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Putin anuncia que não virá ao Rio para cúpula do G20

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira (20) que não pretende vir à cúpula do G20 no Rio de Janeiro, em novembro. “Minha possível visita prejudicaria os trabalhos do G20”.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o líder. Como o Brasil é signatário do tratado fundador da corte, o russo poderia ser preso se comparecesse ao evento.

Folhapress

Israel diz ter matado líder do Hamas, arquiteto do 7 de Outubro


Israel anunciou ter matado nesta quinta (17) o líder do Hamas, Yahya Sinwar, durante uma operação militar na Faixa de Gaza. O terrorista palestino foi o principal arquiteto do ataque de 7 de outubro de 2023, que disparou a atual guerra no Oriente Médio.

O anúncio, ainda não foi confirmado pelo grupo, é uma das maiores vitórias políticas do governo do Binyamin Netanyahu. O premiê celebrou a morte e disse que “a guerra ainda não acabou”, voltando as baterias para os fiadores do Hamas: “Esta é uma oportunidade de parar o eixo do mal” liderado pelo Irã.

“Hoje nós acertamos as contas. Hoje o mal recebeu um golpe, mas nossa missão não está completa. Às queridas famílias dos reféns [do 7 de Outubro ainda em Gaza]: nós vamos continuar com força total até que nossos amados, seus amados, estejam em casa”, disse em pronunciamento gravado.

Sinwar (pronuncia-se “sinuár”), 62, era a pessoa mais procurada por Israel na guerra desde que assumiu o controle da agremiação palestina.

Ele sucedeu a Ismail Haniyeh, morto em uma ação atribuída ao Estado judeu em Teerã, a capital do Irã, em 31 de julho. Morto, Sinwar se une não só a Haniyeh, mas também ao líder histórico do grupo extremista libanês, Hassan Nasrallah, atingido por em um ataque em 27 de setembro, e dezenas de figuras da cúpula de ambas as agremiações.

“É hora de [o Hamas] sair, soltar os reféns, levantar as mãos, se render”, disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant. Ele mencionou as mortes em série: “Nós vamos perseguir e eliminar nossos inimigos”.

Sinwar estava com dois outros membros do Hamas em um edifício quando foi atacado por uma patrulha. Segundo os militares israelenses, nenhum dos 64 reféns que acreditam ainda estar vivos em poder do grupo após um ano estava presente no local.

Isso traz estranhamento ao relato da morte, dado que militares do país divulgavam anonimamente ter certeza de que o terrorista estava escondido em túneis, cercado por escudos humanos. Em uma ocasião, há algumas semanas, foi ventilado que Israel não o matou há algumas semanas justamente por estar com vários reféns.

Segundo um militar disse à reportagem, Sinwar não era visto desde então, o que alimentou especulações sobre seu destino. Sua identidade, segundo Tel Aviv, foi comprovada por teste de DNA —o terrorista passou 22 anos preso em Israel, logo havia amostras disponíveis para comparação.

Conhecido pelo apelido de “açougueiro de Khan Yunis”, referência dupla à sua crueldade e à cidade de Gaza onde nasceu, Sinwar foi o cérebro operacional do 7 de Outubro, quando o Hamas matou 1.170 pessoas e sequestrou 251 em Israel.

A maior ação terrorista da história israelense desencadeou a guerra que está reformulando o balanço do Oriente Médio, com a obliteração de Gaza e, agora, das estruturas do Hezbollah, aliado do Hamas também bancado pelo Irã.

Em paralelo, Israel prepara a retaliação contra um ataque de mísseis iranianos que sofreu no começo do mês, arriscando uma escalada ainda maior. As outras duas frentes da guerra são na Cisjordânia, contra grupos palestinos, e no mar Vermelho, envolvendo os rebeldes houthis do Iêmen —também bancados por Teerã.

Sua morte dificulta muito a vida do Hamas, que já perdeu quase toda sua cúpula, e pode renovar negociações para o fim do conflito. Entre os eventuais sucessores de Sinwar, os olhos se voltam à liderança exilada luxuosamente no Qatar, longe dos mísseis de Tel Aviv: um candidato é Khaled Meshaal, que comandou o grupo de 2004 a 2017.

Outros nomes especulados são o do chefe militar Mohammad Shabana, que atua em Rafah, embora assim como no caso de outros líderes, não se sabe se ele está vivo, e o recluso irmão de Sinwar, Mohammed.

Sinwar era visto como intransigente, em comparação com Haniyeh. Nesta semana, a mídia israelense reportou que as conversas de emissários de ambos os lados, que ocorriam no Cairo, estavam paradas havia quase um mês.

Mas Netanyahu também é acusado por críticos de prolongar e ampliar a guerra em benefício próprio e de sua coalizão radical. Sua referência aos reféns na fala desta quinta tenta vaciná-lo, mas o fórum das famílias de vítimas do 7 de Outubro disse que a morte de Sinwar tem de ser usada para um cessar-fogo com libertação de reféns.

Em entrevista ao jornal Folha De S.Paulo no mês passado, Micha Koubi, o homem que interrogou o hoje líder quando ele foi preso por Israel em 1989, disse que Sinwar nunca toparia um acordo de cessar-fogo em troca dos reféns. “Ele nunca cederá”, afirmou na conversa. Para ele, o palestino tinha “os olhos de um assassino”.

Na prática, a destruição de Gaza e das estruturas do Hamas tornaram o grupo, que comandava o território desde o cisma palestino de 2007, numa força insurgente —incapaz de grandes ações, mas ainda assim difícil de ser erradicada.

No Líbano, enquanto tenta resistir a um mês de violenta campanha de Tel Aviv, declarada após a continuidade dos ataques que expulsaram 60 mil moradores de casa no norte israelense, o Hezbollah também enfrenta dificuldades.

Também nesta quinta, o deputado Hassan Fadlallah, um dos 15 membros do Hezbollah no Parlamento do Líbano, disse que o grupo trabalha por um cessar-fogo com Israel.

Ele confirmou que o grupo está trabalhando com Nabih Berri, o presidente do Parlamento que ocupa o cargo desde o acordo entre sua facção xiita, o Amal, e o Hezbollah, nos anos 1990.

Isso mostra o momento de vulnerabilidade do grupo extremista, representado no Legislativo de 128 cadeiras com o nome Lealdade à Resistência no bloco de apoio ao governo interino.

Igor Gielow, Folhapress

 

EUA coloca uma poderosa ARMA ao alcance da CHINA

Nos últimos dias, os Estados Unidos realizaram uma movimentação estratégica significativa ao posicionar seu mais recente sistema de lançadores de mísseis, o Typhon, nas Filipinas, uma localização que permite alcance direto à China. Essa ação tem gerado debates e preocupações sobre as implicações geopolíticas e militares na região do Pacífico. Confira a análise em vídeo:

O lançador Typhon é uma adição recente ao arsenal do Exército dos Estados Unidos, ainda com menos de um ano de operação. Apesar de sua novidade, o sistema já se encontra no epicentro de uma crise internacional. Capaz de atingir alvos a distâncias entre 800 e 2.800 quilômetros, o Typhon oferece aos Estados Unidos uma capacidade estratégica significativa, especialmente em relação à China.

Em abril de 2024, durante o exercício militar Balikatan com as Forças Armadas Filipinas, os Estados Unidos realizaram um teste crucial do Typhon fora de seu território. O sistema foi transportado da Base Conjunta Lewis-McChord, nos EUA, para Luzon, nas Filipinas, cobrindo uma distância de mais de 13.000 quilômetros.

Após o exercício, os lançadores Typhon permaneceram nas Filipinas, uma decisão que rapidamente chamou a atenção da China. O país asiático expressou sua insatisfação, considerando a presença do sistema como uma ameaça direta à sua segurança. O ministro da Defesa chinês, Dong Jun, declarou que a ação dos Estados Unidos estava "prejudicando severamente a segurança e a estabilidade regionais".

A localização estratégica dos lançadores nas Filipinas permite aos Estados Unidos uma resposta rápida em caso de conflito envolvendo Taiwan, uma área de constante tensão entre China e Estados Unidos. A presença do Typhon é vista como uma medida de dissuasão, demonstrando a prontidão dos EUA para responder a qualquer agressão na região.

O sistema Typhon é notável por sua mobilidade e capacidade de operar em múltiplos cenários, sem a necessidade de apoio aéreo contínuo. Comparado aos sistemas russos e chineses, como o Iskander e o Dongfeng 21C, o Typhon oferece maior flexibilidade e precisão, além de não depender de locais de lançamento fixos.

O Exército dos Estados Unidos planeja expandir o uso do Typhon, com previsões de até cinco baterias operacionais até 2028. Essa estratégia reflete a importância atribuída a esse sistema na manutenção do equilíbrio de poder na região do Pacífico.

A presença dos lançadores Typhon nas Filipinas representa uma mudança significativa na postura militar dos Estados Unidos na Ásia. Enquanto as tensões com a China continuam a crescer, a comunidade internacional observa atentamente as próximas movimentações e suas possíveis repercussões no cenário global.

A situação atual levanta questões sobre o futuro das relações entre as grandes potências e a estabilidade na região do Pacífico. A comunidade global aguarda para ver como essa dinâmica se desenrolará nos próximos meses.

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Procurador-geral da Venezuela acusa Lula de ser agente da CIA

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse em uma entrevista ao canal Globovisión que o presidente Lula (PT) e o presidente do Chile, Gabriel Boric, são agentes da CIA, a agência de espionagem dos Estados Unidos.

“Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria”, disse Saab, que é aliado do ditador Nicolás Maduro. “Não é o mesmo que fundou o PT, que fundou e uniu os movimentos trabalhadores no Brasil. Não é o mesmo nem no seu físico, nem como se expressa”.

“O Lula que vai preso por corrupção e que de repente aparece apto a concorrer, como se nada tivesse acontecido, e ganha a presidência… O senhor ganhou, senhor Lula, porque um tribunal eleitoral determinou sua vitória”, disse, afirmando que o mesmo ocorreu quando da vitória de Maduro nas eleições em julho deste ano.

Após anos de proximidade, Lula se afastou do regime chavista depois que Maduro foi declarado vitorioso pelo órgão eleitoral do país no pleito de julho, contestado pela oposição e por parte da comunidade internacional.

O governo brasileiro insistiu na divulgação das atas eleitorais que comprovariam o resultado da eleição —esses documentos nunca foram apresentados oficialmente, e Maduro disse tê-los entregue à Corte Suprema do país, que validou sua vitória. A oposição, por sua vez, liderada por María Corina Machado e Edmundo González, publicou o que afirmou ser as atas e, com base nelas, declarou vitória.

“Quem é você, Boric, quem é você, Lula, para se intrometer nos assuntos internos da Venezuela?”, disse Saab na entrevista, ecoando comentários de outros nomes fortes do chavismo, que rejeitaram as falas do presidente brasileiro sobre as eleições no país vizinho. Lula não reconheceu a suposta vitória de Maduro e chegou a sugerir a realização de um novo pleito. Boric também não reconheceu o resultado anunciado pelo regime.

Saab é responsável por uma série de ações jurídicas contra opositores, jornalistas e ativistas na Venezuela. Nas semanas seguintes à eleição, ele assinou pedidos de prisão de uma série de líderes antichavistas, incluindo González, que se exilou na Espanha.

Filho de imigrantes libaneses vindos do vale do Beka, Tarek nasceu em El Tigre, no estado de Anzoátegui, a leste do distrito da capital, Caracas. Foi deputado e governador de seu estado natal e participou ativamente da Constituinte de 1999, que terminou por fechar o Congresso e concentrar poder nas mãos de Chávez. Antes de assumir a Procuradoria, foi defensor público, já durante o regime Maduro.

Folhapress

Milei envia carta a Lula e afirma que irá à cúpula do G20 no Rio

Os presidentes Javier Milei e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm data para invariavelmente se encontrar: a cúpula do G20 no Rio de Janeiro em novembro. O líder argentino enviou uma carta ao brasileiro confirmando sua participação no evento sediado pelo Brasil.

No documento, o economista ultraliberal disse que está disposto a “contribuir com a presidência brasileira para o êxito da reunião” do grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo.

O jornal local La Nacion noticiou o envio da carta, e a informação foi confirmada à reportagem por interlocutores da diplomacia brasileira.

Javier Milei e Lula, críticos um ao outro, até aqui não tiveram nenhum encontro, ainda quando dividiram espaços diplomáticos em viagens. O argentino chegou a ir ao Brasil, mas para participar de um encontro liberal e ser ovacionado em Balneário Camboriú, sem contato com a Presidência.

À época, interlocutores dos dois governos temiam que o argentino subisse o tom e prejudicasse a relação bilateral ao potencialmente criticar Lula em solo brasileiro, o que, no entanto, não ocorreu.

Em outros fóruns diplomáticos, as diplomacias argentina e brasileira batem cabeça. É o caso dos encontros do Mercosul, nos quais a posição de Buenos Aires de reiteradamente barrar debates ligados a temas como gênero e desigualdade social e de pleitear uma espécie de reforma do bloco confrontam posições de Brasília.

Milei não compareceu à reunião de chefes de Estados do bloco que foi realizada em Assunção, capital do Paraguai, neste ano. Em seu lugar, enviou sua chanceler, a economista Diana Mondino. Na ocasião, Lula disse que o argentino era quem saía perdendo por não comparecer.

Ainda sobre o Mercosul, falas recentes de Lula deram a entender que há a chance de que o difícil acordo de livre-comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE) enfim saia do papel. Os argentinos também são entusiastas do acordo.

O encontro do G20 também é oportunidade para Milei estreitar outros laços, como com os Estados Unidos, que a Casa Rosada tomou como aliado primordial, e com a China de Xi Jinping. A despeito de críticas ao regime comunista, Javier Milei sabe da dependência econômica em relação à potência asiática. Sua chanceler já foi enviada ao país de Xi.

O ultraliberal já havia criticado Lula antes de ser eleito na Argentina, ao dizer que o petista era um corrupto e comunista, e que com ele não teria diálogo. A relação bilateral Brasil-Argentina falou mais alto, e as relações se mantiveram, mas não sem farpas públicas.

Milei voltou a chamar Lula de corrupto, e o brasileiro disse esperar uma retratação, que o argentino afirmou que não viria. O embaixador brasileiro na Argentina, Julio Bitelli, chegou a ser chamado por Brasília para conversas de avaliação sobre a relação bilateral.

Em recente evento da representação diplomática brasileira em Buenos Aires para celebrar a independência do país, estiveram presentes o chefe de gabinete de Milei, Guillermo Francos, e o secretário de Turismo, Ambiente e Esporte, Daniel Scioli, que já foi embaixador no Brasil.

Mayara Paixão/Folhapress

A parte mais difícil de estar preso? Para Diddy é a comida

© Frazer Harrison/Getty Images

A data do julgamento de Sean 'Diddy' Combs está marcada para 5 de maio de 2025.

Os advogados de Sean 'Diddy' Combs dizem que o rapper está tendo dificuldades em adaptar-se à comida que está sendo servida enquanto está atrás das grades.

Diddy está sob custódia federal no Metropolitan Detention Center de Brooklyn, enquanto aguarda julgamento. O mesmo está previsto para acontecer em 5 de maio de 2025.

Segundo a revista People, enquanto está na prisão, Diddy é servido com cereais, frutas e um bolo de café pelas seis da manhã.

Por volta das 11h00, tem a opção de comer hambúrgueres, peixe ou tacos. Quanto ao jantar, que é servido após as 16h00, fajitas de frango, massa e carne assada fazem parte do menu.

De acordo com a mesma fonte, também estão disponíveis opções vegetarianas e "saudáveis para o coração" e, aos fins de semana, são servidos ovos mexidos e bolachas.

Ainda assim, o advogado de Diddy, Marc Agnifilo, disse aos jornalistas: "Acho que a comida é provavelmente a parte mais difícil".

Sean 'Diddy' Combs está acusado de extorsão, tráfico e abuso sexual. O rapper declara-se inocente.
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Furacão Milton regressa à categoria máxima ao se aproximar da Florida

A tempestade se aproxima da costa oeste da Flórida, com previsão de impacto entre a noite de quarta e a madrugada de quinta-feira.
Foto: Divulgação/Getty
 
O furacão Milton voltou a se intensificar nas águas do Golfo do México e foi novamente classificado como um furacão de categoria 5 nesta terça-feira. A tempestade se aproxima da costa oeste da Flórida, com previsão de impacto entre a noite de quarta e a madrugada de quinta-feira.

Em seu comunicado mais recente, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) emitiu um alerta para que "os moradores da Flórida se preparem" em suas residências e, se necessário, sigam as instruções das autoridades locais para evacuar a área.

"O estado inteiro da Flórida está sob algum tipo de vigilância ou alerta", destacou o governador Ron DeSantis, reforçando a gravidade da situação.

O NHC descreveu Milton como "um furacão extremamente perigoso", que ganhou ainda mais força ao se aproximar da costa. Com ventos máximos sustentados de 270 km/h, a tempestade atingiu novamente o nível mais alto da escala Saffir-Simpson, a categoria 5.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também fez um alerta severo, descrevendo Milton como "a pior tempestade que a Flórida pode enfrentar em um século" durante uma reunião com seus conselheiros na Casa Branca. Biden reforçou a urgência de evacuação, afirmando que "essa é uma questão de vida ou morte" para os moradores do terceiro estado mais populoso do país.

Milton está se movendo do sudoeste para o nordeste no Golfo do México e deve atingir a Flórida em cheio na noite de quarta-feira. Antes disso, o NHC prevê "ondas devastadoras" e uma "tempestade com risco de vida" ao longo da costa norte da Península de Yucatán, no México.

Cientistas apontam que as mudanças climáticas estão aumentando a probabilidade de intensificação rápida de tempestades como Milton, aquecendo as águas do mar e gerando furacões mais poderosos. As temperaturas no Atlântico Norte têm atingido recordes há mais de um ano, segundo dados do Observatório Meteorológico Americano (NOAA).

O meteorologista Michael Lowry observou que, "se as previsões mais severas se confirmarem para a região de Tampa Bay, as inundações causadas por Milton poderão ser o dobro das observadas durante o furacão Helene, que atingiu a Flórida há duas semanas".

"Milton se intensificou de forma extremamente rápida na segunda-feira, em um dos ritmos mais acelerados já registrados na bacia do Atlântico", acrescentou Lowry.

Na Flórida, preparativos já estão em andamento, com geradores, alimentos, água e lonas sendo distribuídos em várias áreas. Muitos moradores estão deixando a região, enquanto outros se preparam para as enchentes, recolhendo sacos de areia para tentar proteger suas casas.

O sudeste dos Estados Unidos ainda se recupera dos efeitos devastadores do furacão Helene, que causou inundações e danos significativos em seis estados, resultando em pelo menos 234 mortes.

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 por Notícias ao Minuto Brasil

Sinais vitais da Terra entram em nova fase "crítica e imprevisível"

Foto: Divulgação/Agência Lusa
Essa é a conclusão de cientistas de um consórcio internacional, liderado pela Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, em um relatório anual sobre o estado do clima, publicado na revista BioScience

O agravamento dos sinais vitais do planeta indica que estamos entrando em uma fase "crítica e imprevisível" da crise climática, que demanda ações rápidas e decisivas. Essa é a conclusão de cientistas de um consórcio internacional, liderado pela Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, em um relatório anual sobre o estado do clima, publicado na revista BioScience. 

"Estamos à beira de um desastre climático irreversível", alertaram os pesquisadores no documento, que destaca que grande parte da estrutura da vida na Terra está sob ameaça.

Mesmo com décadas de avisos e previsões sobre as consequências das mudanças climáticas, as emissões de combustíveis fósseis alcançaram "níveis históricos", indicaram os cientistas. Eles ressaltam que os três dias mais quentes já registrados ocorreram em julho deste ano, e as políticas climáticas atuais estão conduzindo o planeta a um aumento de temperatura de aproximadamente 2,7°C até 2100.

"Tragicamente, estamos falhando em evitar impactos graves", disseram os especialistas. "Levamos o planeta a um estado climático nunca antes presenciado por nossa espécie ou por nossos ancestrais", reforçaram.

O estudo, liderado por William Ripple, da Oregon State University, aponta áreas prioritárias para mudança: energia, poluição, preservação da natureza, alimentação e economia. Os dados mostram que, em 2022, houve temperaturas recordes nos oceanos e o verão mais quente do Hemisfério Norte em 2.000 anos.

"As emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, causadas pelo homem, são os principais motores da mudança climática. Em 2022, a queima de combustíveis fósseis e processos industriais foram responsáveis por 90% dessas emissões", explicaram os pesquisadores.

Segundo Ripple, a própria estrutura da vida na Terra está em risco: "Estamos no meio de uma transformação climática abrupta que ameaça a vida no planeta de uma forma que nunca foi vista pelos humanos".

Dos 35 sinais vitais monitorados anualmente pela equipe, 25 já estão em níveis recordes. O relatório também destaca desastres climáticos como os incêndios florestais no Chile, que mataram pelo menos 131 pessoas e destruíram mais de 14.000 casas este ano, e as chuvas intensas na África, que causaram inundações devastadoras, afetando mais de 700.000 pessoas e resultando em centenas de mortes.

Outras regiões, como partes da Ásia, enfrentaram "ondas de calor devastadoras". Em Myanmar, cerca de 1.500 pessoas morreram devido à insolação, enquanto na Índia, as temperaturas chegaram a 50°C, e doenças relacionadas ao calor causaram 60 mortes.

Além disso, o relatório alerta para o crescimento da população humana, que aumenta em 200.000 pessoas por dia, e o crescimento do número de animais ruminantes — como bovinos, ovinos e caprinos — que contribuem significativamente para as emissões de gases de efeito estufa. Estima-se que cerca de 170.000 desses animais sejam criados diariamente, exigindo grandes quantidades de energia e gerando impactos negativos para o meio ambiente.

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Furacão Milton se aproxima da Flórida, e autoridades pedem retirada de milhões de pessoas

Imagem de satélite mostra furacão Milton entre o México (à esquerda) e a península da Flórida (à direita)
O Milton, um dos furacões mais poderosos jamais registrados no oceano Atlântico, avança através do golfo do México e deve atingir a costa da Flórida na noite desta quarta-feira (9), fazendo com que milhões de pessoas se apressem para fugir da destruição nos Estados Unidos.

Segundo o Centro Nacional de Furacões do país (NHC), o Milton “tem o potencial de ser um dos furacões mais destrutivos já registrados no centro-oeste da Flórida”. As autoridades pediram que cerca de 5,5 milhões de pessoas que moram na região de Tampa saiam de casa —em alguns casos, os moradores receberam ordens de remoção. O local já foi afetado pelo furacão Helene há pouco mais de uma semana.

De acordo com o jornal The New York Times, as rodovias do estado estão abarrotadas de pessoas tentando fugir e há falta de combustível na região —Tampa, um centro urbano densamente povoado na costa oeste da península da Flórida, não é atingida diretamente por um furacão há mais de um século.

Meteorologistas esperam que a área receba de 127 a 250 milímetros de chuva, o que pode causar enchentes. Mais de 2.000 voos foram cancelados, e embora o furacão só deva chegar à terra firme na quarta, ventos perigosos e chuva forte devem começar a afetar a Flórida ainda nesta terça.

O potencial destrutivo do Milton é exacerbado pelo fato de que o Helene atingiu ilhas ao redor da Flórida há pouco tempo, removendo barreiras de areia e vegetação que poderiam desacelerar o furacão. Além disso, o Milton pode transformar destroços que ainda não foram removidos na região em projéteis, causando ainda mais dano.

O presidente dos EUA, Joe Biden, cancelou uma viagem que faria à Alemanha e Angola para acompanhar os desdobramentos do fenômeno. Durante uma entrevista coletiva na terça, o democrata disse que o Milton é uma questão “de vida ou morte” e que os moradores da Flórida deveriam se retirar “agora, agora, agora”.

O governador do estado, o republicano Ron DeSantis, afirmou que neste momento “toda a península da Flórida está sob algum tipo de alerta ou advertência”, e disse que escavadeiras e outros equipamentos trabalham ininterruptamente para remover destroços causados pelo Helene.

DeSantis disse ainda que conversou com Biden por telefone. “O governo [federal] nos enviou tudo o que pedimos”, afirmou, acrescentando que vai mobilizar 8.000 membros da Guarda Nacional para lidar com as consequências do Milton, a maior mobilização da história da Flórida por conta de um fenômeno climático.

A prefeita de Tampa, Jane Castor, disse que quem resolver ficar nas áreas marcadas como sendo de remoção obrigatória “vai morrer”. Citando a previsão de enchentes de mais de 3 metros de altura, Castor disse que “casas de apenas um andar são menores do que isso. Se você ficar numa casa assim, ela vira o seu caixão”.

O operador de balsas Ken Wood, ouvido pela agência de notícias Reuters, disse que passou toda a terça-feira fazendo malas para fugir da cidade de Dunedin, a cerca de 40 quilômetros de distância de Tampa, junto com o seu gato, Andy.

Segundo a Reuters, Wood resolveu ignorar alertas e ficar em casa durante o furacão Helene, dizendo que foi uma das noites “mais assustadoras da minha vida”. “Não vou cometer o mesmo erro duas vezes”, afirmou.

A Reuters também ouviu o músico Mark Feinman, que diz ter precisado de 13 horas de viagem para atravessar uma distância de 800 quilômetros da cidade de St. Petersburg, na região metropolitana de Tampa, até Pensacola, na divisa com o estado do Alabama.

De acordo com Feinman, alguns motoristas estavam andando no acostamento e atravessando canteiros entre estradas para tentar escapar do trânsito, causando acidentes. Todos os postos de gasolina em um trecho de mais de 300 quilômetros na rodovia Interstate 10 estavam sem combustível.

Meteorologistas americanos correm para tentar determinar onde, exatamente, o Milton vai chegar à terra firme na Flórida —o curso do furacão tem mudado ao longo do dia. Na pior das hipóteses, o fenômeno atinge a baía de Tampa em cheio, cruzando toda a península no espaço de 24 horas antes de perder força na costa atlântica do estado.

O furacão Milton chegou a ser rebaixado para a categoria 4 na escala Saffir-Simpson à medida que se deslocava pelo golfo do México, mas voltou à categoria 5, a mais alta possível, poucas horas depois. Ao atravessar a região mexicana de Yucatán, o fenômeno causou chuva pesada, ventos fortes e ondas de tempestade, mas não registrou mortes ou maiores danos.

A situação pode ser muito diferente quando o furacão chegar aos EUA. A intensificação do Milton de tempestade para furacão de categoria 5 foi uma das mais rápidas já registradas, dizem meteorologistas, uma característica que era rara em fenômenos do tipo, mas que se torna cada vez mais comum agora.

Isso acontece porque, graças às mudanças climáticas, a temperatura do mar no golfo do México está mais elevada, e quanto mais profunda é a camada de água quente, mais energia um furacão consegue acumular.

O governador Ron DeSantis ainda disse nesta terça-feira que a Flórida deve acionar 8 mil membros da Guarda Nacional e está posicionando caminhões de suprimentos e equipamentos perto da área onde a tempestade deve atingir o solo. “Vocês têm tempo para sair, então, por favor, saiam”, reforçou o governador. “Essa tempestade é tão forte, tão grande, que é irreal”, ele disse. “Estamos em modo de sobrevivência.”

O governo do estado está distribuindo geradores de energia, alimentos, água e tendas para a população. Os habitantes das áreas de risco estão protegendo suas casas ou planejam ir embora.

As autoridades se preparam para danos catastróficos e cortes de energia que devem durar dias. Milton se tornou a terceira tempestade de intensificação mais rápida já registrada no oceano Atlântico, passando de uma tempestade tropical para um furacão de categoria 5 —o mais poderoso— em menos de 24 horas.

Gabriel Barnabé/Victor Lacombe/Guilherme Botacini/Folhapress

Prefeita alerta para chegada de furacão Milton: "Se ficarem, vão morrer"

Se vocês escolherem ficar... vão morrer", disse Castor, destacando que o impacto do furacão será "literalmente catastrófico"

Foto: Reprodução X
A prefeita de Tampa Bay, na Flórida, Estados Unidos, fez um alerta urgente a todos os moradores da região, pedindo que saiam de suas casas antes da chegada do furacão Milton, que promete ser devastador. Jane Castor, durante entrevista à CNN, foi enfática ao afirmar que aqueles que optarem por permanecer nas áreas de evacuação estarão colocando suas vidas em risco.

"Se vocês escolherem ficar... vão morrer", disse Castor, destacando que o impacto do furacão será "literalmente catastrófico". A prefeita ainda frisou que nunca havia feito um alerta tão grave como este. "Nunca tivemos uma tempestade assim", reforçou, ao ser questionada pela jornalista surpresa com a contundência da mensagem.

A previsão é de que o furacão Milton atinja a Flórida na quarta-feira, com potencial para ser mais destrutivo que o furacão Helene, que passou pela região na semana anterior. A prefeita também instou os moradores das áreas de evacuação a não subestimarem o poder da tempestade e evacuarem imediatamente, ressaltando que tentar resistir pode ser fatal.

Formado no fim de semana no Golfo do México, o ciclone tropical deve tocar terra em breve na costa oeste da Flórida, atravessando o estado com fortes chuvas e ventos intensos, inclusive na área de Cabo Canaveral.

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Avião da FAB chega ao Líbano para resgatar brasileiros

A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) que fará o primeiro voo de repatriação de brasileiros no Líbano chegou a Beirute, capital libanesa, às 17h22 (horário local) – 11h22 (no horário de Brasília) – deste sábado (5).

O avião, empregado na Operação Raízes do Cedro, partiu de Lisboa, em Portugal, no início da manhã.

A expectativa é que 220 brasileiros e familiares retornem ao país nesta primeira fase da operação. O objetivo é trazer ao país até 500 pessoas por semana.

Estima-se que 20 mil brasileiros morem em território libanês. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) contabiliza cerca de 3 mil brasileiros que desejam deixar o país, em meio à escalada das operações militares das Forças Armadas de Israel.

A repatriação estava prevista para sexta-feira (4), mas foi adiada para análise das condições de segurança. Na noite de quinta, os bombardeios israelenses em direção ao Líbano foram intensificados. Até mesmo áreas próximas do aeroporto de Beirute chegaram a ser atingidas.

Agência Brasil

Líder do Irã defende ataques e pede união contra Israel

Em um momento crucial de seus 35 anos de governo, Khamenei instou muçulmanos do mundo todo a lutar contra os israelenses na guerra que se espalha pelo Oriente Médio

© Getty
(FOLHAPRESS) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, apresentou uma retórica desafiadora em seu primeiro sermão público em cinco anos nesta sexta (4). Defendeu tanto o ataque terrorista do Hamas contra Israel quanto o lançamento de mísseis de Teerã contra o Estado judeu, na terça passada (1º).

Em um momento crucial de seus 35 anos de governo, Khamenei instou muçulmanos do mundo todo a lutar contra os israelenses na guerra que se espalha pelo Oriente Médio.

O discurso do aiatolá ocorreu nas preces de sexta-feira na mesquita Grande Mosalla, em Teerã, algo raríssimo: ele costuma falar em eventos fechados e rede de TV. Enquanto isso, Israel estuda planos para retaliar o ataque de terça, que envolveu quase 200 mísseis balísticos.

A ação não causou danos substanciais, ao menos segundo a versão oficial israelense, e a única vítima fatal foi um palestino atingido pelo primeiro estágio de um míssil em Jericó, na Cisjordânia.

"A brilhante operação das nossas forças armadas algumas noites atrás foi totalmente legal e legítima", disse o líder, emulando palavras do presidente do país, Masoud Pezeshkian, que está abaixo dele na hierarquia da teocracia. "Nós não vamos nem procrastinar, nem correr em nossos deveres" no conflito com Israel, disse.

Ele também fez a defesa mais aberta do ataque terrorista em que o Hamas enviou 6.000 homens pela fronteira em 7 de outubro do ano passado, matando 1.170 pessoas e sequestrando 251. "Foi um ato legítimo", disse.

A escalada militar que permeia toda a região agora decorreu do ataque. O Hamas é bancado por Teerã, assim como o Hezbollah, o principal ativo de Khamenei no Oriente Médio. Há dez dias, Israel interrompeu a rotina de atritos na sua fronteira com o Líbano e promoveu uma ação forte contra os rivais.

Matou lideranças e o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, elogiado no sermão do líder iraniano, invadiu o sul do vizinho e segue sua campanha de bombardeios. "Israel não pode machucar seriamente o Hezbollah ou o Hamas", disse Khamenei, jogando para a plateia.

O grupo palestino foi bombardeado até torna-se uma força insurgente nas ruínas de Gaza, e também perdeu seu líder: Ismail Haniyeh foi morto enquanto era hóspede do Irã na posse de Pezeshkian, no fim de julho.

Ainda assim, o aiatolá insistiu que "Israel finge que está vencendo por meio de assassinatos e morte de civis". Disse que sua salva de mísseis foi "a punição mínima pelos crimes" de Tel Aviv.

Novamente, ele usou a causa palestina. "O povo palestino tem o direito legal de se defender, de enfrentar esses criminosos", disse, pedindo que as "nações muçulmanas apertem o cinto de defesa do Afeganistão ao Iêmen, do Irã a Gaza e ao Líbano".

Khamenei voltou-se também ao seu maior rival, os Estados Unidos, dizendo que as ações de Israel visam entregar os recursos energéticos de todo o Oriente Médio para Washington.

Por toda sua retórica, o aiatolá está em apuros. "O ataque de Israel ao Hezbollah está fazendo o regime desmorona", diz o analista Kamram Bokhari, da consultoria americana Geopolitical Futures.

Em sua visão, ao mirar o principal ativo de Teerã na região, Tel Aviv coloca em risco toda a estratégia montada pelos iranianos, que visava evitar um conflito direto com Israel. O Estado judeu, potência nuclear, tem capacidade militares mais sofisticadas do que as do rival, e uma arma nada secreta: o apoio dos EUA.

Não são poucos observadores em Israel que acreditam que a execução de Nasrallah foi uma armadilha para o Irã atacar, abrindo o caminho para uma ação mais incisiva de Israel contra seu principal inimigo.

A questão é modular isso com os americanos. O crepuscular presidente Joe Biden disse ser contra o principal objetivo do premiê Binyamin Netanyahu, o avançado programa nuclear iraniano. Os rumores apontam, como alternativa, um ataque a refinarias e terminais petrolíferos do país.

Outros fatores colocam o Irã na encruzilhada: a obscura morte do sucessor presumido de Khamenei, o linha-dura Ebrahim Raisi, em abril, as dificuldades econômicas e a insatisfação social, demonstrada em protestos intensos nos últimos anos.

Com 85 anos e saúde fragilizada, Khamenei tem a sucessão incerta, momento ideal para que grupos mais radicais no governo advoguem por uma guerra de consequências funestas para todos.

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Luto e raiva consomem parentes de mortos e de reféns do Hamas

Luto, raiva e até culpa estão no vocabulário e na expressão corporal de pessoas afetadas com quem a Folha falou nas duas últimas semanas no país

© Getty
(FOLHAPRESS) - Evento que impactou diretamente quase 1 em cada 1.500 habitantes de Israel, contando mortos, feridos e reféns tomados pelo Hamas, o massacre do 7 de Outubro consome de formas múltiplas esses sobreviventes.
Luto, raiva e até culpa estão no vocabulário e na expressão corporal de pessoas afetadas com quem a Folha falou nas duas últimas semanas no país. O modo com que lidam com a dor, por sua vez, varia.
"Eu estou exausta de falar com jornalistas. Ainda estou explicando, me desculpando, chorando um ano depois. Mas parece que eles foram embora, que sumiram, que ninguém mais se lembra deles", diz a arquiteta Yfat Zaila, 37.

Ela foi a representante de uma das famílias mais emblemáticas da tragédia, os Bibas, judeus que emigraram da Argentina e do Peru e se concentravam no kibutz Nir Oz, o local proporcionalmente mais afetado há um ano.

Ali, um quarto da população de cerca de 400 pessoas foi afetada: 40 morreram, e 71 foram sequestrados, inclusive todos os Bibas: Yarden, Shiri, Ariel e Kfir –os dois últimos, respectivamente com 4 anos e 9 meses no dia do ataque.

"Não tenho ideia se alguém está vivo. Essas crianças não tinham um ponto de vista político, uma opinião. Eram apenas crianças, que mereciam viver", afirma Yfat, prima dos dois meninos. Em novembro, o Hamas disse que todos, menos o pai, haviam morrido num ataque de Israel, mas não há evidências disso.

"O Ariel tinha comemorado o Ano-Novo judaico aqui nesse jardim de infância em que estamos. Olhe agora", diz, mostrando o local com todo o interior coberto de fuligem das granadas ali jogadas.

O que ocorreu em Nir Oz e no vizinho Kfar Aza, ambas comunidades a cerca de 1 km de Gaza, é particularmente perverso, pois eram pontos de população majoritariamente simpática à coexistência com os palestinos.

"Eu sou do Estrada para a Recuperação, uma ONG que pegava doentes de Gaza no posto de Erez. Levávamos a hospitais em Israel e depois os deixávamos lá. Agora eu cuido da segurança aqui", conta o advogado Zohar Shpak, 53.

Morador de Kfar Aza, ele passou dois dias escondido no quarto seguro de sua casa. "O sonho acabou", afirma, relatando como ajudou equipes forenses a detalhar estupros de vítimas vivas e mortas no local. "É repulsivo."

Yfat vai pelo mesmo caminho, num tom mais de confronto. "Eu fui criada para acreditar na solução de dois Estados, que tem gente do outro lado que só queria coexistir. Mas alguma coisa quebrou em mim. Posso dizer que acredito naquilo agora? Uma nova geração vai crescer para ter ou ódio ou medo."

Ela afirma, contudo, sentir empatia pelas vítimas em Gaza, que segundo o Hamas são 140 mil nesses 12 meses, entre mortos (41,6 mil) e feridos, embora o grupo não diga quantos desses são seus integrantes –Tel Aviv calcula que são cerca de metade.

Em Gaza, a guerra tocou 1 em cada 15 habitantes diretamente. Isso decorre da intensidade dos ataques israelenses, do ano todo de conflito, da densidade populacional e do fato de que o Hamas está imiscuído na vida civil, misturado aos moradores. É outra tragédia.

"Eu choro por toda criança morta nessa guerra", diz, voltando ao tom de indignação com quem apoia o ataque palestino. "Eu me pergunto a quem justifica isso: vocês sabem algo sobre Kfir e Ariel? Vocês viram o vídeo deles sendo levados no colo da mãe? As caras aterrorizadas deles?".

Ela e Shpak querem voltar de forma permanente para suas casas, mas isso não é consenso. "Por que eu gostaria de voltar para [o campo de extermínio nazista de] Auschwitz?", compara uma das vizinhas de Yfat em Nir Oz, Bat-Sheva Yahalomi, 50.

Dona de uma das poucas casas abertas a visitação no local, onde tudo está como ficou no dia 7 de outubro, ela faz um ritual algo catártico na frente de repórteres, apontando para onde seu marido Ohad foi visto pela última vez, sangrando.

"Eles me levaram numa moto com meu filho menor. Quando pararam porque havia três tanques israelenses chegando, aproveitei para correr para o mato", afirma. "Mas eles levaram Ohad e Eitan", referindo-se também ao outro filho, de 12 anos.

O garoto foi solto 52 dias depois, na única troca de reféns por prisioneiros do Hamas em Israel. Ele ficou seis dias sozinho com os terroristas e, depois, com outras crianças no hospital Nasser, em Khan Yunis.

"Ele só comia um pão e um pepino por dia. Hoje, não falamos muito. Tenho que tentar ir em frente, mas só vamos nos curar quando soubermos o que aconteceu com o Ohad", relata. "Nunca mais me sentirei segura, não durmo direito." O governo israelense oferece ajuda psicológicas às vítimas, mas em sessão coletivas. "Eu tentei, mas não deu certo."

Para Sigal Manzuri, 47, a terapia possível é a da preservação da memória. Ao menos é o que a designer de Hod HaSharon vem tentando fazer ao abrir com amigos uma "casa dos sonhos" em que meninas poderão viver um dia como estilistas de moda.

"Era o que a Norelle queria fazer", diz ela, sobre a filha de 25 anos assassinada na rave Nova ao lado da irmã Roya, 22, e do namorado Amit Cohen, 25. O lugar concentrou 383 mortes na ação.

A tragédia veio em prestações para Sigal e o marido, Manny. O corpo de Norelle foi encontrado e enterrado no dia 12 de outubro do ano passado, mas a família seguiu com esperanças de que Roya pudesse estar viva, escondida ou mesmo como refém.

Isso durou só três dias. "Eu perdi quase tudo em um só dia, não sinto mais nada", afirma, relembrando como Norelle e Amit se conheceram quando, como quase todo jovem israelense, foram mochilar após os anos de serviço militar obrigatório.

Os jovens se conheceram na Argentina e eram loucos pela região, tendo visitado o Brasil e outros países. "Eles voltaram de uma segunda viagem em julho", conta. Sobreviveu com Sigal também o filho Chaim, 15. Segundo a mãe, ele evita falar do assunto, após passar quase um ano sem ir à escola.

Compartilhando a percepção de moradores de kibutzim, ela declara que o "o governo os abandonou". É a tônica de objetos e faixas amarelos espalhados por todo Israel e o tema da campanha das famílias: "Tragam eles de volta para casa agora".

Pensa em sair de Israel, ainda mais com a guerra no Líbano e talvez com o Irã? "As meninas nasceram em Los Angeles, moramos lá e em Nova York. Mas não, meu trabalho nessa longa jornada é honrar a memória delas."

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Avião de Lula tem problema técnico após decolagem e vai retornar à Cidade do México

O avião que transportava o presidente Lula (PT) da Cidade do México de volta para Brasília apresentou problemas na tarde desta terça-feira (1º), após já ter decolado. A aeronave seguia no ar no início da noite, para queimar combustível e poder retornar ao aeroporto de onde havia partido.

A informação foi divulgada pela Força Aérea Brasileira, em nota assinada pelo comandante Marcelo Kanitz Damasceno. O texto afirma que o presidente vai viajar de volta ao Brasil em uma outra aeronave.

Integrantes do governo afirmam que o novo pouso no aeroporto da Cidade do México deve acontecer por volta de 21h30 (horário de Brasília). A aeronave reserva, que sempre acompanha os deslocamentos do presidente, está no local para trazer a comitiva de volta.

“Informo que a aeronave presidencial VC-1, que transporta o Senhor Presidente da República no trecho entre o México e o Brasil, apresentou um problema técnico após a decolagem do Aeroporto da Cidade do México”, diz a nota.

Segundo o documento, foram “realizados, com sucesso, os procedimentos de segurança para solução do problema apresentado”. O texto diz que os pilotos aguardavam o consumo do combustível necessário “para retornarem ao mesmo aeródromo da decolagem, com troca de aeronave e regresso a Brasília”.

O sobrevoo para a queima de combustível é uma medida de segurança na aviação. Isso porque os aviões decolam com um peso muito maior devido à quantidade de combustível. Pousar com esse peso é considerado uma operação de risco.

Lula estava no México para a posse da nova presidente do país, Claudia Sheinbaum. A cerimônia aconteceu horas antes na sede do Poder Legislativo, na Cidade do México. O brasileiro havia chegado ao país no dia anterior, teve um encontro com o presidente que deixava o cargo, Andrés Manuel López Obrador, e participou de um evento com empresários dos dois países.

Participaram da posse, além de Lula, a primeira-dama Janja, a ministra Cida Gonçalves (Mulheres), entre outros. O diretor de política monetária do Banco Central e indicado pelo petista para a presidência da instituição, no mês passado, Gabriel Galípolo, está no mesmo voo de Lula.

Galípolo estava na capital mexicana para participar da CCA Consultative Group of Directors of Operations (CGDO), promovida pelo Banco de Compensações Internacionais. Ele também esteve na segunda-feira no fórum empresarial, com brasileiros e mexicanos.

Lula já reclamou algumas vezes do avião presidencial, o chamado Aerolula, que foi comprado por ele mesmo em seu primeiro mandato, em 2005. Um dos principais pontos de crítica é a falta de autonomia, o que obriga a comitiva a fazer escalas em muitas das viagens ao exterior.

Militares da Força Aérea têm como plano preferencial comprar um avião com configuração VIP usado, surgindo como uma possibilidade preferencial a versão executiva do Airbus A330.

Embora um avião zero quilômetro possa sair por mais de US$ 250 milhões (R$ 1,23 bilhão), por baixo, um aparelho usado pode sair significativamente mais barato —talvez menos que US$ 40 milhões (quase R$ 200 milhões), a depender da barganha.

Renato Machado/Cézar Feitoza/Folhapress

EUA alertam que aéreas podem estar usando aviões Boeing com peça defeituosa que ameaça voo

Foto: Reprodução

O NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos) afirmou que mais de 40 companhias aéreas estrangeiras que têm aviões Boeing 737 podem estar usando aeronaves com componentes de leme que podem representar riscos à segurança, embora não tenha identificado quais empresas poderiam ser afetadas.

Na quinta-feira (26), o NTSB emitiu recomendações urgentes de segurança sobre a possibilidade de um sistema de controle do leme emperrar em alguns aviões 737 após um incidente em fevereiro envolvendo um voo da United Airlines.

O NTSB está investigando um incidente ocorrido em fevereiro, no qual os pedais do leme de um 737 Max 8 da United ficaram “presos” na posição neutra durante um pouso nos EUA. Não houve feridos entre os 161 passageiros e na tripulação.

A EASA (Agência de Segurança da Aviação da União Europeia) disse na terça-feira (1º) que estava ciente do relatório do NTSB. “A EASA está em contato próximo com a FAA e tomará as medidas necessárias”, disse um porta-voz.

Na segunda-feira (30), a agência informou que 271 peças afetadas podem estar instaladas em aeronaves em serviço operadas por pelo menos 40 companhias aéreas estrangeiras e 16 ainda podem estar instaladas em aeronaves registradas nos EUA e até 75 podem ter sido usadas em equipamentos para pós-venda.

No entanto, o NTSB e a agência de aviação dos EUA não identificaram quais transportadoras podem estar usando as peças. Várias companhias aéreas estrangeiras não responderam às perguntas da Reuters sobre sua frota.

A Boeing, que se recusou a comentar o assunto na segunda-feira, disse na semana passada que havia informado os operadores de aviões 737 afetados sobre uma “condição potencial com o atuador de orientação de rolagem do leme” em agosto, no que é conhecido como uma Mensagem de Vários Operadores.

No entanto, a presidente do NTSB, Jennifer Homendy, disse em uma carta ao administrador da agência de aviação norte-americana, Mike Whitaker, que eles estavam preocupados “com a possibilidade de que outras companhias aéreas não estejam cientes da presença desses atuadores em seus aviões 737”.

Um porta-voz da All Nippon Airways do Japão, que opera 39 aviões Boeing 737-NG, disse na terça-feira que “por precaução, estamos nos estágios preparatórios para remover as peças apontadas pelo NTSB”, acrescentando que isso não teve impacto em suas operações. A empresa está avaliando quantos de seus aviões foram afetados, disse a pessoa.

A Japan Airlines, que opera 62 aviões Boeing 737-800, disse que nenhum de seus aviões 737 usa as peças afetadas, segundo um porta-voz, e a China Airlines também disse que a empresa não foi afetada.

Um porta-voz da Ryanair, um dos maiores clientes da Boeing, também disse que não houve impacto do problema do componente.

Procuradas no Brasil, Gol e Boeing não puderam comentar o assunto de imediato.

O NTSB também divulgou na segunda-feira que soube que duas operadoras estrangeiras sofreram incidentes semelhantes em 2019 envolvendo atuadores de orientação de rolagem.

O problema é o mais recente revés para a Boeing, que enfrentou uma série de questões de segurança depois que um 737 M 9 novo, operado pela Alaska Airlines, perdeu uma porta desativada em pleno voo no início do ano.

Homendy, que conversou com Whitaker sobre o problema na semana passada, disse que estava preocupada com o fato de a FAA “não ter levado essa questão mais a sério até emitirmos nosso relatório de recomendação de segurança urgente”.

A FAA disse que está levando a sério as recomendações do NTSB e que está programada para realizar testes adicionais em simuladores em outubro.

A United informou na semana passada que as peças de controle do leme em questão estavam em uso em apenas nove de suas aeronaves 737 originalmente montadas para outras companhias aéreas e que todos os componentes foram removidos no início deste ano.

Na segunda-feira, o NTSB criticou a Boeing por não ter informado à United que os 737s que ela recebeu estavam equipados com atuadores “mecanicamente conectados ao sistema de controle do leme” e expressou preocupação de que outras empresas aéreas não soubessem de sua presença.

“As tripulações de voo podem não saber o que esperar se o atuador de orientação de rolagem falhar em baixa altitude ou durante o pouso”, disse o NTSB, chamando a falha de “inaceitável”.

Folhapress

Tropas de Israel começam invasão terrestre contra o Hezbollah no Líbano

Fumaça é vista na cidade de Khiyam, no sul do Líbano, após bombardeio israelense
Após duas semanas de ataques aéreos que dizimaram a cúpula do grupo extremista libanês Hezbollah, o Exército de Israel iniciou um ataque terrestre contra o rival no sul do Líbano. É a primeira vez que isso acontece desde 2006.

Segundo as Forças de Defesa de Israel, as incursões são “limitadas e localizadas” contra alvos específicos ao longo da fronteira que representariam “perigo imediato a comunidades no norte de Israel”.

Desde o dia 18 de setembro, quando estabeleceu o retorno dos 60 mil refugiados israelense ao norte do país, Tel Aviv vinha atacando o Hezbollah com sua Operação Flechas do Norte —o primeiro desdobramento da Espadas de Ferro, ação contra o Hamas palestino.

“A operação vai ocorrer de acordo com a avaliação situacional e em paralelo ao combate em Gaza e em outras arenas”, disseram as Forças.

A operação terrestre já tinha ações precursoras em curso, como relatou a Folha no domingo (29) e o Departamento de Estado dos EUA confirmou nesta segunda (30), parecendo inevitável. No fim da noite (tarde no Brasil), três áreas no norte israelense foram declaradas zonas militares fechadas.

Mas o escopo de tal ação, que já estava em preparação na semana passada, não é certo, e muito da tensão na região depende disso. Segundo a mídia americana, o governo de Joe Biden foi informado da intenção de Israel de fazer um pente-fino na região sul do Líbano. Questionado por repórteres, o presidente americano disse “saber mais do que vocês imaginam” sobre o tema e voltou a pedir um cessar-fogo.

Nesta nova fase da guerra em que Israel matou ninguém menos do que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a questão da invasão estava na ordem do dia.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, visitou o Comando Norte de suas forças e voltou a dizer a soldados que sua “capacidade será necessária”. Segundo o jornal The New York Times, Biden convenceu o premiê Binyamin Netanyahu a ser frugal em sua ação terrestre, não chegando perto da última guerra com o Hezbollah, em 2006.

Por ora sem um novo secretário-geral, o Hezbollah não mordeu a isca. Disse que está preparado para uma invasão de Israel a qualquer momento, apesar de estar na pior forma militar desde o conflito que terminou num empate há 18 anos.

Uma pessoa com conhecimento dos planos das forças israelenses havia avaliado corretamente à reportagem que o mais provável era a entrada de soldados em unidades pequenas, dado o estrago que duas semanas de intensos ataques aéreos já provocaram ao Hezbollah. Mas ela não descarta que Netanyahu tenha algo mais em mente.

O foco do primeiro-ministro é o Irã. Uma ação mais robusta no sul demonstraria o comprometimento de Tel Aviv com sua promessa de atacar todos os inimigos no Oriente Médio. Nesta segunda, Netanyahu inclusive publicou um vídeo no qual insta os moradores do Irã a se revoltarem contra a teocracia que, em suas palavras, “está levando vocês ao abismo”.

Foi um morde-e-assopra típico do político, que já havia ido nessa linha em seu discurso na sexta (27) na Assembleia-Geral da ONU —só para assassinar Nasrallah poucos minutos depois.

Seja como for, com ou sem o clichê das botas no terreno, Israel continuou sua campanha no Líbano diversificando o cardápio de alvos. Nesta segunda, matou Fatah Sharif Abu al-Amine, líder do Hamas que comandava as ações e a interação da organização palestina com o parceiro libanês. Ele morreu em um ataque aéreo contra o campo de refugiados palestinos El-Buss, perto de Tiro, no sul do país.

Daqui a uma semana será lembrado o início da atual guerra no Oriente Médio, disparada pelo ataque do Hamas que deixou 1.200 mortos e fez 251 reféns em Israel.

De lá para cá, a violência se multiplicou. O governo Netanyahu não conseguiu destruir o Hamas e soltar os talvez 64 cativos ainda vivos, mas degradou o grupo a um nível de insurgência.

“É verdade, mas como temos uma guerra nova na fronteira norte, as pessoas não olham tanto para o que ocorre aqui”, disse um porta-voz das Forças de Defesa no sul de Israel, Daniel Baruch. Durante uma visita de jornalistas à região, o barulho de drones, caças, tiros de obuseiros e grandes explosões em Gaza foi uma constante.

Em Kfar Aza, um kibutz barbarizado pelo Hamas há um ano, plumas de fumaça eram visíveis a partir da cerca do local, que fica a 1 km da Faixa de Gaza. O custo dessa operação, nas contas palestinas, foram 41,5 mil mortos —o Hamas não diz quantos eram combatentes, metade do contingente segundo Israel.

O Hezbollah entrou na luta de forma parcial, elencando o grau de atrito no norte do país. Há duas semanas, tudo mudou: Israel decretou que não toleraria mais a exclusão de moradores da região.

Passou a atacar o Hezbollah com intensidade não vista desde a guerra entre os rivais em 2006. Do ataque com pagers e walkie-talkies, escalou para bombardeios e, enfim, matou Nasrallah.

Também nesta segunda, aviões israelenses alvejaram o centro de Beirute, um ponto que não era atacado desde o conflito de 2006. Segundo a Frente Popular de Libertação da Palestina, grupo famoso por seus sequestros de avião no passado, três de seus líderes no exílio morreram no ataque.

O acerto de contas regional de Netanyahu segue, elevando a expectativa acerca da reação do Irã, o verdadeiro poder por trás da miríade de grupos anti-Israel, muitos com agendas divergentes.

Até aqui, como no episódio em que foi morto o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, a teocracia adota retórica dura, mas na prática tem sido cautelosa.

Concorre para isso a agressividade de Israel e a dissuasão que os EUA, aliados de Tel Aviv, promovem com a presença militar reforçada no Oriente Médio. Não por acaso, os EUA anunciaram o envio de mais soldados para a região.

Na véspera, Israel havia dado outro sinal ao atacar o porto iemenita de Hodeidah, controlado pelos rebeldes houthis, também apoiados pelo Irã. Eles haviam lançado mísseis balísticos contra Tel Aviv, a 2.000 km de suas bases.

Não houve estragos, mas Israel decidiu mandar um sinal acerca de suas capacidades de longa distância, promovendo a incursão aérea a 1.800 km de casa. O comando dos rebeldes disse que a ação israelense irá obrigá-los a aumentar suas ações, que já travam parte do comércio no mar Vermelho.

Igor Gielow/Folhapress

Israel mata outro dirigente do Hezbollah, e Líbano fala em 1 milhão de deslocados

O Exército de Israel matou neste sábado (28) Nabil Qauq, comandante da unidade de segurança do Hezbollah
O Exército de Israel matou neste sábado (28) Nabil Qauq, comandante da unidade de segurança do Hezbollah, em um ataque na periferia sul de Beirute. A morte, confirmada pela facção, é mais um golpe para a milícia libanesa dois dias após o assassinato de seu líder, Hassan Nasrallah.

Tel Aviv intensificou a ofensiva contra o Líbano na tentativa de devolver os 60 mil moradores do norte de Israel que deixaram as suas casas após o Hezbollah passar a atacar a região em solidariedade ao Hamas, em guerra com o Estado judeu na Faixa de Gaza há quase um ano.

Os bombardeios israelenses deixaram um rastro de destruição —o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou a jornalistas neste domingo que quase um milhão de pessoas, um quinto da população, poderia ter fugido das zonas de combate, e o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas disse ter lançado uma operação de emergência para fornecer alimentos aos afetados pelo conflito.

“Esse pode ser o maior deslocamento populacional na história do Líbano”, afirmou Mikati após uma reunião de emergência com seu gabinete. De acordo com o Ministério da Saúde libanês, em duas semanas, os ataques israelenses mataram mais de mil pessoas, incluindo 14 médicos mortos nos últimos dois dias, e feriram pelo menos 6.000.

O número ainda pode aumentar, dada a escalada da tensão na região.

Também neste domingo, Israel anunciou ter atacado dezenas de alvos do Hezbollah no Líbano, e duas pessoas da área de segurança afirmaram à agência de notícias Reuters que um dos bombardeios no vale do Bekaa matou Mohammad Dahrouj, combatente de outro grupo islâmico, o Jama’a Islamiya.

O Hezbollah, por sua vez, diz que continuará lutando contra Tel Aviv —a Marinha israelense afirmou que interceptou um projétil no Mar Vermelho e que outros oito caíram em áreas abertas.

Nos mega-ataques aéreos que mataram Nasrallah, na sexta (27), diversos outros líderes da facção também foram mortos, segundo Israel. Neste domingo, o Hezbollah recuperou o corpo dele do local do ataque, segundo a Reuters, e confirmou a morte de mais um deles, o comandante da frente sul, Ali Karaki.

“Nosso trabalho não acabou. Temos dias desafiadores à frente. A eliminação de Nasrallah é um passo necessário para mudar o balanço de poder no Oriente Médio”, disse o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, após desembarcar de viagem aos Estados Unidos para falar na Assembleia-Geral da ONU.

O cenário faz as perspectivas de um conflito mais amplo aumentarem —Israel mobilizou brigadas de reservistas e diz estar pronto para todas as opções, incluindo uma operação terrestre; já o Hezbollah afirma que cessará o fogo apenas quando a ofensiva de Tel Aviv em Gaza terminar.

Os esforços diplomáticos, por sua vez, vêm tendo pouco progresso, embora o ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary, tenha dito durante uma reunião de gabinete neste domingo que os esforços por uma trégua ainda estavam em andamento.

No Irã, que ajudou a criar o Hezbollah no início dos anos 1980, figuras de alto escalão lamentaram a morte de Abbas Nilforoushan, um membro sênior da Guarda Revolucionária iraniana, na explosão que matou também Nasrallah. O chanceler Abbas Araghchi disse em um comunicado que seu assassinato “não ficará sem resposta”.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, foi transferido para um local seguro após a morte de Nasrallah, disseram fontes à Reuters.

Folhapress

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