições legislativas nas duas Casas.

O portal exibe para o usuário o caminho esquematizado do projeto, com ícones indicando onde ele se iniciou, em qual estágio de tramitação se encontra, qual foi a conclusão de cada etapa (aprovação, rejeição, sanção, veto) e quais são os próximos passos. Também traz os links para as páginas detalhadas dos projetos em cada Casa, onde há informações adicionais sobre cada um.

Ele reúne as informações sobre projetos de lei ordinária (PLs) e complementar (PLPs), propostas de emendas constitucionais (PECs) e projetos de decreto legislativo (PDLs). Medidas provisórias (MPs) e projetos de lei do Congresso (PLNs) continuam na página do Congresso Nacional.

O Simplificou é mais uma etapa do trabalho de padronização das informações sobre o processo legislativo, que começou em 2019, quando a nomenclatura e numeração de projetos foi unificada — antes, cada Casa tinha seu próprio modelo, e um projeto mudava de tipo e número quando se movia de uma para outra.

Transparência

O secretário-geral da Mesa do Senado, Gustavo A. Sabóia Vieira, afirmou que o esforço recente das duas Casas tem como foco informar claramente a sociedade sobre o trabalho do Congresso.

— O Parlamento brasileiro tem tido um protagonismo importante em termos de diálogo direto com os cidadãos. Nossa parceria é fundamental para disponibilizar a informação legislativa de uma forma que faça sentido.

Para Ruthier de Sousa Silva, secretário-geral da Mesa da Câmara, a linguagem visual mais amigável e explicativa do novo portal vai facilitar o entendimento do que mais interessa às pessoas, que é consultar rapidamente o estado dos projetos de lei.

— O grande benefício da informação facilitada é a transparência. Qualquer cidadão vai poder entender por onde já passou e por onde ainda vai passar o projeto.

Diretor da Secretaria de Apoio aos Órgãos do Parlamento do Senado (Saop), Waldir Miranda faz eco a esse ponto, observando que as nuances do processo legislativo podem ser confusas sem um guia de qualidade.

— A ideia é [o portal] ser uma visão global para o cidadão que quer entender se um projeto já virou lei ou não. Quando ele sai de uma Casa, parece que já virou lei, mas não, ele ainda vai para a outra e, às vezes, volta para a primeira.

A equipe de Publicidade e Marketing da Comunicação do Senado é responsável por toda a campanha de divulgação do novo portal. Para o lançamento da nova página de tramitação unificada, a campanha foi desenvolvida com peças de divulgação criadas para TV, rádio, mídias sociais, WhatsApp e para o portal do Senado. É uma continuidade da primeira fase, criada e divulgada em 2019, com cores suaves e formas simples para passar a ideia de clareza sobre um tema que não é assim tão fácil de se entender: o processo legislativo.
Fonte: Agência Senado

Operação localiza assaltante de banco em Salvador

Foto: Divulgação/SSP
O líder de uma organização criminosa envolvida com assaltos a bancos e carros-forte, tráfico de drogas e homicídios foi localizado, nesta sexta-feira (28), no bairro de Patamares, em Salvador. Equipes das Rondesps Atlântico e BTS, além do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) participaram do flagrante.

Os policiais civis e militares iniciaram ações de inteligência, na Rua Manoel Antônio Galvão, após denúncias de homens armados. Durante varreduras, o criminoso foi avistado armado e, na tentativa de prisão, ele correu para um imóvel.

Quando as equipes entraram, na casa, houve confronto e o assaltante de banco acabou ferido. Ele foi socorrido para o hospital Roberto Santos, mas não resistiu. Uma pistola calibre 380, carregador, munições, 252 pedras de crack, 37 porções de maconha, 16 pinos de cocaína e dois celulares foram apreendidos.

Chapadaa Diamantina

Em 2018, durante ação conjunta, as polícias Civil e Militar cumpriram 21 mandados de prisão contra a organização criminosa. Os integrantes do bando foram localizados, em cidades da região da Chapada Diamantina.

O criminoso encontrado, nesta sexta-feira (28), em Salvador, também foi alvo da operação. Naquele ano, ele estava no sistema prisional, onde foi cumprido o mandado de prisão.
Fonte: Ascom: Alberto Maraux

Fábrica de espadas é desmontada em Cruz das Almas

Foto: Divulgação/SSP
Uma fábrica clandestina de espadas foi descoberta por equipes da 27ª Companhia Independente da Polícia Militar, na sexta-feira (28), no município de Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano.

"Fomos informados sobre o local e o nosso subcomandante, capitão Danilo, juntamente com outros integrantes da unidade, foi averiguar. As equipes confirmaram o que foi repassado na denúncia e desmontaram o espaço ilegal", explicou o comandante da 27ª CIPM, major Edicarlos da Costa.

No imóvel foram apreendidos uma caixa de pólvora, 304 espadas de bambu, seis sacos de pólvora e cinco aparelhos celulares.
Fonte: Ascom | Silvânia Nascimento

Suspeito de matar médico é preso em Feira de Santana

Foto: Tony Silva
Corpo de Andrade Lopes Santana foi encontrado nesta manhã no município de São Gonçalo dos Campos
Equipes da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Feira) e da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Feira de Santana prenderam, no início da tarde desta sexta-feira (28), o suspeito de matar o médico Andrade Lopes Santana, de 32 anos, cujo corpo foi encontrado nesta manhã no Rio Jacuípe, no município de São Gonçalo dos Campos. A motivação está sendo apurada.

Andrade havia desaparecido na segunda-feira (24), depois de sair de Araci, a 220 km de Salvador, com destino a Feira de Santana. Natural do Acre, o médico teve o corpo amarrado a uma âncora, também localizada pelos policiais.

O mandado de prisão foi cumprido na residência do suspeito, no bairro da Santa Mônica, em Feira de Santana.
Fonte: Ascom / Polícia Civil

Em live com petistas, Genoíno convoca militância às ruas neste sábado e diz que é contra frente ampla em 2022

Foto: Divulgação/
Na imagem, o ex-deputado federal José Genoíno

Um dos fundadores e ex-presidente do PT, o ex-deputado federal José Genoíno disse numa live realizada pela Escola Luiza Mahin, do PT de Todas as Lutas, nesta sexta-feira (28), que enfrenta a terceira quarentena de sua vida. Após duas prisões – em 1972 e 2013 – vive agora a realidade da pandemia. “A cabeça e o coração não podem ficar presos, o corpo pode”.

E foi com esse espírito de inconformidade que Genoíno palestrou na abertura do 6º Curso de Formação Política da escola baiana. O tema, a encruzilhada “Diante da situação do país, o Brasil tem jeito? O que fazer?”. Numa clara convocação para os atos fora Bolsonaro deste sábado (29), desde que respeitados os protocolos sanitários, sugeriu “que as pessoas não podem ficar no desespero da impotência, que é possível derrotar a barbárie que a burguesia produziu”.

O petista iniciou sua fala enumerando a série de crises que o mundo e o capitalismo atravessam, agravadas pela pandemia do coronavírus, e disse que “uma crise sistêmica” se resolve com mudanças estruturais. Afirmou não acreditar, porém, numa frente ampla contra o bolsonarismo em 2022. “Temos que organizar um bloco de esquerda com conteúdo programático, porque parte da direita gourmet não quer acabar com a hegemonia do capital”.

“Programa de transformação é a base da nossa aliança”, defendeu Genoíno, para quem uma das debilidades do PT foi ter chegado ao poder, dirigido o país durante mais de 10 anos, e não mudar as instituições do Estado de concepção excludente e autoritária, e nem mexido nas estruturas de riqueza.

O primeiro dia do 6º Curso de Formação Política da Escola Luiza Mahin contou com uma audiência virtual de 970 pessoas do Brasil e do exterior (foram ao todo 1185 inscritos de 22 estados, cinco países e quatro etnias indígenas). Também palestraram a ex-secretária de Políticas Para as Mulheres do Brasil no governo Dilma Rousseff, Eleonora Menicucci, e Helena Abramo, socióloga e pesquisadora.

O evento prossegue amanhã (29), a partir das 9h, às 9h, com os ex-ministros Alexandre Padilha e Humberto Costa e o tema “Saúde pública e Pandemia: Políticas de Estado e Políticas de Governo para a Saúde”. Participam também como expositores a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Adélia Pinheiro, a epidemiologista Maria Yury Ichihara (Fiocruz-BA) e José Renato Peneluppi (Informe internacional).

‘Reinaugurações’ marcam viagens de Bolsonaro pelo País

Foto: Alan Santos /PR

A pouco mais de um ano da eleição de 2022, o presidente Jair Bolsonaro intensificou a agenda de compromissos pelo País em viagens que incluem “reinaugurações” de obras já realizadas ou iniciadas nos mandatos de seus antecessores. Das dezessete visitas a obras de infraestrutura entregues neste ano, onze começaram em gestões passadas, aponta levantamento feito pelo Estadão – a reportagem não considerou eventos menores, como de entrega de viaturas, por exemplo.

Um viaduto em Maceió e um trecho do Canal do Sertão, que leva água do Rio São Francisco a municípios do semiárido, ambos em Alagoas, já tinham sido inaugurados quando Bolsonaro os “entregou” à população.

A maioria das viagens foi para o Nordeste, onde Bolsonaro tem rejeição de 62%, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Ao visitar as cidades nordestinas, o presidente costuma aproveitar o palanque para tentar se contrapor a lideranças locais – os alvos são principalmente governadores de esquerda ou ligados a grupos políticos que se opõem ao bolsonarismo.

Apenas em 2021, ele já se envolveu em polêmicas nos redutos políticos dos governadores Camilo Santana (PT), no Ceará, Flávio Dino (PCdoB), no Maranhão, e Renan Filho (MDB), em Alagoas.

O caso envolvendo o filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que é relator da CPI da Covid, é representativo. Na terra do adversário político, Bolsonaro esteve ao lado do ex-presidente e também senador por aquele Estado, Fernando Collor (PROS), e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Atacou Calheiros pai e “reinaugurou” um viaduto que já havia sido aberto em 2020. O financiamento da obra saiu nos governos Dilma e Michel Temer.

O presidente prestigiou ainda eventos de obras incompletas, revitalizadas ou readequadas, e também de retomada de obras federais. Em Coribe, oeste da Bahia, ele comandou em janeiro a cerimônia de readequação da rodovia BR-135, o que incluiu ajustes no traçado e reformas de pontos mais críticos. O trecho já estava em operação havia mais de dois anos.

Aglomeração

No Ceará, a visita do presidente em março deste ano – no pico da pandemia – rendeu até um pedido de investigação pelo Ministério Público Federal no Estado. Procuradores viram indícios de crime contra a saúde pública. Bolsonaro protagonizou um evento com aglomeração e não usou máscara.

O mandatário estava lá para assinar a retomada de obras viárias nos municípios de Tianguá e Caucaia, uma das poucas agendas que não foram voltadas para feitos de governos passados. Os projetos estavam paralisados desde 2011 e 2018, respectivamente. No mesmo dia, também visitou as obras de duplicação da BR-222 – que tiveram início com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de Dilma – e o Anel Viário de Fortaleza. Este, na “inauguração”, já operava havia mais de dez dias.

Outros compromissos mais “autorais” de Bolsonaro foram o lançamento do projeto de revitalização de Furnas, a entrega de moradias do programa Casa Verde e Amarela e, neste mês, inaugurações de pontes em Santa Filomena, no Piauí, e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Outro evento do qual o presidente participou – e que não entra neste levamento – foi a inauguração, ano passado, da Torre do Relógio da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) – o ato teve cunho político, com críticas indiretas ao governador João Doria.

Neste mês de maio, Bolsonaro esteve na inauguração de uma ponte que liga Rondônia ao Acre. Reuniu apoiadores e andou de moto – sem capacete, o que é considerado infração gravíssima. Na garupa, levou consigo o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

Estadão

Estados e municípios citam agravamento da pandemia e pedem R$ 40 bi extras ao orçamento da Saúde

Foto: Paula Fróes/GOVBA
Representantes dos secretários estaduais e municipais de Saúde enviaram um ofício ao Ministério da Saúde em que apontam “sinais claros” de agravamento da epidemia no país e apontam a necessidade de que haja ao menos R$ 40 bilhões de crédito adicional ao Orçamento da pasta neste ano.

Segundo os gestores, o recurso deve ser transferido para reforço, na ponta, do atendimento hospitalar, custeio de serviços da atenção básica e vigilância e compra de insumos, remédios e equipamentos.

No ofício, assinado pelo Conass e pelo Conasems, conselhos que representam gestores estaduais e municipais do SUS, o grupo cita dados da Fiocruz que apontam que 18 estados têm ocupação de leitos maior que 80%, e pede que a pasta agilize a busca por recursos extras para apoio a estados e municípios.

O pedido foi reforçado em reunião com representantes do Ministério da Saúde nesta quinta-feira (27). Na ocasião, parte dos secretários citou preocupação diante do risco de uma terceira onda da Covid.

“Estamos olhando no horizonte e estamos claramente vendo uma escalada [de casos]. Se vai vir um terceiro degrau ou uma terceira onda, chamem como quiser, mas o certo é que está parecendo que virá, e os estados estão esgotados”, disse Carlos Lula, secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conass. “Vai ficar ainda mais difícil se não nos sensibilizarmos e entender que precisamos de recursos agora. O SUS não vai aguentar os próximos meses se não tiver ajuda.”

Segundo ele, um primeiro pedido por recurso extras no Orçamento para repasse aos estados e municípios neste ano foi feito em março, também em ofício, mas não teve resposta.

Apesar dos alertas de piora na crise sanitária em 2021, o governo reservou inicialmente menos recursos para a Saúde neste ano do que em 2020, primeiro ano da pandemia, como mostrou a Folha em abril.

Isso ocorre porque o valor não considerou a necessidade de recursos adicionais por causa da pandemia, o que já havia levado a créditos adicionais em 2020, apontam gestores.

Ao sancionar o Orçamento, o presidente Jair Bolsonaro também impôs vetos que retiraram R$ 2,2 bilhões de recursos da pasta —o que fez o total passar de R$ 146 bilhões para R$ 144 bilhões.

A Saúde, porém, tem dito que há espaço para solicitar recursos extras conforme necessário, o que tem ocorrido. Secretários, porém, dizem que há dificuldade de recursos na ponta.

No novo ofício, os gestores argumentam que o subfinanciamento do SUS se agravou com a pandemia e com a redução no orçamento.

“Diante do cenário gravíssimo em que estamos, e no intuito de que o Sistema Único de Saúde continue respondendo de forma efetiva ao enfrentamento da pandemia da Covid-19, é preciso que os recursos para o financiamento do SUS previstos no orçamento do Ministério da Saúde, por meio da Lei Orçamentária Anual/2021, atendam as demandas dos entes federados para a oferta das ações e serviços públicos de saúde em todo território brasileiro”, disse o grupo no ofício.

O pedido foi reforçado por outros secretários durante o encontro com a Saúde. Alguns deles, porém, fizeram ressalvas à definição de “nova onda”.

“Falam que estamos entrando na terceira onda, mas acho que nem saímos da primeira. Nosso alerta é no sentido de estarmos atentos ao recrudescimento da pandemia nesse momento”, disse o presidente do Conasems, Willames Freire.

“Para 2021, vamos precisar de muito mais recursos do que tivemos em 2020. O pleito apresentado, e que queremos apresentar ao presidente e Congresso, é de necessidade de aporte financeiro e renovação de recursos de Orçamento de guerra que tivemos em 2020. É mais do que necessário e urgente”, afirmou.

À Folha o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse que vai discutir a demanda dos secretários de saúde com o Ministério da Economia.

Nos últimos meses, a pasta já tem feito pedidos por créditos adicionais. Segundo a Economia, já foram disponibilizados R$ 37,9 bilhões em recursos extraordinários à Saúde. Desse total, porém, R$ 21,6 bilhões são de medidas provisórias do ano anterior e que foram reabertas neste ano, as quais tratavam de recursos sobretudo para vacinas.

Outros R$ 16,4 bilhões são de recursos extras solicitados neste ano, e disponibilizados por meio de quatro medidas provisórias, as quais visavam custeio de leitos, equipamentos e vacinas.

Questionada sobre a previsão de novos recursos, a Economia disse ter atendido todas as demandas de crédito extraordinário ao orçamento da Saúde até o momento e que ainda não recebeu novos pedidos.

Disse ainda que o valor previsto para esse ano pode ser elevado com a aprovação de novas solicitações da Saúde “em caso de constatação, por aquele órgão, da necessidade de novos aportes”.
Natália Cancian / Folha de São Paulo

Governo acionará térmicas sem contrato para evitar racionamento de energia

Foto: Beth Santos/Secretaria-Geral da PR

O Ministério de Minas e Energia deverá publicar nos próximos dias uma portaria que permitirá a contratação das chamadas térmicas “merchants”, em mais um esforço para tentar evitar um racionamento de energia diante da grave seca sobre os reservatórios das hidrelétricas.

Essas usinas vendiam energia exclusivamente no mercado de curto prazo e algumas delas estão hoje sem contrato e com operações paralisadas. A ideia é integrá-las ao sistema elétrico, ampliando a capacidade de geração térmica para poupar água nas barragens.

Com a portaria, o governo pretende oferecer melhores condições de remuneração para essas usinas, segundo a secretária-executiva do ministério, Marisete Pereira.

Pela nova regra, elas poderão ser acionadas sempre que o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) achar necessário. Antes, a autorização era caso a caso.

Embora os reservatórios estejam em níveis historicamente baixos, Pereira diz que a situação é diferente daquela vivida pelo Brasil no período que antecedeu o apagão de 2001. Ela afirma que não existe o risco de blecautes e, com essas medidas, nem mesmo o racionamento de energia será necessário.

“Estamos tomando medidas desde outubro do ano passado”, afirma. “A gente já vinha acionando as térmicas. Estamos muito atentos.”

Na quinta-feita (27), o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) propôs flexibilizar restrições operacionais em grandes usinas para permitir a economia de água nos reservatórios.

Elas são obrigadas a respeitar limites mínimos de vazão, para garantir outras atividades econômicas e a captação para as cidades rio abaixo. A ideia agora é permitir que elas segurem um pouco mais de água.

O comitê vai analisar semanalmente os níveis de água dependendo das condições de chuva em cada região.

Dados do ONS, que faz a gestão do sistema, indicam que o volume de chuva se manteve abaixo do normal em maio e a perspectiva é que permaneça assim pelos próximos três meses.

A secretária-executiva do ministério diz que o governo não prevê, neste momento, a contratação emergencial de energia.

Para compensar os elevados custos das térmicas merchant, a pasta disse, em nota, que “estão sendo tomadas ações para aumentar a disponibilidade dos recursos termelétricos, a gás natural, biomassa e a óleo combustível”.

O objetivo é tentar reduzir os custos de geração, mesclando as diversas fontes disponíveis, considerando o preço mais vantajoso: durante a safra agrícola, por exemplo, o preço da energia gerada pela biomassa é mais competitivo.

No mercado, a avaliação é que o país ainda não está à beira de um racionamento, mas o fornecimento de energia pode ser um gargalo se o país retomar o crescimento de forma acelerada.

A principal preocupação, neste momento, é com a capacidade de atendimento nos horários de pico, quando o consumo é maior.

No inverno, esse pico costuma ocorrer no início da noite, quando há mais aparelhos de TV e chuveiros ligados, por exemplo. No verão, há também um pico no início da tarde, pelo elevado consumo de aparelhos de ar condicionado.

Representantes das distribuidoras consideram que a situação é grave o bastante para que o governo implante medidas —ou anúncios— de deslocamento do consumo de energia nesses horários.

“Talvez fosse mais correto ir à população avisar que a energia está escassa e que o preço é maior, e assim todos podemos economizar”, diz Paulo Pedrosa, presidente da Abrace (Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres).

A ideia, no entanto, foi descartada tanto pela equipe técnica do ministério quanto a política, do Planalto. No Congresso, parlamentares tentam reduzir os efeitos políticos de uma crise hídrica em meio à pandemia.

A Casa Civil decidiu então criar um grupo de emergência para acompanhar os desdobramentos dessa crise.

Além de Minas e Energia, fazem parte do grupo os Ministérios da Economia, da Infraestrutura, da Agricultura, das Comunicações, do Desenvolvimento Regional, do Meio Ambiente e a AGU (Advocacia-Geral da União).

Uma das preocupações na ala política do governo, por exemplo, será o impacto dessa redução do volume dos leitos dos rios, especialmente na região Nordeste.

Às vésperas de um ano eleitoral, congressistas —principalmente do centrão e da bancada ruralista— se preocupam com a capacidade de captação de água e oferta de peixes para a pesca em áreas afetadas pela seca no Nordeste. Também se preocupam com o impacto na irrigação das lavouras.

Assessores do Planalto afirmam que, com popularidade em queda e se preparando para a disputa pela reeleição, Jair Bolsonaro não quer uma nova crise atrapalhando a campanha.

Julio Wiziack e Nicola Pamplona / Folha de São Paulo

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