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Centrão marca distância em relação a Bolsonaro e diz que recuperação de Lula ainda é insuficiente

Os cinco partidos de centro e de direita que integram a coalizão de Lula (PT) pretendem aguardar os reflexos políticos da crise em torno da sobretaxa anunciada por Donald Trump e do recente cerco de Alexandre de Moraes a Jair Bolsonaro (PL) para avaliar se recalibram a rota prevista para as eleições de 2026.

Apesar de a maioria ressaltar que ainda é cedo para movimentações mais contundentes, há avaliação entre alguns deles de que Bolsonaro, parentes e aliados mais ferrenhos estão por ora em situação de isolamento. Essa leitura, no entanto, não significa que o grupo tenha se inclinado a seguir no barco lulista.

A percepção de congressistas desse campo é que não há garantias de que Lula conseguirá uma recuperação robusta de popularidade. Por isso, alguns desses partidos mantêm no radar um plano de desembarque, embora haja discordâncias internas sobre a melhor data para deixar o governo.

Na avaliação desse grupo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sofreu arranhões no episódio das tarifas —a imagem com o boné Maga (Make America Great Again), símbolo do trumpismo, é citada como deletéria para seus intentos eleitorais—, mas ainda é a opção número 1 do centrão para enfrentar Lula em 2026.

Lideranças ouvidas pela reportagem reconhecem que não devem fazer nenhum movimento neste momento, justamente para evitar respingos pelas críticas que o bolsonarismo recebeu com o caso da sobretaxa.

Um cardeal do centrão diz que, por outro lado, com o bolsonarismo fragilizado, o grupo terá mais poder de influenciar quem será o candidato da direita em 2026. Bolsonaro está usando tornozeleira eletrônica por ordem de Moraes e não pode se manifestar nas redes sociais.

Tudo o que o grupo mais quer é uma candidatura que seja apoiada pelos Bolsonaros, mas que não tenha o sobrenome da família na cabeça de chapa.

Enquanto o quadro não se define na direita, os partidos se posicionam para entrar no ano eleitoral. União Brasil e PP devem oficializar a formação da federação União Progressista em evento previsto para o dia 19 de agosto. Integrantes das duas siglas dizem que esse é o primeiro passo para discutir se os partidos permanecerão ou não na Esplanada dos Ministérios de Lula.

“Logo depois, eu vou propor que os partidos e suas bancadas se reúnam e proíbam qualquer membro do partido de participar desse governo”, disse o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), em entrevista à Jovem Pan na segunda-feira (21).

Apesar de lideranças defenderem o desembarque ainda neste ano, há nomes influentes nos dois partidos que avaliam não ser o momento adequado. Essas siglas possuem juntas quatro ministérios, além do comando da Caixa Econômica Federal e de estatais.

Na Esplanada, o PP tem o Ministério dos Esportes, chefiado pelo deputado licenciado André Fufuca (MA), e o comando da Caixa —apesar de deputados e senadores afirmarem que a chefia do banco é uma indicação do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL) e não do partido.

O União Brasil comanda os ministérios do Turismo, com o deputado licenciado Celso Sabino (PA), do Desenvolvimento Regional, com Waldez Goés, e das Comunicações, com Frederico de Siqueira Filho. Esses dois últimos foram indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Há uma avaliação de que o rompimento com o governo poderia gerar desconforto nas próprias bancadas, já que deputados e senadores têm indicações em cargos federais nos estados.

Integrantes dos dois partidos contrários ao desembarque imediato atribuem a pressão a Ciro Nogueira e ao presidente do União Brasil, Antônio Rueda. Eles defendem adiar essa decisão para abril, para que o cenário eleitoral fique mais claro. Esse é o prazo também para que os ministros que serão candidatos deixem os cargos.

Ciro Nogueira tem o objetivo de ser vice em eventual chapa presidencial de Tarcísio. Na quinta-feira (24), ele publicou em suas redes sociais que espera o dia em que o Brasil terá um presidente “da estatura de Bolsonaro ou Tarcísio”.

Do lado do governo, a avaliação é que há muita espuma nos discursos do centrão, mas que a leve recuperação da popularidade de Lula, caso se consolide e progrida, pode melhorar o cenário para o Palácio do Planalto.

Integrantes do centrão avaliam que Lula ganhou fôlego, primeiro, com a campanha de defesa de menos impostos para os pobres e mais para os mais ricos. Depois, com a repercussão da ameaça de sobretaxa de Trump, o que deixou bolsonaristas na defensiva e chamuscou Tarcísio, que teve que modular seu discurso no decorrer da crise, sendo alvo de fogo amigo dentro do bolsonarismo.

Dois líderes do PSD dizem que a interferência de Trump pode ser um elemento adicional para fazer Tarcísio recuar e disputar a reeleição em São Paulo, deixando a chapa presidencial encabeçada por um nome da família Bolsonaro.

Já um deputado do Republicanos que, há duas semanas, dava o governo como acabado agora afirma que Lula se recuperou, e que os partidos cogitam adiar o desembarque para esperar o cenário ficar mais claro.

Um auxiliar de Lula ressalta que ameaças desses partidos de entregar os cargos se arrastam há meses e que não há qualquer informe nesse sentido, por enquanto.

O Palácio do Planalto reconhece que o apoio formal dessas siglas na eleição é muito improvável e trabalhará para que as legendas que hoje ocupam cargos na Esplanada fiquem neutras nas eleições do próximo ano, sem apoiar formalmente a candidatura do campo bolsonarista.

A ideia é também investir no apoio regional de lideranças desses partidos, como já ocorreu na eleição de 2022. O possível rompimento do União Brasil, por exemplo, não significará o afastamento de Davi Alcolumbre, visto no governo como o principal aliado na legenda.

Nesse contexto, parte dos lulistas defende que a vice-presidência, hoje ocupada por Geraldo Alckmin (PSB), possa entrar nas negociações. O cargo serviria para tentar atrair o apoio do MDB, já que há fortes lideranças do partido vinculadas ao governo, em especial o governador do Pará, Helder Barbalho.

Mas, entre os emedebistas, o discurso é de que um apoio formal do partido no primeiro turno só ocorrerá com uma grande recuperação da popularidade de Lula, que torne o presidente favorito e diminua a forças das alas oposicionistas.

Além disso, o tarifaço de Trump ampliou a exposição de Alckmin e voltou a fortalecer alas que defendem sua permanência como vice de Lula também em 2026.

Ranier Bragon/Raphael Di Cunto/Victoria Azevedo/Folhapress

Otto Alencar nega possiblidade de PSD romper com o PT na Bahia

Após o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), confirmarem que planejam, em 2026, disputar o Senado Federal na chapa que será encabeçada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), o futuro político do senador Angelo Coronel (PSD) passou a ser alvo de especulações, e um possível rompimento da aliança do PSD com o PT na Bahia também passou a ser alvo de burburinhos nos bastidores da política.

Em entrevista exclusiva a este Política Livre, o presidente estadual da sigla, senador Otto Alencar, descartou a possiblidade de a parceria “rachar” na Bahia. “Nossa aliança sempre foi sólida, vai ser sólida. Como foi em 2022, e será também em 2026. Eu nunca disse essa frase que pode romper com o PT. Nunca falei isso”, declara Otto.

Ainda segundo o cacique do PSD na Bahia, o que a sigla sempre fala é de uma unidade através de uma aliança entre os partidos, e reitera a tese de que em time que está ganhando não se deve mudar.

“O que nós falamos sempre é da aliança, que vai ter unidade, que nós vamos conversar, como foi em 2022, vai ser em 2026, da melhor forma possível. Tenho um ótimo entendimento com o Wagner, com o Rui, com o Jerônimo, com todo o grupo do Partido dos Trabalhadores. Com o presidente Lula então. Sempre tivemos uma convivência política e de amizade muito grande. Recentemente estive com ele no 2 de Julho, sempre estou com ele em Brasília, portanto, isso não procede absolutamente. Lamentavelmente, as palavras que nós sempre estamos colocando são, às vezes, desvirtuadas de forma incorreta”, acrescenta.

Diante de tanta “especulação”, nos últimos meses chegou a ser “ventilada” a informação que o PSD migraria para a base prefeito Bruno Reis (União Brasil). Em maio deste ano, Otto afirmou a este Política Livre que não existia esta possibilidade, e agora lamentou mais uma vez as “possíveis adivinhações” sobre o destino da sigla e do grupo político ao qual ele faz parte.

“Eu fico até lamentando, porque nunca acertam aquilo que estão dizendo que vai acontecer. Sempre acontece ao contrário. Em 2022 foi a mesma coisa, que o PSD não faria a composição, porque alguns achavam que nós não íamos nos mover por causa de pesquisa. Eu nunca me envolvi por causa de pesquisa, foi assim com o Rui em 2014, ele começou com 5%, nós ganhamos, depois agora com o Jerônimo, da mesma forma. Eu tenho uma formação política e uma maneira de ser que nunca me deu nenhum sentimento de não deixar de ser verdadeiro com meus companheiros, então isso não procede absolutamente”, finaliza.

Reinaldo Oliveira

Se eu tivesse sido o candidato a vice, Bolsonaro não estaria nessa situação, diz Mourão

Vice-presidente da República de 2019 a 2022, o general da reserva e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse que, caso não tivesse sido preterido por Walter Braga Netto na chapa governista na eleição passada, Jair Bolsonaro (PL) teria sido reeleito.

Assim, acrescentou, nem o ex-presidente nem Braga Netto viveriam hoje o calvário do processo em que respondem por tentativa de golpe, no qual ambos são réus –o segundo, também general da reserva, está preso há mais de sete meses em uma unidade militar no Rio.

“Quando o Bolsonaro escolheu, não quis mais que eu fosse o vice dele, ele deixou de me chamar para reunião ministerial, eu não participei de mais nada. Eu acho que, se eu tivesse sido o candidato a vice dele, nós teríamos ganho”, afirmou Mourão.

O senador-general respondia a uma pergunta da reportagem sobre se ter sido escanteado acabou sendo uma bênção para ele. Depois de dar a resposta inusitada, Mourão foi indagado quanto à situação hipotética que apresentou. Em caso de vitória governista, então o que Bolsonaro, Braga Netto e outros militares enfrentam agora não estaria acontecendo?

“Nada, não tinha acontecido nada, estava todo mundo feliz da vida, pô”, retrucou, entre risos.

A reportagem pediu para Mourão discorrer mais a respeito do tema, explicando o que o leva a crer que se fosse ele o vice em 2022 o resultado teria sido diferente, mas ele não respondeu.

A postura revela como o senador busca se diferenciar de Braga Netto, de quem é amigo há mais de 40 anos e que tem defendido publicamente.

Mourão é um raro caso de general da cúpula do governo Bolsonaro a não ter se encrencado judicialmente por causa das conspirações golpistas no final do mandato.

Na ação que corre no STF (Supremo Tribunal Federal), o senador foi indicado como testemunha por quatro réus: os também generais Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira e mais Bolsonaro. Todos integram o núcleo 1 do processo, denunciados pela Procuradoria-Geral da República como líderes da organização criminosa que tramou um golpe para impedir a posse de Lula.

No depoimento à corte, em 23 de maio, Mourão contou que se reuniu algumas vezes com os réus durante a transição de governo, mas que jamais ouviu menção a medidas de ruptura institucional ou para contestar o resultado eleitoral.

Aproveitou para elogiar Braga Netto: “Nossas famílias são amigas”; “construiu uma carreira militar extraordinária ao longo de uma vida inteiramente dedicada ao Exército”; “meu filho é parceiro de vôlei dele, assim como eu”.

Sobre Augusto Heleno, o senador disse no depoimento que o general é “um ícone da nossa geração” e “um homem que sempre deu o exemplo”.

Não houve a mesma deferência a Bolsonaro —nem era de se esperar que houvesse. Antes mesmo da metade do mandato, o capitão deixou clara a insatisfação com seu vice. Numa entrevista em 2021, explicitou a ruptura. “O Mourão faz o seu trabalho, tem uma independência muito grande. Por vezes atrapalha um pouco a gente, mas o vice é igual cunhado, né. Você casa e tem que aturar o cunhado do teu lado, não pode mandar o cunhado embora.”

Mourão admitiu que travou durante o mandato uma guerra fria com Bolsonaro e se queixou, em 2022, de nunca ter sido procurado por Bolsonaro para lavar a roupa suja. “É óbvio que eu teria tido uma conversa com ele mais detalhada a respeito do meu papel, para evitar os choques que ocorreram e que não precisavam ter ocorrido.”

Quanto ao amigo Braga Netto, o ex-vice considera sua prisão “injusta e absurda, porque ele não estava obstruindo a Justiça”. “Mas, dentro da visão que o Alexandre de Moraes tem, é simbólico. Ele mantém um general de quatro estrelas preso.”

Em abril, Mourão foi um dos senadores autorizados pela Justiça a visitar Braga Neto no quartel-general da 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, no Rio, onde o general está detido desde dezembro, num quarto.

O ex-vice teve 40 minutos disponíveis para conversar com o seu substituto na chapa bolsonarista, numa sala próxima ao cômodo onde ele está confinado. Segundo Mourão, eles conversaram “amenidades” e não trataram do processo judicial. “Eu achei ele bem, mais magro, obviamente. Ele estava bronzeado, porque tem uma hora de sol para fazer ginástica todo dia.”

O senador levou de presente para Braga Netto um livro em inglês, que havia comprado para si e já lera, “The Generals: Patton, MacArthur, Marshall, and the Winning of World War II” (Os generais: Patton, MacArthur, Marshall e a vitória na Segunda Guerra Mundial), de Winston Groom, mesmo autor do best-seller “Forrest Gump”, que deu origem ao filme.

O volume presenteado conta a história de três generais do Exército dos EUA com atuação determinante para a vitória dos Aliados no maior conflito bélico da história.

Mourão justificou assim o presente: “Porque é um livro sobre liderança, bem escrito. E é um troço que levanta a moral de quem está precisando que se levante a moral”.

Fabio Victor/Folhapress

Planalto terceiriza ao PT desgaste a Bolsonaro após tornozeleira, mas abastece militância

Enquanto os principais ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotam discrição diante da operação da Polícia Federal desta sexta-feira, 18, a militância do PT atua para desgastar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com conteúdo cedido pelo próprio Palácio Planalto.

Em nota, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República afirmou que seus integrantes se dedicam exclusivamente à produção de conteúdos de natureza institucional do governo e que vídeos usados pela estratégia de comunicação do PT foram os mesmos enviados para setores do governo.

Com a operação contra Bolsonaro, a ordem nos grupos de WhatsApp usados pelo partido para a disputa política era focar na repercussão do pronunciamento de Lula, levado ao ar na véspera, e na ação que levou Bolsonaro a sofrer medidas cautelares, como monitoramento com tornozeleira eletrônica.

A coordenação da estratégia digital petista disponibilizou, ainda na manhã de sexta, “cortes” do pronunciamento em que Lula cita indiretamente Bolsonaro, como o trecho em que o presidente diz que “alguns políticos” são “traidores da Pátria”.

Dez versões do pronunciamento haviam sido disponibilizadas, em grupos de WhatsApp da rede de influenciadores do PT, por meio de um link, somente três minutos após o pronunciamento de Lula ir ao ar em cadeia nacional, ainda na quinta-feira.

Os recortes tinham na “digital” de criação o email pessoal de Mariana Gurgel Zoccoli, diretora do Departamento de Produção, Edição e Acervo da Secretaria de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual da Secom. Procurada pelo mesmo canal, a diretora não deu retorno.

Os demais conteúdos disseminados pela rede petista tinham paralelo com recortes da declaração de Lula recomendados para a militância e com a campanha “Pode Espalhar”, lançada pelo PT e arquitetada por uma das agências de comunicação que prestam serviços a esse ecossistema.

Como mostrou o Estadão, a estratégia tem por trás o Instituto Lula, a Fundação Perseu Abramo e sindicatos. Os materiais são produzidos por Agências de comunicação contratadas pelo partido e por outras entidades.

Uma das mensagens produzidas pela estratégia petista para a ação de desgastar Bolsonaro dizia que o ex-presidente foi “mentor do 8 de Janeiro” e “roubou joias”. O político ainda aguarda o julgamento desses casos.

“Tentou fugir, esconder provas e calar testemunhas. Mas a PF bateu na porta. Pode espalhar que traidor da Pátria não tem vez porque aqui é Brasil”, frisa a mensagem, acompanhada por um vídeo que associa Bolsonaro a “um ladrão que começa a esconder provas e combina a própria fuga com um estrangeiro”.

Nas redes sociais do PT, o secretário nacional de comunicação da sigla, Jilmar Tatto, apareceu comemorando a operação policial contra Bolsonaro. “Uma notícia maravilhosa”, comentou. “Não era sem tempo. Confesso que estava agoniado com o receio de ele fugir do País, como o filho dele fugiu para os Estados Unidos.”

Entre os membros do primeiro escalão do governo, a manifestação mais dura foi a de Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais. Ela se pronunciou somente após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro, sair em defesa do ex-presidente e dizer que “não haverá paz” sem “eleições livres, justas e competitivas”.

Na manifestação, a ministra saiu em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF) e mirou o governador que, segundo ela, “não tem autoridade para falar em pacificação”.

“Defendeu a guerra tarifária, as sanções e ataques de Donald Trump contra o Brasil, resultantes da conspiração de Bolsonaro, seu filho Eduardo Bolsonaro e seus cúmplices nos EUA. O coro agressivo dos bolsonaristas contra a decisão do STF, já respaldada por maioria na Primeira Turma, só faz realçar a legitimidade e a soberania da Corte Suprema para processar e julgar quem atentou contra a democracia e a paz política e social do país”, escreveu, nas redes sociais.

Procurado para esclarecer como se dá aval à interlocução de servidores do governo com estrategistas que prestam serviços ao partido político, a Secom disse que seus colaboradores só produzem conteúdos institucionais, “sem sofrer interferências de quaisquer agentes externos nem executar tarefas para outras entidades”.

Disse ainda que no caso dos cortes do pronunciamento de Lula que acabaram quase instantaneamente usados pela coordenação da campanha petista “houve edição do conteúdo para distribuição aos diversos órgãos do governo, aos ministros e a parlamentares”.

“Cabe destacar que o material foi publicado nos canais oficiais do presidente e nos perfis gov.br e que o engajamento para distribuição de conteúdo é estratégia comum e legítima no âmbito da comunicação em redes sociais”, acrescentou.

Vinícius Valfré / Estadão Conteúdo

Ciro Gomes se reúne com cúpula do PSDB e sinaliza retorno ao partido

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) encontrou-se nesta segunda-feira (14) com a cúpula do PSDB, e disse que seu retorno ao partido já está decidido.

Ele viajou de Fortaleza para Brasília ao lado do também ex-governador Tasso Jereissati, que já foi seu padrinho na política, para um encontro com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e o deputado federal Aécio Neves (MG). A reunião foi realizada no apartamento do líder do PSDB na Câmara, Adolfo Viana, na capital federal.

A conversa teve como tema principal o projeto de Ciro de se candidatar no ano que vem ao governo cearense, enfrentando o PT, que controla o Executivo local, e um de seus irmãos, o senador Cid Gomes (PSB).

Ciro, que disputou a Presidência quatro vezes, vem fazendo uma aproximação crescente com partidos de direita no Ceará. Ele também se tornou feroz opositor do governo Lula, o que dificulta sua permanência no PDT.

Para o PSDB, que vive um processo de perda de lideranças há alguns anos, o retorno do ex-governador é um bem-vindo reforço.

Fábio Zanini/Folhapress

Novo presidente do PT fala em ‘Brasil sem privilégios’ como mote de campanha de Lula

O presidente eleito do PT, Edinho Silva, indicou nesta segunda-feira (7) que “Brasil sem privilégios” será um dos motes da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem.

A fala é coerente com o discurso que o governo adotou recentemente, de ricos contra pobres e justiça tributária, como forma de tentar recuperar a popularidade.

“A reeleição do presidente Lula significa nós construirmos um Brasil sem privilégios. Um Brasil de igualdade de oportunidades para todas as brasileiras, todos os brasileiros. Um país justo não combina com nenhuma forma de privilégio”, declarou Edinho Silva.

Ele deu as declarações na sede do partido, em Brasília, durante um pronunciamento com outros dirigentes petistas para anunciar sua vitória na eleição pelo comando da legenda. Edinho teve o apoio de Lula, e agradeceu ao chefe de governo durante sua fala.

O dirigente partidário eleito disse que o novo do discurso do governo é apenas uma reação à conjuntura política.

Lula e seus aliados adotaram esse tom depois de o Congresso Nacional impor uma série de derrotas à gestão, que quer aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para fechar as contas sem cortar programas sociais e serviços públicos.

A leitura na cúpula do governo é de que políticos da oposição e do centrão anteciparam a disputa do ano que vem — ou seja, querem enfraquecer o atual governo desde já para reduzir as chances de reeleição do petista.

O novo presidente do PT também indicou que a campanha de Lula voltará a falar em reconstrução nacional, uma das principais ideias propagadas na corrida presidencial de 2022. Naquela disputa, o petista dizia que Jair Bolsonaro havia destruído o país.

Edinho Silva, além disso, mencionou uma defesa da democracia como possível discurso em 2026. Nesse caso, também haverá uma repetição da eleição anterior, quando o PT acusou Bolsonaro de ter tendências ditatoriais.

“[A reeleição de Lula] significa a democracia prevalecer diante do pensamento autoritário, que infelizmente cresce em setores importantes da política brasileira. Inclusive um pensamento autoritário de inspiração fascista”, afirmou Edinho Silva.

O novo presidente do PT também defendeu que o partido discuta um projeto para implantar o passe livre no transporte público, além de elaborar propostas para a segurança pública – tema no qual a direita costuma prevalecer.

Edinho falou a jornalistas ao lado do atual presidente do partido, o senador Humberto Costa, e dos dirigentes partidários Jilmar Tatto e Gleisi Andrade. Jilmar também é deputado federal.

A posse do presidente eleito da legenda deverá ser realizada no início de agosto, durante encontro nacional do PT.

Edinho Silva foi prefeito de Araraquara (SP) por quatro mandatos. Também foi deputado estadual, ministro do governo Dilma Rousseff e presidente do diretório paulista do PT. Além disso, foi coordenador da comunicação da campanha de Lula em 2022.

Caio Spechoto/Estadão

Tássio Brito usa redes sociais para comemorar vitória com mais de 73% dos votos à presidência estadual do PT

Com mais de 73% dos votos válidos, Tássio Brito foi eleito presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) na Bahia. A vitória, anunciada pelo novo dirigente nas suas redes socias, foi, segundo ele, resultado de uma campanha construída coletivamente, marcada pela escuta às bases e pelo fortalecimento da militância em todo o Estado.

“Quero agradecer a cada companheira e companheiro que acreditou no nosso projeto, confiou o seu voto à nossa candidatura e garantiu a nossa vitória com mais de 73% dos votos “, afirmou Tássio. “Essa vitória não é de uma pessoa. É de uma militância viva, potente, que vai construir junto comigo um PT presente, conectado e comprometido com o povo da Bahia”, completou.

Atual tesoureiro do partido na Bahia, Tássio Brito, da corrente Esquerda Popular Socialista (EPS), foi o candidato escolhido pelo senador Jaques Wagner para concorrer à presidência do partido com o apoio do seu grupo.

Durante a campanha, Tássio percorreu dezenas de municípios, conversando com lideranças, movimentos sociais e militantes. “Foram semanas de caminhada intensa, diálogo verdadeiro e construção coletiva. Ouvimos as bases, nos emocionamos com os reencontros e nos fortalecemos com cada abraço e palavra de apoio”, relatou.

O novo presidente estadual reafirmou o compromisso do partido com a diversidade e a luta social. “O PT é o partido das mulheres, do povo negro, dos sem-terra, dos sem-teto, da população LGBTQIAPN+, da juventude, de quilombolas, povos tradicionais, indígenas, enfim, é o partido do povo trabalhador deste país”, disse.

Tássio também garantiu que sua gestão será guiada pela escuta e pelo diálogo constante com a militância. “Com unidade, escuta e compromisso, honrarei cada voto e seguirei contribuindo para transformar a política com coragem, afeto e muito amor pelo nosso povo”, declarou.

Lula decide que não vai sancionar aumento de deputados e joga desgaste para o Congresso

O presidente Lula bateu o martelo e não vai sancionar o projeto de lei complementar aprovado em junho pelo Congresso que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais.

A coluna confirmou a informação com três ministros que despacham com o presidente no Palácio do Planalto.

Uma vez decidido que não vai sancionar o projeto para que ele se transforme em lei, Lula agora estuda dois cenários: vetar a proposta, ou simplesmente lavar as mãos e deixar que ela seja promulgada pelo próprio Congresso.

Ele tem sofrido pressão de auxiliares tanto para vetar quanto para deixar o assunto nas mãos do parlamento.

Na primeira hipótese, Lula não foge do assunto, se responsabiliza diretamente por tentar barrar a proposta e faz um gesto de ampla popularidade: de acordo com o Datafolha, 76% dos brasileiros são contra o aumento no número de deputados.

Por outro lado, a indisposição do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos – PB), com o governo aumentará. Ele comandou a votação e defende com veemência o aumento no número de parlamentares.

Se Lula barrar a proposta, o Congresso terá que derrubar o veto dele para que ela seja implementada.

Na segunda hipótese — não vetar a proposta, mas apenas não sancioná-la, deixando a promulgação nas mãos do Congresso— Lula não usufruirá das glórias do veto. Mas, por outro lado, evitará mais um confronto direto com o parlamento.

Um ministro que despacha diretamente com Lula diz que o presidente está recebendo conselhos para os dois lados. Mas que, se dependesse de sua única vontade, ele vetaria.

Um outro ministro afirma que “o povo” está esperando pelo veto, mas que Lula precisa ponderar o tamanho da briga que vai comprar com o parlamento. A Congresso, no entanto, não teria moral para reagir, já que também tem derrubado medidas de Lula.

Por outro lado, nada fazer passaria a impressão de um presidente “frouxo”, que não tem coragem de tomar a decisão correta e de acordo com sua consciência.

Deputados do PT fazem pressão pelo veto. “Lula deveria vetar. Não é o caso de se omitir”, diz o deputado Rui Falcão (PT-SP). “O povo depois julga quem está com a razão”.

Apoiador do presidente, o coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, diz que é “fundamental que o presidente utilize o direito de vetar para, a partir disso, promover um amplo debate sobre o assunto”.

“O Presidente Lula tem muita sensibilidade. Sabe capturar o sentimento do povo. E, neste caso, não há dúvida alguma. O sentimento é de repulsa. Com o veto, abre-se um espaço importante para reflexão”, afirma o advogado.

Mônica Bergamo/Folhapress

Lula vota em eleição conturbada à presidência do Partido dos Trabalhadores

O presidente Lula votou no fim da manhã deste domingo, 6, nas eleições à presidência do PT. Lula apoia o ex-ministro Edinho Silva, que deve ser eleito ao posto. Conturbada, a disputa foi adiada em Minas Gerais, o que pode impactar a eleição geral ao comando da legenda.

Quatro candidatos concorrem ao comando do Partido dos Trabalhadores: Edinho Silva, ex-ministro; Rui Falcão, ex-presidente do PT; Romênio Pereira, secretário do PT; e Valter Pomar, diretor da Fundação Perseu Abramo.

A eleição tem candidatos com visões opostas sobre as alianças do governo Lula com o Centrão. Em entrevistas ao jornal Estado de São Paulo, Edinho Silva defendeu que acordos com esses partidos fazem parte da “construção democrática”, ao passo que Valter Pomar disse que os ministros do grupo “precisam ser demitidos”.

Disputa em MG é adiada após ordem judicial

O adiamento da eleição partidária em Minas Gerais, decidido após a Justiça ordenar a inclusão da deputada federal Dandara Tonantzin no pleito, tem o potencial de impactar a eleição geral ao comando da sigla. O estado tem grande número de filiados ao partido, que governou o estado de 2015 a 2019. A sigla analisará o caso na próxima terça-feira, 8, em uma reunião extraordinária do diretório nacional.

Em comunicado, o PT apontou “impossibilidade logística” de colocar o nome de Dandara nas cédulas eleitorais enviadas a cerca de 700 municípios mineiros. O partido não conseguiu um acordo com a Justiça Eleitoral para usar urnas eletrônicas neste ano e manteve o voto impresso.

Dandara Tonantzin é apoiada pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), que foi líder do PT na Câmara e figura-chave dentro do partido na vitória de Lula em Minas Gerais na disputa presidencial de 2022. Lopes chegou a comparar a exclusão de Dandara da eleição interna à ausência de Lula no pleito de 2018 e aliados citaram um “golpe” na sigla.

O argumento do PT para a anulação da candidatura de Dandara à chefia da sigla no estado foi o pagamento fora do prazo de uma dívida partidária de cerca de R$ 130 mil. O regulamento da eleição exigia que pendências financeiras fossem quitadas até 29 de maio.

A parlamentar alegou que tentou fazer o pagamento dentro do prazo, mas a operação foi estornada pelo banco, o que a obrigou a refazer a transação dias depois.

Eduardo Barretto/Estadão

CCJ da Câmara aprova proposta que prevê castração química em liberdade condicional para estupradores

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou nesta terça-feira (2) projeto que condiciona a liberdade condicional de condenados por estupro à submissão voluntária à castração química. O texto segue para o plenário.

O texto estabelece que, para ter direito ao livramento condicional, a pessoa condenada por estupro deverá aceitar, de forma voluntária, passar por um tratamento químico-hormonal que reduziria o desejo sexual e a libido.

O projeto de lei ainda propõe o aumento das penas para crimes sexuais, como estupro e estupro de vulnerável. No caso de estupro, a pena máxima sobe de 10 para 20 anos de reclusão, e a pena em caso de lesão grave passa de 12 para 22 anos.

Já no estupro de vulnerável, a pena base, hoje de até 15 anos, poderá chegar a 20 anos. A proposta também altera a punição para a violação sexual mediante fraude, elevando a pena máxima de 6 para 8 anos.

Outra mudança é a criação de um agravante específico para o crime de importunação sexual contra crianças e adolescentes, com aumento de metade da pena.

Segundo o relator, deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), as proposições se mostram oportunas e convenientes, na medida em que aumentam a proteção às vítimas de crimes contra a dignidade sexual.

Ele argumenta que a castração química já é adotada em países como Estados Unidos e Reino Unido, é indolor e voluntária, e não configura violação à dignidade humana. A proposta também justifica essa exigência com base na alta taxa de reincidência desses crimes.

O deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) criticou a proposta, classificando-a como inconstitucional e comparando a medida a práticas adotadas na Idade Média.

“Aumento de penas, nós concordamos —as penas, de fato, são baixas para crimes tão odiosos. Mas aquilo que não está em consonância com a Constituição Federal, é perda de tempo o Legislativo votar. É populismo penal. É jogar para a plateia, sabendo que será considerado inconstitucional pelo STF [Supremo Tribunal Federal]”.

A rede Justiça Criminal, formada por organizações da sociedade civil, disse que a castração química não tem eficácia comprovada pela ciência e está longe de ser consenso entre profissionais da saúde e juristas.

Segundo a manifestação, o texto do projeto de lei relaciona a violência sexual à libido com o objetivo de justificar a intervenção corporal no condenado pelo crime.

“Essa visão relaciona o crime a fatores estritamente biológicos, que são a libido e a ereção, ignorando todas as causas sociais e culturais que levam à ocorrência do crime. Essa visão é restrita por não considerar as relações desiguais entre os gêneros e, consequentemente, não resolve o problema”.

Para a rede, a motivação para alguém cometer violência sexual pode ocorrer por múltiplos fatores, como questões psicológicas, que seguirão presentes mesmo com a castração química. Ainda que a pessoa tenha problemas de disfunção erétil devido à terapia hormonal, prossegue a entidade, seria capaz de estuprar, já que o crime não é limitado à conjunção carnal.

Raquel Lopes/Folhapress

Motta nega traição em derrubada do IOF e critica governo por apostar em ‘polarização social’

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou traição ao governo Lula (PT) no episódio da derrubada dos decretos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e criticou discurso do Executivo de que seu objetivo é fazer justiça tributária, a que chamou de “polarização social”.

A declaração de Motta foi feita em vídeo na sua rede social, em resposta a questionamentos sobre o caso do IOF. O governo foi pego de surpresa com a decisão de Motta de colocar o assunto em votação na semana passada. A ação não atendeu a pedidos de ministros e impôs derrota à gestão do presidente Lula, que adotou como estratégia defender que o decreto trazia justiça social, por tributar os mais ricos.

“Capitão que vê barco ir em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria de IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento”, disse Motta.

“Presidente de qualquer Poder não pode servir ao seu partido. Tem que servir ao seu país”, completou, após classificar como falsa a declaração de que o governo se sentiu traído e foi pego de surpresa com a derrubada da medida.

No vídeo, o presidente da Câmara fez críticas ainda à postura do governo de criticar a decisão do Congresso, afirmando que “quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos”.

“A polarização política tem cansado muita gente, agora querem criar a polarização social”, disse ainda. Ele citou outras medidas aprovadas pela Câmara na mesma semana da derrubada do IOF como demonstrações de propostas positivas para a sociedade: a medida provisória (MP) que libera R$ 15 bilhões para habitação social e o projeto de crédito consignado privado.

Aliados apontam o debate do IOF como um marco para o endurecimento do discurso governista, especialmente depois de a cúpula do Congresso colocar em votação na última semana o projeto que derrubaria as mudanças feitas pelo Executivo sem avisar ao Planalto.

A inclusão da proposta na agenda de votações foi anunciada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por meio das redes sociais sem uma comunicação prévia ao Executivo. A postagem foi no fim da noite anterior à sessão que decidiria sobre o assunto, na quarta (25). Segundo aliados, Lula encarou a atitude como um insulto a ele. Não apenas a Haddad.

Aliados do presidente enxergam as digitais de seus opositores na atuação de Motta, em uma clara antecipação da disputa eleitoral do ano que vem. Haveria uma tentativa de enfraquecer o governo para que o grupo político de Lula chegue em 2026 com chances reduzidas de vencer a eleição.

Nesse cenário, a única opção seria disputar o eleitorado desde já, visando a corrida presidencial do ano que vem –apesar disso, uma segunda ala de governistas ainda acha possível reorganizar a relação com o Congresso e teme as consequências políticas dessa nova estratégia de contrapontos abertos.

A ordem do presidente é ir a público dizer que a gestão petista quer taxar milionários para bancar serviços, programas sociais e redução de impostos para os mais pobres. A mensagem a ser transmitida é que as forças políticas que se opõem a isso defendem privilégios para poucos setores da sociedade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que a AGU (Advocacia-Geral da União) elabore recursos ao STF (Supremo Tribunal Federal) para reativar o decreto derrubado pelo Congresso. A orientação foi dada ao ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, na noite da quinta-feira (26) durante reunião que contou com a presença da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).

Apesar da disposição do presidente pela judicialização, outros ministros e aliados têm ponderado para que o governo não imploda as pontes com a cúpula do Congresso. Segundo relatos, o próprio Messias alertou o presidente para o risco imposto à tramitação de projetos de interesse do governo, além do próprio orçamento.

Aliados do presidente também defendem um esforço para evitar novo confronto entre a cúpula do Congresso e o Supremo, uma vez que existiria base legal para uma vitória judicial do governo na corte. Integrantes do governo também alegam que uma ação direta de inconstitucionalidade poderia fornecer um discurso para a oposição nas redes sociais: o de que Lula teria entrado na Justiça para aumentar imposto (ainda que sobre operações financeiras).

Marianna Holanda/Folhapress

Bolsonaro escancara plano por ‘poder paralelo’ no Congresso mesmo com direita no Planalto

Ex-presidente diz que, com maioria no Senado e na Câmara, terá mais poder 'que o próprio presidente da República,
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quer ter a maioria do Congresso Nacional em 2027 como forma de criar uma espécie de poder paralelo para fazer frente ao STF (Supremo Tribunal Federal). O cálculo leva em conta até mesmo o cenário em que um sucessor no bolsonarismo venceria a disputa pelo Palácio do Planalto.

Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro vem discursando sobre a importância de eleger maioria no Senado —que tem a prerrogativa de aprovar o impeachment de ministros do STF. Mais recentemente, movimentos e declarações do ex-presidente têm demonstrado com mais clareza o que significa para ele ter o comando da Casa.

Alguns aliados dizem que Bolsonaro está mais preocupado em ter a maioria por ali do que em eleger o ocupante do Palácio do Planalto. Inelegível, ele já disse abertamente e mais de uma vez que, com a maioria do Congresso, terá mais poderes que a própria Presidência da República.

O ex-presidente também passou a falar com maior frequência em ter a maioria na Câmara dos Deputados. Apesar de a Casa não ter o poder de levar adiante o afastamento de ministros do STF, foi nela que ficou emperrada a votação do projeto de lei da anistia aos presos e condenados nos ataques golpistas do 8 de Janeiro.

Neste domingo (29), Bolsonaro realizou um ato na avenida Paulista, em São Paulo, no qual falou sobre o tema, admitindo abertamente a possibilidade de estar preso durante as eleições ou mesmo morto —cenário que passou a tratar desde entrevista à Folha em que disse que prisão seria o fim da sua vida.

“Se vocês me derem isso [50% da Câmara e do Senado], não interessa onde esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente da República”, disse Bolsonaro na Paulista.

“Com essa maioria, nós elegeremos nosso presidente da Câmara. O nosso presidente do Senado. O nosso presidente do Congresso. A maioria das comissões de peso no Senado e na Câmara”, afirmou a uma plateia bem inferior à de manifestações anteriores.

“Nós escolheremos não o presidente [da República], o presidente do Banco Central e todo o seu secretariado. Nós seremos os responsáveis pelo destino do Brasil”, completou.

Passarão pelo crivo do ex-presidente não apenas os candidatos do PL ao Senado, mas também a negociação da chapa com partidos aliados, como União Brasil-PP e Republicanos.

A preferência será por ao menos um nome do PL em todos os estados da federação. Onde não for possível eleger um bolsonarista raiz, a ordem é compor com um partido aliado.

A prioridade para ter apoio de Bolsonaro será de quem declarar intenção de apoiar ofensivas contra ministros do STF, mais notadamente Alexandre de Moraes. Até mesmo os suplentes desses candidatos estão sendo avaliados pelo ex-presidente.

A avaliação de interlocutores dele é que o tema da eleição no próximo ano será o embate com o Supremo. De acordo com um aliado, as negociações com partidos podem prever apoiar candidatos deles a governador ou vice em troca da escolha de nomes para o Senado.

Integrantes do PL calculam eleger 22 dos 81 senadores, mas acreditam que podem chegar a cerca de 50 com aliados de outras siglas. Nessa jogada, a presidência do Senado seria demanda do partido. Aliados citam o senador Rogério Marinho (PL-RN) como uma possível nome para ocupar o cargo. Ele já foi ministro de Michel Temer (MDB) e de Bolsonaro e hoje é secretário-geral do PL.

A obsessão de Bolsonaro pelo Senado leva em conta até mesmo o cenário otimista, em que ele conseguirá emplacar um sucessor no comando do Palácio do Planalto.

Disputam o seu espólio governadores de direita como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Ratinho Jr (PSD), do Paraná. Além deles, também é mencionada a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Tarcísio, nome mais competitivo nas pesquisas hoje, é alvo de críticas de bolsonaristas mais radicais por não ser mais combativo com o STF. O governador tem laços com ministros da corte.

Aliados do governador dizem que ele conversa e busca pontes com o Supremo e que mantém diálogo com Bolsonaro sobre todos os gestos e movimentos que faz em relação aos ministros.

Uma ala do entorno do ex-presidente quer um sucessor mais enérgico nas suas medidas. Filho mais velho do ex-mandatário, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deixou isso claro em recente à Folha.

“Estou fazendo uma análise de cenário. Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá.”

Integrantes do PL buscam minimizar a fala do senador e dizem que não é possível atuar na base da força, acionando as Forças Armadas, por exemplo. Por isso, o único caminho possível para o bolsonarismo garantir que a anistia seja efetivada seria via Senado.

Outro entendimento é que, por mais combativo que seja um eventual presidente da direita, seus poderes são limitados dentro da democracia. Bolsonaro considera o histórico da sua própria Presidência, em que muitos dos seus atos foram suspensos pela corte, como quando tentou dar indulto ao então deputado Daniel Silveira.

Há quem diga, portanto, que a principal negociação com um sucessor será no sentido de garantir que o Senado ficará sob o comando indireto de Bolsonaro, tendo carta livre para abrir frentes contra os ministros do STF.

É nesse sentido que o ex-presidente quer garantir todos os membros da sua família com uma vaga na Casa. Mesmo entusiastas de uma eventual candidatura de Michelle à Presidência avaliam que Bolsonaro pode preferir tê-la no Senado também por isso.

Mais recentemente, ele tornou pública a intenção de indicar o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) para disputar uma das vagas da Casa por Santa Catarina.

Em São Paulo, até segunda ordem, uma das candidaturas é de Eduardo Bolsonaro. O deputado licenciado tem sinalizado a interlocutores, contudo, que não pretende voltar ao Brasil –mesmo diante da possibilidade de uma candidatura à distância.

Ele teme ser preso, sobretudo se a mobilização por uma sanção contra Moraes pelo governo de Donald Trump der certo nos Estados Unidos.
Marianna Holanda, Folhapress

Derrota no Congresso agrava dificuldade eleitoral de Lula para 2026

A derrota do governo no Congresso, na semana passada, com a derrubada dos decretos que aumentariam as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), indica um cenário de dificuldade para o presidente Lula (PT) nas eleições de 2026, afirmam cientistas políticos. Além de simbolizar o enfraquecimento político do governo, o episódio suscita um questionamento sobre a capacidade que Lula terá para conquistar apoio entre os congressistas na disputa pela reeleição.

O caso do IOF se soma a uma série de reveses da gestão petista, ao longo do ano, na relação com o Congresso e inaugura parceria entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em uma articulação contra o Planalto.

Na Câmara, o projeto que susta os decretos foi aprovado com 383 votos favoráveis e 98 contrários na quarta-feira (25). Já no Senado, a aprovação foi simbólica e não houve nem contagem de votos. Foi a primeira vez, desde o governo Fernando Collor, nos anos 1990, que um decreto presidencial foi derrubado pelo Legislativo.

“A falta de articulação política do governo terá consequências dramáticas para Lula nas eleições do ano que vem”, diz Beatriz Rey, professora de ciências políticas da USP (Universidade de São Paulo). “A derrubada dos decretos do IOF mostra que os partidos estão afastados do governo, o que redundará em perda ou ausência de apoio em ano eleitoral.”

A recíproca é verdadeira, diz ela. A pesquisadora conta que Lula parece mais preocupado em ter um legado internacional do que em viabilizar a aprovação de pautas mais candentes. Ela afirma ainda que a relação do governo com as Casas está instável nas três frentes que a caracteriza: a gestão da coalizão, a articulação entre os atores políticos e a falta de abertura do Congresso para dialogar.

Afinal, deputados e senadores se veem diante de um governo com problemas de popularidade. Pesquisa Datafolha mostrou, neste mês, que Lula é desaprovado por 40% do eleitorado, mantendo o pior patamar de seus três mandatos. Apenas 28% o aprovam, o que denota a interrupção de um movimento de retomada da popularidade.

Na visão de Rey, é também difícil identificar a base do governo. Em tese, 16 dos 19 partidos suplantariam a coalizão, mas a realidade é bem diferente. Cinco dessas siglas são de centro-direita —União Brasil, PSD, MDB, Republicanos e PP— e preferem o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para as próximas eleições. Não por outro motivo, o governo tem acumulado derrotas no Congresso.

Entre abril e maio, Lula sofreu oito reveses vindos de sua base, entres os quais o rompimento com integrantes do PDT e a aprovação, na Câmara, de um projeto que visava suspender a ação da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal).

Em fevereiro, Lula fez troca na equipe de articulação política: o ministro Alexandre Padilha (PT) deixou a Secretaria das Relações Institucionais e deu lugar na função à então presidente do PT, Gleisi Hoffmann. As dificuldades persistiram.

Professor de ciências políticas da FGV, Marco Antonio Teixeira diz que o cenário de insatisfação do Congresso com Lula se dá com a reforma ministerial ainda não concluída e a pressão por mais emendas.

Inclusive, diz Teixeira, ter um ministério deixou de ser tão vantajoso assim, com a possibilidade do parlamentar transferir recursos para a base eleitoral. A falta de popularidade também contribui para espantar os aliados. “O problema é a falta de articulação política combinada à voracidade por emendas. O efeito é devastador”, afirma ele.

“Lula vai chegar a 2026 com os aliados que sempre estiveram com ele, e a tal frente ampla não vai se repetir.” Teixeira conta que o caso do IOF sacramentou a piora da relação do Executivo com o Legislativo. No início do ano, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) deixou o cargo de presidente do Senado tendo uma relação próxima com Lula, chegando a fazer elogios em público para o mandatário, pela sanção do projeto de renegociação da dívida dos estados.

Já a relação do chefe do Executivo com Arthur Lira (PP-AL), na condição de presidente da Câmara, foi permeada por desconfiança. Contudo, afirma Teixeira, acordos eram cumpridos, o que não ocorreu no caso do IOF. “A saída é o próprio presidente assumir o papel de articular, porque todos os outros falharam.”

Gustavo Zeitel/Folhapress

Ministro de Lula diz que Tarcísio ‘humilhou’ libaneses, sírios e árabes ao vestir bandeira de Israel

O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), gravou um vídeo em que afirma que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), “humilhou” libaneses, sírios e árabes ao enrolar sobre o corpo uma bandeira de Israel durante a Marcha para Jesus, realizada na quinta (19), na capital paulista.

À coluna, ele afirmou que o ato foi “ofensivo, um verdadeiro absurdo. Todos os povos de São Paulo têm que ser respeitados. Como dizia o ex-governador Geraldo Alckmin, aqui no estado judeu casa com árabe, fala com sotaque italiano e tem um neto japonês. Não temos nada a ver com guerras”.

No vídeo, França afirma que o estado paulista sempre acolheu todos os imigrantes e que mais de “10 milhões de pessoas” que moram em São Paulo têm origem libanesa, síria e árabes.

“Sinceramente, fazer esse gesto de humilhação apoiando alguém para poder humilhar esses povos é um erro grave do governador. São Paulo é um estado da federação. Não tem que se meter em guerra de ninguém”, diz França no vídeo.

O ministro se referia aos ataques recentes do país comandado pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, contra o sul do Líbano, a Síria, e os palestinos na Faixa de Gaza.

A assessoria do governador de São Paulo afirmou que não vai comentar.

A recente guerra deflagrada contra o Irã reforçou o apelo de Israel entre evangélicos nesta edição da Marcha para Jesus. Uma profusão de bandeiras do país foram vistas durante o evento. Os evangélicos consideram Israel uma terra santa e sinal de um retorno de Jesus iminente.

Filho de missionária evangélica, o governador Tarcísio é católico. Na marcha, além de se enrolar na bandeira de Israel, ele cantou um louvor evangélico.

Mônica Bergamo, Folhapress

Deputados aprovam moção de aplauso a Daniel Silveira e falam em um ‘símbolo pela liberdade’

Deputados da oposição aprovaram nesta semana uma moção de aplauso ao ex-deputado federal Daniel Silveira (RJ), condenado em 2022 a mais de oito anos de prisão pelos crimes de ameaça ao Estado democrático de Direito, ao promover ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal e estimular atos antidemocráticos.

A moção foi aprovada em sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara na terça-feira (17). Os autores da proposta dizem, no requerimento, que a moção de aplausos é uma “forma de reconhecimento pelos serviços prestados” de Silveira ao estado do Rio de Janeiro e ao Brasil. Em fevereiro, ele ganhou direito ao regime semiaberto.

O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), um dos autores, diz ao Painel que o ex-deputado é “um dos presos políticos do Brasil do século 21”, afirma que ele virou um símbolo no país e que “não pode ser esquecido jamais”.

“Destruíram a vida dele e hoje ele é um símbolo dos presos políticos. Nós vemos a perseguição política que ele sofreu e vemos o sofrimento dele e da família, por isso apresentamos o requerimento. As prerrogativas parlamentares precisam ser respeitadas, e os Poderes precisam ser independentes e harmônicos, o que não está acontecendo hoje”, diz.

Segundo o parlamentar, o próximo passo será apresentar requerimentos desse tipo em outras comissões temáticas da Casa para não deixar o caso cair no esquecimento.

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ), outro autor da proposta, afirma que Silveira foi injustiçado e que o ex-parlamentar representa “um símbolo da luta pela liberdade”.

“Sobretudo num momento em que nossas prerrogativas estão sendo atacadas. O Supremo vem avançando o sinal vermelho com usurpação de competência. Temos que enaltecer nossos símbolos para manter essa luta por liberdade viva”, diz.

Victoria Azevedo/Folhapress

Lula compara Brasil pós-Bolsonaro à Faixa de Gaza e diz que será candidato para vencer em 2026

O presidente Lula (PT) disse em entrevista ao rapper Mano Brown que se lembra do Brasil pós-governo Bolsonaro quando olha para a Faixa de Gaza, palco de um conflito entre Hamas e Israel desde outubro de 2023.

“De vez em quando eu olho para a destruição na Faixa de Gaza e fico imaginando o Brasil que nós encontramos. Não tínhamos mais ministério do Trabalho, de Igualdade Racial, de Direitos Humanos, de Cultura. Foi uma destruição proposital”, declarou, durante entrevista de mais de duas horas no podcast Mano a Mano. É a segunda vez que Lula participa do programa, que funciona em formato de mesacast –um bate papo entre o apresentador e o convidado.

A entrevista foi publicada no Spotify na madrugada desta quinta-feira (19).

Ao lado do rapper, um antigo aliado, o mandatário se sentiu mais confortável para falar sobre as ações do governo e reeleição. Evitou assuntos espinhosos, como os conflitos em curso no oriente médio.

Ainda no começo do episódio, o presidente admitiu que tem dificuldade para governar com minoria no Congresso Nacional. A fala dele se deu no contexto de uma pergunta da jornalista Semayat Oliveira, que citou críticas ao governo pela esquerda direcionadas às concessões políticas feitas pelo petista a partidos do centro.

“Para que as pessoas compreendam, eu elegi 70 deputados do meu partido. O Congresso Nacional tem 513 deputados. É só analisar para saber que preciso fazer composições políticas para governar o país, se não, não consigo”, respondeu Lula.

Em outro momento, o Lula defendeu a regulamentação das redes sociais, o que, segundo seu ponto de vista, é necessário para resguardar o processo democrático. “Se não regularmos, estamos vulneráveis”, afirmou.

Sobre eleição, disse que será candidato para vencer a disputa da direita, citando nominalmente nomes levantados como opções à ausência de Bolsonaro, inelegível até 2030. Entre os possíveis adversários, citou os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), pontuando que “podem procurar o candidato que quiserem, se eu for candidato é para ganhar as eleições”.

O governador do Paraná preparou um vídeo em tom presidenciável, de olho nas eleições de 2026, se apresentando como filho do apresentador Carlos Roberto Massa, o Ratinho, e enumerando feitos de sua gestão no estado.

A propaganda, elaborada pelo marqueteiro argentino Jorge Gerez, foi divulgada nesta quarta-feira (18). Nela, Ratinho Jr. contou trabalhar desde cedo com o pai e relatou ter entrado para a política porque “sempre via os mesmos sobrenomes, prometendo as mesmas coisas”

Durante a entrevista, Lula disse ainda que o povo brasileiro vai começar a sentir agora as mudanças operadas por seu governo. Prometeu lançar, até o fim do mês uma linha de crédito para reformas de casas e outra para aquisição de motos elétricas por entregadores de comida.

Uma terceira promessa —esta para até o fim do ano— é incluir o gás de cozinha na cesta básica, medida que, segundo diz, deve conceder o produto gratuitamente a aproximadamente 17 milhões de famílias.

Luis Eduardo de Sousa, Folhapress

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