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Trump faz ultimato e exige trégua de Putin na Ucrânia em 50 dias sob ameaça de novas sanções


Cinco meses após promover uma reversão na política americana para a Guerra da Ucrânia e aproximar-se de Vladimir Putin, Donald Trump anunciou nesta segunda (14) um ultimato ao presidente russo: ou ele acerta uma trégua com Kiev em até 50 dias, ou Moscou será alvo de novas e duras sanções econômicas, que poderão atingir até o Brasil.

Além disso, Trump confirmou a retomada do envio de sistemas de defesa aérea para os ucranianos, dizendo que a conta será paga pela Otan. O secretário-geral da aliança militar ocidental, o holandês Mark Rutte, estava a seu lado na Casa Branca durante o anúncio.

Com isso, americano dá um basta a Putin, que vinha exasperando Trump devido à sua resistência em aderir a um cessar-fogo imediato no conflito iniciado pelo Kremlin em 2022. Ele já conversou cinco vezes diretamente com o russo sobre o conflito desde que assumiu. “Nos falamos bastante”, disse.

O republicano falou em “tarifas severas”, especificando que seriam “secundárias”. Ou seja, atingiriam aqueles que fazem negócios com os russos. Ele não citou o Brasil, com quem está aberta guerra tarifária, mas o país é grande comprador de óleo diesel de Putin, por exemplo.

“Tarifas secundárias são muito poderosas. Espero que dê certo”, disse Trump, citando taxas de até 100% —menos que os 500% propostos em um projeto que tramita no Congresso americano.

A Rússia está sob sanções ocidentais desde a invasão do vizinho, e no comércio bilateral com os EUA há pouco que Trump possa fazer na prática —o volume foi reduzido a residuais US$ 3 bilhões em 2024.

Mas o impacto sobre empresas e bancos que lidam com os russos é potencialmente enorme. Além do Brasil, China e Índia são grandes clientes de hidrocarbonetos de Moscou. Em comum, todos os países são do Brics, bloco que virou alvo de críticas e ameaças de tarifas de Trump durante sua cúpula no Rio, na semana passada.

Trump havia tocado música até aqui para os russos, basicamente comprando a versão de Moscou da origem do conflito: o risco de a Ucrânia ser absorvida pela aliança militar ocidental, a Otan, que desde o fim da Guerra Fria se expande rumo às fronteiras do país de Putin.

Além disso, por uma rixa pessoal com Volodimir Zelenski, protagonizou diversos embates com o presidente ucraniano, o mais sério deles o bate-boca entre os líderes em pleno Salão Oval, em fevereiro. Em dois momentos, suspendeu o envio de armas ora retomado a Kiev, de todo modo compromissos anteriores a seu governo.

Ao mesmo tempo, aos poucos Trump percebeu que Putin fazia uso de sua boa vontade, expandindo suas operações terrestres a novos territórios na Ucrânia e incrementando a campanha aérea contra Kiev —que também aumentou seus ataques com drones, levando à maior intensidade de todo o conflito.

“Ele fala bem e depois bombardeia todo mundo à noite”, queixou-se Trump de Putin no domingo (13), emulando falas anteriores nas quais se disse decepcionado com o líder russo, a quem acusou de o estar enrolando. “Isso tem de parar”, disse, ao lado de Rutte nesta segunda.

Instado por repórteres, ele se recusou a chamar Putin de “assassino”. “Ele é muito durão, enganou muita gente”, disse.

Não foram divulgados números da ajuda. A Ucrânia tem estimados seis sistemas Patriot, cada um com seis lançadores capazes de lançar quatro mísseis individualmente. A Alemanha já se dispôs a pagar por ao menos três novos.

Até aqui, Trump não aprovou gastos novos com Kiev. O que vinha sendo enviado em armas vem de um pacote final do antecessor democrata Joe Biden, que aprovou R$ 174 bilhões a Kiev no ocaso de seu governo.

Segundo o Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha), os EUA são os maiores doadores militares da Ucrânia, com R$ 416 bilhões em armas até abril. Em termos de ajuda total, incluindo financeira, Washington deu 42% dos R$ 1,7 trilhão enviados por aliados a Zelenski.

A Rússia temia que Trump fosse anunciar o envio de armas ofensivas, como mísseis de longa distância capazes de colocar bases de Putin sob risco —hoje, Kiev as alveja com drones, com maior ou menor sucesso. Isso não se concretizou até aqui.

No governo russo, sempre houve a desconfiança de que Trump apenas quer um troféu vazio de pacificador, e a reaproximação do americano com seus aliados da Otan elevou esse temor. A presença do belicoso Rutte no anúncio desta segunda confirmou as suspeitas.

Rutte trabalhou para atrair Trump, um crítico da Otan que exigia mais gasto militar dos 30 colegas europeus e do Canadá. O holandês entregou uma nova meta de despesa, subindo de 2% para 5% do PIB de cada país com defesa, em dez anos.

Além disso, encenou uma genuflexão coreografada quando Trump foi à cúpula da entidade, há duas semanas. Disse que que a meta de 5%, na verdade 3,5% com armas e 1,5% com infraestrutura correlata, era uma vitória do americano, a quem chamou de “papai”.

No Kremlin, a linha oficial antes do anúncio foi de frieza ante um fato consumado, mas segundo pessoas próximas do centro do poder em Moscou não há uma certeza líquida de rompimento.

“Agora parece que os suprimentos serão pagos pela Europa, alguns serão pagos, outros não”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. “O fato é que o suprimento de armas, munição e equipamento militar dos Estados Unidos continuou e continua para a Ucrânia”, disse.

Peskov afirmou que ainda espera uma resposta de Kiev para a realização da terceira rodada de conversas diretas entre russos e ucranianos. As anteriores, promovidas a partir de pressão de Trump, resultaram em troca de prisioneiros e entrega de propostas para a paz por escrito —que nenhum dos lados aceitou.

Igor Gielow/Folhapress

Irlanda começa a tentar identificar quase 800 corpos de bebês em cova coletiva gerida pela Igreja Católica


A investigação sobre os lares católicos para mães começou na década de 2010, após o surgimento de indícios da existência de uma sepultura coletiva em Tuam. Agora, começou a escavação no local com especialistas forenses.

Uma equipe de arqueólogos forenses do mundo todo faz parte de uma operação para tentar identificar os restos mortais de cerca de 800 bebês encontrados em um lar para mães solteiras administrado pela Igreja Católica.

A escavação no antigo Lar de Mães e Bebês da ordem de Bon Secours, em Tuam, no Condado de Galway, no oeste da Irlanda, começou na última segunda-feira (7). Entenda o caso.

A ação faz parte de um processo de reparação em um país predominantemente católico, com histórico de abusos cometidos em instituições administradas pela Igreja.

“É uma história e uma situação muito, muito difícil e angustiante. Temos que esperar para ver o que acontecerá agora como resultado da escavação”, disse o primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin.

Daniel MacSweeney, responsável pela exumação dos restos mortais dos bebês em Tuam, afirmou que sobreviventes e familiares poderão acompanhar os trabalhos nas próximas semanas.

“Esta é uma escavação única e incrivelmente complexa”, afirmou ele em comunicado, acrescentando que o jardim memorial no local estará sob controle forense e fechado ao público.

MacSweeney disse ainda que o processo da escavação é muito complexo, devido ao fato de os restos estarem misturados, o que torna difícil separar meninos de meninas tão jovens.

Outros desafios são o estado do DNA dos restos mortais e a falta de documentação arquivada.

Especialistas forenses irão analisar e preservar os restos mortais recuperados. Os profissionais irlandeses contarão com a ajuda de profissionais de países como Colômbia, Espanha, Reino Unido, Canadá, Austrália e Estados Unidos.

Aqueles restos que forem identificados serão devolvidos às respectivas famílias, conforme seus desejos. Os que não puderem ser identificados serão sepultados com dignidade e respeito, segundo as autoridades irlandesas.  
A previsão é que as escavações durem dois anos.

Entenda o caso

A investigação sobre os lares católicos para mães começou na década de 2010, após o surgimento de indícios da existência de uma cova coletiva em Tuam.

Em 2014, a historiadora Catherine Corless rastreou certidões de óbito de quase 800 crianças que morreram na casa entre as décadas de 1920 e 1960 — mas conseguiu localizar apenas um registro de sepultamento.

O lar, operado por uma ordem de freiras católicas e fechado em 1961, foi uma entre muitas instituições que abrigaram dezenas de milhares de órfãos e mulheres solteiras grávidas.

Muitas dessas mães foram forçadas a renunciar a seus filhos durante grande parte do século 20.

Mais tarde, investigadores encontraram uma vala comum contendo os restos mortais de bebês e crianças pequenas em uma antiga estrutura de esgoto subterrânea, no terreno da instituição.

Os recém-nascidos teriam sido enterrados de maneira secreta pelas freiras.

Uma análise de DNA revelou que as idades das vítimas variavam de 35 semanas de gestação a 3 anos.

Uma investigação de grande escala sobre os lares de mães e bebês concluiu, em 2021, que cerca de 9 mil crianças morreram em 18 dessas instituições.

Esses lares serviram por décadas para esconder jovens grávidas da sociedade, em um dos capítulos mais sombrios da história da Igreja Católica.

As principais causas de morte apontadas foram infecções respiratórias e gastroenterite — erroneamente conhecida como “gripe estomacal”.

As freiras que administravam o lar de Tuam ofereceram um “profundo pedido de desculpas” e reconheceram que falharam em “proteger a dignidade inerente” das mulheres e crianças ali abrigadas.
A previsão é que as escavações durem dois anos.

Governo Trump aprova plano de taxa extra de US$ 250 para vistos de turista


O governo Donald Trump aprovou um plano para que seja cobrada de cidadãos que precisam de visto para entrar nos Estados Unidos, como os brasileiros, uma taxa adicional de US$ 250 (R$ 1.390) na emissão de vistos de turismo, estudo ou trabalho, entre outros.

Hoje, o visto custa US$ 185 (R$ 1.080), valor que será somado à nova taxa nos casos em que a permissão para viajar for aprovada. A cobrança extra deve começar a valer em 2026 e estava indicada no “big, beautiful bill” (grande e bonito projeto de lei), o pacote fiscal e orçamentário proposto pelo presidente e aprovado no último dia 3.

A tarifa, chamada de visa integrity fee (taxa de integridade de visto), ainda não consta no site do governo dedicado à emissão do documento, e não há muitos detalhes de como ela vai funcionar.

Além da tarifa de integridade de visto, o viajante terá de pagar US$ 24 (R$ 133) para preencher o formulário I-95, que registra a entrada nos EUA. Dessa forma, a emissão do visto americano saltará para um total de US$ 459 (R$ 2.552).

A taxa de US$ 250 estará sujeita a reajustes de acordo com a inflação e a alterações pela secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem —ainda não se sabe que alterações seriam essas.

A tarifa adicional será cobrada no momento em que o documento estiver sendo emitido, ou seja, não precisará ser quitada caso o visto seja negado.

A lei, que foi sancionada por Trump na sexta-feira retrasada (4), prevê que a nova taxa possa ser reembolsada em determinadas situações. Ainda assim, o texto é vago sobre como esse processo funcionaria, e indica que o reembolso só ocorreria quando o visto vencer —no caso da permissão de dez anos para turistas, um viajante poderia ter que esperar uma década para receber o dinheiro de volta.

O reembolso pode ser concedido em três condições. Se, após o visto expirar, o viajante demonstrar que não buscou voltar aos EUA com a permissão vencida; se o estrangeiro cumpriu todas as condições e regras dentro dos EUA de acordo com o visto emitido e deixou o país quando deveria; e se o viajante tiver solicitado a extensão, mudança ou ajuste do visto dentro de seu período de validade.

Ainda não está claro de que forma a nova taxa será cobrada ou se passará por alterações ou novas regulamentações até que comece a valer em 2026. Especialistas em turismo criticaram a medida, dizendo que ela dificulta a entrada de visitantes justamente no ano em que os EUA devem receber a Copa do Mundo.

Folhapress

Guerra da Ucrânia piora após volta de Trump à Casa Branca


A intensidade da Guerra da Ucrânia piorou após a volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, apesar da promessa farsesca do americano de que acabaria com o conflito em 24 horas.

Análise da principal base de dados de conflitos do mundo, organizada pela ONG americana Acled (Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos) a partir de informações públicas, mostra que a aceleração é puxada principalmente pelos ataques aéreos com drones e mísseis.

Se na primeira semana da invasão russa, a partir de 24 de fevereiro de 2022, houve 62 ataques, o número saltou 15 vezes no começo do mês passado. Foram 920 incidentes contados pelo Acled, 595 deles na Ucrânia, e o restante, contra território russo.

A chegada de Trump, que assumiu em 20 de janeiro, foi decisiva. Nas 151 semanas da guerra até a posse, o Acled só contou mais de 1.500 episódios violentos, que incluem também explosões improvisadas e outras ocorrências, em cinco delas.

Nas 22 semanas a partir da volta do republicano, apenas uma ficou abaixo dessa marca. Na primeira semana de junho, foi registrado o recorde de 1.900 incidentes, mas a base só vai até a semana do dia 20 daquele mês.

O aumento da atividade é dos dois lados, com um incremento nos ataques aéreos das forças de Volodimir Zelenski com drones e artilharia. Além disso, os ucranianos passaram oito meses ocupando um pedaço de Kursk, no sul russo, até serem expulsos em abril.

Tudo decorre do posicionamento de Trump de, ironicamente, tentar resolver o conflito. Tanto Moscou quanto Kiev buscam melhorar sua posição militar em caso de alguma acomodação.

Ele havia dito pela primeira vez que encerraria a guerra em um dia em 4 de março de 2023, num evento de conservadores americanos. Repetiu a bravata durante toda a campanha em que derrotou Kamala Harris, a vice de Joe Biden, que desistiu de tentar a reeleição. Só admitiu “ter sido um pouco sarcástico” na fala em março deste ano.

Logo depois de assumir, deu uma guinada radical na posição do antecessor, retirando o apoio incondicional a Kiev e ligando para Vladimir Putin no dia 12 de fevereiro para abrir negociações diretas. Uma semana depois, os chefes da diplomacia de Washington e Moscou davam as mãos na Arábia Saudita.

Só que Putin, desconfiado das intenções de Trump, não cedeu e aproveitou o tempo ganho para ampliar sua ofensiva na Ucrânia, tomando de vez a região de Lugansk e avançando em locais que nem fazem parte de seu cardápio oficial de demandas, como Sumi (norte) e Dnipropetrovsk (centro-sul).

Enquanto isso, Trump se estranhou publicamente com o presidente Volodimir Zelenski, no famoso bate-boca no Salão Oval, e protagonizou um vaivém na relação com o ucraniano. Ao mesmo tempo, alternou ligações com Putin a críticas ao chefe do Kremlin, que abriu recalcitrantes conversas diretas com os ucranianos.

No mais recente capítulo, após suspender o envio de armas de defesa aérea a Kiev e ver Putin fazer os maiores ataques do conflito, o americano se disse decepcionado com o russo e promete uma “declaração importante” que Moscou antevê como ultimato na próxima segunda-feira (14).

Isso veio após Putin ordenar a maior ação com drones e mísseis, com 740 deles lançados principalmente contra Kiev na última quarta-feira (9). Na madrugada deste sábado foi realizado o segundo maior ataque, com 623 armamentos lançados, 26 deles mísseis. Duas pessoas morreram, segundo autoridades ucranianas.

As ações cristalizam a mudança de caráter do conflito, que era dominado por batalhas e bombardeios com artilharia nos seus dois primeiros anos. Até maio de 2024, sempre havia mais esse tipo de ação do que ataques aéreos, mas a contabilidade foi alterada. Na primeira semana de junho, enquanto os 920 drones e mísseis atingiam alvos, houve 590 embates armados e 384 bombardeios com artilharia.

É importante destacar a metodologia do Acled, que conta ações na Ucrânia também ataques ocorridos nos 20% do país que estão ocupados por Putin. Assim, mísseis e drones ucranianos contra posições nessas regiões também entram na listagem.

Com efeito, a linha de frente em Donetsk (leste), que está cerca de 60% tomada pelos russos, é o ponto focal da violência da guerra, concentrando até o fim de junho quase 70 mil incidentes —o triplo da vizinha Kharkiv, segunda colocada.

Já as ações na Rússia são de autoria ucraniana, como ataques com drones e a invasão de Kursk, com a exceção de incidentes listados como batalhas, como o motim dos mercenários do Grupo Wagner em 2023 ou eventuais ataques a postos de recrutamento militar.

O recorte arbitrário feito aqui exclui estimativas de mortos porque o Acled usa os dados da ONU, que os próprios organizadores consideram subestimados, de vítimas civis —pouco mais de 13 mil, oficialmente, e Moscou conta 6.800 mortos em Kursk..

As mortes militares, que caracterizam a guerra como a pior em solo europeu desde 1945, são um segredo em ambos os lados. Estimativas variadas colocam as perdas da Ucrânia em mais de 100 mil soldados e a dos russos, em 250 mil.

Igor Gielow/Folhapress

Líderes europeus reagem à tarifa de 30% dos EUA e reafirmam busca por acordo justo


Líderes europeus se manifestaram neste sábado, 12, sobre a ameaça tarifária dos Estados Unidos sobre importações da União Europeia (UE), expressando apoio na busca por um acordo comercial. Mais cedo, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que pretende impor tarifa de 30% para resolver “déficits comerciais de longo prazo”.

O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, disse no X que “a abertura econômica e o comércio criam prosperidade. Tarifas injustificadas a destroem”. Ele também afirmou que o país apoia a Comissão Europeia nas negociações para alcançar um acordo antes de 1º de agosto. “Unidos, os europeus constituem o maior bloco comercial do mundo. Usemos essa força para alcançar um acordo justo”, destacou.

Por sua vez, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Dick Schoof, expressou apoio à Comissão Europeia na busca por um resultado mutuamente benéfico. “O anúncio dos EUA de tarifas de 30% sobre produtos importados da União Europeia é preocupante e não é o caminho a seguir”, disse.

Já o governo italiano informou em nota que segue monitorando as negociações, apoiando a Comissão. “Confiamos na boa vontade de todas as partes interessadas para chegar a um acordo justo que possa fortalecer o Ocidente como um todo, dado que – particularmente no cenário atual – não faria sentido desencadear uma guerra comercial entre os dois lados do Atlântico”, disse.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou que a União Europeia vai seguir negociando com os Estados Unidos para um acordo comercial. “Continuamos prontos para continuar trabalhando em direção a um acordo até 1º de agosto. Ao mesmo tempo, tomaremos todas as medidas necessárias para salvaguardar os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário”, afirmou em nota.

Ana Ritti/Estadão Conteúdo

Em caso raro, mulher de 45 anos rompe aorta após orgasmo; entenda a condição

Paciente chegou à emergência com queixas de dores toráxicas. Segundo os médicos que atenderam o caso, o histórico médico incluía hipertensão, não tratada há um ano, e tabagismo há 17 anos.

Uma mulher de 45 anos rompeu a aorta enquanto tinha relações sexuais com seu marido. O caso foi relatado da revista científica "American Journal of Case Reports".

De acordo com o relato do médico na publicação, a mulher chegou à emergência com queixas de dores toráxicas após o sexo. Ela contou que estava com as pernas apoiadas no peito enquanto transava com o marido e, ao atingir o orgasmo, sentiu um estalo, seguido de uma dor que irradiava para as costas.

"A dor era intensa e se assemelhava a facadas, associada à falta de ar e náuseas", detalha o relato.

Segundo os médicos que atenderam o caso, a paciente tinha hipertensão não tratada há um ano e tabagismo há 17 anos. Para entender o que aconteceu, ela passou por exames de imagem que indicaram hematoma intramural na aorta.

O hematoma intramural na aorta é uma condição grave que envolve o sangramento na parede da aorta. O quadro é considerado uma Síndrome Aórtica Aguda (SAA) e, se não tratado adequadamente, pode evoluir para aneurisma ou ruptura aórtica total, com risco de vida ao paciente.

A síndrome tem alta taxa de mortalidade, aumentando cerca de 1% a cada hora sem tratamento. Estima-se que até 22% dos casos não sejam diagnosticados até o momento da morte.

Os médicos explicam que a atividade sexual é considerada um esforço físico moderado, mas que pode alcançar níveis de exercício quase máximos. No entanto, ainda assim, a associação da atividade com aumento do risco de SAA e morte súbita é rara.

"Nosso caso é incomum por ser uma mulher, em relação sexual consensual com o marido, mas com fatores de risco como hipertensão não tratada e tabagismo crônico", avaliam os médicos.
O tratamento para a condição pode ser cirúrgico ou clínico, a depender da localização da lesão.

No caso relatado, a paciente foi medicada e também encaminhada para uma cirurgia cardiotorácica. A mulher teve alta após três dias.

Rússia lança 597 drones e 26 mísseis contra a Ucrânia, diz Zelensky

Ofensiva aconteceu na noite deste sábado (12)
                                               
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, informou que a Rússia lançou 597 drones e 26 mísseis em um ataque noturno ao país neste sábado (12).

Em postagem no Telegram, Zelensky detalhou o ataque e informou o impressionante número de 597 drones e 26 mísseis na ofensiva. Ao menos 20 pessoas ficaram feridas.

Unidades de defesa aérea ucranianas abateram 25 mísseis e 319 drones Shahed e bloquearam outros 258 drones com guerra eletrônica, informou a força aérea.

"O ritmo dos ataques aéreos da Rússia exige decisões rápidas e pode ser contido agora por sanções", disse Zelensky fazendo um novo apelo por sanções severas à Rússia e mais defesa aérea para a Ucrânia.

"Esta guerra só pode ser interrompida pela força. Esperamos não apenas sinais de nossos parceiros, mas ações que salvem vidas", completou.

O ataque é o mais recente de uma série de ataques aéreos massivos nas últimas semanas. A Rússia intensificou significativamente suas ofensivas com drones e mísseis contra a Ucrânia desde junho. CNN


Trump diz que Brasil ‘não tem sido bom’ para EUA e que anunciará mais taxas contra o país até amanhã

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o país “não tem sido bom” para os americanos e que deve anunciar novas tarifas até esta quinta-feira (9).

“O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom”, afirmou Trump. “Vamos divulgar um dado sobre o Brasil, acredito, no final desta tarde ou amanhã de manhã”.

O Brasil hoje paga 10% de tarifas sobre produtos importados implementada pelo presidente americano em 2 de abril.

Na terça (8), Trump reforçou a ameaça de cobrar mais tarifas de importação de países que compõem os Brics. O grupo, afirmou Trump, tem a intenção de “destruir o dólar”, o que justificaria a imposição de sobretaxas de 10% além das que já foram estabelecidas.

“O Brics foi criado para desvalorizar nosso dólar. Qualquer um que esteja no Brics receberá uma cobrança de 10 %”, disse ao responder a jornalistas durante reunião do seu gabinete na Casa Branca.

“O dólar é rei. Vamos mantê-lo assim. Se as pessoas quiserem desafiá-lo, podem. Mas terão que pagar um alto preço. Não acho que nenhum deles vai pagar esse preço”, afirmou o presidente. Segundo ele, a cobrança começaria “logo”. O governo estipulou o dia 1º de agosto como data para novas tarifas entrarem em vigor.

Inicialmente o grupo era formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas foi ampliado recentemente para 11 países e representa quase metade da população mundial e cerca de 40% do PIB.

Julia Chaib/Folhapress

Técnico da seleção, Carlo Ancelotti é condenado a um ano de detenção por fraude fiscal na Espanha

Um tribunal espanhol condenou nesta quarta-feira (9) o técnico da seleção brasileira, Carlo Ancelotti, a um ano de prisão e a uma multa de 386 mil euros (cerca de R$ 2,5 milhões) por não pagar impostos sobre receitas de direitos de imagem durante sua primeira passagem pelo comando do Real Madrid.

Segundo comunicado da corte de Madri, a decisão refere-se 2014. Por ser inferior a dois anos e relacionada a um crime não violento, a sentença não deve obrigar Ancelotti a cumprir a pena dentro da prisão.

O italiano ainda foi absolvido de uma acusação semelhante relativa a 2015, já que o tribunal não conseguiu provar que ele havia permanecido tempo suficiente na Espanha para incorrer em obrigações fiscais, de acordo com o órgão. Ele se mudou para Londres depois que o Real Madrid o demitiu em maio de 2015.

“Naquele momento todos os jogadores e treinadores tinham, me parecia uma coisa correta”, disse Ancelotti, que acrescentou que teria partido do Real Madrid a proposta de receber 15% do valor acordado —6 milhões de euros (R$ 38 milhões) líquidos por quatro anos de contrato— em direitos de imagem.

“Quando o Madrid me sugere isso, eu coloco o Real Madrid em contato com meu assessor inglês. Nunca entro nisso porque nunca tinha recebido assim”, afirmou o então treinador do clube merengue, que ainda não se pronunciou após a divulgação da condenação.

Ancelotti foi apresentado como novo treinador do Brasil no final de maio deste ano após longa novela pela sua contratação. Após uma estreia em 0 a 0 contra o Equador, o novo comando carimbou a classificação da seleção à Copa do Mundo de 2026 ao vencer o Paraguai por 1 a 0, em São Paulo.

Procurada, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) afirmou que está acompanhando o caso e que o processo é conduzido pelo estafe pessoal do técnico. A assessoria de imprensa informou que não fará declarações no momento.

Folhapress

Trump afirma que Brasil persegue Jair Bolsonaro e chama julgamento no STF de uma ‘caça às bruxas’ mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (7) que o Brasil está fazendo uma “coisa horrível” no tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo do STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento da trama golpista.

“Eu tenho assistido, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano. Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, afirmou Trump em um post na Truth Social.

Segundo uma pessoa com acesso às tratativas, a mensagem vem como um desdobramento de uma reunião que o presidente americano teve com assessores semana passada cujo tema foi exclusivamente o cenário político e judiciário no Brasil.

“Eu passei a conhecer Jair Bolsonaro, e ele foi um líder forte, que realmente amava seu país. Além disso, um negociador muito duro em questões de comércio. Sua eleição foi muito apertada e, agora, ele está liderando nas pesquisas”.

“Isso não é nada mais nada menos do que um ataque a um oponente político —algo que eu conheço muito bem! Aconteceu comigo, dez vezes pior, e agora o nosso país é o mais ‘quente’ do mundo!”, prosseguiu o presidente dos EUA, sem indicar quem seria essa “oponente político”.

A mensagem de Trump ocorre em meio à pressão e expectativa de bolsonaristas para que os Estados Unidos apliquem uma sanção ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. A articulação conta com pessoas próximas ao presidente dos EUA, como o ex-assessor de Trump Jason Miller.

“O Grande Povo do Brasil não vai tolerar o que estão fazendo com seu ex-presidente. Estarei acompanhando muito de perto a caça às bruxas contra Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores. O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelo voto do povo brasileiro. Isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz”, finalizou Trump na mensagem.

Um aliado de Trump afirma que esse é sinal de que o presidente americano está diretamente envolvido nas discussões sobre sanções a Moraes. Haveria ainda espaço para não haver as punições, mas que passaria por um recuo do Supremo em ações ou um gesto do governo brasileiro de que não respalda as investigações tocadas por Moraes, o que não deve ocorrer.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu à declaração de Trump, afirmando que o americano não pode interferir no processo judicial brasileiro.

“O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais. Hoje ele responde pelos crimes que cometeu contra a democracia e o processo eleitoral no Brasil. Não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no estado democrático de direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir”, escreveu ela no X (antigo Twitter).

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Bolsonaro, licenciou-se do mandato em março e mora nos EUA desde então alegando ser perseguido pelo magistrado do Supremo e desde então reforçou a articulação junto a integrantes do governo Trump para que haja uma punição ao ministro.

Há duas semanas, o deputado republicano Chris Smith enviou carta ao secretário de Estado, Marco Rubio, e à Casa Branca pedindo que o governo aja rapidamente para aplicar sanções a Moraes. Smith é copresidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Estados Unidos e já era um defensor da aplicação de punições ao magistrado.

O envio da carta pressionando o Governo dos EUA, ocorreu duas depois de o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo prestar depoimento na comissão como testemunha. A narrativa de aliados de Bolsonaro é que ele é perseguido politicamente, num movimento para anular a oposição ao presidente Lula (PT) no Brasil.

Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.

Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro.

Nesse mesmo período, adotou conduta que contribuiu para manter seus apoiadores esperançosos de que permaneceria no poder e, como ele mesmo admitiu publicamente, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE e anular as eleições.

Saudosista da ditadura militar (1964-1985) e de seus métodos antidemocráticos e de tortura, o ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é réu no STF sob a acusação de ter liderado a trama golpista de 2022. Hoje está inelegível ao menos até 2030.

Caso seja condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, a pena pode passar de 40 anos de prisão.

Julia Chaib/Folhapress

Irã abre discordância no Brics por se recusar a apoiar existência do Estado de Israel

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, expressou uma divergência do país em relação à Declaração de Líderes do Brics, adotada neste domingo, dia 6. O país decidiu reafirmar sua histórica oposição à existência do Estado de Israel, e o apoio a um Estado Palestino único.

“A República Islâmica do Irã expressa reservas à ideia de dois Estados proposta na declaração final dos líderes do Brics e registra suas reservas enviando uma nota”, disse Araghchi, no que a diplomacia costuma considerar uma explicação de voto em separado. A declaração final do Brics repetiu a histórica proposta de apoio à existência de dois Estados.

Ao apresentar a nota, o chanceler formalmente deixou de impedir uma declaração de consenso entre o Brics, o que seria um sinal de mais desacordo ainda no grupo e um fracasso diplomático para o Brasil.

Ele representou o presidente Masoud Pezeshkian, que não viajou ao Rio de última hora por causa do conflito com Israel. O Irã já tinha reservado 70 quartos de hotel para a delegação presidencial, em três andares do Windsor, na Barra da Tijuca.

Durante almoço de trabalho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chanceler iraniano expressou a posição do país sobre a questão palestina e pediu que os chefes de Estado e de governo fossem “realistas” e observassem a situação no terreno.

“Todos sabemos que, enquanto a questão palestina não for resolvida de forma justa, seu direito à autodeterminação não for garantido e os crimes do regime sionista contra os palestinos não forem interrompidos, a insegurança e a tensão não acabarão em nossa região e a paz e a estabilidade não serão estabelecidas”, disse o ministro.

“A solução de dois Estados, que vem sendo repetida há anos, não chegou a lugar nenhum, e está claro para todos que o próprio regime israelense é o maior obstáculo para sua concretização. Por favor, sejam realistas. Observem a situação”, afirmou o chanceler.

Ele recordou que desde a discussão da partilha da Palestina, nas Nações Unidas, seu país vota contra. Essa é também a posição oficial adotada pela revolução islâmica, que trata o país como “regime sionista” ou “entidade sionista”, tamanha a rivalidade.

“A República Islâmica do Irã considera que uma solução justa para a Palestina seria um referendo com a participação de todos os habitantes originais da Palestina, incluindo judeus, cristãos e muçulmanos, e esta não é uma solução irrealista ou inatingível”, afirmou.

A maior autoridade da diplomacia iraniana comparou a situação ao fim do apartheid na África do Sul, quando “surgiu um Estado democrático” com a convivência pacífica de negros e brancos. “Em nossa opinião, o mesmo padrão deve ser repetido na Palestina. A solução de dois Estados não funcionará, assim como não funcionou no passado”, afirmou.

“Em nossa opinião, a solução deve ser a formação de um Estado único e democrático, no qual os principais habitantes da Palestina, incluindo judeus, muçulmanos e cristãos, vivam juntos em paz, e esta é a maneira de garantir a justiça, pois sem justiça, o problema palestino não será resolvido, e sem resolver o problema palestino, outros problemas na região não serão resolvidos”, disse.

Em outro discurso, o ministro agradeceu aos líderes do Brics por elevarem o tom e passarem a condenar os bombardeios promovidos por Estados Unidos e Israel.

“Gostaria de expressar minha sincera gratidão aos estimados membros do Brics que, cientes de sua grave responsabilidade pela paz e segurança internacionais, condenaram os atos de agressão contra meu país por dois regimes nucleares desde 13 de junho”, disse o ministro.
Felipe Frazão/Estadão

Brics condena ataques contra Irã e preserva Rússia na guerra contra a Ucrânia

A declaração final do Brics obtida pelo jornal Folha de S.Paulo, traz críticas a ações de Israel na Faixa de Gaza, no Líbano e na Síria, mas preserva Tel Aviv e o governo Donald Trump de responsabilidade pelos recentes ataques contra o Irã, membro do grupo, apesar de condenar a ofensiva.

No mesmo documento, o Brics blinda outro integrante, a Rússia, de críticas pela Guerra da Ucrânia enquanto condena nos termos mais fortes ações militares de Kiev contra civis e infraestruturas em território russo.

“Condenamos os ataques militares contra a República Islâmica do Irã desde 13 de junho de 2025, que constituem uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”, diz o documento. A expectativa é que ele seja oficialmente divulgado neste domingo (6).

Após intensas discussões, os negociadores conseguiram evitar linguagem mais dura proposta pelos iranianos, com termos como “deploramos”, considerados muito fortes no jargão diplomático. Mas o bloco aponta a “violação do direito internacional e resoluções relevantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)” com os “ataques deliberados” à infraestrutura civil e instalação nucleares no Irã.

A declaração menciona Israel ou “israelense” sete vezes e não cita os Estados Unidos, que se juntaram a Tel Aviv em ataque a instalações nucleares iranianas. Uma citação nominal a Washington tem sido evitada pelo grupo em declarações anteriores sobre o conflito, apesar de pressão do Irã, China e Rússia.

Em linhas gerais, o Brics decidiu repetir pontos de um texto sobre os ataques contra o Irã publicado no final de junho, desviando de apelos de Teerã pela responsabilização direta de Washington e Tel Aviv.

O objetivo do tom mais equilibrado foi evitar que o Brics fosse retratado como um bloco anti-Ocidente e anti-Trump. As resistências ao tom agressivo defendido pelos representantes iranianos vieram de países como Índia, que tem intensa cooperação de inteligência com Tel Aviv, e de Emirados Árabes Unidos e Etiópia. O Brasil também atuou para moderar o resultado final do documento.

“Reiteramos nosso apoio às iniciativas diplomáticas destinadas a enfrentar os desafios regionais. Conclamamos o Conselho de Segurança das Nações Unidas a se ocupar desta questão”, diz a declaração em outro trecho.

Já o conflito no Leste Europeu é praticamente ignorado nos 126 parágrafos da declaração final. Por outro lado, há condenação de ataques ucranianos à Rússia, sem qualquer menção às ofensivas do país invasor ao território ucraniano.

Nos poucos trechos em que a Guerra da Ucrânia aparece, o grupo reitera de forma branda as posições tomadas no âmbito das Nações Unidas. A condenação “nos termos mais fortes” ocorre apenas contra ataques à infraestrutura civil em território russo, nomeando alguns episódios.

“Condenamos nos termos mais fortes os ataques contra pontes e infraestrutura ferroviária deliberadamente mirando civis nas regiões russas de Briansk, Kursk e Voronej em 31 de maio, 1º e 5 de junho de 2025, resultando em múltiplas mortes de civis, incluindo crianças”.

Negociadores do Brics acordaram um texto de consenso no sábado (5). Dois pontos eram obstáculos nas negociações: como lidar com o conflito entre Irã, Israel e EUA e como equacionar uma disputa entre Brasil, Egito e Etiópia sobre uma eventual reforma do Conselho de Segurança da ONU.

As dificuldades encontradas nas negociações nos últimos dias evidenciaram os desafios representados pela ampliação do número de membros do Brics, em 2023.

Se, por um lado, o bloco ganhou peso e ambição para se tornar um novo polo de poder global, por outro, enfrenta obstáculos maiores para alcançar consensos. Dentro do próprio Itamaraty, há a avaliação de que a ampliação do Brics trouxe complexidades, nomeadamente pelo grande número de novos integrantes do Oriente Médio, região onde há inúmeras particularidades e crises.

O posicionamento da delegação do Irã —país que se incorporou ao Brics na expansão de 2023— extrapolou a pressão por uma condenação mais dura contra os bombardeios sofridos em junho.

O princípio do regime iraniano de nem sequer reconhecer o direito de Israel existir foi uma das principais travas.

O Irã opunha-se a aceitar na declaração conjunta menções à solução de criação de dois Estados —um israelense e outro palestino— como fórmula para superar o conflito no Oriente Médio. Para Teerã, a inclusão dessa referência significaria um reconhecimento implícito ao Estado de Israel, algo que o regime dos aiatolás rejeita desde a revolução islâmica de 1979.

Na linguagem acordada no documento final, o bloco mantém a tradição de apoiar a “adesão plena do Estado da Palestina às Nações Unidas no contexto do compromisso inabalável com a solução de dois Estados”.

De acordo com negociadores, a delegação iraniana terminou isolada na sua posição. A solução de dois Estados é endossada por todos os demais membros do Brics, inclusive pelas nações árabes recém-incorporadas, como Egito e Emirados Árabes Unidos. Trata-se, nas palavras de um negociador, de uma manifestação abraçada em peso pelo Sul Global (grupo de países emergentes) e não havia maneira de recuar apenas para contemplar o desejo iraniano.

Patrícia Campos Mello/Ricardo Della Coletta/Guilherme Botacini/Folhapress

Texas continua a busca por desaparecidos após tragédia em enchentes; mortes passam de 50

Os serviços de resgate do Texas seguem procurando, neste domingo (6), ao menos 27 meninas desaparecidas nas enchentes que devastaram o estado do sul dos Estados Unidos e deixaram, até o momento, pelo menos 52 mortos.

As cheias foram causadas por tempestades que começaram na tarde de sexta no centro do estado e prosseguiram durante a noite e a madrugada deste sábado. Quarenta e três das mortes ocorreram no condado de Kerr. Em outras regiões do Texas, quatro pessoas morreram no condado de Travis, três em Burnet, uma no condado de Kendall e uma em Tom Green, informaram as autoridades.

Das quase 750 meninas que participavam de um acampamento de verão cristão às margens do rio Guadalupe, 27 estão desaparecidas, informou Dalton Rice, funcionário da administração de Kerrville. No acampamento, quase toda a água já recuou, revelando uma paisagem de destruição, com dezenas de carros encalhados, alguns deles presos em árvores, e vegetação arrancada.

O governador do Texas, Greg Abbott, disse ter visitado o local. Abbott disse em uma publicação nas redes sociais que o acampamento e o rio foram “horrivelmente devastados de maneiras nunca vistas em nenhum desastre natural”, e que as águas torrenciais atingiram as construções. “Não vamos parar até encontrarmos todas as meninas que estavam nessas cabanas”, afirmou.

Michael, 40, contou que dirigiu de Austin, a 150 km, para buscar a filha, 8, cujos pertences recuperou. “Passamos o dia inteiro em Kerrville ontem, nas unidades de gestão de crise. Na manhã de hoje, quando soubemos que poderia haver gente aqui, meu irmão e eu viemos de caminhão o mais rapidamente possível, para ver se encontrávamos alguma coisa”.

O governador Abbott disse que vai expandir a declaração de estado de emergência e pediu recursos federais adicionais ao presidente Donald Trump. “O Texas fará todo o possível para garantir que todas as pessoas desaparecidas sejam encontradas”, publicou no X.

Equipes aéreas, terrestres e aquáticas seguem com as buscas ao longo do rio Guadalupe, informou o chefe do departamento de gestão de emergências do Texas, Nim Kidd. “Continuaremos até encontrarmos todos os desaparecidos”.

Funcionários do governo e moradores ficaram impressionados com o nível de intensidade e a rapidez das enchentes. “As previsões estavam definitivamente erradas. A chuva foi o dobro do esperado”, disse Dalton Rice.

Meteorologistas do escritório do Serviço Nacional de Meteorologia para Austin, San Antonio e áreas vizinhas alertaram que novas rodadas de chuva forte são esperadas para este domingo, agravando as inundações em andamento e provavelmente causando novas. Jason Runyen, meteorologista do escritório, disse que qualquer chuva adicional pode agravar as inundações. “Estamos saturados agora”, disse. “Portanto, qualquer quantidade adicional pode causar inundações.” Ele acrescentou que mais chuvas são esperadas na região até terça-feira.

O papa americano Leão 14 expressou condolências neste domingo às famílias das vítimas das enchentes no Texas. “Quero expressar minhas sinceras condolências a todas as famílias que perderam entes queridos, em particular suas filhas, que estavam em um acampamento de verão durante o desastre provocado pela enchente do rio Guadalupe no Texas. Rezamos por eles”, declarou em inglês o pontífice, após a bênção dominical do Angelus, no Vaticano.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, “chegará em breve ao local”, anunciou Trump no sábado. “Melania [primeira-dama] e eu rezamos por todas as famílias afetadas por esta tragédia horrível”.

Noem declarou que a Guarda Costeira está “desafiando as tempestades” para retirar os moradores presos. Ela prometeu, em uma mensagem na rede social X, seguir trabalhando “todo o tempo possível”. Cerca de 500 socorristas e 14 helicópteros foram mobilizados, e a Guarda Nacional e a Guarda Costeira do Texas enviaram reforços.

Segundo autoridades, o nível do rio Guadalupe cresceu quase 8 metros em 45 minutos. O serviço meteorológico informou que mais de 300 milímetros de chuva caíram durante a noite, um terço da média de precipitações de todo o ano.

Gerardo Martínez, 61, proprietário de um restaurante localizado nas imediações de um mirante sobre o rio afirmou que “a água chegou às copas das árvores, e carros e casas inteiras foram arrastados” pelas inundações.

Cientistas destacam que, nos últimos anos, as mudanças climáticas provocadas pelo homem tornaram eventos extremos, como inundações, secas e ondas de calor, mais frequentes e intensos.

Folhapress

Elon Musk diz ter criado um novo partido político para ‘devolver a liberdade’ aos Estados Unidos

O multimilionário Elon Musk, antigo aliado próximo do presidente americano Donald Trump, cujo governo abandonou recentemente, anunciou neste sábado, 5, a criação de seu próprio movimento político, o Partido da América.

“Hoje é criado o Partido da América”, em referência aos Estados Unidos, “para devolver” ao país “a liberdade”, escreveu o diretor-executivo da Tesla e SpaceX em sua rede social X.

Decepcionado com a lei orçamentária apresentada pelo chefe de Estado, a quem acusa de aumentar a dívida nacional, Musk havia prometido nos últimos dias criar seu próprio movimento político caso essa norma fosse aprovada.

Na sexta-feira, 4, em coincidência com a comemoração da Independência dos Estados Unidos e depois que o Congresso aprovou o projeto de Trump, Musk lançou no X uma pesquisa sobre sua ideia de dar origem a um novo partido.

“Por uma proporção de dois para um, vocês querem um novo partido político, e vocês o terão!”, escreveu neste sábado, depois que 65% dos aproximadamente 1,2 milhão de participantes da iniciativa responderam “sim” à pergunta se queriam que o “Partido da América” viesse à luz.

“Quando se trata de arruinar nosso país por meio do desperdício e da corrupção, vivemos em um sistema de partido único, não em uma democracia”, disse Musk.

De aliado a adversário de Trump

Antigo aliado próximo de Trump, cuja campanha para as eleições presidenciais de 2024 ele ajudou a financiar, Musk havia assumido no governo republicano a tarefa de cortar drasticamente os gastos federais. Em maio, os dois multimilionários romperam sua aliança de forma estridente.

Originário da África do Sul, Musk não poderá se apresentar a futuras eleições presidenciais americanas, já que os candidatos ao cargo devem ter nascido no país.

Estadão

Donald Trump suspende ajuda militar à Ucrânia; Rússia celebra

Foto: Reprodução/Instagram
O governo Donald Trump anunciou a suspensão do envio de armas consideradas vitais para a Ucrânia combater a invasão russa, como mísseis antiaéreos do sistema Patriot, modelos disparados pelos caças F-16 e munição de precisão guiada.

Segundo o que a Casa Branca divulgou na terça-feira (1º), após a revelação da medida pelo site Politico, a decisão foi tomada devido aos baixos estoques desses armamentos no arsenal americano.

Como seria previsível, o Kremlin comemorou. “Quanto menos armas forem entregues, mais rapidamente o conflito irá acabar”, disse o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov. Em Kiev, a medida caiu como uma bomba.

A chancelaria ucraniana convocou o adido militar americano na capital para discutir o assunto e, em nota, afirmou que as armas são vitais para a defesa do país. Depois, afirmou que ainda não havia sido notificada oficialmente sobre o tema, visando manter uma janela de discussão.

No Parlamento em Kiev, deputados disseram que o corte é especialmente complicado devido à intensificação da guerra aérea no país. As forças de Vladimir Putin promoveram o maior ataque com drones e mísseis nos quase três anos e meio de guerra no domingo (29).

O Pentágono não revelou dados sobre quantidades ou valores envolvidos, muito menos sobre seus estoques estratégicos, que não têm sido drenados nos últimos anos só pela Ucrânia, mas também pelo aliado Israel, envolvido em suas guerras no Oriente Médio.

Segundo relatos não oficiais, há hoje seis baterias do Patriot na Ucrânia, responsáveis pela defesa de centros nervosos do poder. Um número incerto, estimado em dois pelo site de monitoramento de perdas militares com dados abertos Oryx, foi destruído.

O presidente Volodimir Zelenski pediu a Trump na semana passada mais sete baterias, mas elas não estão disponíveis. Eles se encontraram às margens da cúpula da Otan, a aliança militar ocidental, e o americano disse que estudaria o caso.

Ao fim, a resposta veio com o corte. Uma bateria Patriot tem no mínimo seis lançadores, e cada um deles pode disparar até quatro mísseis em cada salva.

A medida afeta também os mísseis ar-ar que os ucranianos têm usado em seus poucos caças F-16 americanos, doados por países europeus, para abater drones. O quarto desses aviões à disposição de Kiev foi abatido no ataque do domingo.

Por fim, a munição de precisão, essa vital para as escaramuças fronteiriças e para impedir o avanço das tropas russas. Putin tem tido ganhos na Ucrânia: na segunda, anunciou a conquista total da região de Lugansk, uma das quatro que anexou ilegalmente em 2022.

Também tem exercido pressão no norte e no sul do país, além de ter tomado áreas nunca antes invadidas em Dnipropetrovsk, província do centro-sul que é rica em minerais estratégicos.

A suspensão reitera a política de Trump de tentar acabar a guerra pressionando ambos os lados, mas com um viés inevitavelmente pró-Moscou. Neste ano, seu governo apenas cumpriu entregas já combinadas na gestão de Joe Biden e chegou a suspender todo o envio em março, após o americano e Zelenski baterem boca no Salão Oval.

A ajuda foi retomada, mas o ritmo é considerado insuficiente. Após uma arrancada final do antecessor democrata, que enviou R$ 174 bilhões a Kiev de outubro a dezembro de 2024, a ajuda aprovada caiu a R$ 3,2 bilhões de janeiro a março e, depois disso, morreu.

Os dados são do monitor do Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha), e vão até o fim de abril. No mesmo período, coube à Europa fornecer o grosso do auxílio, R$ 171 bilhões.

No cômputo geral da guerra, até então, os EUA eram o maior pilar de sustentação da defesa de Kiev, tendo enviado R$ 416 bilhões em armas e apoio militar —o segundo lugar foi tomado pelo Reino Unido da Alemanha, com Londres somando R$ 93,5 bilhões.

Peskov também comentou a ligação de mais de duas horas entre Putin e o colega francês, Emmanuel Macron. Após tanto o Kremlin quanto o Palácio Eliseu terem omitido de quem partiu o telefonema, o russo disse que foi uma iniciativa do presidente da França. Eles não se falavam havia quase três anos.

Assim, o Kremlin mantém a tradição de apresentar Putin de forma mais olímpica, como figura a ser procurada por outros líderes.
Igor Gielow/Folhapress

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