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Centrão usa discurso antifacções para tentar aprovar voto distrital misto e ampliar poder

A defesa da aprovação do modelo distrital misto foi feita pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB)

Partidos de centro e de direita hoje majoritários no Congresso Nacional articulam novamente uma mudança no sistema eleitoral que tem objetivos não coincidentes nos bastidores e no discurso público.

Nos microfones, defensores da adoção do chamado "distrital misto" afirmam buscar uma maior sintonia entre eleitor e parlamentar e barrar o ingresso de criminosos na política, discurso que ganhou força após a megaoperação contra o Comando Vermelho, no Rio.

Atrás das cortinas, porém, parlamentares ouvidos pela Folha dizem não ver impacto desse sistema contra a penetração de facções criminosas na política alguns afirmam, inclusive, que a mudança facilitaria o ingresso.

Para esses congressistas, entre os objetivos do centrão estão ampliar o poder das direções partidárias e as perspectivas de crescimento do grupo, além de reduzir drasticamente o impacto dos "puxadores de voto", vários deles influenciadores digitais e com discurso antissistema.

A defesa da aprovação do modelo distrital misto foi feita pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que escolheu como relator da proposta o deputado Domingos Neto (PSD-CE), em movimentação que recebeu elogios públicos do presidente do PSD, Gilberto Kassab.

O ponto de partida será o PL 9.212, de autoria de José Serra (PSDB-SP), aprovado no Senado em 2017 e desde então parado na gaveta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Se aprovado, o novo modelo não valeria nas eleições de 2026 (devido ao princípio da anualidade), mas sim a partir da disputa municipal de 2028 (para cidades acima de 200 mil habitantes) e na geral de 2030.

Domingos Neto, designado por Motta relator em abril, diz ter um texto já pronto, aguardando apenas ser marcada a data de votação.

Hoje, a escolha de deputados federais, estaduais e de vereadores segue o sistema proporcional de lista aberta. O eleitor vota em um candidato ou em um partido e os votos de todos os nomes da mesma legenda são somados. Esse total define a quantas cadeiras o partido ou federação terá direito.

Se uma sigla alcançar, por exemplo, três vagas, os três candidatos mais votados dentro dela são eleitos, ainda que outros, de fora do partido, tenham obtido mais votos individuais.

No modelo distrital misto aprovado pelo Senado em 2017, a distribuição das vagas ocorre em duas etapas. Primeiro, o estado é dividido em distritos eleitorais, cada um elegendo um representante o candidato mais votado na região. Essa fase corresponde à metade das cadeiras disponíveis.

A outra metade é preenchida conforme o voto dado aos partidos. Cada legenda define uma lista pré-ordenada de candidatos (chamada de lista fechada), e as vagas são distribuídas de forma proporcional à votação recebida pela sigla em todo o estado. Assim, o eleitor teria dois votos: um no candidato do seu distrito e outro no partido.

Na prática, o sistema reduz o peso de "puxadores de voto". Hoje eles levam para o Legislativo vários colegas menos votados. Nikolas Ferreira (PL-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), por exemplo, ajudaram a eleger 6 e 2 deputados de seus partidos, respectivamente, com suas votações.

No novo modelo, elegeriam apenas a si mesmos. Minorias, políticos e partidos beneficiários dos chamados "voto de opinião", mais pulverizados, também tenderiam a perder espaço.

Domingos Neto afirma que seu relatório irá estabelecer que o voto no candidato (na disputa pela primeira metade das cadeiras) conte automaticamente como voto no partido dessa pessoa (a segunda metade), excluindo a necessidade de o eleitor votar duas vezes.

O relator afirma que o principal objetivo do projeto é aproximar o eleitor de seu representante. "Onde se colocou o voto distrital, a motivação é o accountability [prestação de contas]. É você poder cobrar do seu parlamentar. Hoje quase 90% dos eleitores não lembram em quem votou. Isso se altera. O eleitor vai precisar ter uma relação com o seu deputado federal, mais ou menos como tem com o prefeito", afirma.
Ele diz ter convicção de que o modelo dificultará muito a entrada do crime organizado na política.

"Você conseguiria um mapeamento, entre 2.000 candidatos em São Paulo, quais têm ligação ou não com o crime? Você não vai conseguir. Agora, se no seu distrito tiver dez candidatos, a imprensa, o Ministério Público e os adversários políticos jogarão holofote sobre a disputa. É muito mais complexo que as facções criminosas consigam participar de um processo eleitoral sob holofote, que é uma coisa que ela não gosta."

Críticos da medida discordam. "O argumento sugere que a geografia do voto seria suficiente para barrar organizações criminosas, como se facções que controlam territórios pudessem ser 'afastadas' por redesenho eleitoral. A lógica ignora a realidade brasileira: o crime já infiltra aparelhos públicos, financia candidaturas e controla áreas justamente pela ausência do Estado", diz análise do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) publicada na última segunda-feira (3).


Juliana Sakai, diretora-executiva da ONG Transparência Brasil, afirma que a simples troca do atual sistema eleitoral proporcional por um sistema distrital ou distrital misto não tem a capacidade de impedir o avanço do crime organizado na política. "Tivemos casos de eleição de prefeitos em 2024 ligados ao crime organizado, e não foi o sistema majoritário que impediu essas eleições", comenta.

Segundo ela, em um sistema distrital existe o risco de haver distritos eleitorais em que uma organização criminosa tenha representatividade o suficiente para eleger seus candidatos ou coagir e cooptar lideranças políticas.

"Se o intuito real do Congresso é evitar o financiamento da política pelo crime, deveríamos priorizar o fortalecimento da Justiça Eleitoral e do sistema de prestações de contas de eleições e de partidos."

Tanto críticos como congressistas apontam ainda a possibilidade de uma definição de distritos que beneficie os grupos que hoje comandam o Congresso, abrindo espaço para uma queda de braço similar à hoje vista nos Estados Unidos, onde republicanos e democratas patrocinam redesenho de distritos com o objetivo de aumentar suas forças no Capitólio.

Além das críticas, a atual tentativa de mudar o modelo eleitoral esbarra em um amplo retrospecto de derrotas no próprio Congresso, que nos últimos anos rejeitou várias outras propostas de mudança, entre elas o próprio distrital misto e o "distritão" (que elege os mais votados, sem contar o peso dos partidos).

ENTENDA OS MODELOS
ELEIÇÕES PROPORCIONAIS (ATUAL)

Cargos: deputados federais, estaduais/distritais e vereadores

O eleitor vota:

- Em um candidato ou
- Diretamente em um partido/federação
1. Somam-se os votos de todos os candidatos e do partido
2. Calcula-se o quociente eleitoral (votos válidos dividido pelo número de vagas)
3. Cada partido/federação recebe um número de cadeiras proporcional à sua votação total
4. São eleitos os mais votados dentro de cada partido até completar o número de vagas conquistadas

Exemplo:

- Estado tem 10 cadeiras
- Partido A faz votos suficientes para 3 cadeiras
- Os 3 candidatos mais votados do Partido A ficam com as vagas
Efeitos:
- Candidatos "puxadores de voto" podem eleger colegas com votação baixa
- Campanhas tendem a ser mais caras, feitas em todo o estado
- O eleitor muitas vezes não sabe quem é o seu representante direto
- O poder de decisão fica mais centrado no desempenho individual do candidato

DISTRITAL MISTO

Cada estado (ou município) seria dividido em distritos eleitorais, equivalentes à metade das cadeiras disponíveis.

Exemplo: 70 deputados federais (São Paulo) → 35 distritos.
- O eleitor vota em candidato do seu distrito (voto nominal)
- Esse voto conta para o partido, que tem uma lista pré-ordenada de candidatos

Metade das cadeiras vai para:
- Os candidatos mais votados em cada distrito (sistema majoritário)
A outra metade é distribuída:
- Entre os partidos, conforme o total de votos partidários no estado
- As vagas são preenchidas na ordem da lista apresentada por cada legenda

Exemplo:
- Estado tem 10 cadeiras → 5 distritos + 5 vagas partidárias
- 5 candidatos eleitos diretamente nos distritos
- Os outros 5 vêm da lista do partido, conforme o total de votos partidários no estado

PRÓS E CONTRAS DO DISTRITAL MISTO

Prós:
- Aproxima eleitor e representante (cada distrito tem um deputado conhecido)
- Reduz o custo das campanhas (área menor de atuação)
- Fortalece os partidos e diminui o peso dos "puxadores de voto"
- Pode reduzir a fragmentação partidária
- Defensores dizem que modelo dificulta penetração do crime organizado por jogar holofote nas disputas

Contras:
- Tira peso do voto de opinião e de candidatos que representam minorias
- Risco de oligarquização local (distritos dominados por famílias ou grupos regionais)
- Menor liberdade de escolha individual, já que parte das vagas vem de listas partidárias
- Fortalecimento de feudos partidários e 'vereadorização' de deputados estaduais e federais
- Críticos afirmam que não trava a penetração do crime, que já tem eleito prefeitos suspeitos de ligação com facções
Por Ranier Bragon / Folhapress

“MBL Day” reúne políticos, militantes e pré-candidatos em Salvador

Grupo conseguiu aval do TSE esta semana para fundar a Missão, partido do MBL

O Movimento Brasil Livre (MBL) realizou mais uma edição do “MBL Day” em Salvador neste sábado (8). O encontro contou com a presença do vereador soteropolitano Sandro Filho (PP), integrante do grupo político.

O evento funcionou como uma recepção aos novos militantes e também como espaço para troca de ideias e alinhamento das pautas do movimento, que nesta semana comemorou a aprovação, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da criação do partido Missão.

“Reunir nossa militância é sempre oxigenar as ideias. O MBL é majoritariamente jovem, e somos uma juventude que quer mudar a Bahia e o Brasil. Além dessa vocação natural, o MBL agora tem a Missão, um partido próprio, com um norte bem definido e muito a realizar”, afirmou Sandro.

Também participou do encontro a pré-candidata a deputada estadual Quécia Reis, um dos principais nomes da legenda para as eleições de 2026.

“No MBL, não basta querer fazer política. É preciso ter formação, convivência e comprometimento com o movimento”, destacou Quécia.

O MBL Bahia se prepara agora para participar do congresso nacional do MBL, em São Paulo, no dia 23 de novembro.

Por Redação/https://www.politicalivre.com.br/

‘Federação União Progressista segue firme e forte’, afirma Tinoco

Primeiro secretário e líder do União Brasil na Câmara Municipal de Salvador (CMS), o vereador Cláudio Tinoco descartou os rumores sobre um possível enfraquecimento da federação entre o União Brasil e o Progressistas (PP), batizada de União Progressista. Em entrevista ao Política Livre, o edil afirmou que o projeto segue “firme e forte”. A declaração acontece após tensões entre os líderes nacionais das duas legendas, Ronaldo Caiado (União) e Ciro Nogueira (PP), que têm colocado em dúvida a viabilidade da aliança antes mesmo de sua homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“A federação está firme e forte. Quero lembrar o episódio de 2022, quando o Democratas fundiu com o PSL, e aquela homologação só ocorreu no final de janeiro ou fevereiro do ano da eleição”, declarou.

Nas últimas semanas, a relação entre as duas siglas tem sido marcada por divergências públicas sobre o futuro político de cada partido. Enquanto o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, vem articulando internamente para encerrar o acordo, alegando “cizânia local”, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, tenta preservar o projeto que poderia consolidar força no campo da centro-direita. O impasse se agrava diante de planos distintos para 2026: Caiado busca viabilizar sua candidatura à Presidência da República, enquanto Ciro trabalha para compor uma chapa liderada por Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

Tinoco destacou que a fusão tem o objetivo de fortalecer o campo político e oferecer ao eleitor uma alternativa mais coesa. “Há um desejo não só dos líderes nacionais, mas também dos diretórios estaduais e municipais. É uma intenção de unir forças e oferecer à sociedade a oportunidade de diminuir o número de partidos, concentrando uma base programática mais sólida”, continuou.

Ainda segundo o edil, o movimento reflete uma estratégia ampla, voltada para 2026. De acordo com ele, a federação busca apresentar um projeto político consistente tanto em nível nacional quanto regional. “Esse movimento traz uma clara posição de que esses partidos vão oferecer, nas eleições de 2026, um projeto para o Brasil e também nos estados. A Bahia não será diferente disso”, acrescentou.

Representante da Executiva Estadual do União Brasil e uma das vozes da legenda na capital baiana, Tinoco também minimizou o impacto das disputas entre Caiado e Ciro Nogueira, afirmando que as divergências fazem parte do processo político. “Tenho conversado e vejo a federação cada dia mais com força importante para poder fazer um papel diferente em 2026”, finalizou.

Por Reinaldo Oliveira, Política Livre

Geddel manda recado a Jerônimo em meio à disputa pela chapa majoritária

Geddel vem defendendo internamente que a prioridade do MDB é preservar espaços e manter a aliança sólida com o PT e o PSD

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) usou as redes sociais para enviar um recado claro ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) em meio à disputa pela composição da chapa majoritária em 2026. Em tom de análise política, mas com forte carga de bastidor, o cacique emedebista afirmou ter percorrido o interior da Bahia e reconhecido a competitividade de ACM Neto (União) caso o ex-prefeito de Salvador decida concorrer novamente ao Palácio de Ondina.

“Se realmente for candidato, o ex-prefeito de Salvador será extremamente competitivo, exigindo das forças que o MDB integra muita unidade, nenhum salto alto e redobrada atenção aos que comeram poeira quando poucos acreditavam”, escreveu o emedebista, marcando o governador e lideranças da base, entre elas os senadors Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD) e o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), todos desejosos de concorrer à reeleição.


Nos bastidores, a publicação foi interpretada como um recado direto ao governador e ao PT, num momento em que crescem as discussões internas sobre o formato da chapa governista para as eleições de 2026. O MDB defende a manutenção de Geraldo Júnior e dos dois atuais senadores. Ou seja, sob a ótica de Geddel, não haveria espaço na chapa para o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).

Pragmático, Geddel vem defendendo internamente que a prioridade do MDB é preservar espaços e manter a aliança sólida com o PT e o PSD, evitando aventuras políticas que possam abrir brechas para o crescimento da oposição. A postagem, segundo aliados, traduz a mensagem de que o momento exige “menos salto alto e mais unidade", num recado que ecoou entre os líderes governistas em plena reta de articulações para 2026.
Por Política Livre

Eduardo Bolsonaro critica Tarcísio: ‘Não é líder’, ‘candidato do sistema’ e ‘pintado de direita’

Deputado federal afirmou que o governador seria o ‘candidato que Moraes quer’; procurado, Tarcísio ainda não se manifestou.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a criticar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em relação à possibilidade do governador se candidatar às eleições presidenciais de 2026.

Eduardo, que está nos Estados Unidos desde o início deste ano, afirmou que Tarcísio é “o candidato do sistema” e que representa a posição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Procurado por meio da assessoria, Tarcísio de Freitas ainda não se manifestou.

“O Tarcísio é o candidato do sistema. É o cara que o Moraes quer, que gostaria que fosse eleito porque ele ainda viria com apoio de Jair Bolsonaro. O meu pai foi posto em prisão domiciliar, com tornozeleira, esculachado e sem rede social por conta deste projeto”, disse Eduardo em vídeo publicado em seu canal no YouTube.

O terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro também criticou Tarcísio com base em uma entrevista do ex-ministro José Dirceu (PT), afirmando que o governador paulista não é um líder e que sua eleição em São Paulo ocorreu com a força dos eleitores bolsonaristas.

“Ele quer ser presidente da República do Brasil. Por isso que falo que ele é uma ficção, porque ele depende totalmente do Bolsonaro e do voto bolsonarista. Porque ele não é um líder, foi eleito em São Paulo pela força do eleitorado conservador, que é legítimo”, diz trecho do ex-ministro compartilhado por Eduardo.

Em outra ocasião, no podcast do canal Market Makers, Eduardo reiterou seu desejo de se tornar presidente e apontou que existe um projeto para “enterrar Bolsonaro e o bolsonarismo, e colocar à frente um candidato ‘pintado de direita’, embora até o centro esteja se deslocando mais para a direita”.

“Nesse cenário, existem pessoas que não querem Jair Bolsonaro, mas se identificam com a direita. No entanto, eu vejo algumas diferenças em relação ao governo do Tarcísio. Não o coloco na mesma prateleira que um petista, mas, dentro do jogo político, ele também não está na minha mesma prateleira”.

Eduardo ainda afirmou que Tarcísio acredita que os votos de direita já estão garantidos a seu favor, então busca apoio do centro e, às vezes, até abre espaço para a esquerda.

“Será que a eleição de Tarcísio seria uma vitória da direita? Não”, disse o parlamentar.

“Isso [a candidatura] é visto com bons olhos por pessoas da Faria Lima; ele [Tarcisio] tem conexões com o mercado financeiro e trânsito nesse meio, não está ligado a casos de corrupção, o que é positivo até certo ponto. Mas já passamos da fase de apenas ser antipetista; estamos na construção de um projeto para o Brasil. Com todo respeito, Tarcísio não me serve”, afirmou Eduardo.

E, adicionou: “Eu não vejo muito sentido nisso, e por isso acabei me opondo, porque estavam tentando me abafar internamente. Levantei minha mão e disse que também sou uma opção, não me tira do páreo, e ainda assim me tiraram. Tem muita gente me deixando de fora das pesquisas para presidente; às vezes apareço em algumas”.

Por fim, o Eduardo Bolsonaro pontou que se ele apresentar um projeto de pais para as eleições de 2026 fará um “estardalhaço”. “Vou levar aos quatro cantos do país uma visão diferente do PT”.
Por Bruna Rocha/Estadão

Opinião: Direita pós-bolsonarismo sequestra segurança pública e tema deve repercutir até na Bahia

O governador Cláudio Castro (PL) deu à direita brasileira uma pauta para chamar de sua e suplantar o bolsonarismo — ainda que dele tenha sido aliado até aqui. A “megaoperação” do Rio de Janeiro sequestrou a pauta da segurança pública como uma bandeira na qual a direita tem melhores condições de enfrentar os problemas e, com isso, reaqueceu a militância antipetista que batia cabeças após sucessivos episódios de “enterro” do clã Bolsonaro. O tema tende a ter mais força em 2026, o que, em tese, deveria acender um alerta nos locais onde o assunto já vinha sendo explorado politicamente, a exemplo da Bahia.

Segurança pública é o principal calo do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Ainda que problemas na área de saúde, educação e infraestrutura estejam no dia a dia da população, é a segurança que tem aparecido com mais frequência nas pesquisas qualitativas realizadas nos últimos tempos. Tanto que o grupo político adversário, comandado pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), tem explorado diuturnamente a temática. Agora, com a Operação Contenção, gestada por um controverso Cláudio Castro, veio a vitrine perfeita para criticar a gestão baiana.

A exploração política e eleitoral do episódio fluminense começou desde o dia da realização da operação, quando os dados oficiais chegavam à metade do número total de mortos. De um lado, o governador do Rio de Janeiro, paladino da justiça e contra facções criminosas. Do outro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, supostamente anuente com o crime. Todavia, os fatos expuseram a contradição e Cláudio Castro se viu obrigado a recuar. Ainda assim, já estava alçado à condição de exemplo a ser copiado.

Nos dias que se seguiram, governadores órfãos do bolsonarismo fizeram endossos à distância e até presencialmente, quando lançaram o “Consórcio da Paz”, uma organização cuja justificativa de enfrentamento da violência parece plausível, porém esconde o caráter eminentemente antipetista, recalculando a rota da direita pós-Bolsonaro. Essa nova fase promete a ser decisiva para os rumos que esse segmento político deve tomar para 2026, especialmente quando Lula parecia voar em céu de brigadeiro para a reeleição.

O governo federal conseguiu conter os potenciais danos das acusações políticos de Cláudio Castro. No entanto, a pecha de que a esquerda — leia-se o PT — não consegue dar conta de enfrentar a violência voltou a ganhar tração. Falas públicas de símbolos do que parte da população considera um exemplo, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que brada não haver crime sem punição em terras goianas, passaram a ecoar com mais vigor.

Fora do país, ACM Neto não discorreu publicamente sobre as reações do eixo de governadores de direita à megaoperação do Rio de Janeiro. Dado o histórico dele, como quando realizou o SOS Bahia, evento patrocinado pela Fundação Índigo, presidida pelo ex-prefeito de Salvador, é natural que ele enverede pelo caminho de se apropriar do discurso contra a violência e antipetista para faturar eleitoralmente no próximo ano.

A vitrine do enfrentamento duro à crise da segurança pública, ainda que haja danos colaterais com imagens chocantes de mortos enfileirados, é um bom mote para reforçar que Jerônimo Rodrigues não tem dado a resposta à altura do que as facções criminosas exigem. O bordão “ou soma, ou suma” poderia encaixar para os dois lados da disputa política. Porém, só a direita, ainda que limpinha, vai querer usar.

Após megaoperação no Rio, Alcolumbre determina instalação de CPI do crime organizado

A decisão vem depois de uma operação policial no Rio de Janeiro contra a organização criminosa Comando Vermelho deixar, ao menos, 119 mortos, segundo o governo do Estado. Já segundo a Defensoria Pública, o saldo de fatalidades é de 132 pessoas.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), marcou para a próxima terça-feira, 4, a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a estrutura e o funcionamento do crime organizado.

"A comissão irá apurar a estruturação, a expansão e o funcionamento do crime organizado, com foco na atuação de milícias e facções", diz Alcolumbre, em comunicado.

A decisão vem depois de uma operação policial no Rio de Janeiro contra a organização criminosa Comando Vermelho deixar, ao menos, 119 mortos, segundo o governo do Estado. Já segundo a Defensoria Pública, o saldo de fatalidades é de 132 pessoas. O presidente do Senado voltou a defender a união das instituições públicas contra as organizações criminosas.

"É hora de enfrentar esses grupos criminosos com a união de todas as instituições do Estado brasileiro, assegurando a proteção da população diante da violência que ameaça o País", afirmou.

A criação da CPI atende a um requerimento apresentado em fevereiro deste ano pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE). O documento foi lido por Alcolumbre em junho.

Vieira pretende ficar com a relatoria da CPI, apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). A escolha, no entanto, ainda carece de acordo, uma vez que depende também de quem presidirá o grupo.

O colegiado contará com 11 integrantes titulares e 7 suplentes. O prazo de funcionamento é de 120 dias. Pelo requerimento, o limite de despesas da CPI será de R$ 30 mil.

Entre os parlamentares já indicados estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sérgio Moro (União-AP), Jaques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE).

'Pesquisa que coloca Lula à frente na corrida presidencial em 2026 precisa ser lida com cautela', diz Alden

Vice-líder da oposição na Câmara Federal, o deputado Capitão Alden (PL-BA) questionou, nesta segunda-feira (27), uma pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná, que aponta o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), liderando todos os cenários da corrida presidencial de 2026. Em entrevista exclusiva ao Política Livre, o parlamentar bolsonarista afirmou que esses dados precisam ser avaliados com cautela.

“A pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas, que coloca Lula à frente na corrida presidencial de 2026, precisa ser lida com cautela. O que vemos não é força real de governo, mas sim o resultado de uma estratégia populista sustentada pelo uso da máquina pública. Hoje, quase metade da população brasileira depende exclusivamente de benefícios e programas sociais federais. Em vez de promover autonomia, geração de empregos e crescimento econômico, Lula mantém milhões de brasileiros reféns da dependência do Estado. Isso não é política social, é projeto de poder!”, afirmou.

De acordo com o parlamentar, o chefe do Palácio do Planalto “utiliza sem pudor os recursos da União, aprova programas e amplia gastos a qualquer custo, sem responsabilidade com as contas públicas e sem preocupação com as consequências futuras. A história nos mostra que essa prática sempre termina em inflação, desemprego e crise, e quem paga a conta é o trabalhador brasileiro”.

Ainda segundo Alden, o mandatário do Brasil “segue repetindo as promessas que já fez em outras ocasiões”.

“As mesmas promessas vazias já foram feitas: ‘picanha e cerveja’ para todos. O resultado foi o aumento da violência, a piora nos serviços públicos e o enfraquecimento da economia. O povo brasileiro já começa a perceber essa realidade”, acrescentou.

Alden finalizou defendendo que, no ano que vem, os eleitores brasileiros terão a opção de permanecer “na situação precária” ou promover mudanças para a nação.

“Em 2026, o Brasil terá a oportunidade de escolher entre dois caminhos: continuar refém de um projeto populista que mantém a miséria para garantir votos, ou avançar para um país com liberdade econômica, segurança e desenvolvimento real”, concluiu.

Por Reinaldo Oliveira, Política Livre

Joel Barroso (PSB), filho de prefeito cassado por ligação com facção, é eleito em Santa Quitéria

Joel era presidente da Câmara e assumiu a prefeitura interinamente após a prisão do pai, Braguinha, condenado por abuso de poder e apoio do Comando Vermelho.

Joel Barroso (PSB) foi eleito prefeito de Santa Quitéria neste domingo (26) após obter 53,11% dos votos válidos e vencer as concorrentes Cândida Figueiredo (União) e Lígia Protásio (PT). As eleições suplementares foram convocadas no município depois que o prefeito eleito em 2024, Braguinha (PSB), foi cassado pela Justiça Eleitoral. Joel é filho de Braguinha.

Joel foi considerado matematicamente eleito às 18h43, com 84,6% dos votos apurados. Já com 95% das urnas apuradas, Joel tinha 12.902 votos, enquanto Lígia tinha 6.131 votos (25,24%) e Cândida tinha 5.259 votos (21,6%).
O prefeito eleito neste domingo, Joel Barroso, é o atual prefeito interino do município. Ele assumiu o cargo porque era o presidente da Câmara de Vereadores quando o pai, José Braga Barroso, o Braguinha, foi preso no dia 1º de janeiro de 2025, horas antes de tomar posse para seu segundo mandato.

Depois de preso, Braguinha foi cassado pela Justiça Eleitoral em julho por abuso de poder político e econômico, acusado de ter recebido apoio da facção Comando Vermelho (CV), que ameaçou apoiadores da oposição, ofereceu drogas em troca de votos durante a campanha e intimidou eleitores. 
Mais cedo, em entrevista à TV Verdes Mares, Joel Barroso reforçou que a campanha de cerca de 30 dias transcorreu sem problemas. "Receptividade muito boa, campanha tranquila, ocorreu tudo na normalidade", afirmou.

O prefeito eleito destacou, entre as prioridades da gestão, a reforma do hospital municipal, a criação de um núcleo de atendimento para crianças com autismo e melhorias nas estradas vicinais do município, que é o maior do Ceará em extensão. "Nossa principal proposta é focar na saúde", resumiu.
Votação teve forte esquema de segurança

O pleito neste domingo aconteceu sob um forte esquema de segurança: mais de 200 policiais militares e 40 policiais civis vão estar na cidade, além de equipes de mais de 200 homens do Exército, equipes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A campanha foi descrita por moradores e pelos prefeituráveis como tranquila. A candidata derrotada Cândida Figueiredo destacou que esta foi uma eleição diferente. "As pessoas não estavam tão motivadas quanto uma campanha junto com os vereadores. Mas foi uma eleição tranquila que a gente buscou conversar com as pessoas, estar com as famílias", avaliou.

A candidata Lígia Protásio ressaltou que a campanha foi rápida, de cerca de um mês, o que ampliou o desafio devido ao tamanho do município. "Foi uma campanha bem árdua, de corpo a corpo, indo de porta em porta", disse. A médica pontuou que "o nosso município é maior em extensão territorial, a gente não pôde chegar a todas as casas, conversar com todas as família".

O aposentado Antônio Eduardo Morais, de 68 anos, chegou às 7h da manhã para votar em um colégio no centro da cidade, embora as urnas só abrissem às 8h. Para ele, a eleição fora de época não foi . "A gente se sente meio assim desanimado, mas o que a pessoa pode fazer? Tem que aceitar, a Justiça é que manda", afirmou.
Por Redação g1 CE

Senadores mantêm preferência por Pacheco ao STF, e oposição vê Messias como 'novo Dino'

O processo de escolha do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), a partir da vaga aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, ganhou contornos inéditos no Senado, responsável por sabatinar e deliberar sobre o nome indicado pelo presidente da República.

Ao contrário das últimas indicações do presidente Lula (PT), quando as discussões na Casa ficaram restritas entre dar aval ou não a Cristiano Zanin e Flávio Dino, o Legislativo agora tem torcida por um nome próprio, o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Lula ainda não anunciou sua escolha, mas já avisou aliados que pretende indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias.

No Senado, parte da oposição vê Messias como um "novo Dino" e não pretende votar pela aprovação dele. Outra parcela, ligada a siglas do centrão, como PP e União Brasil está disposta a insistir no nome do Pacheco ainda que não rejeite Messias. O grupo tenta angariar apoios daqueles que prefeririam o senador mineiro, mas endossariam qualquer decisão do presidente petista.

Os argumentos de senadores pró-Pacheco são de que ele conhece a política e, como ministro do STF, pode ser uma ponte com o Legislativo para reduzir a tensão entre os Poderes. Também entendem que se trata de um reconhecimento à atuação dele em períodos dramáticos do país, como os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Pacheco também comandava o Congresso Nacional durante a pandemia de Covid, e aliados lembram de sua postura pró-vacina diante de um então presidente, Jair Bolsonaro (PL), que discursava contra a imunização.

"Ele tem um crédito com os senadores pelo que ele representou em 8 de Janeiro, inclusive com o sacrifício político em Minas, porque naquela época existia uma força pró-Bolsonaro", disse o senador Otto Alencar (PSD), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), colegiado responsável pela sabatina do indicado ao STF antes do crivo do plenário, via voto secreto.

"Todos gostariam que fosse ele [Pacheco]. Tem um ‘queremismo' do Senado pelo Pacheco. Mas, se o presidente mandar o Bruno Dantas [presidente do TCU] ou o Jorge Messias, é claro que eu, como senador da base, vou trabalhar por ele. Não é que eu vou sair pedindo voto, mas vou dar o ritmo regimental na CCJ, dentro do previsto", disse Otto.

O líder do União Brasil, Efraim Filho (PB), afirma visão similar sobre Pacheco e acrescenta que Lula já indicou dois nomes e a vaga aberta por Barroso seria um "ponto fora da curva".

"O sentimento majoritário do Senado é votar a favor do Pacheco, que seria melhor diante do tensionamento entre Poderes. E ele atuou pelas vacinas, pela legitimidade das eleições. Não é contra Messias. É a favor de Pacheco", defendeu Efraim.

Sob reserva, um integrante do PP disse ver risco de o nome do Messias ser rejeitado no voto, o que seria algo inédito na história da Casa.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem evitado falar publicamente sobre o que conversou com o presidente Lula no início da semana, pouco antes da viagem do petista à Ásia. Mas aliados dizem que, além de deixar clara sua torcida por Pacheco, ele teria alertado o presidente sobre uma eventual derrota na Casa no caso da indicação de Messias.

Senadores petistas preferem não fazer diagnósticos do tipo, ponderam que o advogado-geral é um bom nome, assim como Pacheco e Bruno Dantas, e repetem que a decisão de Lula tem que ser respeitada. "É uma prerrogativa do presidente. Acho que Lula está com convicção formada [por Messias]", disse Jaques Wagner (PT), líder do governo no Senado.

Lula também já declarou que vê Pacheco como o melhor nome para o Governo de Minas Gerais, importante palanque para o petista em 2026.

Entre integrantes da oposição mais ferrenha a Lula, o nome de Messias é rejeitado. Sob condição do anonimato, um integrante do PL afirma que a atuação do advogado-geral da União é de ativista e que ninguém quer mais um Dino no STF.

Outro senador da oposição também faz a comparação. "Ele [Messias] tem uma pegada de censura muito similar à do Dino", disse o senador Eduardo Girão (Novo-CE), que está entre aqueles que abertamente declaram voto contra o advogado-geral da União.

"Respeito a pessoa do Messias, mas o meu sentimento é de que a gente tem que acabar com o pessoalismo dentro do STF. Nós já temos um correligionário do Lula, o Dino, que foi ministro dele; o advogado pessoal do Lula, que é o Zanin", afirmou.

Por outro lado, Messias conta com voto do líder do Republicanos no Senado, Mecias de Jesus (RR). Ambos são evangélicos, mas Mecias afirma que seu voto será dado pelos critérios de "capacidade jurídica, de conhecimento".

Ele disse ainda que não acredita que haverá dificuldade para Messias receber o aval da Casa. "Mas logicamente que o candidato que o Senado votaria sem precisar de qualquer tipo de conversa é o Pacheco. Não tenho dúvida que ele alcançaria a unanimidade", acrescentou.

Motta diz que levará para sessão requerimento de urgência de projeto que cria Bancada Cristã

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou na manhã desta quarta-feira, 22, que levará para a sessão deliberativa desta tarde um requerimento de urgência para um projeto de resolução que cria a Bancada Cristã, com direito a voz e voto nas reuniões do colégio de líderes.

As declarações ocorreram durante um culto religioso realizado na Câmara. Na ocasião, Motta disse ter recebido um requerimento de urgência do presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Gilberto Nascimento (PSD-SP), e do presidente da Frente Parlamentar Católica, Luiz Gastão (PSD-CE), para acelerar a tramitação do projeto.

“Hoje é um dia de muita alegria para nós”, disse Motta. “Acabo de receber, das mãos do Gilberto e do Gastão, um requerimento de urgência que trata de um projeto de resolução que cria a bancada cristã na Casa, demonstrando que as bancadas evangélica e católica têm interesse de caminhar conjuntamente em muitas pautas que são de interesse da população brasileira”, disse.

Motta acrescentou: “Isso é muito importante para nossa Casa. É muito importante na Câmara dos Deputados. Quero dizer ao Gilberto, ao Gastão, a todos que estão presentes, que levarei em Mesa o requerimento de urgência hoje (quarta), para a sessão de logo mais à tarde, para que a Casa possa apreciar este requerimento de urgência e, consequentemente depois, o projeto de resolução”.

A proposta altera o capítulo que criou a Bancada Negra, voltada para a representação de parlamentares negros com direito a voz e a voto nas reuniões de líderes. De acordo com o texto, a Bancada Cristã será composta por parlamentares “que professam a fé cristã”, com um cargo de coordenação-geral e três vice-coordenadorias.

O artigo contém um dispositivo que diz que “compete à Bancada Cristã, além de zelar pela participação de seus respectivos deputados e deputadas nos órgãos e nas atividades da Câmara dos Deputados, participar, com os líderes, das reuniões convocadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, com direito a voz e voto”.

O texto também prevê o direito à Bancada Cristã de usar da palavra durante o período destinado às comunicações de liderança, por cinco minutos, semanalmente, no plenário da Câmara. A criação da bancada não implicará em ônus ou aumento de gastos financeiros para a Casa, diz o projeto.

Na justificativa, os autores citam o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dizem que “o Brasil é reconhecidamente uma nação de maioria cristã”. Os parlamentares sustentam que “tal realidade social deve encontrar correspondência na representação política e no espaço democrático da Câmara Federal”.

Eles também mencionam o direito constitucional à liberdade religiosa e dizem que a Bancada Cristã “reforça o direito dos parlamentares de organizarem-se para promover o debate público à luz de seus valores e convicções, garantindo maior articulação e visibilidade às pautas que defendem a família, a vida, a justiça social e a liberdade de expressão da fé”.

A justificativa prossegue: “Cumpre registrar que a formalização da Bancada Cristã não tem caráter excludente, mas integrador: busca dar voz a milhões de brasileiros que desejam ver representados, no Parlamento, seus princípios éticos e espirituais”. Eles concluem: “a criação da Bancada Cristã representa não apenas a valorização da fé, mas também o fortalecimento da democracia, na medida em que amplia os instrumentos de participação e organização parlamentar”.

Victor Ohana, Estadão Conteúdo

Ala da base governista busca expor centrão como inimigo do povo em votações na Câmara

Para a esquerda, o inimigo agora é outro. Passado um mês desde a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, uma ala que integra a base do governo Lula (PT) busca expor o centrão como inimigo dos interesses da sociedade. Trata-se de uma estratégia para consolidar o bom momento político do petista, alicerçado na campanha pela soberania nacional e no aumento de sua aprovação registrado nas pesquisas.

Contudo, desafios que assombram o Planalto há três anos, como a descaracterização da esquerda e a própria fragilidade do governo diante do centrão, dificultam a estabilidade da conjuntura até o início das eleições. O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) faz uma ponderação sobre o novo cenário, dizendo que Bolsonaro não saiu totalmente de cena. Suas ideias, ele afirma, continuam sendo propagadas por segmentos do centrão que aderiram à direita nos últimos anos. Segundo diz o deputado, o adversário de Lula em 2026 sairá dali.

“A negociação entre o bolsonarismo raiz e o centrão foi um acordo para o controle do orçamento”, diz Valente. “O centrão se autonomizou em relação ao governo e muitos também se bolsonarizaram.”

Com o ex-mandatário em prisão domiciliar, o deputado afirma agora que a esquerda precisa se diferenciar das demais forças políticas, em um contraponto à maioria do Congresso. Ou seja, a estratégia é explorar derrotas, textos impopulares da oposição e impor agenda própria, de modo a incorporar à pauta matérias como o fim da escala 6×1.

“Eu defendo que o governo paute questões, mesmo que perca, pa ra expor o centrão”, afirma Valente. “O governo precisa acabar com qualquer ilusão de ser possível agradar tanto o mercado quanto o agronegócio, porque eles são ideológicos.”

A retórica mostra-se estar, em parte, de acordo com movimentos recentes de Lula. Na semana passada, o presidente criticou o baixo nível do Congresso, num evento no Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) foi vaiado e ouviu ainda gritos de “sem anistia”.

Embora esteja distante dos patamares de seus mandatos anteriores, Lula viu a sua popularidade registrar o maior índice no ano. Em setembro, pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação do presidente chegou a 33%, melhor resultado desde dezembro de 2024, quando somava 35%.

De acordo com o cientista político Leonardo Belinelli, da UFFRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), alguns fatores explicam a conjuntura positiva para Lula: o tarifaço do presidente americano Donald Trump, que provocou a campanha em defesa da soberania nacional, as manifestações que descartaram a PEC da Blindagem e a condenação do núcleo crucial da trama golpista.

“O campo bolsonarista, refletido em parte no centrão, ficou muito desorganizado sem a liderança de Bolsonaro, até porque nomes como Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto não parecem ter um projeto comum”, afirma Belinelli. “O papel da comunicação do governo será fundamental para a consolidação do momento pró-governo.”

Para Christian Lynch, cientista político da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a atual conjuntura parece indicar o primeiro arrefecimento, em uma década, do entusiasmo do brasileiro com o conservadorismo.

Segundo ele conta, a sociedade viu o centrão se perder em sua postura fisiológica e o bolsonarismo se consumir em seu ímpeto golpista. Nada, porém, que deva suscitar a euforia da esquerda. Afinal, diz Lynch, os problemas para o governo continuam, sendo um deles sua presença minoritária no Legislativo.

“Em termos de governabilidade, ela nunca funcionou e talvez já exista uma certa renúncia à governabilidade”, afirma Lynch. Neste mês, a Câmara impôs mais uma derrota ao Planalto ao deixar perder validade a Medida Provisória que previa aumentar a arrecadação. Capitalizar derrotas expõe, em caminho inverso, um governo frágil.

“O governo passou a ser oposição ao centrão, tentando propagar o pensamento de que o Congresso representa o atraso”, conta Lynch. “Não é uma onda positiva para Lula, mas uma marolinha.”

Ex-presidente do PT, o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), também integra a ala mais crítica ao centrão. “Outro dia me perguntaram ‘deputado, por que a gente não põe para votar pautas nossas, mesmo que a gente perca?’ Sou a favor, precisamos ter uma disputa de ideias e criar um movimento de massas para que existam condições melhores para Lula em um novo governo”, diz, acrescentando que o seu raciocínio não fomenta a antipolítica.

“O pensamento contra a política se manifesta de outros modos, quando a gente tolera, por exemplo, as emendas secretas ou uma proposta para blindar parlamentares.” O deputado se opõe, no entanto, à ideia de renunciar à governabilidade, porque seria um pensamento eleitoreiro.

Segundo Falcão, é comum a esquerda operar em uma ciclotimia, ora melancólica, ora eufórica. Ele reconhece o momento positivo, até porque a pauta da anistia aos golpistas regrediu, mas prefere evitar a euforia, pontuando problemas mais profundos para a esquerda.

De acordo com o deputado, o PT, em especial, está perdendo sua identidade, que, ao longo da história, ofereceu à população um horizonte de transformação social. Ele afirma que o partido está distante das periferias e só com pressão popular seria possível reverter algumas propostas no Congresso.

Nesse sentido, diz que a comunicação do governo deve deixar de ser apenas celebratória, passando a ser convocatória. “Se a gente quer ter uma vitória, precisamos de um partido engajado em lutas”, afirma ele. “Não podemos ser encarados como o sistema.”

Gustavo Zeitel/Folhapress

Presidente do PSDB no Ceará anuncia filiação de Ciro Gomes ao partido

O presidente do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, anunciou em publicação nas redes sociais na noite de sexta-feira (17) a filiação de Ciro Gomes ao partido. Também disse que Ciro pretende concorrer ao governo do estado nas eleições de 2026.

Presidente da sigla no Ceará diz que próprio Ciro quer anunciar “em poucos dias ou poucos meses” a intenção de concorrer ao governo do estado novamente. Ciro foi governador do Ceará de 1991 a 1994. “O Ceará quer o Ciro de novo”, disse Ozires, que também é prefeito de Massapê (CE).

Ozires diz que Ciro vai assinar a filiação na próxima semana. O ato deve ocorrer na quarta-feira (22) em um hotel em Fortaleza. Ciro, que também sondava a possibilidade de se filiar ao União Brasil, ainda não se manifestou sobre a filiação.

Ex-senador Tasso Jereissati teria sido o responsável por persuadir Ciro a se filiar ao partido. No vídeo, Ozires diz que Jereissati convenceu o ex-governador de que o “PSDB era o partido certo”.

O ex-governador havia enviado carta de desfiliação ao PDT na última semana. Ele estava no partido desde 2015, pelo qual disputou as últimas duas eleições presidenciais das quatro que já participou. Em 2022 ficou em quarto lugar, com 3% dos votos válidos, atrás de Simone Tebet (MDB).

Apesar das recentes movimentações, o ex-governador já afirmou que não pretende mais concorrer à Presidência. “Não quero mais ser candidato, não. Não quero mais importunar os eleitores”, declarou em entrevista à Rádio Itatiaia, em setembro.

Folhapress
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Kim Kataguiri se posiciona a favor do fim do foro privilegiado e propõe transformar o STF em Tribunal Constitucional

O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) revelou ao Bahia Notícias que vai apresentar, nas próximas semanas, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê uma mudança estrutural no sistema judicial brasileiro. O projeto propõe a substituição do Supremo Tribunal Federal (STF) por um Tribunal Constitucional (TC) independente do Poder Judiciário.

Segundo o parlamentar, a ideia é criar uma corte exclusiva para julgar a constitucionalidade das leis, sem poder para analisar processos criminais contra autoridades, como acontece hoje com o STF.

“Eu defendo uma proposta ainda mais radical. Estou há cerca de dois anos trabalhando nesse texto, que tira o Supremo do Poder Judiciário e cria uma corte autônoma que só julga leis e não autoridades”, explicou Kataguiri.

De acordo com o texto preliminar da proposta, enviado ao BN, o STF seria extinto, e sua estrutura administrativa seria transferida para o novo Tribunal Constitucional, com sede em Brasília.

O órgão seria formado por 11 conselheiros com mandato de 10 anos, sem direito à reeleição. A escolha dos membros seria dividida entre diferentes instituições: Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado, Tribunais Superiores, OAB, Ministério Público e comunidade acadêmica.

A proposta também veda que ministros do STF, ativos ou aposentados, integrem o novo tribunal. Além disso, os conselheiros ficariam proibidos de exercer qualquer atividade político-partidária, advocacia ou cargos públicos, mesmo após o fim do mandato.

FORO PRIVILEGIADO
Kim Kataguiri também comentou o debate sobre o fim do foro privilegiado e criticou o que chamou de “PEC da blindagem”, votada recentemente na Câmara.

“Você não corrige um abuso criando outro. Não se impede perseguição por parte do Supremo blindando parlamentares corruptos, traficantes ou quem venha a matar uma pessoa”, afirmou.

Segundo ele, o fim do foro retiraria do STF o poder de julgar parlamentares em primeira instância, limitando sua atuação apenas a recursos constitucionais.

“O fim do foro tira do Supremo o poder de julgar parlamentares diretamente. Ele só atuaria em última instância, analisando questões constitucionais de direito”, completou.

Confira o vídeo:

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