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Negociações para o fim da Guerra da Ucrânia ganham força

Após dois anos e cinco meses de morte, destruição, gastos brutais e esgarçamento do tecido geopolítico mundial, um movimento para achar uma saída para a Guerra da Ucrânia ganha corpo no país que iniciou o conflito: a Rússia.

Nas duas últimas semanas, o jornal Folha de S.Paulo ouviu de pessoas com acesso ao Kremlin e ao Ministério da Defesa em Moscou relatos bastante semelhantes acerca de iniciativas discretas para a retomada de negociações de paz, interrompidas de forma direta após 29 de março de 2022.

Ao mesmo tempo, sinais públicos dessa movimentação começaram a surgir. As diferenças de enfoque, contudo, continuam profundas, o que torna hercúleo o trabalho de russos, ucranianos e potenciais mediadores.

Segundo um observador próximo do centro do poder russo, o presidente Vladimir Putin não estava blefando ou apenas tentando atrapalhar a conferência de paz que o Ocidente e a Ucrânia promoveram na Suíça, no mês passado.

Ao apresentar termos para acabar com a guerra, ele refletiu uma visão maximalista. Pediu a neutralidade ucraniana, o desarmamento do país e o controle sobre a totalidade das quatro regiões que a Rússia anexou ilegalmente em setembro de 2022 —nem chegou a falar sobre a Crimeia, absorvida em 2014.

Para essa pessoa e diplomatas, Putin pode se contentar com menos, desde que isso não sugira uma derrota militar. Já um consultor que esteve na cúpula da Otan em Washington, há duas semanas, afirmou que é consenso na aliança militar que alguma cessão territorial terá de ocorrer por parte de Kiev.

Novamente, vital aqui será não configurar a concessão como uma derrota. Esse consultor disse ter ouvido de dois generais que os militares ucranianos têm sido muito mais flexíveis nas conversas sobre o tema do que a retórica inflamada do presidente Volodimir Zelenski faz supor.

Hoje, Putin comanda cerca de 20% da Ucrânia. O temor em Kiev e no Ocidente é que ele use um eventual cessar-fogo ou mesmo um armistício ao estilo Coreias para se rearmar e ir em frente. O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, diz que a Otan terá de se preparar para uma guerra com os russos em no máximo cinco anos.

No caso russo, há questões de ordem militar também. O fracasso da contraofensiva ucraniana de 2023 deixou a iniciativa na mão de Moscou neste ano, e os avanços no leste do país têm sido diários. Em maio, Putin lançou uma nova frente na região de Kharkiv, no norte do país.

O russo disse que só queria criar um cordão sanitário para evitar ataques contra o sul da Rússia. Segundo um analista próximo do Ministério da Defesa russo, o objetivo era tomar toda a região, inclusive a capital homônima, segunda maior cidade ucraniana. Em ambas as hipóteses, o Kremlin não teve sucesso.

Para piorar, enquanto não tem faltado mão de obra (25 mil novos soldados por mês, para manter cerca de 470 mil lutando), os russos têm enfrentado uma perda de material grande, drenando seus estoques soviéticos —blindados dos anos 1960 são vistos com frequência em ação.

Nem tudo é má notícia para Moscou. A produção de mísseis está sendo ampliada, e a munição para artilharia continua sustentando uma razão de até 5 para 1 contra a ucraniana. A ação em Kharkiv também foi bem-sucedida em drenar energia vital das Forças Armadas de Zelenski. Estima-se que triplicou o contingente ucraniano em Kharkiv, o que segurou os russos, mas abriu outras brechas no dique de 1.000 km de frentes de batalha do país, particularmente em Donetsk (leste).

A volta do apoio ocidental, após um semestre de indecisão nos EUA, também sugere mais fôlego para Kiev. Nada que fará a guerra parar, mas talvez voltar a uma situação de maior equilíbrio.

Nas palavras do analista, Putin joga pelo empate. Como falhou em conquistar Kiev, se congelar o conflito levando em conta as fronteiras ocupadas atuais, poderá dizer ao público russo que triunfou.

O apoio à guerra ainda é grande, segundo pesquisas do independente Centro Levada, mas no mês passado pela primeira vez há mais pessoas interessadas em negociações de paz do que em combates.

É desse caldo que saíram os sinais recentes de acomodação, que passaram por conversas indiretas entre russos e americanos relatadas pela Folha e confirmadas por Moscou.

Primeiro, o premiê húngaro, Viktor Orbán, aproveitou seu semestre como presidente temporário da União Europeia para fazer uma espécie de “tour da paz”.

Orbán visitou Zelenski, Putin, o líder chinês Xi Jinping e o presidenciável americano Donald Trump, cuja posição contrária ao apoio à Ucrânia apavora os defensores de Kiev. Segundo diplomatas, na viagem a Moscou ele ouviu os termos de Putin, inclusive os que não são públicos.

O húngaro, um admirador do russo, repassou os recados por meio de uma carta aos líderes europeus. Em média, todos o criticaram, desautorizando o uso da UE, mas só em público.

Sinal ainda mais eloquente veio na forma da primeira visita de Dmitro Kuleba, o combativo chanceler de Zelenski, à China aliada dos russos, na quarta (24). Para evitar dano de imagem, coube a seu par chinês, Wang Yi, dizer que Kuleba está disposto a negociar.

O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, saudou a disposição do rival. Na quinta (25), ele foi além, dizendo que os russos topam conversar com Zelenski. Não é casual: quando o mandato do ucraniano acabou, em maio, Putin colocou em xeque sua legitimidade apesar de a legislação do vizinho não permitir eleições sob lei marcial, uma realidade desde a invasão.

Na mão contrária, Zelenski sinalizou que aceita debater com o líder russo —mesmo com uma lei de 2022 proibindo negociação com Putin. O ucraniano também aposta numa segunda cúpula de paz, desta vez convidando Moscou.

Este por ora é um caminho incerto, dado que o arranjo só leva em conta um prato feito por Kiev, mas mostra que as placas tectônicas da diplomacia estão se movendo enquanto Rússia e Ocidente se estranham de forma aguda, e o mundo espera o resultado da eleição americana.

Se o leme das conversas estiver com Pequim, é possível até que o Brasil, que dividiu oferta de mediação com a China, tenha algum papel no enredo.

Igor Gielow/Folhapress

Trump tem 48% das intenções de voto, e Kamala, 46%, aponta pesquisa

Nova pesquisa de intenção de voto divulgada nesta quinta-feira (25) aponta Donald Trump numericamente à frente de Kamala Harris na corrida presidencial dos Estados Unidos. Ambos, porém, aparecem tecnicamente empatados —o republicano registrou 48% da preferência dos eleitores, enquanto a democrata, 46%

A pesquisa foi feita pelo New York Times em parceria com a Universidade Siena. O levantamento ouviu 1.142 pessoas de 22 a 24 de julho, e a margem de erro é de 3,3 pontos percentuais.

Na pesquisa anterior, feita no início de julho após o debate de Trump com Joe Biden, a diferença entre o atual presidente dos EUA e o republicano era de seis pontos percentuais —distância, portanto, que teria sido reduzida com Kamala na disputa.

Na véspera, estudo da CNN conduzido pelo instituto de pesquisa SSRS havia apresentado resultados semelhantes, com o republicano também numericamente à frente. Trump seria a escolha de 49% dos eleitores americanos registrados nas urnas, e Kamala teria 46% das intenções de voto.

Já levantamento da Reuters/Ipsos, o primeiro feito após a desistência de Joe Biden da eleição à Presidência, apontou Kamala numericamente à frente de Donald Trump. A democrata alcançou 44% das intenções de voto, contra 42% do republicano.

Nesse mesmo levantamento, Kamala ainda superou Trump fora da margem de erro no cenário em que o candidato Robert F. Kennedy Jr. foi incluído entre as opções. Considerando o independente na disputa, a democrata obteve 42%, contra 38% de Trump. Kennedy Jr. alcançou 8% das intenções de voto.

As sondagens são um importante indicador para as campanhas, mas estar à frente nelas não significa necessariamente estar mais perto da vitória nos EUA. A eleição é indireta, por meio do Colégio Eleitoral —formado por 538 delegados, divididos proporcionalmente entre os estados. Um candidato precisa obter 270 deles para se eleger, e isso pode ocorrer mesmo se este não for o ganhador no voto popular.

Em 2016, por exemplo, Hillary Clinton teve 48% dos votos, ante 45,9% de Donald Trump, mas o republicano se elegeu com 306 delegados (ela teve 232).

Folhapress

‘Não vou me silenciar’, diz Kamala a primeiro-ministro de Israel sobre Gaza

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse que não se silenciaria em relação à crise humanitária na Faixa de Gaza ao se reunir com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, nesta quinta-feira (25).

O encontro era observado de perto por analistas, que buscavam ali indícios de possíveis reformulações da política externa americana em relação ao Estado judeu caso a provável candidata do Partido Democrata à Presidência vença as eleições em novembro. Kamala foi, afinal, uma das primeiras líderes de destaque dos EUA a pedir um cessar-fogo na guerra Israel-Hamas.

Segundo a própria vice, seu diálogo com Netanyahu foi “franco e construtivo”. “Israel tem o direito de se defender. Mas como isso é feito importa. Deixei claras as minhas grandes preocupações com a gravidade da situação humanitária lá”, disse ela a jornalistas após o encontro.

Desde o começo da guerra, em outubro passado, mais de 39 mil pessoas morreram em Gaza segundo os cálculos das autoridades locais, ligadas ao grupo terrorista Hamas.

A ONU estima que 2 milhões do total de 2,2 milhões habitantes da faixa tenham sido obrigados a deixar suas casas, e a destruição causada por tanques e bombas israelenses não só devastou as paisagens como desmantelou sistemas de serviço básico, incluindo o acesso à água potável.

Relatório mais recente do braço do organismo para a alimentação e agricultura, FAO, aponta que 96% da população do território palestino —ou 2,1 milhões de pessoas— enfrentam insegurança alimentar aguda.

O tom incisivo relatado pela vice contrasta com a postura que o presidente Joe Biden demonstrou ao conversar com Bibi, como o dirigente israelense é conhecido, no Salão Oval horas antes.

Foi o primeiro encontro presencial entre os líderes desde outubro do ano passado, quando a guerra em Gaza teve início. Biden viajou até Israel nas primeiras semanas depois da eclosão do conflito, numa operação com segurança reforçada em que buscava demonstrar o apoio inegociável da maior potência militar do globo a seu principal aliado no Oriente Médio.

Então, o americano abraçou Bibi, como o líder israelense é conhecido, e prometeu auxiliá-lo. Ao menos diante das câmeras, o americano manteve nesta quinta o tom amistoso daquela ocasião e, de acordo com relato do jornal The New York Times, abriu um sorriso largo ao dar as boas-vindas ao israelense.

Ainda assim, suas palavras a Bibi, “temos muito o que conversar” —repetidas com exatidão por Kamala mais tarde—, davam um indício da tensão que os países vêm acumulando nos últimos tempos.

Integrantes do governo afirmaram que o principal assunto do encontro entre Biden e Netanyahu foi a tentativa de firmar um novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, estagnada há meses.

Antes de se sentarem no Salão Oval, os governantes haviam se reunido com parentes de reféns americanos mantidos em cativeiro pelo Hamas. Representantes das famílias disseram a jornalistas que reforçaram o pedido por uma trégua que previsse a libertação dos sequestrados.

Washington é o maior aliado externo de Tel Aviv desde os anos 1970. A relação entre os dois países já passou por muitos altos e baixos mas, desde a Segunda Guerra Mundial, Israel foi o Estado que mais recebeu ajuda direta dos EUA no mundo.

Ao responder Biden, Netanyahu citou justamente esse histórico. “Quero agradecê-lo por seus 50 anos de serviço público [Biden entrou na política 52 anos atrás, ao ser eleito senador por Delaware] e 50 anos de apoio ao Estado de Israel.”

O israelense chegou a Washington após semanas de grandes reviravoltas na política interna americana, a mais recente das quais foi o anúncio de Biden de desistir de disputar as eleições, abrindo caminho para Kamala.

O premiê esperou mais de seis meses só para receber um convite para visitar a Casa Branca, muito mais do que o usual para ocupantes de seu cargo. Até Isaac Herzog, o presidente de Israel —uma função sobretudo cerimonial— foi convocado para ir a Washington antes dele, em julho do ano passado.

A demora de Biden para fazer o convite a Netanyahu foi um dos marcos dos desentendimentos entre os dois líderes, iniciados pouco depois que o israelense voltou ao posto de primeiro-ministro, no final de 2022.

Seu governo, o mais à direita da história de Israel, liderou uma ofensiva contra o Judiciário logo após ele assumir, uma iniciativa que foi publicamente criticada pelo presidente americano.

A guerra em Gaza, cujo estopim foi uma incursão do Hamas ao sul de Israel que deixou cerca de 1.200 mortos, no ataque mais letal a judeus desde o Holocausto, tinha a princípio voltado a unir os líderes. Mas a continuidade do conflito na faixa vinha sendo motivo de repreensões cada vez mais duras por parte de Biden.

Netanyahu viaja à Flórida nesta sexta (26) para um encontro com o candidato republicano à Presidência, Donald Trump.

Folhapress

TSE desiste de acompanhar eleições na Venezuela após falas de Maduro sobre Brasil

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) desistiu nesta quarta-feira (24) de enviar técnicos para acompanhar as eleições na Venezuela após o ditador Nicolás Maduro questionar, sem provas, o sistema eleitoral do Brasil.

Maduro afirmou, em comício na noite de terça-feira (23), que as eleições no Brasil, Estados Unidos e Colômbia não são auditadas. Disse ainda que o “o melhor sistema eleitoral do mundo” é o venezuelano”.

“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, disse o TSE em nota divulgada na noite desta quarta (24).

“A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil”, afirmou ainda o tribunal.

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela fez ao TSE convite para dois técnicos acompanharem as eleições do país, marcadas para este domingo (28). O tribunal chegou a recusar o convite, mas havia decidido enviar os servidores na condição de convidados internacionais.

O ataque de Maduro ao sistema brasileiro ocorreu um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar que está assustado com declarações do venezuelano sobre um “banho de sangue” caso ele seja derrotado nas eleições.

Maduro voltou a provocar Lula nesta quarta (24), citando o Brasil durante uma entrevista coletiva. “Temos fronteiras e boas relações com Colômbia, Brasil e o resto do Caribe. Boas relações, ou seja, ninguém deve se meter nos assuntos internos da Venezuela, porque nós não nos metemos nos assuntos internos de ninguém”, disse Maduro.

Mateus Vargas/Folhapress

Nova pesquisa mostra Trump com vantagem numérica sobre Kamala

Um dia depois de uma pesquisa da Reuters/Ipsos pôr Kamala Harris numericamente à frente de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, um levantamento divulgado nesta quarta-feira (24) inverte as posições, dando vantagem numérica do republicano.

Segundo o estudo da CNN conduzido pelo instituto de pesquisa SSRS, Trump seria a escolha de 49% dos eleitores americanos registrados nas urnas. Já Kamala —considerada a virtual candidata do Partido Democrata apesar de seu pleito não ter sido oficializado ainda— teria 46% das intenções de voto.

A diferença entre os dois líderes não é, porém, considerada estatisticamente relevante, uma vez que está dentro da margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O mesmo havia ocorrido com a pesquisa da Reuters/Ipsos veiculada na terça (23).

A pesquisa da CNN foi realizada virtualmente entre a terça-feira (22) e quarta. Os entrevistados são eleitores registrados que já tinham participado de uma edição anterior dela, em abril ou em junho. A emissora americana justifica essa metodologia afirmando que, a entrevistar as mesmas pessoas, o levantamento tem mais chances de refletir mudanças reais de opinião ao longo do tempo.

Realizados antes do atentado contra Trump e de Biden anunciar sua desistência da corrida, ambos os levantamentos de abril e de junho mostravam o republicano à frente do democrata por seis pontos percentuais, ou seja, fora da margem de erro.

Embora a nova pesquisa mostre Kamala numericamente atrás de Trump, nela a democrata teria conseguido, portanto, diminuir a distância entre ela e o republicano, empatando tecnicamente com ele.

Além disso, metade dos que demonstram apoio a Kamala na nova pesquisa (50%) afirmam que seu voto é mais a favor dela do que contra Trump. A cifra representa um aumento do entusiasmo dos eleitores do Partido Democrata em relação à figura que possivelmente os representará nas urnas —na pesquisa da CNN de junho, 37% dos que declararam voto em Biden disseram que sua principal motivação para apoiá-lo era expressar apoio ao presidente.

Folhapress

Rússia e Ucrânia falam juntas em paz pela 1ª vez desde 2022

Pela primeira vez desde que as negociações para encerrar a Guerra da Ucrânia fracassaram em 2022, os governos de Moscou e de Kiev falaram ao mesmo tempo em retomar o diálogo pela paz. Se o árduo caminho será trilhado enquanto os combates continuam, isso é incerto.

A China, país que com o Brasil defende de forma mais assertiva que os rivais sentem-se à mesa, foi o mediador público da questão durante a visita do chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, ao país.

Ele foi recebido para quase quatro horas de conversas pelo seu par Wang Yi nesta quarta (24). Ao fim da rodada, o chinês disse a jornalistas em Guangzhou que “Kuleba disse novamente que está pronto para engajar o lado russo em um processo de negociação em algum estágio, quando a Rússia estiver pronta para negociar de boa fé”.

“Mas”, disse Wang, “enfatizou que não vê tal prontidão do lado russo agora”. Seria apenas o óbvio, dado que o governo de Volodimir Zelenski promoveu uma conferência unilateral de paz para discutir o fim da guerra em seus termos, no mês passado na Suíça.

A surpresa veio dos comentários imediatos em Moscou. “A mensagem em si pode ser vista em uníssiono com a nossa posição”, disse em seu briefing diário o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitri Peskov.

“Vocês sabem que o lado russo nunca recusou negociar, e sempre se manteve aberto ao processo de negociação. Mas os detalhes são importantes aqui, e ainda não sabemos nada deles”, afirmou. Como se vê, ambos os rivais mantiveram uma posição dura, mas piscaram.

Isso não ocorria abertamente desde o início do conflito. Após a invasão russa de fevereiro de 2022, delegações dos dois países se reuniram seis vezes, três em Belarus, três na Turquia —na última ocasião, com a presença do presidente Recep Tayyip Erdogan, ávido em selar sua posição de mediador entre a Otan (aliança militar ocidental) que integra e Putin.

Depois, o mês de abril viu líderes ocidentais e russos conversarem sobre as propostas, cada vez mais consideradas inaceitáveis de lado a lado. Um fator central ocorrera no fim de março, com a retirada das forças russas do cerco a Kiev.

A derrota fortaleceu a posição ucraniana de não negociar, e viu aumentar o fluxo de apoio militar ocidental a Zelenski. Diplomatas russos dizem que a retirada foi necessária para evitar um desastre, mas também era um sinal de que Putin abriria mão de derrubar o presidente rival pelas armas.

Houve alguns contatos. Como a Folha relatou em março e o chanceler russo, Serguei Lavrov, confirmou em uma entrevista na semana passada, um grupo de especialistas em relações internacionais foi formado com russos e americanos.

Sem poder decisório, ao longo de um ano eles debateram questões como a neutralidade da Ucrânia e a eventual troca de terra pela paz —além da Crimeia, anexada em 2014, os russos ocupam boa parte do leste e do sul do vizinho, perfazendo algo como 20% do território ucraniano.

Segundo Lavrov, as discussões não lograram resultado prático. A agência Reuters disse que, por meio de intermediários, Putin fez em fevereiro uma proposta aos EUA, que vê como o real inimigo na guerra, de congelar o conflito, que também não prosperou.

Até aqui, há duas linhas de abordagem pela eventual paz. No mês passado, Putin colocou suas condições na mesa: Kiev precisa abandonar sua pretensão de ingressar na Otan, aceitar se desarmar e entregar as quatro províncias anexadas ilegalmente em setembro de 2022 por Moscou, que não as controla integralmente.

Kiev e o Ocidente recusaram a oferta, feita na véspera da cúpula internacional que reuniu 90 países simpáticos à Ucrânia na Suíça, que acabou sem consenso. Nas últimas semanas, o ucraniano tem dito que haverá uma segunda reunião e que os russos, desta vez, serão convidados. Mas insiste que será para discutir a paz em seus termos.

Há também o fator Donald Trump, o republicano que pode voltar à Casa Branca e já disse que vai impor uma paz imediata, sugerindo o fim do apoio a Kiev. O premiê húngaro, Viktor Orbán, é aliado tanto do americano quanto de Putin, e encontrou-se com ambos, além de Zelenski, enquanto ocupa o papel de presidente temporário da União Europeia.

Ocorre que ele foi desautorizado pelos líderes europeus, que o acusam de ser peão do Kremlin. Aí entrou a China, que por ser a maior aliada de Putin, é vista também como o único país capaz de mediar de forma eficaz as conversas. Isso é rejeitado publicamente no Ocidente, por pressupor que Pequim tem lado, mas no bastidor é diferente.

A viagem de Kuleba foi a do mais alto representante de Kiev à China desde a invasão. A resposta de Peskov sugere um jogo combinado, mas por evidente há um longo caminho para que a disposição mostrada se torne algo concreto.

O amargor do conflito, que neste ano tem os russos numa lenta e sangrenta ofensiva, e diferenças enormes de visão de mundo são empecilhos grandes.

O processo é temperado pela eficácia tardia de um tipo específico de sanção econômica contra Moscou, ameaçando de forma secundária bancos chineses que fazem negócios com os russos. Isso tem derrubado o comércio entre os aliados, que no ano passado chegou ao maior nível histórico e é um seguro contra o isolamento econômico imposto pelo Ocidente, até aqui driblado por Putin.

Os chineses usaram a carta comercial. Segundo uma porta-voz da chancelaria, Mao Ning, “a China irá continuar a expandir sua importação de alimentos da Ucrânia”. “Apesar de as condições não estarem maduras, estamos dispostos a ter um papel construtivo para trazer um cessar-fogo e a volta das negociações”.

Igor Gielow/Folhapress

Maduro afirma, sem provas, que eleições no Brasil não são auditadas

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, questionou em comício na noite desta terça-feira (23), no estado de Aragua, os sistemas eleitorais do Brasil, dos Estados Unidos e da Colômbia. Segundo o site Monitoreamos, ele afirmou, sem provas, que as eleições nos países não são auditadas.

Maduro também disse que a Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do mundo, com 16 auditorias e uma auditoria em tempo real de 54% das urnas.

“Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é auditável? No Brasil? Não auditam nenhuma ata. Na Colômbia? Não auditam nenhuma ata”, disse.

O ataque ocorreu um dia depois de o presidente Lula (PT) afirmar que está assustado com declarações do venezuelano sobre um “banho de sangue” caso ele seja derrotado nas eleições, marcadas para domingo (28).

“Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila”, rebateu Maduro, sem mencionar Lula. “Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita”.

No Brasil, o boletim de urna é um comprovante impresso emitido pela urna ao final da votação, com um resumo do que foi registrado. Ele permite que as pessoas (e partidos) confiram o resultado imediatamente após a eleição e também possibilita auditar que tanto a transmissão quanto a totalização dos votos ocorreram corretamente.

O documento é impresso obrigatoriamente em cinco vias, assinadas pelo presidente da seção e por fiscais dos partidos presentes. Depois disso, uma via é colocada na porta da seção, três são colocadas na ata e enviadas para o respectivo cartório eleitoral e a última é entregue aos fiscais dos partidos.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela convidou organizações sociais brasileiras simpáticas ao chavismo para acompanhar as eleições.

Também fez um convite ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para organizar uma missão de organização, limitada a dois técnicos. O tribunal recusou em um primeiro momento, mas semanas depois decidiu enviar os técnicos para acompanhar o pleito.

Lula afirmou na segunda-feira (22) que Celso Amorim, seu assessor especial para assuntos internacionais, viajará à Venezuela para acompanhar as eleições presidenciais.

Folhapress

‘Quem se assustou que tome um chá de camomila’, diz Maduro após fala de Lula

O presidente Lula (PT) com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro

“Quem se assustou que tome um chá de camomila”, disse o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta terça-feira (23), um dia depois que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou estar “assustado” com declarações do venezuelano de que haveria um “banho de sangue” no país caso ele perdesse as eleições, marcadas para o próximo domingo (28).

“Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila”, declarou Maduro, sem mencionar Lula. “Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita”.

Em entrevista à imprensa estrangeira, Lula expressou preocupação com as falas de Maduro. “Fiquei assustado com as declarações […]. Quem perde as eleições toma um banho de votos, não de sangue. Maduro tem de aprender: quando você ganha, você fica. Quando você perde, você vai embora e se prepara para disputar outra eleição”, disse o petista.

O ditador venezuelano fez referência ao “Caracazo”, um levante em fevereiro de 1989 que deixou milhares de mortos, segundo denúncias, embora o balanço oficial tenha sido de cerca de 300 óbitos. O antecessor de Maduro, Hugo Chávez (1999-2013), justificou com isso a insurreição fracassada que liderou em 4 de fevereiro de 1992 e que marcaria a ascensão de sua popularidade.

“Eu disse que se a direita extremista chegasse ao poder político na Venezuela haveria um banho de sangue. E não é que eu esteja inventando, é que já vivemos um banho de sangue, em 27 e 28 de fevereiro”, manifestou Maduro.

“Eu prevejo para aqueles que se assustaram que na Venezuela vamos ter a maior vitória eleitoral da história”, insistiu o ditador venezuelano, que aspira a um terceiro mandato que o projetaria a 18 anos no poder.

O diplomata Edmundo González é o candidato da principal aliança opositora, que o respaldou devido à impossibilidade de apresentar a ex-deputada María Corina Machado, favorita nas pesquisas, mas impedida de exercer cargos públicos pela Justiça.

González agradeceu a Lula em publicação na plataforma X. “Agradecemos as palavras do presidente em apoio a um processo eleitoral pacífico e amplamente respeitado na Venezuela. Valorizamos agradecidamente a presença do ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para observar o processo do próximo domingo. O mundo nos observa e acompanha”, disse o candidato.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela convidou organizações sociais brasileiras simpáticas ao chavismo para acompanhar as eleições.

A entidade eleitoral, controlada por aliados de Maduro, ainda fez um convite ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para organizar uma missão de observação, porém limitada a dois técnicos —o tribunal num primeiro momento recusou, sob o argumento de que está focado no pleito municipal que ocorrerá em outubro no Brasil. Semanas depois, voltou atrás e decidiu enviar os dois técnicos para acompanhar o pleito.

A relação entre o governo Lula e a ditadura Maduro tem sofrido solavancos neste ano e mudou em meio às obstruções do regime venezuelano no processo eleitoral do país.

Em março, o governo brasileiro mudou o tom em relação a Caracas, antiga aliada petista, e criticou pela primeira vez o bloqueio à candidatura de Corina Yoris, então escolhida pela oposição para substituição de María Corina.

Em nota, o Itamaraty disse na ocasião que acompanhava “com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral” no país, marcando uma inflexão na postura até então adotada por Lula em relação ao regime do ditador Nicolás Maduro, isto é, de preservar o aliado sul-americano.

Naquele momento, ao menos outros sete países da América Latina já haviam expressado “grave preocupação” com o impedimento da candidatura de Yoris, em uma nota conjunta de Argentina, Uruguai, Peru, Paraguai, Costa Rica, Equador e Guatemala. O Brasil decidiu aguardar o fim do prazo eleitoral de registro de candidaturas para se pronunciar.

Folhapress

Em nova pesquisa, Kamala tem 44% das intenções de voto e Trump, 42%

Kamala Harris aparece à frente de Donald Trump na corrida pela Presidência dos Estados Unidos em uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta terça-feira (23).

No levantamento, a vice-presidente tem 44% das intenções de voto, ante 42% do candidato republicano. A diferença entre os dois cai na margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais.

O estudo foi conduzido entre a segunda (22) e a terça. Sondagem do mesmo instituto anterior a esta, realizada entre 15 e 16 de julho, mostrava Kamala e Trump empatados, ambos com 44% das intenções de voto, e outra, de 1º e 2 de julho, indicava o republicano com um ponto percentual à frente da democrata. As três pesquisas têm a mesma margem de erro.

A candidatura de Kamala ainda não foi oficializada pelo Partido Democrata, embora seu nome tenha sido endossado pela maior parte dos membros mais importantes da sigla.

Folhapress

Venezuela bloqueia sites de notícias independentes, dizem entidades

A cinco dias das eleições na Venezuela, o regime do ditador Nicolás Maduro, que governa o país, bloqueou o acesso a sites de notícias independentes, de acordo com uma ONG e o sindicato da imprensa.

A ONG VE Sin Filtro afirma ter detectado seis casos de bloqueios, sendo quatro aplicados à mídia e dois a organizações da sociedade civil, incluindo seu próprio site.

Segundo a VE Sin Filtro, as restrições foram impostas pelas principais operadoras de internet estatais e privadas da Venezuela contra Tal Cual, El Estímulo, Runrunes, Analítico e Mediaanálisis, além da própria ONG. O bloqueio teria começado por volta das 12h locais (13h de Brasília) desta segunda-feira (22).

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) também divulgou essas informações.

Esses sites estão bloqueados para IPs (espécie de registro de endereço de conexão à internet) na Venezuela. A Folha conseguiu acessar todos os portais que estão bloqueados internamente.

A Plataforma Unitária Democrática —principal coalizão de oposição e à qual pertence o candidato Edmundo González, apoiado por María Corina Machado— criticou o bloqueio em mensagem no X. “Seguir censurando meios é uma medida de quem se sabe perdido e que busca restringir o acesso à informação diante do 28 de julho [data da eleição], mas os venezuelanos a esta altura já têm claro o seu voto.”

Folhapress

Kamala consolida favoritismo, e debate se volta para escolha de seu vice mundo

Foto: Reprodução/Instagram
Kamala Harris se consolidou nesta segunda (22) como a substituta de Joe Biden na disputa pela Casa Branca contra Donald Trump. Nenhum outro nome relevante do Partido Democrata veio a público desafiar sua candidatura, endossada pelo próprio presidente e pela maior parte da legenda.


O clima de triunfo era visível em seu primeiro discurso de campanha, feito no início da noite desta segunda no local onde até o último domingo (21) era a sede da campanha Biden-Harris. “O bastão está nas nossas mãos”, disse Kamala, que foi introduzida ao som de “Freedom”, de Beyoncé.

Joe Biden, isolado em Rehoboth Beach em razão da Covid-19, participou por telefone. O presidente agradeceu a equipe e disse que continuará “totalmente engajado” na campanha. “Eu estou de olho em você, menina. Eu amo você”, disse ele a Kamala.

Todos os 23 governadores democratas, incluindo cotados para a vaga de Biden como J.B. Pritzker (Illinois) e Gretchen Whitmer (Michigan), declararam apoio a Kamala. No Congresso, 181 dos 212 deputados e 41 dos 47 senadores fizeram o mesmo, segundo monitoramento feito pelo New York Times.

Um dos nomes mais importantes a vir a público apoiá-la nesta segunda foi a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi. A lendária líder democrata operou nos bastidores para que Biden desistisse, mas havia permanecido em silêncio no domingo sobre quem endossaria.

“Tenho plena confiança de que ela nos levará à vitória em novembro”, afirmou em nota divulgada nesta segunda.

Tão importante quanto o apoio do partido é o de doadores: foram US$ 81 milhões nas 24 horas após Kamala lançar-se candidata –um recorde, segundo a campanha. A equipe diz que contribuíram com esse montante 888 mil pequenos doadores, sendo que 60% deles fizeram uma doação pela primeira vez neste ano.

A esse montante se somam os US$ 150 milhões levantados de grandes doadores pelo comitê de arrecadação (conhecido como PAC, na sigla em inglês) Future Forward, de acordo com o site Politico.

A demonstração de união dos democratas sucede semanas de conflitos internos em torno da candidatura de Biden, em que a imagem dividida do partido contrastou negativamente com o domínio total de Donald Trump sobre os republicanos na convenção nacional do partido, realizada na semana passada.

Conforme Kamala se firma como a candidata democrata, a discussão se volta para quem será o vice na chapa do partido. Seguindo a estratégia clássica de alguém com perfil complementar, as apostas são um homem branco –preferencialmente de um estado-pêndulo.

Os principais cotados para vice, por ora, são os governadores Andy Beshear (Kentucky), Roy Cooper (Carolina do Norte), Josh Shapiro (Pensilvânia) e Pritzker. Outro nome citado é o senador Mark Kelly (Arizona), cujas credenciais de militar e astronauta reluzem aos olhos democratas.

“Eu quero que o povo americano saiba o que é uma pessoa do Kentucky e como ela se parece, porque deixa eu eu te dizer, J.D. Vance não é daqui”, afirmou Beshear em entrevista à MSNBC nesta segunda, em um ataque ao vice de Trump nascido em seu Estado.

Uma pessoa que já pode ser riscada da lista é Whitmer. A governadora do Michigan afirmou que não pretende deixar seu Estado neste ano, e vai assumir o papel de codiretora da campanha de Kamala (o mesmo cargo que ocupava sob Biden).

“Se eles fizerem pesquisas e descobrirem que precisam de um judeu careca e gay de 49 anos de Boulder, Colorado, eles têm o meu telefone”, brincou o governador do estado, Jared Polis, em entrevista à CNN, ao ser questionado sobre seu interesse no posto –um bom humor que havia se tornado raro entre democratas nas últimas semanas.

O clima mais leve é visível entre os integrantes do partido, aliviados com o que parece ser uma nova oportunidade para derrotar Donald Trump depois de as esperanças de conseguir o feito minguarem sob Biden.

Kamala aproveitou esta segunda para marcar bem sua diferença contra o adversário, caso ela se confirme como a candidata do partido, em dois temas principais: aborto e ficha criminal.

“Ao longo da minha carreira, lidei com criminosos de todos os tipos”, disse ela, em referência à sua atuação como procuradora na Califórnia, despertando risos no escritório.

“Predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que roubaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras para seu próprio benefício. Então me ouçam quando eu digo: eu conheço o tipo de Donald Trump”, afirmou, sob aplausos.

“Eu sei que tem sido uma montanha-russa”, disse. “Tenho fé completa de que esse time é a razão pela qual vamos vencer em novembro”, completou. Kamala afirmou que o comando da campanha continuará nas mãos de Julie Chavez Rodriguez e Jen O’Malley Dillon.

Nesta terça (23), a vice fará seu primeiro comício de campanha como candidata em Milwaukee, no estado-pêndulo de Wisconsin –a mesma cidade que recebeu a convenção republicana na semana passada.

Kamala é filha de um professor jamaicano e de uma pesquisadora de câncer indiana que se conheceram durante um protesto por direitos civis na Califórnia, nos anos 1960 —ambos faziam doutorado na Universidade de Berkeley.

O nome da vice-presidente, em hindi, significa flor de lótus, como ela afirma em seu livro de memórias “The Truths We Hold – An American Journey” (2019). A pronúncia correta é “Kâmala”, com a sílaba tônica no “Ka”, e não “Kamála”.

Fernanda Perrin/Folhapress

Obama diz que decisão de Biden é ‘testemunho de amor’, mas não endossa Kamala; veja íntegra

O ex-presidente Barack Obama publicou uma longa nota neste domingo (21) afirmando que a decisão de Joe Biden de sair da corrida pela Casa Branca “é um testemunho do amor” do presidente pelos Estados Unidos”. Diferentemente de outras lideranças democratas, porém, Obama não endossou Kamala Harris para substituir Biden na chapa do partido.

“Navegaremos por águas desconhecidas nos próximos dias. Mas tenho uma confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual surgirá um candidato excelente”, escreveu.

Biden serviu como vice de Obama nos dois mandatos do ex-presidente. Embora publicamente o ex-presidente tenha afirmado apoio total ao democrata octogenário em sua decisão de continuar concorrendo, relatos na imprensa americana apontaram que Obama estaria operando nos bastidores para convencer Biden a desistir, em aliança com outros caciques do partido, como a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi.
Esses movimentos teriam gerado mágoa no presidente, isolado em sua residência em Delaware desde o diagnóstico de Covid.

A decisão de Obama de não endossar ainda um nome contrasta com a dos Clinton, por exemplo, que já anunciaram seu apoio a Kamala.
Até o momento, nenhum outro nome veio a público anunciar sua intenção de ocupar a vaga aberta por Biden na chapa.

Veja a declaração completa de Obama:

Joe Biden tem sido um dos presidentes mais influentes da América, além de um querido amigo e parceiro para mim. Hoje, fomos lembrados –novamente– de que ele é um patriota da mais alta ordem.

Dezesseis anos atrás, quando comecei minha busca por um vice-presidente, eu conhecia a notável carreira de Joe no serviço público. Mas o que passei a admirar ainda mais foi seu caráter -sua profunda empatia e resiliência conquistada com muito esforço; sua decência fundamental e a crença de que todos contam.

Desde que assumiu o cargo, o presidente Biden demonstrou esse caráter repetidas vezes. Ele ajudou a acabar com a pandemia, criou milhões de empregos, reduziu o custo dos medicamentos prescritos, aprovou a primeira grande legislação de segurança de armas em 30 anos, fez o maior investimento para abordar a mudança climática na história e lutou para garantir os direitos dos trabalhadores de se organizar por salários e benefícios justos. Internacionalmente, ele restaurou a posição da América no mundo, revitalizou a Otan e mobilizou o mundo para se posicionar contra a agressão russa na Ucrânia.

Mais do que isso, o presidente Biden nos afastou dos quatro anos de caos, falsidades e divisão que caracterizaram a administração de Donald Trump. Através de suas políticas e de seu exemplo, Joe nos lembrou de quem somos no nosso melhor -um país comprometido com valores tradicionais como confiança e honestidade, bondade e trabalho árduo; um país que acredita na democracia, no Estado de Direito e na responsabilidade; um país que insiste que todos, independentemente de quem são, têm uma voz e merecem uma chance de uma vida melhor.

Esse histórico impressionante deu ao presidente Biden todo o direito de concorrer à reeleição e terminar o trabalho que começou. Joe entende melhor do que ninguém o que está em jogo nesta eleição -como tudo pelo que ele lutou ao longo de sua vida, e tudo o que o Partido Democrata representa, estará em risco se permitirmos que Donald Trump volte à Casa Branca e os republicanos controlem o Congresso.

Eu também sei que Joe nunca recuou de uma luta. Para ele, olhar para o cenário político e decidir que deve passar o bastão para um novo candidato é certamente uma das decisões mais difíceis de sua vida. Mas eu sei que ele não tomaria essa decisão a menos que acreditasse que era o melhor para a América. É um testemunho do amor de Joe Biden pelo país -e um exemplo histórico de um verdadeiro servidor público mais uma vez colocando os interesses do povo americano acima dos seus próprios, algo que futuras gerações de líderes fariam bem em seguir.

Navegaremos por águas desconhecidas nos próximos dias. Mas tenho uma confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual surgirá um candidato excelente. Acredito que a visão de Joe Biden de uma América generosa, próspera e unida, que oferece oportunidades para todos, estará em plena exibição na Convenção Democrata em agosto. E espero que cada um de nós esteja preparado para levar essa mensagem de esperança e progresso adiante em novembro e além.

Por enquanto, Michelle e eu só queremos expressar nosso amor e gratidão a Joe e Jill por nos liderarem de forma tão hábil e corajosa nesses tempos perigosos -e por seu compromisso com os ideais de liberdade e igualdade sobre os quais este país foi fundado.

Fernanda Perrin / Folhapress

Presidente da Câmara dos EUA pede renúncia de Biden após desistência de candidatura

Logo após Joe Biden anunciar a desistência da sua candidatura à reeleição, o presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, pediu que o presidente americano renuncie ao cargo.

“Se Joe Biden não está apto para concorrer à presidência, ele não está apto para servir como presidente. Ele deve renunciar ao cargo imediatamente”, disse o republicano em uma publicação no X. Para ele, o movimento de Biden foi pressionado pelo partido, que o teria “forçado a sair das urnas”.

“Isso invalida os votos de mais de 14 milhões de americanos que escolheram Joe Biden para ser o candidato democrata à Presidência”, afirmou o deputado. “O autoproclamado ‘partido da democracia’ provou ser exatamente o contrário.”

Mais cedo neste domingo (21), Biden anunciou sua desistência por meio de uma carta publicada nas redes sociais do presidente. Biden disse que vai explicar melhor sua decisão em um pronunciamento à nação. O presidente, em seguida, endossou sua vice, Kamala Harris, para ser a candidata democrata na eleição de novembro.

“Acredito que é o melhor para o meu partido e para o meu país que eu desista e me concentre apenas em completar meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, afirmou o democrata.

Gabriel Justo / Folhapress

Saiba quem são os cotados para substituir Biden nas eleições dos EUA

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de desistir da candidatura à reeleição, anunciada neste domingo (21) ), abriu caminho para vários democratas proeminentes que aspiram a uma indicação do partido na corrida à Casa Branca.

No topo da lista está a vice-presidente Kamala Harris, mas governadores e outras figuras políticas também são frequentemente lembrados. Confira abaixo uma lista elaborada pelo jornal The New York Times que reúne alguns dos concorrentes em discussão.

Kamala Harris

Ex-procuradora e senadora da Califórnia, Kamala já teve dificuldades para definir seu papel ao lado de Biden. Inicialmente encarregada de lidar com a polêmica questão da migração ilegal, a advogada conseguiu achar seu espaço ao se tornar a principal voz da Casa Branca do direito ao aborto. Primeira vice-presidente negra, Kamala também trabalhou para fortalecer Biden com eleitores negros e jovens, um dos pontos fracos do democrata.

Gavin Newsom

O governador da Califórnia e ex-prefeito de São Francisco, Gavin Newsom, tem alguns benefícios claros: é um companheiro experiente de um estado importante que usou sua plataforma para criticar Trump e fortalecer o Partido Democrata. Porém, em uma eventual campanha, Newsom teria que explicar os vários problemas que a Califórnia enfrentou na última década: pessoas em situação de rua, altos impostos e custos crescentes de moradia, por exemplo.

Gretchen Whitmer

Governadora de Michigan e vice-presidente do Comitê Nacional Democrata, Gretchen Whitmer foi alçada a estrela nacional do partido, em partes, pelo próprio antagonismo com Trump, que se referia a ela como “aquela mulher de Michigan”. Em 2022, liderou a campanha que fez os democratas conquistarem a maioria do Legislativo do estado pela primeira vez em 40 anos, o que possibilitou a promulgação de uma lista extensa de políticas progressistas.

JB Pritzker

O governador de Illinois, JB Pritzker, destacou-se por seus insultos afiados contra Trump e pelas vitórias notáveis no direito ao aborto e controle de armas em seus dois mandatos à frente do estado. Herdeiro bilionário dos Hotéis Hyatt, Pritzker também tem a vantagem de dispor de uma fortuna estimada em cerca de US$ 3,5 bilhões (quase R$ 20 bilhões), que ele não hesita em usar em suas ambições políticas. Registros de campanha mostram que ele gastou um total de US$ 350 milhões (quase R$ 2 bilhões) em suas duas campanhas para governador.

Josh Shapiro

O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, ex-procurador-geral do estado, é conhecido como um líder ponderado que focou principalmente em questões não ideológicas durante seu mandato. A postura lhe rendeu uma taxa de aprovação de 64%, segundo uma pesquisa do Muhlenberg College divulgada em abril, em um estado que é imprescindível para qualquer opositor de Trump.

Outras possibilidades

Há outros nomes menos prováveis entre os cotados para a candidatura.

Alguns deles são o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e os senadores Cory Booker, de Nova Jersey, e Amy Klobuchar, de Minnesota. Todos os três já concorreram à presidência antes e são conhecidos dos eleitores democratas.

O governador de Kentucky, Andy Beshear, que foi reeleito em 2023, também ganhou atenção nacional por seu sucesso improvável como democrata em um estado republicano, onde Biden é profundamente impopular. Na ocasião, Beshear derrotou seu oponente republicano, Daniel Cameron, por 5 pontos, mesmo enquanto outros candidatos democratas em corridas estaduais perderam por margens avassaladoras.

E, finalmente, duas pessoas que já viveram na Casa Branca: Hillary Clinton e Michelle Obama, esposas dos ex-presidentes Bill Clinton e Barack Obama, respectivamente. Obama, aliás, embora ainda tenha uma avaliação alta entre os eleitores registrados, é impedido pela Constituição de concorrer a um terceiro mandato.

Folhapress

Após ataque em Tel-Aviv, exército israelense atinge alvos Houthis no Iêmen

O exército israelense afirmou ter atingido na noite deste sábado, 20, alvos Houthis no oeste do Iêmen após um ataque fatal de drones pelo grupo rebelde em Tel-Aviv. Vários “alvos militares” foram atingidos na cidade portuária ocidental de Hodeidah, um reduto Houthi, disse o exército israelense, acrescentando que o ataque foi em resposta a “centenas de ataques” contra Israel nos últimos meses.

“Os Houthis nos atacaram mais de 200 vezes. A primeira vez que eles feriram um cidadão israelense, nós os atacamos. E faremos isso em qualquer lugar onde seja necessário”, disse o Ministro da Defesa israelense Yoav Gallant em uma declaração.

O Ministério da Saúde em Sanaa disse que 80 pessoas ficaram feridas em um balanço preliminar dos ataques em Hodeidah, a maioria delas com queimaduras graves.

Os ataques israelenses seriam os primeiros em solo iemenita desde que a guerra entre Israel e o Hamas começou em outubro, e ameaçam abrir uma nova frente na região enquanto Israel luta contra representantes do Irã.

O exército israelense disse que realizou os ataques sozinho e “nossos amigos foram atualizados”. Um oficial das Forças de Defesa de Israel não disse quantos locais foram alvos, mas disse a jornalistas locais que o porto é o principal ponto de entrada para armas iranianas. O oficial não confirmou se este foi o primeiro ataque de Israel ao Iêmen.

Estadão Conteúdo

Venezuela: a sete dias da eleição, pesquisas divergem sobre resultado

Foto: Instagram Nicolás Maduro
As pesquisas eleitorais da Venezuela divergem sobre o resultado do pleito presidencial marcado para o próximo domingo (28). Enquanto algumas enquetes dão a vitória com ampla margem ao principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, outros levantamentos apontam para uma vitória do atual presidente Nicolás Maduro, também com uma margem confortável.

Institutos de pesquisa como Datincorp, Delphos e Meganálisis, entre outros, dão vitória ao opositor Edmundo, da Mesa da Unidade Democrática (MUD), apoiado pela política María Corina Machado. Ela era apontada como favorita da oposição ao vencer as primárias, mas teve a candidatura vetada por condenações judiciais.

Já pesquisas do Centro de Medição e Interpretação de Dados Estatísticos (Cmide), do Hinterlaces e do Internacional Consulting Services (ICS), entre outros estudos, indicam que Nicolás Maduro deve se reeleger para um terceiro mandato, segundo informa a Telesur, veículo estatal do país.

O sociólogo, economista político e analista venezuelano Luis Salas ressaltou à Agência Brasil que as pesquisas eleitorais na Venezuela historicamente favorecem o voto opositor.

“Historicamente, desde que o chavismo chegou ao poder, as pesquisas sempre sobrevalorizaram o voto opositor. Desde que Chávez foi presidente, e depois Maduro, os principais institutos de pesquisa erram e favoreceram o voto da oposição”, afirmou o analista.

A especialista Carmen Beatriz Fernández, diretora da DataStrategia, empresa que trabalha com medição de opinião pública para conduzir campanhas políticas, alertou para os problemas da medição de votos na Venezuela.

“Por que falham as pesquisas eleitorais? Basicamente por três razões: por causa da volatilidade do eleitorado; por falhas metodológicas e porque não são pesquisas, se não pseudopesquisas feitas para desinformar e serem usadas como propaganda”, destacou em uma rede social.

O venezuelano Francisco Rodriguez, professor da Universidade de Denver, nos Estados Unidos, reforçou a pouca confiança nas pesquisas do país. Segundo ele, desde 2017, sete institutos de pesquisas vêm sobrevalorizando o voto opositor.

“Esses mesmos inquéritos sobrevalorizaram o voto da oposição, em média, nos últimos 10 anos, em 27,8%. Se corrigirmos esse viés, teríamos um virtual empate técnico [entre Maduro e Edmundo González]”, afirmou, em uma rede social, o estudioso da realidade venezuelana.

Dona da maior reserva comprovada de petróleo do planeta, a Venezuela vai às urnas no próximo domingo, quando cerca de 21 milhões de pessoas devem eleger o próximo presidente, que vai governar o país sul-americano entre 2025 e 2031. O presidente Nicolas Maduro, no poder desde 2013, enfrenta nas urnas nove concorrentes.

Esta é a primeira eleição, desde 2015, em que toda a oposição topou participar do pleito. Desde 2017, os principais partidos de oposição vêm boicotando as eleições nacionais.

A Venezuela enfrenta um bloqueio financeiro e comercial pelo menos desde 2017, quando potências como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União Europeia passaram a não reconhecer a legitimidade do governo Maduro.

O país vizinho também passou por uma grave crise econômica no período, com hiperinflação e perda de cerca de 75% do PIB, o que resultou em uma migração de mais de 7 milhões de pessoas.

Desde meados de 2021, o país vem mostrando alguma recuperação econômica. A hiperinflação foi derrotada e a economia voltou a crescer em 2022 e 2023, porém os salários continuam baixos e os serviços públicos deteriorados.

Desde 2022, o embargo econômico vem sendo parcialmente flexibilizado e um acordo entre oposição e governo foi firmado para as eleições deste ano. Porém, denúncias de prisões de opositores nos últimos dias e recursas em assinar acordo para respeitar o resultado eleitoral por alguns candidatos da oposição, entre eles, o favorito Edmundo González, jogam dúvidas sobre o dia após a votação.

Agência Brasil

Joe Biden desiste de tentar reeleição nos EUA

Em nota divulgada nas redes sociais, o presidente americano Joe Biden cedeu à pressão de aliados do partido Democrata e anunciou a sua desistência de disputar a reeleição para a presidência dos Estados Unidos. Veja publicação feita por Biden no X, antigo Twitter. 

 

Trump retoma ataques a Biden e eleição após pregar união

Em seu primeiro comício após o atentado sofrido no último sábado (13), Donald Trump retomou os ataques ao presidente Joe Biden e aos democratas, e voltou a fazer acusações sem provas de fraude na eleição, acusando os adversários de trapacearem.

O comício atraiu milhares de pessoas, levando à formação de uma enorme fila que atravessou todo o centro de Grand Rapids, no estado-pêndulo de Michigan. O ex-presidente retomou o tom agressivo que marca seus discursos durante a fala, rompendo com o breve apelo de união nacional feito logo após a tentativa de assassinato na Pensilvânia. Trump fez piadas com o estado cognitivo de Biden, disse que o presidente tem um QI baixo, e voltou a comparar imigrantes com o personagem Hannibal Lecter. “Eles são incompetentes, essa é uma ameaça à democracia”, afirmou sobre os democratas.

O tom contrasta também com o do discurso feito na última quinta-feira (18), em que o empresário aceitou oficialmente a nomeação de seu partido. Na ocasião, Trump evitou ataques diretos a Biden e adotou uma abordagem mais grave.

Apesar de ter prometido na quinta que não falaria mais sobre o atentado, ele voltou a descrever a cena no comício deste sábado. Ele também voltou a repetir que foi Deus quem o salvou. “Eu estou aqui com vocês pela graça de Deus Todo-Poderoso”, disse. “Algo muito especial aconteceu, vamos reconhecer isso.”

“Eu devo minha vida à imigração”, disse, em referência ao assunto do gráfico para o qual apontava quando foi alvo de tiros.

Seguindo a estratégia de aliados, o ex-presidente usou o incidente para dizer que ele não é uma ameaça à democracia, como democratas o acusam de ser. “Eu levei um tiro pela democracia”, disse.

Trump também acusou o partido adversário de não respeitar a democracia, diante da pressão para que Biden, que venceu as primárias, se retire da corrida. Ele contrastou a situação com a do Partido Republicano, que repetiu nunca ter sido tão unido e grande quanto sob sua liderança.

O empresário fez ainda uma espécie de enquete com o público, perguntando contra quem eles preferiam concorrer. Em linha com a lógica da campanha republicana, os espectadores vaiaram mais Biden do que a vice, Kamala Harris, indicando que veem o atual presidente como um concorrente mais fácil de ser batido.

“Eu gostaria de concorrer contra ela”, disse Trump, dessa vez em referência à governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, cotada como uma opção caso Biden desista. “Os democratas estão tentando reverter o resultado das primárias, eles não são o partido da democracia, mas de insiders como Whitmer”, afirmou.

Trump voltou a fazer uma série de afirmações sem provas sobre eleição e imigração, sugerindo inclusive que estrangeiros estão sendo registrados por democratas para votar em Biden.

“Se há fronteiras abertas, homens em esportes de mulheres, se vão elevar seus impostos em quatro vezes… Com políticas assim você nunca será eleito. Só se fraudar. Estão usando isso, tentando registrar essas pessoas para votar neles. Por isso estão deixando os imigrantes entrarem”, afirmou.

“Vamos fazer a maior deportação da história do nosso país”, disse ainda, ecoando umas das principais promessas de sua campanha.
Aproveitando estar em Michigan, um estado conhecido pela indústria automotiva, Trump fez uma série de críticas às políticas de incentivo a carros elétricos adotadas por Biden.

“Eu amo Elon Musk, e sempre falo sobre carros elétricos. Mas você não pode ter 100% de carros elétricos. Elon me endossou”, disse. “Ele está me dando US$ 45 milhões por mês. Eu falei com ele há pouco, e ele nem mencionou isso. Os outros caras te dão US$ 2 e você tem que levar eles para almoçar.”

Depois, retomando as críticas a carros elétricos, ele disse que eles não “são para todo mundo, algumas pessoas têm que dirigir longas distâncias, eles tendem a ser mais caros”.

Um homem, supostamente do sindicato de trabalhadores da indústria automotiva, foi chamado por Trump ao palco -o ex-presidente afirmou que o reconheceu na plateia, espontaneamente.

Trump repetiu uma comparação feita em um comício recente entre morrer eletrocutado por um barco movido a energia elétrica ou por um tubarão -uma fala que foi destacada na imprensa americana como sinal de que tampouco o republicano estaria em seu melhor momento cognitivo, como Biden.

“Vamos cortar impostos e acabar com regulações. Vamos reduzir o preço de energia, suas contas serão reduzidas ao menos pela metade. Nós compramos petróleo da Venezuela, é maluco, eles costumavam ser nosso inimigo”, disse.

Trump voltou a descrever suas negociações com outros presidentes quando estava na Casa Branca como se fossem sempre uma questão de ameaçar impor tarifas a importações. Neste sábado, o exemplo da vez foi a França -Emmanuel Macron teria desistido de impor um tributo sobre empresas americanas, após Trump ameaçá-lo de instaurar 100% de tarifas sobre produtos franceses. Este também foi o primeiro comício depois que J.D. Vance foi anunciado como vice-presidente na chapa de Trump.

Vance falou por cerca de dez minutos pela primeira vez a eleitores como candidato a vice. “Honestamente, ainda é estranho ver meu nome nessas placas”, afirmou.

Ele criticou a vice-presidente, Kamala Harris, associando seu mandato à “política de fronteira aberta”, uma das principais críticas da campanha republicana à Casa Branca de Joe Biden.

Vance ressaltou ainda sua história pessoal e afirmou que eventual novo mandato de Trump iria restaurar o sonho americano e trazer empregos de volta ao país.

Na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, na quinta-feira, Trump apareceu no palco com um curativo na orelha direita, ferida na tentativa de assassinato. O republicano falou por uma hora e meia, repetindo sua retórica típica, mas ao mesmo tempo fazendo referências religiosas, como que Deus o havia salvado. Neste sábado, ele ultrapassou este tempo de comício.

Fernanda Perrin / Folhapress

‘É a eleição mais importante das nossas vidas e eu vou ganhá-la’, diz Biden

Após o discurso em comício de campanha do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, o atual presidente e candidato à reeleição pelo partido democrata, Joe Biden, ironizou as falas do republicano na rede social X (antigo Twitter). “É um milagre, pessoal. Donald Trump disse a verdade pela primeira vez”, pontuou, ao se referir à fala de Trump de que esta será a eleição “mais importante da história”.

“É a eleição mais importante de nossas vidas. E eu vou vencê-la”, completou Biden.

Com o registro, o presidente Biden reforça que ainda está no páreo para a campanha presidencial, em meio aos apelos de boa parte do partido Democrata para que ele desista do pleito e abra espaço para que a vice-presidente, Kamala Harris, o substitua.

Gabriela Jucá / Estadão Conteúdo

Premiê de Bangladesh cancela viagem ao Brasil após protestos em massa

 
A onda de protestos em massa que tomou conta de Bangladesh – país asiático que faz fronteira com a Índia – fez a primeira-ministra do país, Sheikh Hasina, cancelar a viagem que faria ao Brasil na próxima semana. O cancelamento da viagem foi confirmado pelo Itamaraty.

Estima-se que pelo menos 114 pessoas morreram durante as manifestações. Os atos começaram após uma revolta estudantil contra cotas para empregos públicos. Tais cotas reservavam 30% das vagas para famílias que lutaram pela independência do país em relação ao Paquistão.

O governo de Hasina havia eliminado o sistema de cotas em 2018, mas um tribunal restabeleceu a regra no mês passado.

Devido aos protestos, o governo decretou toque de recolher e mandou fechar escritórios e instituições por dois dias.

As manifestações – as maiores desde que Hasina foi reeleita para seu quarto mandato, com 15 anos no poder – também podem ter sido alimentadas pelo alto índice de desemprego entre os jovens, que representam um quinto da população de de 171 milhões de habitantes do país.

Os serviços de internet foram suspensos desde quinta-feira (18), isolando Bangladesh, enquanto a política reprimia os manifestantes que descumpriam a ordem que proibiu reuniões públicas no país. Como os protestos não cessam, o governo mobilizou militares para reprimir os atos.

Agência Brasil

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