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Trump diz que os EUA boicotarão o G20 na África do Sul

Trump já havia anunciado que não participaria da cúpula anual para chefes de estado das principais economias emergentes do mundo

O presidente Donald Trump disse na sexta-feira, 7, que nenhum funcionário do governo dos EUA participará da cúpula do G20 este ano na África do Sul, citando o tratamento dado pelo país aos fazendeiros brancos.

Trump já havia anunciado que não participaria da cúpula anual para chefes de estado das principais economias emergentes do mundo. O vice-presidente JD Vance compareceria ao evento no lugar do presidente. Uma pessoa próxima de Vance, com acesso a sua agenda, e que teve sua identidade preservada, disse que ele não viajaria mais para a África do Sul para participar da cúpula

"É uma desgraça total que o G20 seja realizado na África do Sul", disse Trump em uma de suas redes sociais. Na postagem, Trump citou "abusos" aos africânderes (grupo étnico branco da África do Sul, a maioria descendente de holandeses, franceses e alemães que imigraram para o Cabo da Boa Esperança a partir do século 17), incluindo atos de violência e morte, bem como confisco de suas terras e fazendas.

A administração Trump há muito acusa o governo sul-africano de permitir que fazendeiros brancos da minoria africânder sejam perseguidos e atacados. Ao restringir o número de refugiados admitidos anualmente nos EUA para 7.500, o governo norte-americano apontou que a maioria seria de sul-africanos brancos, que enfrentavam discriminação e violência em casa.

O governo da África do Sul, em contrapartida, disse estar surpreso com as acusações de discriminação, já que as pessoas brancas no país geralmente têm um padrão de vida muito mais alto em comparação aos dos residentes negros, mais de três décadas depois do fim do apartheid em um governo de minoria branca.

O presidente do país, Cyril Ramaphosa, disse a Trump que as informações sobre a suposta discriminação e perseguição de africânderes são "completamente falsas".

A administração Trump, contudo, manteve suas críticas ao governo sul-africano. No início desta semana, durante um discurso sobre a economia do país em Miami, Trump afirmou que a África do Sul deveria ser expulsa do Grupo dos 20.

No início desta semana, o secretário de Estado Marco Rubio boicotou uma reunião do G20 para ministros das Relações Exteriores porque sua agenda estaria focada na diversidade, inclusão e esforços com relação às mudanças climáticas./Fonte: Associated Press

Veja momento em que avião cai e explode perto de aeroporto nos EUA

Ao menos nove pessoas morreram e 11 ficaram feridas, segundo governador do estado do Kentucky

Câmeras de segurança registraram o momento em que um avião de carga da UPS caiu e explodiu perto do aeroporto de Louisville, no Kentucky, no sudeste dos Estados Unidos, na terça-feira (4).
Em outro vídeo, publicado na mesma página e filmado por um funcionário, mostra a cena caótica imediatamente após o acidente.

Mais tarde, a loja publicou outro vídeo da câmera de segurança do portão principal, mostrando o céu tomado por fumaça escura e chamas que ainda ardiam mais de três horas após a queda.

Ao menos nove pessoas morreram e 11 ficaram feridas, disse o prefeito de Louisville, Craig Greenberg, à Sara Sidner, da CNN.

O número de vítimas é preliminar e ainda pode aumentar.

O Departamento de Polícia Metropolitana de Louisville e outras agências atenderam à ocorrência de queda de avião.

Três funcionários estavam a bordo da aeronave, segundo comunicado da UPS.

Um alerta para que todos permaneçam em casa foi emitido para locais num raio de 8 quilômetros do aeroporto logo após o acidente.

Fonte: Da Reuters/CNN

EUA decidem não enviar representantes para a COP30, diz Casa Branca

Os Estados Unidos não enviarão nenhuma autoridade de alto nível para a COP30, cúpula climática da ONU no Brasil, disse uma autoridade da Casa Branca à Reuters. O anúncio alivia a preocupação entre líderes mundiais de que Washington pudesse enviar uma equipe para atrapalhar as negociações.

O Brasil vai sediar uma cúpula de líderes de alto nível na próxima semana, antes do início das negociações climáticas da ONU com duração de duas semanas na cidade de Belém.

No início deste mês, os EUA ameaçaram usar restrições de vistos e sanções para retaliar as nações que votassem a favor de um plano apresentado pela agência de navegação das Nações Unidas, a Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), para reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes da navegação oceânica.

Essas táticas levaram a maioria dos países da IMO a votar pelo adiamento, por um ano, da decisão sobre a implementação de um preço global de carbono para o transporte marítimo internacional.

Segundo a autoridade da Casa Branca, o presidente Donald Trump já deixou claro o ponto de vista de seu governo em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas no mês passado, quando ele chamou a mudança climática de "o maior golpe do mundo" e repreendeu as nações por estabelecerem políticas climáticas que, segundo ele, "custaram fortunas a seus países".

"O presidente está se envolvendo diretamente com líderes de todo o mundo em questões energéticas, o que pode ser visto nos históricos acordos comerciais e acordos de paz que têm um foco significativo em parcerias energéticas", disse a autoridade da Casa Branca à Reuters em um email.

O governo Trump tem buscado acordos bilaterais de energia em suas negociações comerciais para impulsionar as exportações de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA com países como a Coreia do Sul e a União Europeia.

Nesta sexta-feira (31), o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, disse que há "espaço para um grande comércio de energia entre a China e os Estados Unidos", dada a necessidade de gás natural por parte dos chineses, enquanto os dois gigantes econômicos negociam sobre tarifas.

Trump anunciou em seu primeiro dia no cargo que os EUA iriam sair do Acordo de Paris, que já dura dez anos. A retirada entrará em vigor em janeiro de 2026, por isso o país ainda poderia participar da COP30. O Departamento de Estado tem analisado o envolvimento dos EUA em acordos ambientais multilaterais.

No início deste ano, os EUA também pressionaram os países que negociam um tratado global para reduzir a poluição plástica a não apoiar um acordo que estabeleceria limites para a produção de plástico.

A autoridade da Casa Branca disse à Reuters que "a maré está mudando" na priorização da mudança climática, apontando para um memorando nesta semana do bilionário e filantropo e investidor de longa data Bill Gates, para quem é hora de deixar de se concentrar no cumprimento das metas de temperatura global e que a mudança climática "não levará à extinção da humanidade".

Trump declara vitória contra 'farsa da mudança climática' após artigo de Bill Gates

               O bilionário investiu em empresas que trabalham com energia limpa

O presidente dos EUA, Donald Trump, se declarou vitorioso, nesta quarta-feira (29), sobre a "guerra contra a farsa da mudança climática", ao citar o fundador da Microsoft, Bill Gates, que escreveu recentemente um artigo em que faz ponderações sobre as temperaturas do planeta.

"Eu (NÓS!) acabamos de vencer a Guerra contra a Farsa da Mudança Climática. Bill Gates finalmente admitiu que estava completamente ERRADO sobre o assunto. Foi preciso coragem para fazer isso, e por isso todos nós somos gratos. MAGA!!!", publicou o presidente em sua rede Truth Social, citando o movimento "Make America Great Again" (Faça a América Grande Novamente).

No artigo intitulado "Three tough truths about climate" (Três duras verdes sobre o clima), Gates diz que as mudanças climáticas não extinguirão a humanidade, que as temperaturas do planeta não são o melhor caminho para medir o progresso em relação ao clima e, ainda, completou a tríade apontando saúde e prosperidade como as melhores armas contra essa realidade ambiental.

Ainda no texto publicado nesta terça-feira (28) e endereçado aos participantes da COP30, a conferência sobre clima da ONU (Organização das Nações Unidas), Gates buscou conter o alarmismo que, segundo ele, muitas pessoas usam para descrever os efeitos do aumento das temperaturas. Em vez disso, ele pediu o redirecionamento dos esforços para melhorar a vida nos países em desenvolvimento.

"Embora as mudanças climáticas tenham consequências graves —especialmente para as pessoas nos países mais pobres— elas não levarão à extinção da humanidade", escreveu. "As pessoas poderão viver e prosperar na maioria dos lugares da Terra no futuro próximo."

Na última década, Gates investiu grandes somas de sua fortuna pessoal promovendo políticas que reduzissem os gases de efeito estufa que estão aquecendo o planeta.

O bilionário investiu em empresas que trabalham com energia limpa e em iniciativas para ajudar comunidades pobres a se adaptarem à elevação do nível do mar, ao calor mais extremo, aos incêndios e à seca, além da intensificação de tempestades e inundações.

O memorando de Gates chega cerca de uma semana antes de líderes mundiais se reunirem em Belém, no Brasil, para a cúpula anual do clima das Nações Unidas, a COP30. Gates, que completou 70 anos recentemente e já participou do evento em anos anteriores, não comparecerá desta vez.

A COP30 acontece em Belém, de 10 a 21 de novembro, e o presidente Lula convidou, mais de uma vez, Trump para comparecer —mas até agora o republicano não deu sinais de que irá nem de que mandará representantes.

Em julho deste ano, o Departamento de Energia dos Estados Unidos divulgou um relatório no qual afirma que as projeções futuras de aquecimento global são exageradas, enquanto benefícios de níveis mais altos de dióxido de carbono, como fazendas mais produtivas, são ignorados.
Por Ítalo Leite/Folhapress

Aliados de Trump rejeitam Brasil como mediador de conflito na Venezuela

A proposta do Brasil foi feita pelo presidente Lula (PT) a Trump durante viagem à Malásia
Aliados do presidente Donald Trump rejeitam a ideia de ter o Brasil como mediador do conflito entre os Estados Unidos e a Venezuela. Esse grupo é formado por pessoas ligadas ao secretário de Estado, Marco Rubio, que tem defendido a abordagem belicosa em relação ao ditador Nicolás Maduro.

A proposta do Brasil foi feita pelo presidente Lula (PT) a Trump durante viagem à Malásia, no domingo (26). Dois interlocutores do Departamento de Estado disseram à Folha que a sugestão foi mal recebida porque a abordagem defendida pelos EUA agora não considera negociações diplomáticas. Pelo contrário, Washington manteve conversas com Caracas, até que, no mês passado, Trump mandou interrompê-las. Desde então, a tensão só escalou na América Latina.

Para um grupo no governo Trump, o Brasil não apenas não deve se meter em um assunto liderado pelos EUA, como também não é o interlocutor ideal com Maduro. Aliados de Rubio afirmam que o governo brasileiro tem uma abordagem mais simpática ao ditador, enquanto os EUA têm trabalhado no sentido de mudar o regime venezuelano, inclusive autorizando a CIA a realizar operações com essa finalidade.

Antes de iniciar o encontro com Lula, o americano expressou surpresa com a possibilidade de o assunto ser tratado na conversa. "Eu não acho que vamos discutir Venezuela. Eles [o Brasil] não estão envolvidos em Venezuela. Se eles quiserem, vamos discutir, mas não acho que vamos", disse Trump.

Lula, no entanto, já havia indicado ao americano que trataria do assunto. Em ligação telefônica de cerca de 30 minutos neste mês, o brasileiro mencionou o tema. Disse que defende uma saída diplomática para a questão da Venezuela e que esperava conversar mais com Trump a esse respeito, como a Folha mostrou.

Naquela ocasião, porém, Lula reconheceu que não conversa com Maduro desde a votação que deu ao ditador mais um mandato, sob amplas evidências de fraudes. O brasileiro argumentou que seu governo cobrou reiteradamente a apresentação das atas eleitorais —nunca fornecidas pelo regime.

Depois do encontro entre os líderes no domingo, o chanceler Mauro Vieira contou que Lula afirmou ao Trump que a América do Sul é uma região de paz e que o Brasil estaria disposto a atuar pra a promoção da paz e do entendimento entre as nações.

"[Lula] levantou o tema, disse que a América Latina e América do Sul, especificamente onde estamos, é uma região de paz e ele se prontificou a ser um contato, ser um interlocutor, como já foi no passado, com a Venezuela para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países", afirmou o ministro das Relações Exteriores.

Depois, o presidente confirmou ter tratado do tema. "Estou vendo que as coisas estão se agravando", disse Lula ao relatar sua conversa com Trump. "Acho possível encontrar uma solução se houver disposição de negociação, e o Brasil tem interesse que não haja guerra na América do Sul."

Nesta terça-feira (28), o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou que as Forças Armadas destruíram mais quatro embarcações no oceano Pacífico supostamente tripuladas por narcotraficantes. Os ataques ocorreram na segunda-feira (27) e mataram 14 pessoas, com uma sobrevivente, relatou Hegseth.

O secretário disse que os bombardeios —três, que atingiram quatro embarcações— foram realizados em águas internacionais. O anúncio da ofensiva, que teria sido a mais letal desde o início das operações, em setembro, eleva o total de ataques na região a 14, com 57 mortos.

A acusação de Trump e de seu governo é que Maduro é um líder de organização criminosa e narcoterrorista. A operação militar é forjada no argumento de impedir a entrada de drogas nos EUA.

Hegseth já comparou os supostos narcotraficantes a terroristas e disse que daria a eles tratamento parecido com o da Al Qaeda. Não há, contudo, evidências de que os alvos dos EUA são de fato ligados a traficantes, e a justificativa, frágil à luz do direito internacional, é criticada por governos da região, opositores americanos e especialistas. Por Julia Chaib/Folhapress

EUA e Japão assinam acordo para garantir fornecimento de terras raras, diz Casa Branca

Acordo foi firmado durante a visita de Trump a países da Ásia China tem controle sobre cadeia de suprimento crítica para diversos setores

São Paulo: O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, assinaram nesta segunda-feira (27, manhã de terça, 28, em Tóquio) um acordo-quadro para garantir o fornecimento de minerais críticos e terras raras por meio de mineração e processamento, informou a Casa Branca em um comunicado.

O acordo foi firmado durante a visita de Trump ao Japão, parte de sua viagem pela Ásia, enquanto os dois países buscam fortalecer suas cadeias de suprimento de terras raras, utilizadas em tudo, desde energia renovável até eletrônicos e automóveis.

Segundo o comunicado, EUA e Japão planejam cooperar por meio de ferramentas de política econômica e investimentos coordenados para acelerar o desenvolvimento de mercados diversificados e justos para minerais críticos e terras raras.

A China processa mais de 90% das terras raras do mundo e recentemente ampliou suas restrições de exportação, incluindo novos elementos em sua lista de controle e fiscalização mais rigorosa de produtores estrangeiros que dependem de matérias-primas chinesas.

Em contraste, os EUA têm apenas uma mina de terras raras em operação e estão correndo para garantir minerais vitais para veículos elétricos, sistemas de defesa e manufatura avançada. Trump planeja se reunir com o líder chinês Xi Jinping na quinta-feira (30).

No domingo (26), autoridades econômicas da China e dos EUA elaboraram a estrutura de um acordo comercial para que Trump e Xi finalizem.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que as negociações eliminaram a ameaça de tarifas de 100% impostas por Trump sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro. As autoridades chinesas foram mais cautelosas com relação às negociações e não forneceram detalhes.

Como parte do acordo, EUA e Japão concordaram em simplificar e desburocratizar os prazos e processos de licenciamento para minerais críticos e terras raras, além de tratar de políticas não comerciais e práticas comerciais injustas.

Os dois países também avaliarão um arranjo complementar de estoque estratégico e cooperarão com outros parceiros internacionais para garantir a segurança da cadeia de suprimentos, acrescentou a Casa Branca.

Conheça 8 minerais críticos
Nesta terça (28), Trump elogiou a primeira líder feminina do Japão, saudando seu compromisso de acelerar o fortalecimento militar e assinando acordos sobre comércio e terras raras.

Takaichi, por sua vez, aplaudiu os esforços de Trump para resolver conflitos globais, prometendo nomeá-lo para o Prêmio Nobel da Paz, segundo a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt.

Os dois governos divulgaram uma lista de projetos nas áreas de energia, inteligência artificial e minerais críticos nos quais empresas japonesas estão considerando investimentos de até US$ 400 bilhões.

Tóquio prometeu fornecer US$ 550 bilhões em investimentos estratégicos, empréstimos e garantias aos EUA no início deste ano como parte de um acordo para obter alívio das punitivas tarifas de importação de Trump.

Esses gestos podem amenizar exigências de Trump para que Tóquio gaste mais com sua segurança diante de uma China cada vez mais assertiva, apelos que Takaichi procurou antecipar ao prometer acelerar os planos para aumentar os gastos com defesa para 2% do PIB.

"Por tudo que sei de Shinzo e outros, você será uma das grandes primeiras-ministras", disse Trump a Takaichi enquanto se sentavam para discussões, acompanhados por suas delegações, no Palácio Akasaka em Tóquio. "Também gostaria de parabenizá-la por ser a primeira mulher primeira-ministra. É algo muito importante", acrescentou.
Com Reuters

Maiores poluidores se omitem, e principal relatório da ONU para COP30 acaba inconclusivo

O resultado foi que o órgão não foi capaz de calcular uma temperatura para a qual o mundo caminha

As discussões da COP30, a conferência sobre clima da ONU (Organização das Nações Unidas), vão começar sem ter clareza sobre quanto o mundo está chegando mais perto, ou mais longe, do ponto de colapso do aquecimento global.

Isso porque 134 dos 198 membros que integram a UNFCCC —o braço das Nações Unidas que cuida deste tema— não cumpriram com a obrigação de entregar, até o final de setembro, suas NDCs, as metas nacionais para redução de emissão dos gases que causam o efeito estufa.

O resultado foi que o órgão não foi capaz de calcular uma temperatura para a qual o mundo caminha, equação que mostraria o quão próximo a Terra está de atingir ou evitar o aquecimento de 1,5°C acima da era pré-industrial —limite estabelecido no Acordo de Paris, necessário, segundo cientistas, para evitar o colapso global.

Esse diagnóstico deveria constar no relatório-síntese das NDCs, publicado pela UNFCCC nesta terça-feira (28), mas que, diante da falta de informações fornecidas pela maioria dos países, não traz considerações sobre esse ponto.

O relatório analisou os dados apenas dos 64 países que submeteram suas metas climáticas dentro do prazo, um universo que compreende menos de um terço das emissões de gases-estufa do mundo.

"Não é possível desenhar conclusões amplas e de nível global ou inferências a partir desta base de dados limitada. Mesmo assim, este relatório destaca lições-chave sobre o progresso feito e os desafios adiante", admite o documento.

A situação ilustra uma situação mais ampla de incerteza quanto às ações de combate ao aquecimento global, postas em xeque diante da crise do multilateralismo, o que pode impactar os rumos da COP30.

Na última quarta-feira (22), o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação à era pré-industrial não será alcançada. "Ultrapassar o limite agora é inevitável", disse.

Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repetiu apelos para que os países entregassem suas NDCs, inclusive na Assembleia-Geral da ONU, e chegou a sugerir punições a quem não cumprisse suas obrigações climáticas.

A COP de Belém marca os dez anos do Acordo de Paris e, por isso, este relatório deveria ser um marco importante para saber em que ponto o planeta se encontra nesta trajetória e, a partir das conclusões, guiar as negociações da conferência.

Dada a omissão dos principais poluidores do mundo, porém, o documento fica fragilizado.
Entre os que não entregaram suas NDCs no prazo estão China, Índia e União Europeia, três das quatro nações que mais emitem gases de efeito estufa.

Já os Estados Unidos, o maior emissor de todos os tempos, entregaram suas metas ainda sob o governo de Joe Biden, mas a expectativa é que elas sejam ignoradas com a volta de Donald Trump à Casa Branca.

O atual presidente já anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris.

Diante deste cenário, a UNFCCC trabalhou também em estimativas paralelas ao relatório-síntese, que consideram, por exemplo, NDCs publicadas depois do prazo, promessas feitas pela União Europeia (que até agora, oficialmente ainda não terminou seu documento) ou então os objetivos que a China anunciou que cumprirá.

"Esse retrato mais amplo, mesmo que ainda incompleto, mostra que as emissões globais vão cair cerca de 10% até 2035", afirma o secretário-executivo do órgão, Simon Stiell.

A estimativa considera um rol de países que representam por volta de 2/3 das emissões globais.

O IPCC (painel científico da ONU), por sua vez, calcula que, para evitar que o mundo ultrapasse o aquecimento global de 1,5°C em comparação com os níveis anteriores à Revolução Industrial, essa redução teria que ser por volta de 60%.

De toda forma, a afirmação que a UNFCCC faz categoricamente é que, independentemente dos cenários, o mundo virou a curva das emissões, que agora começam a cair pela primeira vez.

O objetivo do órgão é publicar atualizações do relatório-síntese para embasar as discussões da COP30, que começa no próximo dia 10 em Belém.

A expectativa é que, até a cúpula de líderes (marcada para 6 e 7 de novembro, com chefes de Estado e de goveno, justamente para afinar as discussões da conferência principal), a maior parte dos países tenha entregado suas NDCs.

Se isso acontecer, a UNFCCC fará uma nova versão do relatório ainda no início da COP30 —mas não há garantia de que isso será possível.

"Ainda estamos na corrida, mas, para garantir um planeta habitável para os atuais oito bilhões de pessoas, temos que urgentemente acelerar o ritmo [das medidas de combate ao aquecimento global], na COP30 e em todos os anos subsequentes", completa Stiell.

O relatório-síntese desta terça compara apenas o escopo das 64 NDCs registradas com suas versões anteriores. Ele apresenta, nas palavras dele mesmo, "valiosos novos insights" sobre a situação.

Ele conclui, por exemplo, que se essas metas forem cumpridas, a redução das emissões seria de 17%, dentro deste universo.

Em termos de financiamento climático —tema que se tornou o calcanhar de aquiles das negociações—, este grupo de países calcula que o custo para atingir essas metas seria de mais de US$ 1,9 trilhão (mais de R$ 10 trilhões).

"Ainda, 41% das partes [dentro deste universo de 64 países] garantem que suas NDCs estão alinhadas com os objetivos a longo prazo do Acordo de Paris ou com os caminhos de mitigação para limitar o aquecimento global bem abaixo de 2°C ou 1,5°C", diz o relatório.

A avaliação do documento é que as NDCs estão ficando mais complexas e abarcando cada vez mais diversos setores e aspectos da economia, o que faz também com que, apesar da demora, elas sejam mais sólidas do que simples metas.

Segundo o relatório, 47% países apresentaram metas específicas para redução do uso de combustíveis fósseis na geração de energia —um dos principais entraves das discussões climáticas. Este escopo representa 9% da parcela total desta fonte na produção de eletricidade.
Por João Gabriel/Folhapress

Trump deseja feliz aniversário a Lula e adota cautela sobre possível acordo com Brasil

Lula completa 80 anos nesta segunda-feira (27). Trump, que fez 79 em junho, deu as declarações enquanto voava ao Japão, onde tem encontro com o imperador
Foto: Divulgação
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desejou feliz aniversário ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enquanto falava sobre a chance de ser feito um acordo pela redução das tarifas do Brasil.

O republicano não antecipou se será possível fazer um acerto, mas voltou a elogiar a reunião que teve com o petista na Malásia e o chamou de "vigoroso".

"Tivemos uma boa reunião. Vamos ver o que acontece. Não sei se alguma coisa vai acontecer, mas vamos ver. Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver —agora eles estão pagando acho que 50% de tarifa. Mas tivemos uma ótima reunião", disse Trump, durante entrevista a jornalistas a bordo do seu avião presidencial.

"E feliz aniversário. Quero desejar um feliz aniversário ao presidente, certo? Hoje é o aniversário dele. Ele é um cara muito vigoroso, na verdade, e foi muito impressionante, mas hoje é o aniversário dele, então feliz aniversário", completou o presidente americano.

Lula completa 80 anos nesta segunda-feira (27). Trump, que fez 79 em junho, deu as declarações enquanto voava ao Japão, onde tem encontro com o imperador.

Os dois líderes tiveram uma reunião de cerca de 45 minutos no domingo (26), à margem da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático).

Depois do encontro, a Casa Branca publicou uma foto de ambos com a legenda "é uma grande honra estar com o presidente do Brasil". A foto e o gesto são inflexões em relação ao tom agressivo usado pelos EUA ao mencionar o Brasil neste ano.

Lula contou que, no encontro, pediu que Trump pause as tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros, assim como suspenda as punições implementadas contra autoridades.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), recebeu uma sanção financeira pela Lei Magnistky, e outros magistrados e integrantes da corte perderam o visto ao país.

As medidas foram impostas sob a justificativa dos EUA de que o STF tomou decisões que censuram cidadãos americanos e porque avaliam haver uma perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em entrevista a jornalistas nesta segunda no horário da Malásia, Lula afirmou que está convencido de que nos próximos dias o Brasil terá uma solução em relação às tarifas impostas por Trump.

O petista disse ainda que o encontro serviu para esclarecer equívocos. "Ele garantiu que vai ter acordo", declarou, referindo-se a Trump.

O presidente também afirmou que Bolsonaro é passado na política brasileira.

"E eu ainda disse para ele: com três reuniões que você fizer comigo, você vai perceber que o Bolsonaro era nada, praticamente. Era porque eu não converso em tom pessoal, eu converso em tom político, de interesse do meu país", afirmou.

O brasileiro ainda adicionou "rei morto, rei posto".

"Eu disse pra ele que o julgamento foi um julgamento muito sério, com provas muito contundentes, nenhuma prova da oposição. A prova é tudo de relato das pessoas que estão sendo julgadas", declarou Lula aos jornalistas da imprensa brasileira e internacional.
Por Julia Chaib/Folhapressoto

Casa Branca e Embaixada do Brasil nos EUA postam foto de Lula e Trump juntos e elogio do americano ao encontro: 'é uma grande honra estar com o presidente do Brasil'

Líderes se reuniram neste domingo (26), durante Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).

A Casa Branca postou neste domingo (26), uma foto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprimentando o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois líderes se encontraram durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).

"É uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acho que conseguiremos fechar bons negócios para ambos os países. Sempre tivemos um bom relacionamento — e acho que continuará assim", disse o presidente, segundo publicação da Casa Branca em suas redes sociais.

A Embaixada dos EUA no Brasil também postou a mesma foto para anunciar o encontro dos presidentes. Há pouco mais de um mês, as postagens focavam em tolerância zero à imigração ilegal e republicações sobre falas de integrantes do governo americano ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes


Essa foi a primeira vez que os líderes se encontraram oficialmente para conversar sobre as tarifas impostas pelos EUA às exportações brasileiras. Antes disso, Trump e Lula chegaram a falar por telefone e se encontraram brevemente na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro.

Em entrevista a jornalistas após a reunião, o ministro das relações exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que o encontro foi positivo, e reiterou que Lula voltou a pedir a suspensão das tarifas durante o período de negociação.
"Trump declarou que dará instruções à sua equipe para começar um processo de negociação bilateral", afirmou.

A expectativa do governo brasileiro era de um encontro entre as equipes ainda na noite deste domingo, no horário da Malásia, segundo o chanceler Mauro Vieira. Houve, entretanto, uma conversa por telefone entre ele e Jamieson Greer, e o encontro ficou para a manhã de segunda-feira (27).

"Nós esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil", completou Vieira, reiterando que os representantes brasileiros devem pedir que as tarifas sejam suspensas durante o período de negociação.

Vieira também informou que os líderes estabeleceram a necessidade de uma visita recíproca.

"O presidente Trump quer ir ao Brasil e o presidente Lula aceitou também, disse que irá com prazer aos Estados Unidos no futuro", disse o chanceler.


Falas sobre Bolsonaro

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, afirmou que os presidentes não abordaram diretamente a questão do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a reunião.

"O que o presidente Lula usou como exemplo é a injustiça da aplicação da Lei Magnitsky contra algumas autoridades do STF [Supremo Tribunal Federal] e o quão injusta é a aplicação dessa lei sobre esses ministros porque repeitou-se o devido processo legal e não há nenhuma perseguição política ou jurídica", afirmou o secretário.

Durante entrevista a jornalistas mais cedo, feita antes da reunião, Trump disse que se sente mal pelo que Bolsonaro passou no Brasil.

"Eu sempre gostei dele. Eu me sinto muito mal sobre o que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele passou por muita coisa", afirmou o republicano.

Interlocução com a Venezuela

Segundo Vieira, o presidente Lula também teria abordado a situação entre os EUA e a Venezuela, tendo se prontificado a ser um contato de comunicação entre a Venezuela e os Estados Unidos.

"O presidente Lula disse que a América do Sul é uma região de paz e se prontificou a ser interlocutor, como foi no passado, com a Venezuela, para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países", disse o chanceler.

"[Lula também disse] que o Brasil estará sempre disposto a atuar como elemento da paz e do entendimento, o que sempre foi a tradição do Brasil e continuará sendo", completou.

Por Redação g1 — São Paulo

Navio de guerra dos EUA chega a Trinidad e Tobago em meio a tensão crescente com Venezuela

Donald Trump intensifica sua pressão sobre Nicolás Maduro no mesmo dia em que Lula se ofereceu para mediar conflito

Chegada do USS Gravely e de uma unidade de fuzileiros navais havia sido anunciada na quinta-feira (23) pelo governo do arquipélago vizinho à Venezuela Port of Spain (Trinidad e Tobago)

Um navio de guerra lança-mísseis americano chegou neste domingo (26) a Trinidad e Tobago, pequeno arquipélago situado em frente à Venezuela, em um momento em que Donald Trump intensifica sua pressão sobre Nicolás Maduro, constataram jornalistas da AFP na capital trinitina, Port of Spain.

O navio estava visível no domingo pela manhã diante do porto da cidade, que me linha reta fica a cerca de 570 km de Caracas. A chegada do USS Gravely, assim como de uma unidade de fuzileiros navais para exercícios com o Exército trinitino, havia sido anunciada na quinta-feira (23) pelo governo local.
Na sexta (24), o Pentágono anunciou o envio ao Caribe do USS Gerald R. Ford, o maior e mais poderoso porta-aviões do mundo, e de outras embarcações que o acompanham.

A chegada do navio de guerra USS Gravely ocorre no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) se encontrou com Donald Trump e se ofereceu para mediar a tensão entre Washington e a Venezuela.

Segundo o chanceler Mauro Vieira, Lula disse que a América do Sul é uma região de paz, e o Brasil estaria disposto a atuar pra a promoção da paz e do entendimento entre as nações.

Lula e Trump se encontraram na tarde deste domingo (26) em Kuala Lampur, na Malásia, onde participam da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, em português). O encontro conteceu por volta das 16h do horário local (5h de Brasília) e durou cerca de 50 minutos.

O tema principal da conversa foram as tarifas impostas pelo americano ao Brasil, mas outros assuntos também foram tratados.

https://www1.folha.uol.com.br/mundo

Brasil ganha mais como parceiro dos EUA que da China, diz secretário de Estado Marco Rubio

"Achamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil fazer dos Estados Unidos seu parceiro preferencial em comércio, em vez da China", afirmou neste sábado (25) o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

A declaração foi dada, segundo o governo americano, a jornalistas que viajavam em seu avião a caminho de Kuala Lampur, na Malásia, onde espera-se que aconteça neste domingo uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump. Os dois participam como convidados da cúpula da Asean (Associação dos Países do Sudeste Asiático, em português).

O secretário de Estado afirmou ainda que questões políticas podem estar ligadas no possível acordo com o Brasil.

"Obviamente, temos alguns problemas com o Brasil, particularmente com a forma como eles têm tratado alguns de seus juízes, com o setor digital nos Estados Unidos, com os indivíduos localizados nos Estados Unidos, por meio de postagens nas redes sociais. Teremos que resolver isso também", disse ele.

"Isso se tornou um problema em tudo isso. Mas o presidente vai explorar se há maneiras de resolver tudo isso, porque achamos que será benéfico fazê-lo. Vai levar algum tempo."

O encontro não aparece na agenda oficial do presidente brasileiro, mas espera-se que ocorra no final da tarde no horário local (começo da manhã deste domingo, 26, no Brasil) e que os presidentes discutam, sobretudo, as tarifas impostas ao Brasil pelos EUA.

A organização do encontro entre os presidentes brasileiro e americano envolveu a ação de empresários e diplomatas, e foi marcada pelo temor do governo brasileiro de que o local onde ocorresse a reunião poderia influenciar o comportamento do líder dos Estados Unidos.

Enquanto Lula irá mirar na redução das taxas e nas medidas impostas a autoridade brasileiras, como a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Trump deve focar no acesso ao mercado de etanol no Brasil e na regulamentação das big techs.

Em conversa com jornalistas antes de embarcar, o presidente Trump afirmou que poderia baixar as tarifas impostas ao Brasil "sob as circunstâncias certas". Já Lula disse que não há exigências feitas por nenhum dos lados.

"Eu trabalho com otimismo para que a gente possa encontrar uma solução. Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda".

Desde o breve encontro entre os líderes na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, o governo brasileiro age para fazer a conversa entre os dois acontecer.

O primeiro contato ocorreu por teleconferência no início de outubro, quando o brasileiro pediu a retirada do tarifaço. Foi durante essa conversa que os líderes concordaram em ter o encontro durante a cúpula dos países asiáticos.

Semanas antes do encontro, o empresário Joesley Batista, um dos donos da gigante de carnes JBS, foi recebido em audiência por Trump, quando discutiu o tarifaço que afeta os produtos brasileiros e o setor em que a empresa atua. Na ocasião, Joesley afirmou que as diferenças comerciais entre os países poderiam ser resolvidas por diálogo entre os governos, o que sugeriu aproximação.

A ação de representantes da Embraer, empresa da qual o governo é acionista, também auxiliou na construção do encontro.

O gesto de Trump não apenas na breve conversa na entrada da Assembleia Geral da ONU, mas ao dizer que houve "química" entre ele e Lula, sugeriu que o americano seguiu os conselhos.

Dias após o encontro em Nova York, o vice-presidente Geraldo Alckmin teve uma conversa com Howard Lutnick, secretário do Comércio, onde discutiram as tarifas.

Desde então, ministros e diplomatas têm articulado o encontro que deve acontecer neste domingo. A negociação da conversa presencial foi marcada pelo temor do governo brasileiro de que Trump seria uma figura imprevisível, e que uma visita de Estado a Washington para discutir o problema poderia colocar Lula em uma situação inadequada.

O medo era de que o americano fizesse uma espécie de emboscada para o brasileiro, a exemplo do que fez com outros líderes europeus na Casa Branca. Por isso, o esforço foi feito no sentido de que a reunião ocorresse em um terceiro país.

A ida de Lula para a cúpula do sudeste asiático acompanhado de cerca de 100 empresários também tem como mote a busca por mais mercados para o Brasil a fim de diminuir a dependência do mercado americano.

Este é o segundo país que Lula visita nesta viagem à Ásia. Na primeira parada, em Jacarta, na Indonésia, o presidente brasileiro afirmou que a taxação é o assunto principal, mas que não haverá tema vetado, e que muitas questões podem ser colocadas na mesa.

"Podemos discutir de Gaza, à Ucrânia, à Rússia, à Venezuela, a materiais críticos, a minerais, a terras raras. Podemos discutir qualquer assunto", disse o presidente em conversa com jornalistas em Jacarta.

É possível que o presidente brasileiro também fale com o americano sobre uma possível incursão militar dos EUA na Venezuela, o que o governo afirma que pode causar desestabilização na América do Sul, além de ter efeito contrário, com fortalecimento do crime organizado.

O governo brasileiro não espera que a reunião traga resultados imediatos, visto que as conversas oficiais entre os negociadores começaram apenas nas últimas semanas. Veem como chance de que seja um empurrão para que os negociadores cheguem a um cenário positivo para o Brasil.
Por Victoria Damasceno/Folhapress

Trump deixa em aberto possibilidade de que Bolsonaro seja tema de reunião com Lula

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou em aberta a possibilidade de que as penas contra o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sejam tema da reunião bilateral com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde deste domingo (26) no horário local.

Questionado se essa era uma das condições para as negociações com o governo brasileiro, o americano disse que isso não era da conta dos jornalistas. "Eu gosto de Bolsonaro. Ele é um bom sujeito. Nós ficamos incomodados com as penas contra ele", afirmou Trump em conversa com jornalistas americanos e brasileiros.

O americano também disse que é possível que exista redução de tarifas ainda hoje, uma vez que seu governo trabalha "muito rapidamente".

As falas ocorreram em frente ao presidente Lula, que esperava para começar a reunião. O chanceler Mauro Vieira, também estava presente.

O brasileiro disse que tinha uma pauta infinita de temas para tratar com ele, e levou os tópicos impressos em papeis que também entregaria ao americano.

É esperado que eles conversem sobre outros temas, como a regulamentação das big techs, que é de interesse do governo dos EUA, e as sanções impostas a autoridades brasileiras, que Lula disse que estaria em sua agenda

A expectativa é que o presidente brasileiro mire principalmente na guerra comercial, enquanto sua contraparte deve ter como alvo o acesso ao mercado de etanol do Brasil e a regulamentação das big techs.

O encontro ocorre na tarde deste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, onde participam como convidados da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, em português).

Embora o encontro estivesse acertado há dias, a reunião permaneceu fora da agenda oficial da presidência para evitar que, caso ocorresse algum imprevisto, o governo brasileiro ficasse em posição sensível.

A apreensão foi semelhante à vivida pelo governo durante a organização da reunião. A preferência para que fosse em um país terceiro se deu devido ao temor de que Trump seria uma figura imprevisível, e que uma visita a Washington para discutir o problema poderia colocar Lula em uma situação inadequada.

O medo era de que o americano fizesse uma espécie de emboscada para o brasileiro, a exemplo do que fez com outros líderes europeus na Casa Branca.

O encontro também foi precedido por apreensão do governo devido a falas de Lula em seu giro pela Ásia. Quando passou por Jacarta, na Indonésia, o presidente tocou em temas sensíveis para os americanos, como a Venezuela, e criticou o protecionismo do país sem citar Trump nominalmente.

Em conversa com jornalistas, Lula disse que traficantes são "vítimas" de usuários de drogas, referindo-se aos ataques dos EUA a embarcações da Venezuela.

Em conversa com jornalistas logo após decolar, Trump afirmou que poderia diminuir as tarifas do Brasil "sob circunstâncias certas". Já Marco Rubio, ao falar com a imprensa a bordo do Air Force One após a saída do Catar, disse que é melhor para o Brasil, a longo prazo, que o país seja parceiro comercial dos EUA, e não da China.

O secretário de Estado afirmou ainda que questões políticas podem estar ligadas ao possível acordo com o Brasil.

"Obviamente, temos alguns problemas com o Brasil, particularmente com a forma como eles têm tratado alguns de seus juízes, com o setor digital nos Estados Unidos, com os indivíduos localizados nos Estados Unidos, por meio de postagens nas redes sociais. Teremos que resolver isso também", disse ele.

"Isso se tornou um problema em tudo isso. Mas o presidente vai explorar se há maneiras de resolver tudo isso, porque achamos que será benéfico fazê-lo. Vai levar algum tempo".
Por Victoria Damasceno/Folhapress

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