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Furacão Milton se aproxima da Flórida, e autoridades pedem retirada de milhões de pessoas

Imagem de satélite mostra furacão Milton entre o México (à esquerda) e a península da Flórida (à direita)
O Milton, um dos furacões mais poderosos jamais registrados no oceano Atlântico, avança através do golfo do México e deve atingir a costa da Flórida na noite desta quarta-feira (9), fazendo com que milhões de pessoas se apressem para fugir da destruição nos Estados Unidos.

Segundo o Centro Nacional de Furacões do país (NHC), o Milton “tem o potencial de ser um dos furacões mais destrutivos já registrados no centro-oeste da Flórida”. As autoridades pediram que cerca de 5,5 milhões de pessoas que moram na região de Tampa saiam de casa —em alguns casos, os moradores receberam ordens de remoção. O local já foi afetado pelo furacão Helene há pouco mais de uma semana.

De acordo com o jornal The New York Times, as rodovias do estado estão abarrotadas de pessoas tentando fugir e há falta de combustível na região —Tampa, um centro urbano densamente povoado na costa oeste da península da Flórida, não é atingida diretamente por um furacão há mais de um século.

Meteorologistas esperam que a área receba de 127 a 250 milímetros de chuva, o que pode causar enchentes. Mais de 2.000 voos foram cancelados, e embora o furacão só deva chegar à terra firme na quarta, ventos perigosos e chuva forte devem começar a afetar a Flórida ainda nesta terça.

O potencial destrutivo do Milton é exacerbado pelo fato de que o Helene atingiu ilhas ao redor da Flórida há pouco tempo, removendo barreiras de areia e vegetação que poderiam desacelerar o furacão. Além disso, o Milton pode transformar destroços que ainda não foram removidos na região em projéteis, causando ainda mais dano.

O presidente dos EUA, Joe Biden, cancelou uma viagem que faria à Alemanha e Angola para acompanhar os desdobramentos do fenômeno. Durante uma entrevista coletiva na terça, o democrata disse que o Milton é uma questão “de vida ou morte” e que os moradores da Flórida deveriam se retirar “agora, agora, agora”.

O governador do estado, o republicano Ron DeSantis, afirmou que neste momento “toda a península da Flórida está sob algum tipo de alerta ou advertência”, e disse que escavadeiras e outros equipamentos trabalham ininterruptamente para remover destroços causados pelo Helene.

DeSantis disse ainda que conversou com Biden por telefone. “O governo [federal] nos enviou tudo o que pedimos”, afirmou, acrescentando que vai mobilizar 8.000 membros da Guarda Nacional para lidar com as consequências do Milton, a maior mobilização da história da Flórida por conta de um fenômeno climático.

A prefeita de Tampa, Jane Castor, disse que quem resolver ficar nas áreas marcadas como sendo de remoção obrigatória “vai morrer”. Citando a previsão de enchentes de mais de 3 metros de altura, Castor disse que “casas de apenas um andar são menores do que isso. Se você ficar numa casa assim, ela vira o seu caixão”.

O operador de balsas Ken Wood, ouvido pela agência de notícias Reuters, disse que passou toda a terça-feira fazendo malas para fugir da cidade de Dunedin, a cerca de 40 quilômetros de distância de Tampa, junto com o seu gato, Andy.

Segundo a Reuters, Wood resolveu ignorar alertas e ficar em casa durante o furacão Helene, dizendo que foi uma das noites “mais assustadoras da minha vida”. “Não vou cometer o mesmo erro duas vezes”, afirmou.

A Reuters também ouviu o músico Mark Feinman, que diz ter precisado de 13 horas de viagem para atravessar uma distância de 800 quilômetros da cidade de St. Petersburg, na região metropolitana de Tampa, até Pensacola, na divisa com o estado do Alabama.

De acordo com Feinman, alguns motoristas estavam andando no acostamento e atravessando canteiros entre estradas para tentar escapar do trânsito, causando acidentes. Todos os postos de gasolina em um trecho de mais de 300 quilômetros na rodovia Interstate 10 estavam sem combustível.

Meteorologistas americanos correm para tentar determinar onde, exatamente, o Milton vai chegar à terra firme na Flórida —o curso do furacão tem mudado ao longo do dia. Na pior das hipóteses, o fenômeno atinge a baía de Tampa em cheio, cruzando toda a península no espaço de 24 horas antes de perder força na costa atlântica do estado.

O furacão Milton chegou a ser rebaixado para a categoria 4 na escala Saffir-Simpson à medida que se deslocava pelo golfo do México, mas voltou à categoria 5, a mais alta possível, poucas horas depois. Ao atravessar a região mexicana de Yucatán, o fenômeno causou chuva pesada, ventos fortes e ondas de tempestade, mas não registrou mortes ou maiores danos.

A situação pode ser muito diferente quando o furacão chegar aos EUA. A intensificação do Milton de tempestade para furacão de categoria 5 foi uma das mais rápidas já registradas, dizem meteorologistas, uma característica que era rara em fenômenos do tipo, mas que se torna cada vez mais comum agora.

Isso acontece porque, graças às mudanças climáticas, a temperatura do mar no golfo do México está mais elevada, e quanto mais profunda é a camada de água quente, mais energia um furacão consegue acumular.

O governador Ron DeSantis ainda disse nesta terça-feira que a Flórida deve acionar 8 mil membros da Guarda Nacional e está posicionando caminhões de suprimentos e equipamentos perto da área onde a tempestade deve atingir o solo. “Vocês têm tempo para sair, então, por favor, saiam”, reforçou o governador. “Essa tempestade é tão forte, tão grande, que é irreal”, ele disse. “Estamos em modo de sobrevivência.”

O governo do estado está distribuindo geradores de energia, alimentos, água e tendas para a população. Os habitantes das áreas de risco estão protegendo suas casas ou planejam ir embora.

As autoridades se preparam para danos catastróficos e cortes de energia que devem durar dias. Milton se tornou a terceira tempestade de intensificação mais rápida já registrada no oceano Atlântico, passando de uma tempestade tropical para um furacão de categoria 5 —o mais poderoso— em menos de 24 horas.

Gabriel Barnabé/Victor Lacombe/Guilherme Botacini/Folhapress

Prefeita alerta para chegada de furacão Milton: "Se ficarem, vão morrer"

Se vocês escolherem ficar... vão morrer", disse Castor, destacando que o impacto do furacão será "literalmente catastrófico"

Foto: Reprodução X
A prefeita de Tampa Bay, na Flórida, Estados Unidos, fez um alerta urgente a todos os moradores da região, pedindo que saiam de suas casas antes da chegada do furacão Milton, que promete ser devastador. Jane Castor, durante entrevista à CNN, foi enfática ao afirmar que aqueles que optarem por permanecer nas áreas de evacuação estarão colocando suas vidas em risco.

"Se vocês escolherem ficar... vão morrer", disse Castor, destacando que o impacto do furacão será "literalmente catastrófico". A prefeita ainda frisou que nunca havia feito um alerta tão grave como este. "Nunca tivemos uma tempestade assim", reforçou, ao ser questionada pela jornalista surpresa com a contundência da mensagem.

A previsão é de que o furacão Milton atinja a Flórida na quarta-feira, com potencial para ser mais destrutivo que o furacão Helene, que passou pela região na semana anterior. A prefeita também instou os moradores das áreas de evacuação a não subestimarem o poder da tempestade e evacuarem imediatamente, ressaltando que tentar resistir pode ser fatal.

Formado no fim de semana no Golfo do México, o ciclone tropical deve tocar terra em breve na costa oeste da Flórida, atravessando o estado com fortes chuvas e ventos intensos, inclusive na área de Cabo Canaveral.

Leia Também: 'Caçadores de Furacões' voam no interior do furacão Milton; veja o vídeo

Avião da FAB chega ao Líbano para resgatar brasileiros

A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) que fará o primeiro voo de repatriação de brasileiros no Líbano chegou a Beirute, capital libanesa, às 17h22 (horário local) – 11h22 (no horário de Brasília) – deste sábado (5).

O avião, empregado na Operação Raízes do Cedro, partiu de Lisboa, em Portugal, no início da manhã.

A expectativa é que 220 brasileiros e familiares retornem ao país nesta primeira fase da operação. O objetivo é trazer ao país até 500 pessoas por semana.

Estima-se que 20 mil brasileiros morem em território libanês. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) contabiliza cerca de 3 mil brasileiros que desejam deixar o país, em meio à escalada das operações militares das Forças Armadas de Israel.

A repatriação estava prevista para sexta-feira (4), mas foi adiada para análise das condições de segurança. Na noite de quinta, os bombardeios israelenses em direção ao Líbano foram intensificados. Até mesmo áreas próximas do aeroporto de Beirute chegaram a ser atingidas.

Agência Brasil

Líder do Irã defende ataques e pede união contra Israel

Em um momento crucial de seus 35 anos de governo, Khamenei instou muçulmanos do mundo todo a lutar contra os israelenses na guerra que se espalha pelo Oriente Médio

© Getty
(FOLHAPRESS) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, apresentou uma retórica desafiadora em seu primeiro sermão público em cinco anos nesta sexta (4). Defendeu tanto o ataque terrorista do Hamas contra Israel quanto o lançamento de mísseis de Teerã contra o Estado judeu, na terça passada (1º).

Em um momento crucial de seus 35 anos de governo, Khamenei instou muçulmanos do mundo todo a lutar contra os israelenses na guerra que se espalha pelo Oriente Médio.

O discurso do aiatolá ocorreu nas preces de sexta-feira na mesquita Grande Mosalla, em Teerã, algo raríssimo: ele costuma falar em eventos fechados e rede de TV. Enquanto isso, Israel estuda planos para retaliar o ataque de terça, que envolveu quase 200 mísseis balísticos.

A ação não causou danos substanciais, ao menos segundo a versão oficial israelense, e a única vítima fatal foi um palestino atingido pelo primeiro estágio de um míssil em Jericó, na Cisjordânia.

"A brilhante operação das nossas forças armadas algumas noites atrás foi totalmente legal e legítima", disse o líder, emulando palavras do presidente do país, Masoud Pezeshkian, que está abaixo dele na hierarquia da teocracia. "Nós não vamos nem procrastinar, nem correr em nossos deveres" no conflito com Israel, disse.

Ele também fez a defesa mais aberta do ataque terrorista em que o Hamas enviou 6.000 homens pela fronteira em 7 de outubro do ano passado, matando 1.170 pessoas e sequestrando 251. "Foi um ato legítimo", disse.

A escalada militar que permeia toda a região agora decorreu do ataque. O Hamas é bancado por Teerã, assim como o Hezbollah, o principal ativo de Khamenei no Oriente Médio. Há dez dias, Israel interrompeu a rotina de atritos na sua fronteira com o Líbano e promoveu uma ação forte contra os rivais.

Matou lideranças e o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, elogiado no sermão do líder iraniano, invadiu o sul do vizinho e segue sua campanha de bombardeios. "Israel não pode machucar seriamente o Hezbollah ou o Hamas", disse Khamenei, jogando para a plateia.

O grupo palestino foi bombardeado até torna-se uma força insurgente nas ruínas de Gaza, e também perdeu seu líder: Ismail Haniyeh foi morto enquanto era hóspede do Irã na posse de Pezeshkian, no fim de julho.

Ainda assim, o aiatolá insistiu que "Israel finge que está vencendo por meio de assassinatos e morte de civis". Disse que sua salva de mísseis foi "a punição mínima pelos crimes" de Tel Aviv.

Novamente, ele usou a causa palestina. "O povo palestino tem o direito legal de se defender, de enfrentar esses criminosos", disse, pedindo que as "nações muçulmanas apertem o cinto de defesa do Afeganistão ao Iêmen, do Irã a Gaza e ao Líbano".

Khamenei voltou-se também ao seu maior rival, os Estados Unidos, dizendo que as ações de Israel visam entregar os recursos energéticos de todo o Oriente Médio para Washington.

Por toda sua retórica, o aiatolá está em apuros. "O ataque de Israel ao Hezbollah está fazendo o regime desmorona", diz o analista Kamram Bokhari, da consultoria americana Geopolitical Futures.

Em sua visão, ao mirar o principal ativo de Teerã na região, Tel Aviv coloca em risco toda a estratégia montada pelos iranianos, que visava evitar um conflito direto com Israel. O Estado judeu, potência nuclear, tem capacidade militares mais sofisticadas do que as do rival, e uma arma nada secreta: o apoio dos EUA.

Não são poucos observadores em Israel que acreditam que a execução de Nasrallah foi uma armadilha para o Irã atacar, abrindo o caminho para uma ação mais incisiva de Israel contra seu principal inimigo.

A questão é modular isso com os americanos. O crepuscular presidente Joe Biden disse ser contra o principal objetivo do premiê Binyamin Netanyahu, o avançado programa nuclear iraniano. Os rumores apontam, como alternativa, um ataque a refinarias e terminais petrolíferos do país.

Outros fatores colocam o Irã na encruzilhada: a obscura morte do sucessor presumido de Khamenei, o linha-dura Ebrahim Raisi, em abril, as dificuldades econômicas e a insatisfação social, demonstrada em protestos intensos nos últimos anos.

Com 85 anos e saúde fragilizada, Khamenei tem a sucessão incerta, momento ideal para que grupos mais radicais no governo advoguem por uma guerra de consequências funestas para todos.

Leia Também: Ataques matam 28 profissionais de saúde e fecham hospitais no Líbano


 

Luto e raiva consomem parentes de mortos e de reféns do Hamas

Luto, raiva e até culpa estão no vocabulário e na expressão corporal de pessoas afetadas com quem a Folha falou nas duas últimas semanas no país

© Getty
(FOLHAPRESS) - Evento que impactou diretamente quase 1 em cada 1.500 habitantes de Israel, contando mortos, feridos e reféns tomados pelo Hamas, o massacre do 7 de Outubro consome de formas múltiplas esses sobreviventes.
Luto, raiva e até culpa estão no vocabulário e na expressão corporal de pessoas afetadas com quem a Folha falou nas duas últimas semanas no país. O modo com que lidam com a dor, por sua vez, varia.
"Eu estou exausta de falar com jornalistas. Ainda estou explicando, me desculpando, chorando um ano depois. Mas parece que eles foram embora, que sumiram, que ninguém mais se lembra deles", diz a arquiteta Yfat Zaila, 37.

Ela foi a representante de uma das famílias mais emblemáticas da tragédia, os Bibas, judeus que emigraram da Argentina e do Peru e se concentravam no kibutz Nir Oz, o local proporcionalmente mais afetado há um ano.

Ali, um quarto da população de cerca de 400 pessoas foi afetada: 40 morreram, e 71 foram sequestrados, inclusive todos os Bibas: Yarden, Shiri, Ariel e Kfir –os dois últimos, respectivamente com 4 anos e 9 meses no dia do ataque.

"Não tenho ideia se alguém está vivo. Essas crianças não tinham um ponto de vista político, uma opinião. Eram apenas crianças, que mereciam viver", afirma Yfat, prima dos dois meninos. Em novembro, o Hamas disse que todos, menos o pai, haviam morrido num ataque de Israel, mas não há evidências disso.

"O Ariel tinha comemorado o Ano-Novo judaico aqui nesse jardim de infância em que estamos. Olhe agora", diz, mostrando o local com todo o interior coberto de fuligem das granadas ali jogadas.

O que ocorreu em Nir Oz e no vizinho Kfar Aza, ambas comunidades a cerca de 1 km de Gaza, é particularmente perverso, pois eram pontos de população majoritariamente simpática à coexistência com os palestinos.

"Eu sou do Estrada para a Recuperação, uma ONG que pegava doentes de Gaza no posto de Erez. Levávamos a hospitais em Israel e depois os deixávamos lá. Agora eu cuido da segurança aqui", conta o advogado Zohar Shpak, 53.

Morador de Kfar Aza, ele passou dois dias escondido no quarto seguro de sua casa. "O sonho acabou", afirma, relatando como ajudou equipes forenses a detalhar estupros de vítimas vivas e mortas no local. "É repulsivo."

Yfat vai pelo mesmo caminho, num tom mais de confronto. "Eu fui criada para acreditar na solução de dois Estados, que tem gente do outro lado que só queria coexistir. Mas alguma coisa quebrou em mim. Posso dizer que acredito naquilo agora? Uma nova geração vai crescer para ter ou ódio ou medo."

Ela afirma, contudo, sentir empatia pelas vítimas em Gaza, que segundo o Hamas são 140 mil nesses 12 meses, entre mortos (41,6 mil) e feridos, embora o grupo não diga quantos desses são seus integrantes –Tel Aviv calcula que são cerca de metade.

Em Gaza, a guerra tocou 1 em cada 15 habitantes diretamente. Isso decorre da intensidade dos ataques israelenses, do ano todo de conflito, da densidade populacional e do fato de que o Hamas está imiscuído na vida civil, misturado aos moradores. É outra tragédia.

"Eu choro por toda criança morta nessa guerra", diz, voltando ao tom de indignação com quem apoia o ataque palestino. "Eu me pergunto a quem justifica isso: vocês sabem algo sobre Kfir e Ariel? Vocês viram o vídeo deles sendo levados no colo da mãe? As caras aterrorizadas deles?".

Ela e Shpak querem voltar de forma permanente para suas casas, mas isso não é consenso. "Por que eu gostaria de voltar para [o campo de extermínio nazista de] Auschwitz?", compara uma das vizinhas de Yfat em Nir Oz, Bat-Sheva Yahalomi, 50.

Dona de uma das poucas casas abertas a visitação no local, onde tudo está como ficou no dia 7 de outubro, ela faz um ritual algo catártico na frente de repórteres, apontando para onde seu marido Ohad foi visto pela última vez, sangrando.

"Eles me levaram numa moto com meu filho menor. Quando pararam porque havia três tanques israelenses chegando, aproveitei para correr para o mato", afirma. "Mas eles levaram Ohad e Eitan", referindo-se também ao outro filho, de 12 anos.

O garoto foi solto 52 dias depois, na única troca de reféns por prisioneiros do Hamas em Israel. Ele ficou seis dias sozinho com os terroristas e, depois, com outras crianças no hospital Nasser, em Khan Yunis.

"Ele só comia um pão e um pepino por dia. Hoje, não falamos muito. Tenho que tentar ir em frente, mas só vamos nos curar quando soubermos o que aconteceu com o Ohad", relata. "Nunca mais me sentirei segura, não durmo direito." O governo israelense oferece ajuda psicológicas às vítimas, mas em sessão coletivas. "Eu tentei, mas não deu certo."

Para Sigal Manzuri, 47, a terapia possível é a da preservação da memória. Ao menos é o que a designer de Hod HaSharon vem tentando fazer ao abrir com amigos uma "casa dos sonhos" em que meninas poderão viver um dia como estilistas de moda.

"Era o que a Norelle queria fazer", diz ela, sobre a filha de 25 anos assassinada na rave Nova ao lado da irmã Roya, 22, e do namorado Amit Cohen, 25. O lugar concentrou 383 mortes na ação.

A tragédia veio em prestações para Sigal e o marido, Manny. O corpo de Norelle foi encontrado e enterrado no dia 12 de outubro do ano passado, mas a família seguiu com esperanças de que Roya pudesse estar viva, escondida ou mesmo como refém.

Isso durou só três dias. "Eu perdi quase tudo em um só dia, não sinto mais nada", afirma, relembrando como Norelle e Amit se conheceram quando, como quase todo jovem israelense, foram mochilar após os anos de serviço militar obrigatório.

Os jovens se conheceram na Argentina e eram loucos pela região, tendo visitado o Brasil e outros países. "Eles voltaram de uma segunda viagem em julho", conta. Sobreviveu com Sigal também o filho Chaim, 15. Segundo a mãe, ele evita falar do assunto, após passar quase um ano sem ir à escola.

Compartilhando a percepção de moradores de kibutzim, ela declara que o "o governo os abandonou". É a tônica de objetos e faixas amarelos espalhados por todo Israel e o tema da campanha das famílias: "Tragam eles de volta para casa agora".

Pensa em sair de Israel, ainda mais com a guerra no Líbano e talvez com o Irã? "As meninas nasceram em Los Angeles, moramos lá e em Nova York. Mas não, meu trabalho nessa longa jornada é honrar a memória delas."

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Avião de Lula tem problema técnico após decolagem e vai retornar à Cidade do México

O avião que transportava o presidente Lula (PT) da Cidade do México de volta para Brasília apresentou problemas na tarde desta terça-feira (1º), após já ter decolado. A aeronave seguia no ar no início da noite, para queimar combustível e poder retornar ao aeroporto de onde havia partido.

A informação foi divulgada pela Força Aérea Brasileira, em nota assinada pelo comandante Marcelo Kanitz Damasceno. O texto afirma que o presidente vai viajar de volta ao Brasil em uma outra aeronave.

Integrantes do governo afirmam que o novo pouso no aeroporto da Cidade do México deve acontecer por volta de 21h30 (horário de Brasília). A aeronave reserva, que sempre acompanha os deslocamentos do presidente, está no local para trazer a comitiva de volta.

“Informo que a aeronave presidencial VC-1, que transporta o Senhor Presidente da República no trecho entre o México e o Brasil, apresentou um problema técnico após a decolagem do Aeroporto da Cidade do México”, diz a nota.

Segundo o documento, foram “realizados, com sucesso, os procedimentos de segurança para solução do problema apresentado”. O texto diz que os pilotos aguardavam o consumo do combustível necessário “para retornarem ao mesmo aeródromo da decolagem, com troca de aeronave e regresso a Brasília”.

O sobrevoo para a queima de combustível é uma medida de segurança na aviação. Isso porque os aviões decolam com um peso muito maior devido à quantidade de combustível. Pousar com esse peso é considerado uma operação de risco.

Lula estava no México para a posse da nova presidente do país, Claudia Sheinbaum. A cerimônia aconteceu horas antes na sede do Poder Legislativo, na Cidade do México. O brasileiro havia chegado ao país no dia anterior, teve um encontro com o presidente que deixava o cargo, Andrés Manuel López Obrador, e participou de um evento com empresários dos dois países.

Participaram da posse, além de Lula, a primeira-dama Janja, a ministra Cida Gonçalves (Mulheres), entre outros. O diretor de política monetária do Banco Central e indicado pelo petista para a presidência da instituição, no mês passado, Gabriel Galípolo, está no mesmo voo de Lula.

Galípolo estava na capital mexicana para participar da CCA Consultative Group of Directors of Operations (CGDO), promovida pelo Banco de Compensações Internacionais. Ele também esteve na segunda-feira no fórum empresarial, com brasileiros e mexicanos.

Lula já reclamou algumas vezes do avião presidencial, o chamado Aerolula, que foi comprado por ele mesmo em seu primeiro mandato, em 2005. Um dos principais pontos de crítica é a falta de autonomia, o que obriga a comitiva a fazer escalas em muitas das viagens ao exterior.

Militares da Força Aérea têm como plano preferencial comprar um avião com configuração VIP usado, surgindo como uma possibilidade preferencial a versão executiva do Airbus A330.

Embora um avião zero quilômetro possa sair por mais de US$ 250 milhões (R$ 1,23 bilhão), por baixo, um aparelho usado pode sair significativamente mais barato —talvez menos que US$ 40 milhões (quase R$ 200 milhões), a depender da barganha.

Renato Machado/Cézar Feitoza/Folhapress

EUA alertam que aéreas podem estar usando aviões Boeing com peça defeituosa que ameaça voo

Foto: Reprodução

O NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos) afirmou que mais de 40 companhias aéreas estrangeiras que têm aviões Boeing 737 podem estar usando aeronaves com componentes de leme que podem representar riscos à segurança, embora não tenha identificado quais empresas poderiam ser afetadas.

Na quinta-feira (26), o NTSB emitiu recomendações urgentes de segurança sobre a possibilidade de um sistema de controle do leme emperrar em alguns aviões 737 após um incidente em fevereiro envolvendo um voo da United Airlines.

O NTSB está investigando um incidente ocorrido em fevereiro, no qual os pedais do leme de um 737 Max 8 da United ficaram “presos” na posição neutra durante um pouso nos EUA. Não houve feridos entre os 161 passageiros e na tripulação.

A EASA (Agência de Segurança da Aviação da União Europeia) disse na terça-feira (1º) que estava ciente do relatório do NTSB. “A EASA está em contato próximo com a FAA e tomará as medidas necessárias”, disse um porta-voz.

Na segunda-feira (30), a agência informou que 271 peças afetadas podem estar instaladas em aeronaves em serviço operadas por pelo menos 40 companhias aéreas estrangeiras e 16 ainda podem estar instaladas em aeronaves registradas nos EUA e até 75 podem ter sido usadas em equipamentos para pós-venda.

No entanto, o NTSB e a agência de aviação dos EUA não identificaram quais transportadoras podem estar usando as peças. Várias companhias aéreas estrangeiras não responderam às perguntas da Reuters sobre sua frota.

A Boeing, que se recusou a comentar o assunto na segunda-feira, disse na semana passada que havia informado os operadores de aviões 737 afetados sobre uma “condição potencial com o atuador de orientação de rolagem do leme” em agosto, no que é conhecido como uma Mensagem de Vários Operadores.

No entanto, a presidente do NTSB, Jennifer Homendy, disse em uma carta ao administrador da agência de aviação norte-americana, Mike Whitaker, que eles estavam preocupados “com a possibilidade de que outras companhias aéreas não estejam cientes da presença desses atuadores em seus aviões 737”.

Um porta-voz da All Nippon Airways do Japão, que opera 39 aviões Boeing 737-NG, disse na terça-feira que “por precaução, estamos nos estágios preparatórios para remover as peças apontadas pelo NTSB”, acrescentando que isso não teve impacto em suas operações. A empresa está avaliando quantos de seus aviões foram afetados, disse a pessoa.

A Japan Airlines, que opera 62 aviões Boeing 737-800, disse que nenhum de seus aviões 737 usa as peças afetadas, segundo um porta-voz, e a China Airlines também disse que a empresa não foi afetada.

Um porta-voz da Ryanair, um dos maiores clientes da Boeing, também disse que não houve impacto do problema do componente.

Procuradas no Brasil, Gol e Boeing não puderam comentar o assunto de imediato.

O NTSB também divulgou na segunda-feira que soube que duas operadoras estrangeiras sofreram incidentes semelhantes em 2019 envolvendo atuadores de orientação de rolagem.

O problema é o mais recente revés para a Boeing, que enfrentou uma série de questões de segurança depois que um 737 M 9 novo, operado pela Alaska Airlines, perdeu uma porta desativada em pleno voo no início do ano.

Homendy, que conversou com Whitaker sobre o problema na semana passada, disse que estava preocupada com o fato de a FAA “não ter levado essa questão mais a sério até emitirmos nosso relatório de recomendação de segurança urgente”.

A FAA disse que está levando a sério as recomendações do NTSB e que está programada para realizar testes adicionais em simuladores em outubro.

A United informou na semana passada que as peças de controle do leme em questão estavam em uso em apenas nove de suas aeronaves 737 originalmente montadas para outras companhias aéreas e que todos os componentes foram removidos no início deste ano.

Na segunda-feira, o NTSB criticou a Boeing por não ter informado à United que os 737s que ela recebeu estavam equipados com atuadores “mecanicamente conectados ao sistema de controle do leme” e expressou preocupação de que outras empresas aéreas não soubessem de sua presença.

“As tripulações de voo podem não saber o que esperar se o atuador de orientação de rolagem falhar em baixa altitude ou durante o pouso”, disse o NTSB, chamando a falha de “inaceitável”.

Folhapress

Tropas de Israel começam invasão terrestre contra o Hezbollah no Líbano

Fumaça é vista na cidade de Khiyam, no sul do Líbano, após bombardeio israelense
Após duas semanas de ataques aéreos que dizimaram a cúpula do grupo extremista libanês Hezbollah, o Exército de Israel iniciou um ataque terrestre contra o rival no sul do Líbano. É a primeira vez que isso acontece desde 2006.

Segundo as Forças de Defesa de Israel, as incursões são “limitadas e localizadas” contra alvos específicos ao longo da fronteira que representariam “perigo imediato a comunidades no norte de Israel”.

Desde o dia 18 de setembro, quando estabeleceu o retorno dos 60 mil refugiados israelense ao norte do país, Tel Aviv vinha atacando o Hezbollah com sua Operação Flechas do Norte —o primeiro desdobramento da Espadas de Ferro, ação contra o Hamas palestino.

“A operação vai ocorrer de acordo com a avaliação situacional e em paralelo ao combate em Gaza e em outras arenas”, disseram as Forças.

A operação terrestre já tinha ações precursoras em curso, como relatou a Folha no domingo (29) e o Departamento de Estado dos EUA confirmou nesta segunda (30), parecendo inevitável. No fim da noite (tarde no Brasil), três áreas no norte israelense foram declaradas zonas militares fechadas.

Mas o escopo de tal ação, que já estava em preparação na semana passada, não é certo, e muito da tensão na região depende disso. Segundo a mídia americana, o governo de Joe Biden foi informado da intenção de Israel de fazer um pente-fino na região sul do Líbano. Questionado por repórteres, o presidente americano disse “saber mais do que vocês imaginam” sobre o tema e voltou a pedir um cessar-fogo.

Nesta nova fase da guerra em que Israel matou ninguém menos do que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a questão da invasão estava na ordem do dia.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, visitou o Comando Norte de suas forças e voltou a dizer a soldados que sua “capacidade será necessária”. Segundo o jornal The New York Times, Biden convenceu o premiê Binyamin Netanyahu a ser frugal em sua ação terrestre, não chegando perto da última guerra com o Hezbollah, em 2006.

Por ora sem um novo secretário-geral, o Hezbollah não mordeu a isca. Disse que está preparado para uma invasão de Israel a qualquer momento, apesar de estar na pior forma militar desde o conflito que terminou num empate há 18 anos.

Uma pessoa com conhecimento dos planos das forças israelenses havia avaliado corretamente à reportagem que o mais provável era a entrada de soldados em unidades pequenas, dado o estrago que duas semanas de intensos ataques aéreos já provocaram ao Hezbollah. Mas ela não descarta que Netanyahu tenha algo mais em mente.

O foco do primeiro-ministro é o Irã. Uma ação mais robusta no sul demonstraria o comprometimento de Tel Aviv com sua promessa de atacar todos os inimigos no Oriente Médio. Nesta segunda, Netanyahu inclusive publicou um vídeo no qual insta os moradores do Irã a se revoltarem contra a teocracia que, em suas palavras, “está levando vocês ao abismo”.

Foi um morde-e-assopra típico do político, que já havia ido nessa linha em seu discurso na sexta (27) na Assembleia-Geral da ONU —só para assassinar Nasrallah poucos minutos depois.

Seja como for, com ou sem o clichê das botas no terreno, Israel continuou sua campanha no Líbano diversificando o cardápio de alvos. Nesta segunda, matou Fatah Sharif Abu al-Amine, líder do Hamas que comandava as ações e a interação da organização palestina com o parceiro libanês. Ele morreu em um ataque aéreo contra o campo de refugiados palestinos El-Buss, perto de Tiro, no sul do país.

Daqui a uma semana será lembrado o início da atual guerra no Oriente Médio, disparada pelo ataque do Hamas que deixou 1.200 mortos e fez 251 reféns em Israel.

De lá para cá, a violência se multiplicou. O governo Netanyahu não conseguiu destruir o Hamas e soltar os talvez 64 cativos ainda vivos, mas degradou o grupo a um nível de insurgência.

“É verdade, mas como temos uma guerra nova na fronteira norte, as pessoas não olham tanto para o que ocorre aqui”, disse um porta-voz das Forças de Defesa no sul de Israel, Daniel Baruch. Durante uma visita de jornalistas à região, o barulho de drones, caças, tiros de obuseiros e grandes explosões em Gaza foi uma constante.

Em Kfar Aza, um kibutz barbarizado pelo Hamas há um ano, plumas de fumaça eram visíveis a partir da cerca do local, que fica a 1 km da Faixa de Gaza. O custo dessa operação, nas contas palestinas, foram 41,5 mil mortos —o Hamas não diz quantos eram combatentes, metade do contingente segundo Israel.

O Hezbollah entrou na luta de forma parcial, elencando o grau de atrito no norte do país. Há duas semanas, tudo mudou: Israel decretou que não toleraria mais a exclusão de moradores da região.

Passou a atacar o Hezbollah com intensidade não vista desde a guerra entre os rivais em 2006. Do ataque com pagers e walkie-talkies, escalou para bombardeios e, enfim, matou Nasrallah.

Também nesta segunda, aviões israelenses alvejaram o centro de Beirute, um ponto que não era atacado desde o conflito de 2006. Segundo a Frente Popular de Libertação da Palestina, grupo famoso por seus sequestros de avião no passado, três de seus líderes no exílio morreram no ataque.

O acerto de contas regional de Netanyahu segue, elevando a expectativa acerca da reação do Irã, o verdadeiro poder por trás da miríade de grupos anti-Israel, muitos com agendas divergentes.

Até aqui, como no episódio em que foi morto o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, a teocracia adota retórica dura, mas na prática tem sido cautelosa.

Concorre para isso a agressividade de Israel e a dissuasão que os EUA, aliados de Tel Aviv, promovem com a presença militar reforçada no Oriente Médio. Não por acaso, os EUA anunciaram o envio de mais soldados para a região.

Na véspera, Israel havia dado outro sinal ao atacar o porto iemenita de Hodeidah, controlado pelos rebeldes houthis, também apoiados pelo Irã. Eles haviam lançado mísseis balísticos contra Tel Aviv, a 2.000 km de suas bases.

Não houve estragos, mas Israel decidiu mandar um sinal acerca de suas capacidades de longa distância, promovendo a incursão aérea a 1.800 km de casa. O comando dos rebeldes disse que a ação israelense irá obrigá-los a aumentar suas ações, que já travam parte do comércio no mar Vermelho.

Igor Gielow/Folhapress

Israel mata outro dirigente do Hezbollah, e Líbano fala em 1 milhão de deslocados

O Exército de Israel matou neste sábado (28) Nabil Qauq, comandante da unidade de segurança do Hezbollah
O Exército de Israel matou neste sábado (28) Nabil Qauq, comandante da unidade de segurança do Hezbollah, em um ataque na periferia sul de Beirute. A morte, confirmada pela facção, é mais um golpe para a milícia libanesa dois dias após o assassinato de seu líder, Hassan Nasrallah.

Tel Aviv intensificou a ofensiva contra o Líbano na tentativa de devolver os 60 mil moradores do norte de Israel que deixaram as suas casas após o Hezbollah passar a atacar a região em solidariedade ao Hamas, em guerra com o Estado judeu na Faixa de Gaza há quase um ano.

Os bombardeios israelenses deixaram um rastro de destruição —o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou a jornalistas neste domingo que quase um milhão de pessoas, um quinto da população, poderia ter fugido das zonas de combate, e o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas disse ter lançado uma operação de emergência para fornecer alimentos aos afetados pelo conflito.

“Esse pode ser o maior deslocamento populacional na história do Líbano”, afirmou Mikati após uma reunião de emergência com seu gabinete. De acordo com o Ministério da Saúde libanês, em duas semanas, os ataques israelenses mataram mais de mil pessoas, incluindo 14 médicos mortos nos últimos dois dias, e feriram pelo menos 6.000.

O número ainda pode aumentar, dada a escalada da tensão na região.

Também neste domingo, Israel anunciou ter atacado dezenas de alvos do Hezbollah no Líbano, e duas pessoas da área de segurança afirmaram à agência de notícias Reuters que um dos bombardeios no vale do Bekaa matou Mohammad Dahrouj, combatente de outro grupo islâmico, o Jama’a Islamiya.

O Hezbollah, por sua vez, diz que continuará lutando contra Tel Aviv —a Marinha israelense afirmou que interceptou um projétil no Mar Vermelho e que outros oito caíram em áreas abertas.

Nos mega-ataques aéreos que mataram Nasrallah, na sexta (27), diversos outros líderes da facção também foram mortos, segundo Israel. Neste domingo, o Hezbollah recuperou o corpo dele do local do ataque, segundo a Reuters, e confirmou a morte de mais um deles, o comandante da frente sul, Ali Karaki.

“Nosso trabalho não acabou. Temos dias desafiadores à frente. A eliminação de Nasrallah é um passo necessário para mudar o balanço de poder no Oriente Médio”, disse o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, após desembarcar de viagem aos Estados Unidos para falar na Assembleia-Geral da ONU.

O cenário faz as perspectivas de um conflito mais amplo aumentarem —Israel mobilizou brigadas de reservistas e diz estar pronto para todas as opções, incluindo uma operação terrestre; já o Hezbollah afirma que cessará o fogo apenas quando a ofensiva de Tel Aviv em Gaza terminar.

Os esforços diplomáticos, por sua vez, vêm tendo pouco progresso, embora o ministro da Informação do Líbano, Ziad Makary, tenha dito durante uma reunião de gabinete neste domingo que os esforços por uma trégua ainda estavam em andamento.

No Irã, que ajudou a criar o Hezbollah no início dos anos 1980, figuras de alto escalão lamentaram a morte de Abbas Nilforoushan, um membro sênior da Guarda Revolucionária iraniana, na explosão que matou também Nasrallah. O chanceler Abbas Araghchi disse em um comunicado que seu assassinato “não ficará sem resposta”.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, foi transferido para um local seguro após a morte de Nasrallah, disseram fontes à Reuters.

Folhapress

Hospital subterrâneo e cidades-fantasma antecipam guerra na região norte de Israel

Quarto desocupado no quarto andar do Centro Médico da Galileia, com a fronteira libanesa à vista da janela
Faltando poucos dias para o primeiro aniversário do mais mortífero ataque de sua história, o Israel encara o abismo de uma guerra regional ao encarar de forma inaudita em 18 anos um de seus mais temidos inimigos, o grupo fundamentalista libanês Hezbollah.

Em duas semanas, desestabilizou o rival e, na sexta (27), fez algo que tentava havia 32 anos: matou o líder do grupo, Hassan Nasrallah, jogando ainda mais sombras no futuro do Oriente Médio.

País forjado por guerras desde o parto, em 1948, Israel decidiu elevar a aposta e aceitar o risco do prolongamento de um conflito que já matou mais de 1.200 de seus cidadãos e soldados, 41 mil palestinos e 1.600 libaneses.

Do outro lado, o arquirrival Irã, nomeado como tal pelo premiê Binyamin Netanyahu. A inapetência por uma escalada sem controle, que moderou os momentos agudos de crise até aqui, está sob forte estresse, principalmente com a morte de Nasrallah.

Com a decisão de Israel de não deixar em banho-maria a situação de atrito com o Hezbollah, iniciada em 18 de setembro com pagers explosivos e chegando ao ataque de sexta, a tensão acerca do futuro do Oriente Médio chegou ao paroxismo.

Na última semana, a reportagem do jornal Folha de S.Paulo percorreu o norte do Estado judeu, a fronteira de um conflito que muitos analistas já veem como uma guerra aberta, faltando apenas o elemento do combate terrestre.

Ao longo da fronteira com o Líbano, país cujo governo vive sob a sombra do poderio militar do Hezbollah, a realidade da guerra diária ganhou contornos de rotina no último ano.

“Estamos prontos para tudo. Não existe nenhum outro hospital no mundo capacitado a operar no subterrâneo de uma zona de guerra como o nosso”, disse o vice-diretor do Centro Médico da Galileia, Tsvi Schelag, um oftalmologista de fala firme, que trai sua posição de chefe do hospital de campanha de Israel no quadrante ocidental da região.

Ele levou a reportagem por um tour no complexo, que fica em Nahariya, a 10 km da fronteira libanesa —o suficiente para uma de suas fachadas ter sido atingida por um míssil russo Katiúcha durante a guerra de 2006 com o Hezbollah. Fragmentos da arma estão expostos num saguão do hospital.

Por fora, o centro parece um bom hospital de médio porte, com 780 leitos. Uma olhada nos seus quatro andares mostra a realidade: estão vazios, com apenas a triagem e o pronto-atendimento cirúrgico, que durante a visita atendia três feridos por foguetes do Hezbollah, funcionando no térreo.

As salas em que isso ocorre são um grande bunker, reforçadas. No quarto andar, os leitos vazios são banhados pela luz de um sol que permite entrever, pela janela, as montanhas da fronteira libanesa. E a ameaça que vem de lá.

Ela levou, antes da guerra de 2006, para o início da transformação do hospital em um bunker. “Somos a segunda maior instalação médica da região, e a mais próxima das fronteiras. Tudo foi trazido aos poucos aqui para baixo”, diz Schelag, já guiando a visita embaixo da terra.

Nessa configuração, que está em uso desde o dia seguinte ao 7 de outubro de 2023, quando o Hamas matou 1.170 pessoas e sequestrou 251. “Funcionamos com 450 leitos, e temos de deixar uma capacidade ociosa para emergências”, conta o médico.

No andar inferior, há portas à prova de explosão e sistema de purificação de ar em caso de ataque químico ou biológico, como num bunker militar. “Sabemos que a próxima guerra será pior”, diz Sharon Mann, que faz as relações internacionais do hospital.

Nos corredores, mantimentos já são guardados, à espera da eventual invasão terrestre do Líbano, ameaçada por Israel. Enquanto isso, pacientes da região e também refugiados de outros pontos do norte são atendidos.

Essas 60 mil pessoas deslocadas de suas casas são a justificativa oficial de Netanyahu para a escalada —para seus críticos, apenas uma desculpa para manter sua coalizão de partidos radicais coesa, tirando foco do fato de que o Hamas ainda luta em Gaza e que há talvez 64 reféns vivos.

Essas pessoas moravam em 43 comunidades ao longo da fronteira, deixando para trás suas casas e trabalho. “Minha vida acabou em duas horas”, relata Inbal Levy, 62, que agora está em um hotel pago pelo governo na praia de Nachsholim, 60 km ao sul do hospital. Ela morava no kibutz de Bar’am, junto à fronteira libanesa no centro da Alta Galileia.

Cerca de 40 km a nordeste de lá, em She’ar Yashuv, 10% dos 700 moradores decidiram ficar. O lugar é um moshav, comunidade judia que se diferencia dos kibutzim pela liberdade econômica maior. Mas a ideia comunal é semelhante.

“Eu não iria para lugar algum. Vou defender minha casa”, diz Gidi Harari, 67, um militar aposentado que vive com a mulher no local. Ele é o chefe do equivalente à defesa civil do local, dividindo funções com a guarnição de soldados —e o reforço inusitado de manequins colocados em guaritas de concreto no portão principal do moshav.

O surrealismo daquele pedaço de Israel incrustado no sul libanês, que é grande ao circular pelas ruelas de She’ar Yashuv, aumenta quando se dirige por 10 minutos a oeste, rumo a Kiryat Shmona. A cidade era a maior da região, com 22 mil habitantes.

Hoje, é uma vila fantasma. Ruas vazias cruzadas por um outro carro, e até um soldado em patinete elétrico, são mantidas limpas por lixeiros eventuais. Tudo está fechado, com a exceção de um par de mercados que atendem aos 2% de moradores remanescentes.

O motivo é simples: no paredão montanhoso 2 km a leste, está o Hezbollah, assim como nos morros 5 km a norte.

A cidade, como a vizinha e semidestruída Metula, serve de galeria de tiro para foguetes de artilharia que, como a reportagem descobriu da pior maneira quando visitava a região na quarta, chegam antes de o sistema de alerta via celular ter tempo de avisar.

Harari não é otimista. “As forças de Israel estão cansadas. Elas têm que ganhar o público de novo”, diz, acerca de uma eventual guerra terrestre.

Se ela vier, a avaliação do ex-militar não parece fora de foco: pesquisa divulgada pelo Instituto para Estudos de Segurança Nacional divulgada nesta semana vê uma confiança de 65% dos israelenses em vitória, não exatamente um triunfo parar o contestado Netanyahu.

Igor Gielow/Folhapress

Exército israelense anuncia morte do chefe do Hezbollah

Foto divulgada pelo Hezbollah em setembro mostra Hassan Nasrallah, à direita, ao lado de Hashem Safieddine em local desconhecido
O mega-ataque realizado na noite de sexta-feira (27) por Israel contra o QG do Hezbollah em Beirute matou Hassan Nasrallah, 64, o todo-poderoso líder do grupo extremista libanês. Forças israelenses confirmaram a morte neste sábado (28).

“Hassan Nasrallah está morto”, declarou um porta-voz do exército, Nadav Shoshani, na rede social X. Outro porta-voz, David Avraham, confirmou à AFP que o chefe do Hezbollah foi “eliminado”.

O assassinato, em uma ação que botou abaixo seis edifícios com bombas desenhadas para destruir bunkers, é o momento mais dramático em 18 anos de atrito desde que israelenses e o Hezbollah se enfrentaram na mais recente guerra entre os dois.

A operação foi a culminação de dez dias de escalada por parte de Israel, que declarou ter perdido a paciência após quase um ano de ataques fronteiriços. O Hezbollah lançou estimados 9.300 foguetes e mísseis até aqui, como forma de apoiar o Hamas.

O grupo terrorista palestino havia atacado o Estado judeu de forma inédita e bárbara em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 251. Essa crise segue inconclusa, com o Hamas bastante enfraquecido, mas ainda vivo, e com ao menos 64 reféns que Tel Aviv diz estarem vivos.

Assim, a violenta ação de Israel, que começou com pagers de membros do Hezbollah explodindo em uma gigante ação coordenada e acabou com a morte de Nasrallah, é objeto de dúvidas acerca da motivação do premiê Binyamin Netanyahu —interessado em manter o poder com o apoio que tem da direita ultrarreligiosa.

Seja como for, dezenas de comandantes e seus substitutos foram mortos nas fileiras do Hezbollah, e o grupo perdeu alegados 50% de seu arsenal de mais de 150 mil mísseis e foguetes. Desde a guerra de 2006, que terminou num empate favorável ao grupo, ele nunca foi tão afetado.

Isso leva a dúvidas sobre sua capacidade de reação. Na noite de sexta, quatro horas depois do bombardeio em Beirute, que deixou ao menos outros dois mortos e 76 feridos, os extremistas dispararam 65 projeteis contra o norte de Israel.

Há ponderações de outra natureza. O Irã, que banca o Hezbollah e o Hamas, além de outros grupos da região, pode com essa degradação do Hezbollah perder um grande anteparo entre o poderio de Israel e suas forças.

Isso pode tanto levar a teocracia iraniana a ainda mais comedimento, para evitar se expor e talvez tentar salvar o arsenal restante dos aliados, ou a emular o comportamento de abril —quando lançou sem sucesso militar 330 mísseis e drones pela primeira vez na história contra Israel.

Naquela ocasião, contudo, havia uma vingança pontual em curso, devido ao ataque israelense à embaixada iraniana em Damasco, na Síria. Quando o morto era um convidado ilustre a Teerã, o então líder do Hamas Ismail Haniyeh, as promessas de dura retaliação ficaram no ar.

Nesta sexta, a diplomacia iraniana falou novamente em punir Israel, mas novamente o motivo é a morte de um aliado, não de uma autoridade iraniana. É algo a ver qual será o comportamento de Teerã.

Isso dito, Nasrallah é um peixe ainda mais graúdo do que foi Haniyeh. O clérigo ascendeu ao poder em 1992, depois que Israel matou seu antecessor, Abbas al-Musawi, com o disparo de um míssil de um helicóptero.

De um movimento lateral no caldeirão de disputas sectárias da guerra civil libanesa (1975-1990), onde mal teve papel ativo, o Hezbollah passou ao status de mais importante força armada não estatal do mundo. Nasrallah e sua proximidade com o Irã, que então começava a expansão de sua estratégia de uso de prepostos contra EUA e Israel, foram instrumentais para isso.

Ele havia escapado a diversas tentativas de assassinato antes, mas o emprego de bombas antibunker por Israel, arriscando grande condenação pela morte de inocentes, mostra que o Estado judeu não queria perder a oportunidade que lhe foi apontada pelos serviços de inteligência.

Sem Nasrallah e com toda sua cadeia de comando machucada pela ação de Tel Aviv, é incerto como será o poder de recuperação do Hezbollah.

Os próximos dias serão vitais para descobrir para onde a crise vai: se haverá uma escalada pelo que sobrou do Hezbollah e pelo Irã, ou se por outros atores como os houthis do Iêmen.

Nos últimos dias, Netanyahu manobrou entre um anúncio de proposta de paz para a região envolvendo múltiplos atores e a reafirmação de sua intenção belicista no discurso proferido na ONU poucos minutos antes do ataque a Beirute.

Resta agora saber quem piscará primeiro, e se Israel irá manter o pé no acelerador, visando talvez a invasão terrestre que anda a ameaçar contra as posições do Hezbollah no sul do Líbano. Até isso tudo se definir, a tensão ficará em nível máximo.

Igor Gielow/Folhapress

Nos EUA, Lula tem encontros com Macron e Rei da Jordânia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve encontro bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron, nesta terça-feira (24), em Nova York, em agenda paralela à 79ª Assembleia das Nações Unidas. Segundo o governo brasileiro, os dois líderes conversaram sobre cooperação na área industrial e de defesa e discutiram a questão dos vistos na fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa.

Lula e Macron também falaram sobre o Ano do Brasil na França e o Ano da França no Brasil, em 2025, quando os dois países celebrarão os 200 anos de relações diplomáticas.

Os dois presidentes também conversaram sobre o conflito na Ucrânia, a situação da Venezuela e a cooperação com o Haiti para a segurança e o desenvolvimento do país caribenho.

Mais cedo, Lula também se reuniu com o Rei Abdullah II, da Jordânia, em Nova York.

Na conversa, segundo a Presidência da República, o principal assunto foi o conflito no Oriente Médio, com foco na crise humanitária resultante da guerra de Israel na Faixa de Gaza e, agora, no Líbano.

Primeiro chefe de Estado a discursar no debate da 79ª Assembleia Geral da ONU, Lula afirmou que o Brasil não vai tolerar crimes ambientais e prometeu o fim do desmatamento ilegal até 2030.

Durante a tarde, em outro evento paralelo, em defesa da democracia, o presidente criticou a quebra de confiança do regime democrático, abalado pelo agravamento da exploração capitalista, abrindo espaço para extremismo e forças totalitárias.

A agenda de Lula em Nova York prossegue nesta quarta-feira (25), com reuniões bilaterais previstas com os presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; da Colômbia, Gustavo Petro; e da Guatemala, Bernardo Arévalo.

Além disso, o presidente deve participar da abertura de uma Reunião Ministerial do G20 e de um almoço de trabalho sobre o Novo Pacto Financeiro Global.

Antes de embarcar de volta para Brasília, o presidente brasileiro deve conceder uma coletiva de imprensa para fazer um balanço da viagem.

Rafael Vilela/Agência Brasil

Falas de líderes mundiais na ONU começam nesta terça com Lula e Biden

Os discursos de líderes mundiais na 79ª Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) começam nesta terça-feira (24) —por tradição, o primeiro a discursar é o chefe de Estado brasileiro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já está em Nova York, nos Estados Unidos, onde fica a sede da ONU, para um dos momentos mais importantes da diplomacia mundial no ano.

Lula chegou aos EUA no último sábado (21). No domingo (22), fez um breve discurso na Cúpula do Futuro, uma iniciativa lançada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para tentar costurar compromissos dos governos em áreas como clima, inteligência artificial e governança global.

Na ocasião, Lula defendeu a reestruturação dos principais órgãos multilaterais para que eles reflitam a importância atual do chamado Sul Global, termo não oficial usado para se referir a nações em desenvolvimento. A fala fez menção à campanha histórica da diplomacia brasileira por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O presidente antecipou, dessa forma, aquele que deve ser um dos principais temas que vai abordar no seu discurso aos líderes mundiais reunidos na Assembleia-Geral nesta terça: a reforma dos mecanismos de governança global, incluindo a ONU.

Mas Lula também chega a Nova York com seu papel de líder regional pressionado pela onda de queimadas que assola o país —o presidente, que aspira tornar o Brasil um líder na discussão das mudanças climáticas, deve usar o exemplo dos incêndios para reforçar o argumento de que é preciso agir urgentemente em medidas relacionadas ao clima.

A ideia é elencar o caso brasileiro como mais um argumento para ações defendidas há muito pelo Brasil, entre elas a de que os países desenvolvidos devem concretizar antigas promessas e direcionar mais recursos para o enfrentamento ao aquecimento global.

O presidente dos EUA, Joe Biden, também se pronuncia nesta terça-feira, logo após a fala de Lula. O discurso será o seu último na ONU e também um dos finais de seu mandato —o democrata desistiu da sua candidatura à reeleição em julho, e deixará o cargo em janeiro do próximo ano, não importa quem vença as eleições presidenciais dos EUA: a vice-presidente Kamala Harris ou o ex-presidente Donald Trump.

Segundo a imprensa americana, Biden deve utilizar o discurso como uma forma de mostrar força em um momento no qual o mundo político dos EUA já o considera um “pato manco”, ou seja, um presidente de saída sem muito poder de negociação.

O democrata deve abordar na fala as guerras da Ucrânia e na Faixa de Gaza, nas quais os EUA estão indiretamente envolvidos.

Biden sofre pressão do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, para que libere de forma irrestrita o uso de armas fornecidas por Washington contra alvos em território russo —Zelenski chegou aos EUA já no domingo para apresentar aos aliados americanos o que chama de um “plano de vitória” do seu país na guerra. Segundo ele, ataques dentro da Rússia são parte crucial desse plano. O ucraniano discursa na ONU na quarta-feira (24).

O presidente americano também deve falar sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, que completa um ano no próximo dia 7. Washington, que é o aliado mais importante de Tel Aviv, atua diplomaticamente para evitar uma escalada ainda maior do conflito —quase 500 pessoas morreram em bombardeios israelenses no Líbano nesta segunda-feira (23), e o governo Binyamin Netanyahu tem falado em uma “nova fase da guerra”, mirando agora o grupo armado libanês Hezbollah. O primeiro-ministro israelense deve se dirigir à Assembleia-Geral na sexta-feira (27).

Outros líderes mundiais que vão discursar nesta terça são o presidente da Turquia, Recep Erdogan, da Colômbia, Gustavo Petro, e da Argentina, Javier Milei, neste que será sua primeira fala à ONU desde que chegou ao poder em novembro do ano passado. Também falam os líderes de El Salvador, Nayib Bukele, Irã, Masoud Pezeshkian, Chile, Gabriel Boric, e Itália, Giorgia Meloni, entre outros.

Folhapress

Explosão em mina de carvão no Irã deixa pelo menos 51 mortos

Socorristas atendem vítimas depois de uma explosão de gás em uma mina de carvão em Tabas, no Irã
Uma explosão em uma mina de carvão no Irã deixou pelo menos 51 mortos e outros 20 feridos, de acordo com informações fornecidas pela mídia estatal neste domingo (22).

Autoridades suspeitam que o acidente foi causado por um vazamento do gás metano nas instalações da empresa Madanjoo, localizada em Tabas, cerca de 540 km da capital do país, Teerã. Ainda de acordo com a imprensa estatal, o acidente aconteceu neste sábado (21), às 21h, por volta das 14h30 no horário de Brasilía.

Folhapress

Hezbollah dispara mais de 100 mísseis contra o norte de Israel

Em resposta, Israel bombardeia alvos no Líbano
O Hezbollah disparou mais de 100 mísseis contra o norte de Israel na madrugadas deste domingo (22). O grupo terrorista afirmou que atacou instalações de produção industrial e uma base aérea perto de Haifa. As Forças de Defesa de Israel (FDI) dizem que os foguetes foram disparados “em direção a áreas civis”.

O grupo extremista afirmou em um comunicado que o lançamento de foguetes perto de Haifa faz parte de sua resposta aos ataques desta semana.

“Em uma resposta inicial” às explosões de pagers e walkie-talkies na terça e quarta-feira, atribuídas a Israel, o Hezbollah “bombardeou os complexos industriais militares” do norte de Israel com “dezenas” de foguetes Katyusha, Fadi-1 e Fadi-2, detalhou o grupo.

O Hezbollah também afirmou que durante a noite atacou duas vezes a “base e aeroporto de Ramat David”, a cerca de 45 quilômetros da fronteira, com “dezenas” de foguetes Fadi-1 e Fadi-2 “em resposta aos repetidos ataques israelenses direcionados a diferentes regiões libanesas e que causaram a morte de muitos civis”.

Ramat David é um dos alvos mais no interior do território israelense que o grupo afirma ter atingido. Ambas as localidades apareciam em imagens de drones divulgadas pelo Hezbollah nos últimos meses.

O exército israelense indicou, por sua vez, que mais de 100 projéteis foram disparados do Líbano nas primeiras horas da manhã de domingo e acrescentou que os bombeiros estavam trabalhando para apagar as chamas provocadas pelas munições que caíram.

“Cerca de 85 projéteis foram identificados cruzando do Líbano para o território israelense” pouco depois das 6h locais, enquanto em um bombardeio anterior que começou pouco antes das 5h locais, “cerca de 20 projéteis foram identificados cruzando do Líbano”, disse o exército.

Em resposta, o exército israelense indicou que lançou novos bombardeios contra alvos do Hezbollah no Líbano. “O exército israelense está bombardeando atualmente alvos da organização terrorista Hezbollah no Líbano”, diz um comunicado.

A Agência de Defesa Civil de Israel ordenou no domingo o fechamento de todas as escolas nas regiões do norte do país pelo menos até segunda-feira às 18h.

O Hezbollah, poderoso ator político e militar no Líbano, abriu uma frente na fronteira com Israel há quase um ano, após o início da guerra na Faixa de Gaza, em apoio ao seu aliado islamista Hamas, no poder nesse território palestino. Os duelos de artilharia entre os dois países são quase diários na fronteira há meses, mas estão se tornando cada vez mais frequentes e intensos.

Folhapress

Tiros são disparados perto da casa de Trump na Flórida; republicano está a salvo

O Serviço Secreto dos Estados Unidos e a chefia da campanha do republicano Donald Trump disseram neste domingo, 15, que Trump estava em segurança depois que tiros foram registrados nas proximidades de sua casa na Flórida. Uma pessoa foi detida, de acordo com a polícia local.

Não ficou imediatamente claro se os tiros relatados tinham como alvo o candidato presidencial republicano.

O Serviço Secreto dos EUA disse que estava investigando e que o incidente ocorreu pouco antes das 14h. “O ex-presidente está seguro”, segundo o Serviço Secreto. “A intenção agora é desconhecida”, acrescentou a porta-voz do Gabinete do Xerife do Condado de Palm Beach, na Flórida.

Também não foram registrados feridos no incidente. As autoridades do Condado de Palm Beach afirmam que os tiros aconteceram próximo ao campo de golfe de Trump, em West Palm Beach, enquanto o ex-presidente estava no clube.

Trump havia retornado à Flórida neste fim de semana, depois de uma turnê pela Costa Oeste que incluiu um comício na noite de sexta-feira em Las Vegas e um evento de arrecadação de fundos em Utah.

A campanha não forneceu imediatamente nenhum detalhe adicional.

A Casa Branca disse que o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris, a candidata democrata à presidência, foram informados e serão mantidos atualizados sobre a investigação. A Casa Branca acrescentou que estava “aliviada” por saber que Trump estava a salvo.

Há cerca de dois meses, Trump foi baleado durante uma tentativa de assassinato em um comício na Pensilvânia, e uma bala passou de raspão em sua orelha. O atirador foi identificado pelo FBI como Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos, tinha pesquisado na internet informações sobre Trump e tinha fotos dele salvas em seu celular, de acordo com legisladores e outras pessoas ligadas à investigação.

Crooks trabalhava em uma casa de repouso em Bethel Park, na Pensilvânia, e visitou o local de comício de Trump na semana anterior ao atentado. Autoridades afirmam que o atirador disparou um rifle estilo AR contra Trump de um telhado fora do perímetro de segurança do comício, matando uma pessoa na multidão e ferindo gravemente outras duas.

Estadão Conteúdo

Departamento de Estado nega acusação de participação da CIA em suposto plano contra Maduro

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse, em nota, que considera as alegações de participação da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) no suposto plano contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, “categoricamente falsas”.

“Quaisquer alegações de envolvimento dos EUA em uma conspiração para derrubar Maduro são categoricamente falsas. Os Estados Unidos continuam a apoiar uma solução democrática para a crise política na Venezuela”, escreve.

No sábado, o governo venezuelano denunciou um suposto plano contra Maduro e outros funcionários e deteve 14 pessoas que estariam envolvidas, entre elas três americanos. Os EUA confirmaram a detenção de um

 Estadão Conteúdo

Organização Mundial da Saúde pré-qualifica primeira vacina contra mpox

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira (13) que pré-qualificou a vacina contra a mpox produzida pela farmacêutica Bavarian Nordic. Este é o primeiro imunizante contra a doença que passa a integrar a lista de insumos pré-qualificados da entidade.

Na prática, a dose, a partir de agora, pode ser distribuída a países de baixa renda e que enfrentam surtos de mpox por meio de entidades como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi, na sigla em inglês).

“A aprovação da pré-qualificação deve facilitar o acesso ampliado e oportuno a um insumo essencial em comunidades com necessidades urgentes, para reduzir a transmissão e ajudar a conter surtos”, avaliou a OMS em nota.

Para o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a primeira pré-qualificação de uma vacina contra a mpox representa um passo importante no combate à doença, tanto do ponto de vista dos atuais surtos registrados na África como considerando cenários futuros relacionados à doença.

“Precisamos agora intensificar urgentemente a aquisição, as doações e a distribuição, para garantir acesso equitativo às doses onde elas são mais necessárias, juntamente a outras ferramentas de saúde pública, no intuito de prevenir infecções, interromper a transmissão e salvar vidas”, completou.

Indicação e esquema vacinal
De acordo com a OMS, a vacina produzida pela Bavarian Nordic pode ser administrada em pessoas com 18 anos ou mais em esquema de duas doses, com intervalo de quatro semanas entre elas. Após armazenamento frio prévio, a dose pode ser mantida em temperatura que varia de 2 a 8 graus Célsius (°C) por até oito semanas.

Uso off label
A entidade ressalta que, embora o imunizante não esteja atualmente licenciado para aplicação em menores de 18 anos, o chamado uso off label está permitido em crianças e adolescentes e também em gestantes e pessoas imunossuprimidas. “Isso significa que o uso da vacina é recomendado em situações de surto onde os benefícios superam os riscos potenciais”.

Dose única
A OMS também recomenda a aplicação de dose única em situações de surto combinado à oferta limitada do imunizante. A entidade destaca, entretanto, a necessidade de coleta de dados sobre segurança e eficácia da vacina nesse tipo de circunstância.

“Dados disponíveis mostram que uma única dose da vacina administrada previamente à exposição tem eficácia estimada de 76% na proteção contra a mpox, enquanto o esquema de duas doses atinge eficácia estimada de 82%. A vacinação após exposição ao vírus é menos eficaz do que a vacinação pré-exposição.”

Segurança
Ainda de acordo com a organização, a vacina da Bavarian Nordic apresenta bom perfil de segurança e desempenho, demonstrado em estudos clínicos e também em meio à primeira emergência global por mpox, declarada em 2022.

“Em razão da mudança epidemiológica e do surgimento de novas variantes do vírus, continua sendo importante colher o máximo de dados possível sobre a segurança e eficácia da vacina em diferentes contextos”, completou.

Cenário
Dados da OMS indicam que, até o momento, 120 países confirmaram mais de 103 mil casos de mpox desde 2022. Apenas este ano, foram contabilizados 25.237 casos suspeitos e confirmados, além de 723 mortes pela doença, provenientes de surtos distintos, causados por variantes diferentes, em 14 países africanos.

Paula Laboissière/Agência Brasil

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