PF achou por acaso operador de esquema na Prefeitura de São Bernardo do Campo

A operação que afastou o prefeito Marcelo Lima (Podemos) do comando de São Bernardo do Campo e teve uma apreensão de R$ 3,2 milhões naquele dia foi resultado, segundo agentes da Polícia Federal, de uma obra do acaso.

A investigação apura o funcionamento de uma rede criminosa abastecida por dinheiro desviado de contratos com a prefeitura e começou com um encontro fortuito de provas, como relatado em inquérito. Os investigadores chegaram a R$ 14 milhões e ao operador do esquema investigado enquanto procuravam por outra pessoa.

O investigado apontado como operador dos de desvios é Paulo Iran Paulino da Costa, que cuidava das despesas do prefeito e de seus familiares, segundo a investigação, incluindo até mensalidade de faculdade de medicina da filha de Lima. Procurada, a defesa de Paulo Iran afirmou que vai se manifestar nos autos do processo.

A Folha procurou as defesas de Marcelo Lima e de Danilo Lima, presidente da Câmara também afastado, mas não teve resposta até a publicação deste texto. O Ministério Público apresentou denúncia contra eles e outros investigados no suposto esquema nesta segunda-feira (18).

Ele foi abordado pelos agentes quando chegava em casa em 7 de julho. Com ele, no carro, foram encontrados R$ 583,3 mil. Ele autorizou a entrada em seu apartamento, onde os agentes acharam R$ 12,3 milhões separados em caixas e mais US$ 156,9 mil.

Mas os policiais haviam encontrado o endereço um mês antes, quando foram a três endereços na tentativa de prender uma pessoa por lavagem de dinheiro, furto e invasão de dispositivos informáticos. Na época, funcionários disseram que o imóvel procurado pertencia a um homem chamado Paulo, segundo o inquérito.

Os agentes decidiram esperar, achando que o suspeito procurado poderia chegar. Foi quando Paulo Iran chegou de carro.

Com a apreensão do celular do investigado, a polícia começou a encontrar recibos, boletos e comprovantes como os de pagamentos de passagens aéreas no valor de R$ 19.182,14, e da mensalidade da faculdade de medicina da filha do prefeito, de R$ 8.284,95.

Os pagamentos envolviam um controle de fluxo de caixa, com entradas e saídas registradas em post-its e fotografadas. Os dados de localização indicam que as transações ocorriam no Paço Municipal da Prefeitura de São Bernardo do Campo, sede do Executivo local.

A dinâmica entre Paulo Iran e o prefeito afastado envolveria solicitações de pagamentos e de acompanhamento desse fluxo feitas por Marcelo Lima. As mensagens mais antigas datam de 26 de julho de 2022, com um período de pouco mais de dois anos —de abril de 2023 a maio de 2025— sem registros por causa da opção de mensagens temporárias.

A troca de mensagens também tratou da nomeação de Paulo para um cargo na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). Servidor no gabinete do deputado estadual Rodrigo Moraes (PL-SP) desde 2 de setembro de 2022, Paulo recebia salário bruto de R$ R$ 8.419,42, segundo dados de junho deste ano. Procurado, o deputado respondeu, por meio de assessoria, que exonerou o servidor quando soube da investigação. A saída ocorreu na última sexta, segundo o site da Alesp.

Paulo seria também o responsável por recolher o dinheiro, uma tarefa que envolvia, por exemplo, nove empresas de diferentes setores, como serviços, construção civil e medicamentos, que também tiveram sigilos bancários e fiscais suspensos por decisão da Justiça.

Além disso, também mantinha contato sobre repasses de dinheiro com o também afastado presidente da Câmara de São Bernardo do Campo, Danilo Lima (Podemos), que é primo do prefeito. Em uma ocasião, teriam negociado o pagamento de R$ 50 mil com entrega na Câmara. Em outra, Danilo solicita ajuda a Paulo para depositar R$ 104 mil para um terceiro investigado.

Também é citado o suplente de vereador Ary de Oliveira (PRTB), que seria beneficiado pelo esquema. Há menção no inquérito a um pagamento de R$ 10 mil para ele, informado por Paulo ao prefeito Marcelo Lima. Ary também foi afastado pela Justiça da suplência. A Folha não localizou a defesa dele.

Lucas Lacerda/Folhapress

Lula se aproxima de presidentes de direita na América Latina por temer cerco de Trump na região


Sob pressão do governo de Donald Trump, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa a fazer movimentos para se aproximar politicamente de lideranças de direita da América do Sul.

Convencidos de que o presidente dos Estados Unidos age para interferir na política brasileira, integrantes do Palácio do Planalto acreditam que o País não pode permitir que Trump forme um novo “Grupo de Lima” – antigo foro da direita para contestar a ditadura venezuelana – agora com o Brasil como alvo.

Diplomatas defendem que projetos estratégicos para o País são fundamentais para evitar comportamentos hostis ao Brasil de governantes vizinhos, quer sejam aliados ideológicos, quer sejam adversários.

Os últimos atos do governo Trump em relação ao Brasil reforçaram a leitura no Palácio do Planalto de que Donald Trump busca esticar a corda para uma “mudança de regime” no Brasil e interferir nas eleições de 2026. Para o governo, ficou patente que não haverá brecha e que Trump não busca uma negociação econômico-comercial.

Na semana passada, Trump editou um relatório crítico aos direitos humanos no Brasil, puniu o entorno do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por causa do programa Mais Médicos, e deu declarações acusando Brasil de ser um “péssimo parceiro comercial”. Seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, desmarcou reunião virtual com o ministro Fernando Haddad (Fazenda), por interferência política do lobby bolsonarista nos EUA.

Por isso, o governo enxerga, no médio prazo, uma possível atuação política que forme um cerco à esquerda na América do Sul e insere na agenda presidencial oportunidades de reforçar relações com governos de direita na região.

O governo brasileiro se prepara para reconhecer o resultado das eleições presidenciais na Bolívia – dois candidatos da direita vão disputar o segundo turno e a esquerda ficou rachada e fora do páreo pela primeira vez em 20 anos. No Planalto, já se fala em estabelecer um diálogo de Estado com quem vencer.

Para o governo Lula, o mais importante será evitar qualquer “instabilidade” em suas fronteiras – tendo em vista a crise migratória venezuela. O Palácio do Planalto não vai endossar a tese de eleição ilegítima levantada pelo antigo aliado Evo Morales, tampouco apoiar manifestações que envolvam episódios de violência.

Além da disputa em La Paz, haverá neste ano eleições presidenciais no Chile – com chances de vitória do radical de direita José Antonio Kast. Em 2026, Brasil, Colômbia e Peru realizam presidenciais.

Para integrantes do governo, a disputa política com a extrema direita será de longo prazo, para além do processo de Jair Bolsonaro, que deve render novas sanções a ministros do Supremo e do Executivo, a partir do julgamento em setembro.

Segundo um conselheiro presidencial, figuras do governo Trump veem a América Latina sob a ótica de seu “quintal” e não devem “tolerar a desobediência” que Lula representou ao pregar independência e não alinhamento, mas pôr em prática a política da “palmatória” para dar exemplo aos demais.

Por isso, Lula também se prepara para organizar uma nova rodada de discussões sobre defesa da democracia em Nova York, no mês que vem, e vai adotar a defesa da soberania no discurso nas Nações Unidas. A ideia é reunir governantes de mais de 30 países, para além da esquerda.

É nesse mesmo sentido que se inserem as duas visitas recebidas por Lula de governantes regionais de direita: a de Daniel Noboa, do Equador, e a próxima de José Raúl Mulino, do Panamá, prevista para o dia 28 de agosto.

Noboa foi recebido nesta segunda-feira, 18 no Planalto. Lula explicitou sua intenção de atuar em parceria com o equatoriano sem levar em conta suas inclinações políticas.

“Diferenças políticas não devem se sobrepor ao objetivo maior de construir uma região forte e próspera”, afirmou Lula, ressaltando também o “respeito” e a “confiança mútua” entre os países. O petista classificou a visita como marco do recomeço nas relações políticas, comerciais e culturais entre os países. “As discussões ideológicas ficaram no passado”, afirmou Noboa.

O governo carece, no entanto, de uma estratégia mais definida conjunta. O grande projeto são as rotas de integração sul-americanas, que envolvem obras de infraestrutura cruzando a América do Sul, mas dependem de capital privado e internacional, são de longo prazo

Por enquanto, Lula vai atuar caso a caso, com negociações bilaterais para ver como pode atender demandas dos países e estreitar relações políticas e comerciais, numa estratégia de diversificação da de parcerias que interessa ao País e ao setor exportador.

Noboa, por exemplo, levou de Lula promessa de estreitar a cooperação policial para combater organizações criminosas – o maior problema equatoriano hoje é como responder ao aumento de assassinatos ligados à presença dos cartéis da droga. O petista prometeu mandar um adido da Polícia Federal para Quito e falou em participar de operações contra contrabando de armas e até contra facções em presídios equatorianos.

Noboa também teve a promessa de que o Brasil vai procurar equilibrar a balança comercial, hoje muito desfavorável ao país andino – de US$ 1,1 bilhão o Brasil vende US$ 970 milhões. Isso significa que o País teria que comprar mais do Equador – o que deve se refletir em vendas de banana e camarão equatorianos ao mercado brasileiro.

O governo do Panamá também busca aproximação econômica e está interessado em um acordo de livre comércio com o Mercosul, bloco econômico a que se associou. Ele quer comprar aeronaves da Embraer e levar investidores brasileiros para o Canal do Panamá – alvo da cobiça de Trump.

Diplomatas afirmam que a relevância econômica de projetos como a hidrelétrica de Itaipu e o gasoduto Brasil – Bolívia na prática impede rompimentos de relações com o País. Eles agora apostam que o Brasil vai conseguir viabilizar a compra do gás de Vaca Muerta, na Argentina.

O governo Lula também trabalha com o plano de que a relação econômica entre Brasil e Argentina siga se adensando. Embora em nível presidencial haja um bloqueio na relação com Javier Milei, as burocracias dos dois países trabalham com maior fluidez.

O presidente também quer recuperar laços com o Paraguai – houve um abaldo depois de ser revelado o episódio de espionagem da Abin, que paralisou a negociação sobre o aproveitamento da energia gerada em Itaipu Binacional. Lula já se encontrou com Santiago Peña e eles prometeram retomar contatos e visitas.

Mas, por outro lado, o governo paraguaio tem sido cortejado pelos EUA e assinou na semana passada uma colaboração contra crime organizado e imigração ilegal, agenda de interesse do Departamento de Estado.

O governo teme iniciativas como a decisão de Trump de enviar as Forças Armadas para combater o narcotráfico na região – visto nos EUA como terrorismo – classificação que o Brasil oficialmente rechaçou.

Felipe Frazão/Estadão Conteúdo

PF faz operação contra empresas e servidores suspeitos de desviar R$ 50 milhões do Fundeb

A Polícia Federal faz operação no Maranhão e no Piauí contra organização criminosa suspeita de desviar mais de R$ 50 milhões do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).

Foram cumpridos 45 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas, empresas e servidores públicos, nas cidades de Caxias, São Luís, São José do Ribamar, Buriti Bravo, Presidente Dutra, Joselândia, no Maranhão, e em Teresina, no Piauí.

A reportagem procurou as prefeituras das cidades citadas, mas não houve retorno até a publicação deste texto.

Foram apreendidos carros, joias, R$ 54 mil em espécie e um cheque de R$ 300 mil.

Segundo a investigação, os desvios ocorreram em fraudes em licitações municipais ocorridas entre 2021 e 2025.

Também foi identificado que parte dos valores contratados com recursos do Fundeb era devolvida para os servidores públicos envolvidos nas fraudes.

“O núcleo investigado atuou na manipulação de procedimentos licitatórios, no desvio de recursos públicos provenientes do Fundeb e na apropriação de parte dos valores desviados pelos servidores públicos envolvidos no esquema criminoso”, afirmou a PF.

Os investigados vão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção, peculato, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.

Folhapress

Lula recebe Motta, presidente e ministro do Republicanos para almoço

O presidente Lula (PT) deve receber para um almoço nesta terça-feira (19) o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), deputado federal licenciado do Republicanos, em mais um encontro de aproximação do petista com partidos da base aliada.

Marcos Pereira já deu declarações de que o partido deverá caminhar com uma candidatura da centro-direita em 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é filiado ao partido e apontado como candidato favorito de lideranças do centrão para disputar a eleição contra Lula.

Na últimas semanas, o presidente da República se reuniu com ministros e lideranças do PSD, do MDB e do União Brasil. A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) deverá participar do almoço nesta terça.

Victoria Azevedo e Catia Seabra/Folhapress

Ciro volta a atacar prefeita e afirma que ela recruta moças pobres para Camilo Santana

O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) acusou o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), de envolvimento em escândalos sexuais no Ceará. A fala foi proferida durante um aniversário do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (União Brasil) e circula nas redes sociais.

No vídeo, Ciro afirma que Camilo, que também é ex-governador do estado, tinha a ajuda da prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT), para “recrutar” as moças. Janaína foi eleita segunda suplente de senadora na chapa de Camilo em 2022.
O ex-ministro já ofendeu Janaína em outra ocasião, tendo sido condenado a pagar R$ 52 mil por violência política de gênero contra a prefeita, por tê-la chamado de “assessora de assuntos de cama”. A decisão foi da juíza Priscila Faria da Silva, do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios). Cabe recurso.

“A pessoa que recrutava moças pobres de boa aparência para fazer o serviço sexual sujo do senhor Camilo Santana virou senadora pelo Ceará e agora é prefeita de um município do estado. E isso é um desafio para o qual os meus queridos amigos estão me chamando para encarar. É para eu encarar? Eu vou encarar”, disse Ciro.

O ex-ministro também fez críticas ao líder do governo Lula na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT-CE), cotado para disputar o Senado em 2026.

Ciro é cotado para se filiar ao PSDB e pode ser candidato a governador pelo partido no próximo ano. A articulação é liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

O ex-governador do PDT, que disputou a Presidência quatro vezes, vem fazendo uma aproximação crescente com partidos de direita no Ceará. Ele também se tornou feroz opositor do governo Lula, o que dificulta sua permanência no partido de centro-esquerda, já que o PDT migrou para a base aliada do governador Elmano de Freitas (PT).

Para o PSDB, que vive um processo de perda de lideranças há alguns anos, o retorno do ex-ministro é um visto como um reforço positivo.

Em suas redes sociais, Janaína Farias disse que foi “covardemente atacada” por Ciro Gomes.

“Mais uma vez, sou atacada covardemente pelo senhor Ciro Gomes, figura conhecida por agredir moralmente as pessoas e, principalmente, as mulheres. Inclusive, ele já foi condenado por ataques desse tipo. Um misógino, que, cada vez mais, diante de seu fracasso político, busca atingir a honra das pessoas, de forma irresponsável e inconsequente”, disse a prefeita de Crateús.

Por meio de nota, Camilo Santana disse que Ciro Gomes “terá que prestar contas na Justiça, em mais um processo, como tantos outros que responde, inclusive com condenação, por tentar macular a honra das pessoas”.

Eleições 2026

A direção do PSDB está inclinada a defender uma candidatura de Ciro ao Governo do Ceará em 2026. No Ceará, Ciro está rompido com o PT desde 2022, após uma aliança que durou 16 anos.

O acordo implodiu quando o atual ministro da Educação, Camilo Santana, lançou Elmano de Freitas como candidato nas eleições para o governo. Na ocasião, Ciro apoiou o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que era do PDT e agora está filiado ao União Brasil. A candidatura foi derrotada pelo PT no primeiro turno.

Em maio de 2025, Ciro fez um apelo pela união das oposições no Ceará e sinalizou apoio à candidatura ao Senado do deputado estadual bolsonarista Alcides Fernandes (PL). Ele é pai do deputado federal André Fernandes (PL), derrotado em 2024 no segundo turno da disputa pela Prefeitura de Fortaleza.

Apesar do desejo do PSDB de que o ex-ministro concorra ao governo cearense, Ciro indicou a aliados locais que pretende apoiar Roberto Cláudio para o posto.

Em caso de filiação, Ciro retornaria ao PSDB após quase 30 anos. Ele foi filiado ao partido de 1990 a 1997. No período, foi governador do Ceará e ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco.

O histórico partidário do ex-ministro inclui também passagens por PDS, PMDB, PPS, PSB, Pros e PDT. Em várias ocasiões, Ciro definiu sua trajetória partidária como “uma tragédia”, em razões das várias mudanças de agremiação.

Folhapress

Decisão de Dino representa mais recado político após sanções dos EUA do que impacto jurídico para Moraes

A decisão desta segunda-feira (18) do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino sobre a aplicação de legislação estrangeira no Brasil se destaca mais como recado político do que pelo impacto jurídico que pode trazer sobre o colega de corte Alexandre de Moraes, segundo especialistas ouvidos pela Folha.

Moraes foi alvo de sanções impostas pelo governo Donald Trump, dos Estados Unidos, no fim de julho.

Para professores de direito, a manifestação de Dino não traz novidade jurídica, salvo no âmbito do impedimento de estados e municípios brasileiros procurarem tribunais estrangeiros.

A manifestação do magistrado ocorreu em um processo sobre o rompimento da barragem de Mariana (MG), ocorrido em 2015. A ação do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) visa impedir que municípios brasileiros prossigam com um processo na Justiça do Reino Unido.

O caso britânico foi aberto em 2024. O instituto quer do Supremo a declaração de que é inconstitucional que municípios recorram à Justiça estrangeira “em detrimento da jurisdição brasileira, sobre fatos ocorridos no Brasil e regidos pela legislação brasileira”.

Além de proibir estados e municípios de procurarem tribunais estrangeiros, Dino tratou da necessidade de homologação de decisões judiciais estrangeiras. Ele também apontou que leis de outros países só têm efeito no Brasil se estiverem dentro das hipóteses autorizadas pelo ordenamento jurídico e se não ofenderem “a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”, como preconiza a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, essas previsões já ocorrem no Brasil. O que o ministro fez foi aproveitar uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) para tratar de maneira ampla do tema e dar recado político em contexto marcado por sanções a ministros da corte.

No fim de julho, o governo dos EUA aplicou sanções financeiras a Alexandre de Moraes, relator na ação penal que investiga a trama golpista de 2022. Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), a tentativa de golpe foi liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Se condenado, o político pode pegar mais de 40 anos de prisão, além de aumentar a inelegibilidade, que atualmente vai até 2030.

Com a proximidade do julgamento do ex-presidente, marcado para o dia 2 de setembro, um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aumentou nos EUA ofensiva contra autoridades brasileiras, sobretudo a Moraes.

As sanções financeiras aplicadas ao ministro, entretanto, já se dão com limitações dentro do Brasil, se restringindo até o momento a transferências para o exterior. O quadro mostra a já corrente limitação da lei estrangeira no país, reforçada pela manifestação de Dino na ADPF.

Segundo Raphael Rocha, professor de direito da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e doutor em direito internacional pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a decisão de Dino está em consonância com o direito internacional e com princípios de soberania e igualdade entre países.

“O que ele [Dino] fez foi, dado o momento novo de pressões internacionais que o Brasil está vivendo, reinterpretar esses dispositivos esclarecendo melhor quais são as pressões que o ordenamento jurídico brasileiro pode ter diante dessas tentativas de invasão e sobreposição da soberania brasileira”, afirma Rocha.

“O ministro tenta deixar claro quais são os mecanismos de proteção que o ordenamento jurídico brasileiro tem diante dessa tentativa de uma extraterritorialidade indevida da legislação estrangeira e das decisões estrangeiras sobre o país”.

Segundo o especialista, a decisão do magistrado —que deve ser levada ao plenário do Supremo— também vai na direção do observado em muitos países europeus, que, no geral, só não homologam decisões de outros países se eles fizerem parte da União Europeia.

O especialista fala na evidente influência dos fatos recentes envolvendo Moraes na decisão. Diz, entretanto, que ela não muda de maneira direta o caso do magistrado, mas deixa claro o posicionamento da corte perante a sanção dos EUA.

Também nesta segunda, o governo Trump reagiu à manifestação de Dino afirmando que nenhum tribunal estrangeiro pode anular “sanções impostas pelos EUA ou proteger alguém das severas consequências de descumpri-las”. O comunicado dizia ainda que Moraes “é tóxico para todas as empresas legítimas e indivíduos que buscam acesso aos Estados Unidos e seus mercados”.

Para Flávio Luiz Yarshell, professor da Faculdade de Direito da USP, a medida de Dino apenas reafirma o que já está previsto na legislação brasileira e não tem alcance sobre decisões estrangeiras com efeitos fora do Brasil.

“Me parece razoavelmente claro que não se espera que uma decisão do governo americano produza efeitos em um país sem que este país aquiesça”, afirma Yarshell.

A professora Maria Cecília Asperti, da FGV Direito SP, diz que a decisão de Dino não tem efeito prático imediato no caso de Moraes, já que, até onde se sabe, a sanção não está sendo aplicada no Brasil. Para ela, porém, a fundamentação pode sinalizar entendimentos futuros no STF.

No despacho, Dino sinaliza que bloqueios de ativos ou transferências internacionais por ordem de Estado estrangeiro dependem de autorização do Supremo na ação em curso.

Assim, segundo Asperti, ainda que seja incerto o alcance jurídico, “em tese, esse julgamento também poderá ser invocado (…) provavelmente em uma judicialização no STF, mas já com um precedente erga omnes [que vale para todos]”.

Ana Gabriela Oliveira Lima e Arthur Guimarães de Oliveira/Folhapress

Grupo volta a protestar contra mortes de três mulheres em Ilhéus

Um grupo de pessoas protestou novamente, nesta segunda-feira (18), com pedidos de justiça e cobrou celeridade nas investigações sobre as mortes de três mulheres, em Ilhéus, no sul da Bahia.

As professoras Alexsandra Oliveira Suzart e Maria Helena do Nascimento Bastos, acompanhadas da filha de Maria Helena, a estudante Mariana Bastos, foram achadas sem vida em uma região de mata, no sábado (16).

O caso é investigado pela polícia, mas não há informações sobre a motivação do crime, nem sobre a autoria. Segundo o delegado Helder Carvalhal, a polícia não descarta nenhuma linha de investigação.

Os manifestantes cantaram louvores evangélicos e estavam com cartazes com frases como “Mulher não é propriedade”, “Parem de nos matar” e “Justiça”. O protesto foi pacífico e contou com a presença de policiais militares.

Na tarde de domingo (17), um grupo também protestou contra as mortes de Alexsandra, Maria Helena e Mariana Bastos.

As vítimas desapareceram na tarde de sexta-feira (15) após saírem para caminhar na Praia dos Milionários, uma das mais turísticas de Ilhéus. Uma gravação feita por uma câmera de segurança mostra as vítimas passeando com um cachorro na areia. *Com informações do g1

Ibirataia: Prefeitura através da SEMUS inicia produção de próteses dentárias pelo Programa Brasil Sorridente

A Prefeitura de Ibirataia da Secretaria Municipal de Saúde deu início, no dia 16 de agosto de 2025, ao Projeto Brasil Sorridente uma ação voltada à promoção da saúde bucal e ao fortalecimento da autoestima da população. O programa tem como objetivo oferecer atendimento odontológico especializado por meio da confecção de próteses dentárias, garantindo mais dignidade e qualidade de vida aos cidadãos.
Nesta primeira etapa, 18 pessoas foram atendidas e receberam a confecção de 32 próteses, que em breve transformarão a vida dos beneficiados. A iniciativa representa um importante avanço na área da saúde, reforçando o compromisso da gestão municipal com o bem-estar da comunidade, além de proporcionar mais sorrisos saudáveis e felizes.

O projeto se consolida como uma conquista significativa para Ibirataia, promovendo cidadania e ampliando o acesso da população a serviços odontológicos de qualidade. A administração municipal reafirma, com essa ação, o compromisso em oferecer políticas públicas que priorizem o cuidado com as pessoas.

"O Projeto Brasil Sorridente representa um marco importante para a saúde pública em Ibirataia. Nosso objetivo é devolver qualidade de vida e autoestima aos pacientes, e ver cada pessoa atendida sair daqui com um novo sorriso é extremamente gratificante. Essa é apenas a primeira etapa de um trabalho contínuo que vai garantir mais dignidade, inclusão e bem-estar para a nossa comunidade." - Bruna Lima – Chefe do Setor de Assistência à Saúde Bucal

Atlantic Nickel realizará teste preventivo das sirenes de emergência da Barragem Santa Rita em 20 de agosto

Teste preventivo visa garantir o pleno funcionamento das sirenes de emergência


Procedimento faz parte do Plano de Ação de Emergência para Barragens (PAEBM Teste é preventivo e não indica qualquer risco ou emergência

No dia 20 de agosto, a partir das 10h, a Atlantic Nickel realizará o teste sonoro das sirenes de emergência da Barragem de Rejeitos da Mina Santa Rita, em Itagibá (BA).

O procedimento faz parte do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) e tem caráter exclusivamente preventivo, sem qualquer relação com risco ou situação de emergência.

O teste irá verificar a cobertura sonora e o pleno funcionamento do sistema de alerta, que deve alcançar todos os pontos da Zona de Autossalvamento (ZAS), conforme as exigências da Política Nacional de Segurança de Barragens e da Agência Nacional de Mineração.

Essa é mais uma ação para manter em dia os protocolos de segurança e garantir que, em caso de necessidade, os sistemas de alerta estejam prontos para cumprir seu papel.

Sobre a Appian Capital Brazil

A Appian Capital Brazil, fundo de investimentos privados especializado em mineração e metalurgia, é a representante no país do grupo Appian Capital Advisory. Fundada em 2011 em Londres com investimentos em diversos países, a empresa é referência no setor, com seu modelo diferenciado de mineração inteligente, respeitando o meio ambiente, trabalhando de forma integrada com as comunidades onde atua e apoiando o desenvolvimento destas regiões. Com seis anos de atuação no mercado brasileiro e presente em dois estados (Minas Gerais e Bahia), o fundo se estabeleceu no país em 2018. Atualmente, o grupo possui três ativos no país: Atlantic Nickel, Graphcoa e a subsidiária Omnigen Energy.

Com sólido compromisso e missão de transformar recursos naturais em prosperidade e desenvolvimento sustentável, o grupo trabalha alinhada às melhores práticas ESG. Transformando regiões onde atua, aliado à Integração Social, o grupo Appian tem como prioridade o profundo respeito com as pessoas e com a segurança nas operações.

Contatos para imprensa:

(73) 99186 - 6339/ (73) 99132 - 7320 - Thárcio Mesquita Mendonça

Junto a Zelenski e líderes europeus, Trump promete impedir nova invasão e volta a defender partilha da Ucrânia

Foto: Reprodução/Instagram

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que “em uma ou duas semanas” será possível dizer se o esforço liderado por ele para acabar com a Guerra da Ucrânia vai funcionar.

Se der certo, afirmou estar pronto para ajudar a Europa a dar garantias para que a Rússia não volte a invadir o vizinho. Por outro lado, voltou a dizer que haverá trocas territoriais, ou seja, perda para Kiev.

“Pode dar certo ou não, mas temos de dar nosso melhor”, afirmou em frente do ucraniano Volodimir Zelenski e de seis líderes europeus convocados à Casa Branca para uma cúpula em miniatura, três dias após o republicano receber Vladimir Putin para uma cúpula no Alasca.

O encontro marcou a volta de Zelenski à Casa Branca quase seis meses depois do humilhante episódio em que ele foi pressionado publicamente por Trump e o vice-presidente J. D. Vance, que o acusavam de não querer a paz com a Rússia, país que invadiu a Ucrânia em 2022.

Desta vez, o clima foi calculadamente amistoso, com Zelenski todo sorrisos e palavras gentis na abertura do evento, quando falou diretamente com o americano. Alguém descobriu que Trump não gosta de ser contraditado.

O ucraniano levou consigo uma tropa de choque da Europa, temerosa do fato de que o republicano voltou a repetir a retórica do Kremlin para o fim da guerra. Mas todos foram recebidos em uma reunião ampliada, cerca de uma hora depois que Trump e Zelenski conversaram a portas fechadas, ao contrário do que queria o ucraniano.

Foram à Casa Branca os líderes Friedrich Merz (Alemanha), Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Giorgia Meloni (Itália) e Alexander Stubb (Finlândia), acompanhados pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Das declarações do americano foram tiradas confirmações do que circulou desde o Alasca. Trump reiterou que Putin aceitou pela primeira vez que os EUA deem algum tipo de garantia de segurança para a Ucrânia após o fatiamento do país, talvez de forma análoga ao artigo 5 da carta da Otan, que prevê defesa mútua em caso de ataque a qualquer 1 dos 32 membros da aliança militar.

Turmp disse que os EUA iriam “dar boa proteção” a Kiev e, questionado se isso incluiria o envio de tropas, disse genericamente que nada está descartado. Pelo sim, pelo não, o Kremlin reafirmou que não aceitará tropas ocidentais em solo ucraniano, como já é sabido. Depois, afirmou que “a Europa será a primeira linha de defesa da Ucrânia, mas nós estaremos envolvidos”.

A Zelenski foi apresentado um prato feito de perdas territoriais, mas ele insistiu que discutir o tema só pode ser debatido nas propostas conversas trilaterais entre ele, Trump e Putin. Resta combinar com o russo, claro, que já descartou isso antes.

O americano disse, aí na parte aberta do encontro já ampliado, que buscaria a reunião trilateral com Putin, com quem conversaria após a discussões dessa segunda. “É uma questão de quando, não de se”, afirmou, sobre a realização do encontro.

Macron foi enfático ao dizer que apenas com os três à mesa será possível avançar. Defensor de uma inviável, do ponto de vista de Moscou, força de paz europeia na Ucrânia, ele se limitou a dizer que é necessário haver “um Exército crível” no país, rejeitando assim a ideia de limitar as forças de Kiev.

Desde sexta, Trump vem sendo criticado por ter adotado os termos do russo acerca não só das inevitáveis perdas da Ucrânia, que já tem 20% de seu território ocupado por Moscou, mas também por abandonar a ideia de um cessar-fogo imediato.

“Estrategicamente pode não ser bom para os dois lados. Eu não acho que seja necessário um cessar-fogo”, disse, repetindo a retórica de Putin —até aqui, Zelenski defendia a trégua primeiro, para depois conversar.

Ainda assim, o alemão Merz colocou o dedo na ferida, num raro momento de dissonância. “Os passos mais complicados vêm agora. Para ser honesto, gostaria de ver um cessar-fogo já a partir do próximo encontro. Vamos colocar pressão na Rússia. A credibilidade do nosso esforço depende disso”, afirmou.

O encontro foi precedido de grande apreensão por parte dos ucranianos e seus aliados europeus, cientes de que Trump voltou a se alinhar a Putin acerca do conflito.

Antes da reunião, os alertas foram acesos a partir de uma postagem de Trump na rede Truth Social. “O presidente Zelenski pode acabar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se ele quiser, ou pode continuar a lutar. Lembre como ela começou. Não ganhará de volta a Crimeia dada por Obama (12 anos atrás, sem um tiro dado!), e SEM ENTRADA NA OTAN DA UCRÂNIA”, escreveu.

A postagem trouxe à tona a memória de quando Trump recebeu Zelenski na Casa Branca pela primeira vez, em fevereiro. Ao lado de auxiliares e de Vance, ele armou uma armadilha para o ucraniano, acusando-o de ter causado a invasão russa de 2022 e de não querer acabar com a guerra.

O bate-boca público, um desastre para Kiev, foi depois remendado aos poucos, com o americano adotando uma crescente posição de neutralidade e passando a pressionar Putin, com o paroxismo de um ultimato que venceu no dia 8 passado e foi esquecido.

Só que, a julgar pelas entrevistas posteriores de Trump, era tudo teatro. Ele disse no fim de semana que não pretendia implementar as sanções que havia ameaçado se o russo não parasse a guerra até aquela data, porque isso determinaria seu fracasso em lograr uma trégua.

O mais importante, do ponto de vista da possibilidade de uma acomodação, é que o encontro parece ter corrido bem, ao menos por sua faceta pública.

“Nós vamos parar essa guerra. A guerra vai acabar, esse senhor [Zelenski] quer, Vladimir Putin quer”, afirmou o republicano na abertura do encontro, pouco antes das 13h20 (14h20 em Brasília).

O clima era de muita cordialidade, nada parecido com o bate-boca de 28 de fevereiro. “Muito obrigado pelos seus esforços”, disse Zelenski, entre algumas brincadeiras sobre desta vez estar de paletó, e não a roupa militar criticada antes por Trump.

O ucraniano também agradeceu à primeira-dama Melania Trump por ter entregado uma carta a Putin durante a cúpula realizada na sexta-feira passada (15) no Alasca, no qual ela pedia o fim da guerra em nome das crianças afetadas. E deu ao americano uma mensagem escrita por sua mulher, Olena.

Do outro lado da sala, contudo um correspondente da rede BBC notou a presença de um mapa da Ucrânia com as áreas ocupadas pela Rússia, cerca de 20% do país, destacadas. Zelenski depois viria a brincar com o fato: “Obrigado pelo mapa, aliás”, disse a Trump em frente dos aliados.

Putin sugeriu que aceitaria trocar o congelamento das linhas de batalha nas duas regiões do sul ucraniano nas quais controla 70% do território, Kherson e Zaporíjia, em troca da entrega definitiva de Donetsk (leste), onde também tem 70% de domínio e está em ofensiva.

A quarta região anexada ilegalmente e que faz parte do pacote colocado por escrito pelo Kremlin, Lugansk (leste), já está totalmente controlada por Moscou. Pela proposta de Putin, ele ganharia 6.600 km2 remanescentes no leste em troca de desocupar 440 km2 que tomou das regiões de Sumi e Kharkiv, no norte, que não estão na sua lista de desejos.

No domingo, Zelenski admitiu discutir a situação a partir das linhas atuais da frente de batalha, que tem mais de 1.000 km. Mas voltou a dizer que não poderia ceder território constitucionalmente, o que joga dúvidas sobre o destino da negociação.

A neutralidade militar da Ucrânia e o destino da península russófona da Crimeia, que Putin anexou na verdade há 11 anos após ver seu aliado derrubado da Presidência em Kiev, pelas palavras de Trump, já são um fato consumado na proposta à mesa.


Igor Gielow/Folhapress

Todos querem o fim da guerra, diz Trump ao lado de Zelenski


Quase seis meses depois de ser humilhado publicamente no Salão Oval, o presidente Volodimir Zelenski voltou nesta segunda-feira (18) à Casa Branca para ser recebido pelo presidente Donald Trump.

“Nós vamos parar essa guerra. A guerra vai acabar, esse senhor [Zelenski] quer, Vladimir Putin quer”, afirmou o republicano na abertura do encontro, pouco antes das 13h20 (14h20 em Brasília).

Ao menos na sessão aberta a repórteres, no início da conversa, o clima era de muita cordialidade, nada parecido com o bate-boca de 28 de fevereiro. “Muito obrigado pelos seus esforços”, disse Zelenski, entre algumas brincadeiras sobre desta vez estar de terno, e não a roupa militar criticada antes por Trump.

O ucraniano também agradeceu à primeira-dama Melania Trump por ter entregado uma carta a Putin durante a cúpula realizada na sexta-feira passada (15) no Alasca, no qual ela pedia o fim da guerra em nome das crianças afetadas. E deu ao americano uma mensagem escrita por sua mulher, Olena.

Trump e Zelenski não entraram, em público, a fundo nas questões complexas à frente. O ucraniano só disse que precisava acabar com a guerra ao ser questionado sobre o fatiamento de seu país, proposto por Putin e já abraçado por Trump.

O americano, por sua vez, voltou a se defender de ter recebido Putin em solo americano, objeto de diversas críticas. Questionado se havia abandonado mesmo a ideia de uma trégua imediata, como ficou evidente em Anchorage com Putin, Trump confirmou.

“Estrategicamente pode não ser bom para os dois lados. Eu não acho que seja necessário um cessar-fogo”, disse, repetindo a retórica de Putin —até aqui, Zelenski defendia a trégua para depois conversar. Trump também voltou a dizer que, se tudo der certo nas conversas, pretende um encontro a três com os dois rivais.

Acerca do tema central das garantias de que Putin não atacará de novo se houver paz, Trump disse que “os EUA irão dar boa proteção” aos ucranianos.

Do outro lado da sala, um correspondente da rede BBC notou a presença de um mapa da Ucrânia com as áreas ocupadas pela Rússia, cerca de 20% do país, destacadas. Isso dá a medida da pressão que aguarda Zelenski.

No Salão Oval estavam presentes os mesmos personagens de 172 dias atrás: o vice-presidente J. D. Vance, que foi ainda mais incisivo com Zelenski na outra ocasião; o secretário de Estado, Marco Rubio, e o negociador Steve Witkoff. Todos, exceto o vice, estiveram com Putin na sexta.

REUNIÃO FOI PRECEDIDA POR TENSÃO

O encontro foi precedido de grande apreensão por parte dos ucranianos e seus aliados europeus, cientes de que Trump voltou a se alinhar a Putin acerca do conflito.

Na sequência da reunião, os dois receberão os líderes da Alemanha, França, Itália e Finlândia, além dos chefes da Otan e da Comissão Europeia, que já estavam na Casa Branca quando Zelenski chegou. O ucraniano queria que eles estivessem juntos desde o começo, para reforçar sua posição de tentar evitar ver seu país rifado pelo republicano, mas o americano rejeitou a ideia.

Antes da reunião, os alertas foram acesos a partir de uma postagem de Trump na rede Truth Social. “O presidente Zelenski pode acabar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se ele quiser, ou pode continuar a lutar. Lembre como ela começou. Não ganhará de volta a Crimeia dada por Obama (12 anos atrás, sem um tiro dado!), e SEM ENTRADA NA OTAN DA UCRÂNIA”, escreveu.

A postagem trouxe à tona a memória de quando Trump recebeu Zelenski na Casa Branca pela primeira vez, em fevereiro. Ao lado de auxiliares e do vice J. D. Vance, ele armou uma armadilha para o ucraniano, acusando-o de ter causado a invasão russa de 2022 e de não querer acabar com a guerra.

O bate-boca público, um desastre para Kiev, foi depois remendado aos poucos, com o americano adotando uma crescente posição de neutralidade e passando a pressionar Putin, com o paroxismo de um ultimato que venceu no dia 8 passado.

Só que, a julgar pelas entrevistas posteriores de Trump, era tudo teatro. Ele disse no fim de semana que não pretendia implementar as sanções que havia ameaçado se o russo não parasse a guerra até aquela data, porque isso determinaria seu fracasso em lograr uma trégua.

Em vez de punições aos parceiros comerciais da Rússia, como China e Brasil, Trump promoveu a cúpula no Alasca. Não houve menção à trégua, mas tudo o que transpareceu do encontro sugere um encaminhamento novo para um cenário em que os termos de Putin prevalecem.

O russo fez uma concessão conhecida até aqui, segundo o negociador Steve Witkoff: aceitou pela primeira vez que os EUA deem algum tipo de garantia de segurança para a Ucrânia após o fatiamento do país, talvez de forma análoga ao artigo 5 da carta da Otan, que prevê defesa mútua em caso de ataque a qualquer 1 dos 32 membros da aliança militar.

Foi disso que Trump falava quando citou a questão da proteção a Kiev. O Kremlin voltou a dizer que não aceitará tropas ocidentais em solo ucraniano.

Nada de força de paz, como querem Kiev e os europeus, contudo. E Putin sugeriu que aceitaria trocar o congelamento das linhas de batalha nas duas regiões do sul ucraniano nas quais controla 70% do território, Kherson e Zaporíjia, em troca da entrega definitiva de Donetsk (leste), onde também tem 70% de domínio e está em ofensiva.

A quarta região anexada ilegalmente e que faz parte do pacote colocado por escrito pelo Kremlin, Lugansk (leste), já está totalmente controlada por Moscou. Pela proposta de Putin, ele ganharia 6.600 km2 remanescentes no leste em troca de desocupar 440 km2 que tomou das regiões de Sumi e Kharkiv, no norte, que não estão na sua lista de desejos.

É um bom negócio para o russo, ainda que não seja o domínio sobre o vizinho que planejava ao invadi-lo. As áreas remanescentes de Zaporíjia e Kherson são de difícil acesso pela barreira natural do rio Dniepr, e o que Putin tem lá já é suficiente para manter sua ponte terrestre entre a Crimeia e a Rússia.

No domingo, Zelenski admitiu discutir a situação a partir das linhas atuais da frente de batalha, que tem mais de 1.000 km. Mas voltou a dizer que não poderia ceder território constitucionalmente, o que joga dúvidas sobre o destino da negociação.

A neutralidade militar da Ucrânia e o destino da península russófona da Crimeia, que Putin anexou na verdade há 11 anos após ver seu aliado derrubado da Presidência em Kiev, pelas palavras de Trump, já são um fato consumado na proposta à mesa.

Igor Gielow/Folhapress

Em almoço dado por banqueiros em São Paulo, Tarcísio é tratado como candidato à Presidência

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi tratado como candidato a presidente da República em encontro com alguns dos principais banqueiros e empresários do país no sábado (16).

O almoço foi oferecido a ele por Alexandre Bettamio, co-head of global investment banking do Bank of America, o segundo maior dos EUA e há 65 anos no Brasil.

Bettamio abriu as portas de sua casa na Fazenda Boa Vista para convidados como os empresários e CEOs Milton Maluhy, do Itaú, Mario Leão, do Santander, Raul Calfat, da Embraer, Rubens Ometto, da Cosan, Tércio Borlenghi Júnior, da Ambipar, Alexandre Birman, da Arezzo&Co, Ricardo Lacerda, da BR Partners, Marcos Molina, da Marfrig, José Auriemo, da JHSF, e o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, hoje no Nubank.

De camiseta polo cinza da Hugo Boss, tênis e calça jeans, Tarcísio discursou por quase duas horas e foi diversas vezes interrompido por aplausos.

Em sua apresentação, falou sobre sua vida e carreira, discorreu sobre suas diferentes passagens pelo governo federal, citou Dilma Rousseff (PT) de forma respeitosa, divulgou números que considera positivos de sua administração em SP —e falou sobre o que considera os principais problemas do Brasil.

De acordo com convidados que conversaram com a coluna, Tarcísio bateu na tecla da ineficiência do governo, disse que até o presidente Lula (PT) reconhece o problema e discorreu sobre o equilíbrio entre os poderes —sem, no entanto, criticar o Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com um dos empresários, o governador adotou a linha propositiva, sem ataques a ninguém. E buscou demonstrar lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nas rodas de conversa, no entanto, empresários e banqueiros criticaram duramente Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos —de onde tem insuflado as sanções aplicadas ao Brasil pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Ele faz isso como forma de pressionar para que o pai escape da condenação e da prisão. A Polícia Federal investiga o parlamentar e o ex-presidente por tentativa de obstrução da Justiça e coação no curso do processo.

Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, será julgado em setembro pelo STF sob a acusação de que liderou uma organização criminosa para dar um golpe de estado no Brasil.

Os filhos do ex-presidente têm partido para o ataque aos governadores que são vistos como alternativas a Bolsonaro.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), disse no domingo (17) que governadores de direita agem como ratos e oportunistas enquanto tentam herdar o espólio político de seu pai, que está inelegível e cumpre prisão domiciliar.

A publicação, feita na rede social X (antigo Twitter), foi compartilhada pelo irmão dele.

Mônica Bergamo/Folhapress

OAB-PR pede autocrítica e autocontenção do STF para ‘evitar desvios autoritários’

A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) divulgou uma carta com críticas e cobranças ao Supremo Tribunal Federal (STF). A entidade questiona condutas dos ministros, inclusive nos processos relacionados ao 8 de Janeiro e na ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e pede “autocrítica e autocontenção para evitar desvios autoritários”. “É nas crises que mais se exige o respeito às regras”, diz a carta.

O documento foi aprovado pelos advogados paranaenses depois de um congresso sobre o STF. A OAB afirma que é preciso defender o tribunal de ataques e “interferências estrangeiras”, mas afirma que é “legítimo e necessário” analisar “aspectos de sua atividade jurisdicional”.

“Defender o STF, como instituição, significa também exigir uma atuação transparente, colegiada e em estrito respeito ao devido processo legal”, diz um trecho do documento.

“Apoiar o Supremo Tribunal Federal como pilar da democracia não significa endossar todas as suas práticas ou decisões. A lealdade às instituições se demonstra na vigilância crítica e na cobrança firme para que atuem dentro dos limites constitucionais”, completa a OAB do Paraná.

Julgamento de Bolsonaro

A OAB questiona, por exemplo, a validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que deflagrou o inquérito do golpe e a ação penal contra Bolsonaro pela trama golpista. Uma das principais estratégias das defesas do ex-presidente e dos outros réus no processo foi tentar esvaziar o acordo de colaboração.

Cid chegou a ser ouvido pelo próprio ministro Alexandre de Moraes, que homologou o acordo, e foi alertado que poderia perder os benefícios se omitisse informações.

“Dúvidas sobre a ausência de espontaneidade, a existência de múltiplas versões prestadas pelo colaborador e o contexto de prisão preventiva em que se deu a colaboração colocam em risco a credibilidade das declarações como fundamento das acusações”, afirma a OAB.

8 de Janeiro

A OAB afirma que há “fragilidades” na condução das ações penais do 8 de Janeiro. Para a entidade, réus sem foro privilegiado deveriam ser julgados na primeira instância e não no STF.

“Sempre que as normas de competência não são rigorosamente observadas, há risco de comprometimento da imparcialidade e da legitimidade da jurisdição”, diz o manifesto.

Os advogados também acusam o STF de ampliar indevidamente sua competência para julgar os processos com base no regimento interno do tribunal e em “detrimento da lei”.

A OAB denuncia violações ao direito de defesa, como restrições de acesso aos autos, prazos exíguos para a defesa, dificuldades de contato com réus presos e imposição de medidas cautelares que limitam a comunicação entre advogados e investigados.

A entidade questiona ainda as condenações dos réus por dois crimes semelhantes – abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado -, o que, segundo os advogados, tem gerado “penas excessivas, especialmente para réus de baixa participação nos fatos”.

Foro privilegiado

As desaprovações também são dirigidas às mudanças de interpretação sobre o alcance do foro por prerrogativa de função Recentemente, o STF expandiu a competência da Corte para julgar autoridades e políticos. A OAB afirma que posição “oscilante”, “alterada diversas vezes nas últimas duas décadas sem mudança legislativa ou constitucional, revela abordagem casuística”.

Sustentações orais

A OAB voltou a criticar o volume de decisões individuais dos ministros e o julgamento de ações penais no plenário virtual do STF, o que impede a sustentação oral (momento em que a defesa apresenta seus argumentos) em tempo real. Como as sessões virtuais são assíncronas, os advogados enviam argumentações gravadas aos ministros, mas não há garantia de que são ouvidos.

Conflito de interesses

A OAB cobra critérios mais claros para a participação de magistrados em eventos com empresários e políticos. A entidade afirma que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que administra o Poder Judiciário, precisa definir “limites institucionais” para “eventos dos quais magistrados participam, seus patrocínios e eventuais vantagens ou retribuições financeiras aos convidados”.

“Na mesma linha é preciso que haja clareza sobre benefícios oferecidos a familiares de juízes e definições do que pode configurar conflito de interesse”, diz a carta.

Os advogados também alertam para a decisão do STF que afrouxou regras de impedimento e liberou magistrados para julgarem casos em que as partes sejam clientes de escritórios de cônjuges, parceiros e parentes. Segundo a OAB, o julgamento requer “atenção”.

Rayssa Motta e Fausto Macedo, Estadão Conteúdo

FICCO/Ilhéus deflagra operação em combate ao tráfico de drogas no sul da Bahia

Ilhéus/BA. No último sábado (16/8), a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Ilhéus - FICCO/Ilhéus deflagrou a operação Calibre Oculto, que resultou na prisão de um homem no município de Ibirapitanga/BA.

Durante a ação, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Ibirapitanga e um em Ubatã/BA. Nos locais foram apreendidas uma quantidade relevante de maconha, cocaína, um montante de quase R$ 3 mil em espécie e munições de pistola (.40). O detido, que já possui passagem pela polícia, foi conduzido à Delegacia Territorial de Ubatã e segue à disposição da Justiça.

As forças policiais reforçaram que a operação integra uma série de ações estratégicas de combate ao tráfico de drogas e à criminalidade na região. A ação contou com a participação da 61ª CIPM, Polícia Civil de Ubatã, 7ª Coorpin, TOR, Rondesp Sul e Rondesp Sudoeste.

A FICCO/Ilhéus é composta pela Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia.

Comunicação Social da Polícia Federal na Bahia

PF faz 5 prisões por tráfico, apreende mais de 40 kg drogas e 800 g de material semelhante a ouro no Aeroporto em Guarulhos

São Paulo/SP. A Polícia Federal realizou uma série de apreensões e prisões no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos entre os dias 15 e 18 de agosto.

Uma passageira que desembarcou de um voo procedente dos EUA foi flagrada com 30 kg de haxixe escondidos dentro de sua mala.

Em outro momento, uma sul-africana, que embarcaria para o Catar, transportava 3 kg da droga oculta dentro de dois livros.

Um casal de brasileiros, com destino à China, foi interceptado pelos policiais federais, com o auxílio de cães farejadores, com a droga escondida em fundos falsos de suas malas (3 kg com cada um deles).

Ainda, uma sul-africana, que retornava ao seu país, também foi flagrada com a droga em mala com fundo falso quase 2kg.

Quatro passageiros chineses, com destino à Turquia, transportavam quatro correntes idênticas de 200 g cada, sem documentação legal. O material, que aparenta ser ouro, será periciado para investigar crimes de evasão de divisas e descaminho.

Em outra ação, a PF identificou um documento público falsificado e localizou os responsáveis, que responderão pelo crime.

Captura de procurados pela Justiça
Dois homens com mandados de prisão foram detidos durante os procedimentos migratórios. Um era procurado pela Justiça de Minas Gerais (crimes contra a saúde pública); outro pela Justiça de Pernambuco (roubo). Eles serão encaminhados ao presídio.

Comunicação Social da Delegacia Especial no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos

FICCO/MG faz operação contra comércio ilegal de arma de fogo

Governador Valadares/MG. A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Minas Gerais (FICCO/MG) deflagrou, nesta segunda-feira (18/8), a Operação Senhores da Guerra, voltada ao combate de uma organização criminosa ativa em Governador Valadares, responsável por abastecer gangues rivais com armas, munições e coletes balísticos.
A decisão judicial autorizou a apreensão de mais de 40 armas registradas, que serão submetidas a processo de cassação dos respectivos registros. Além disso, foram expedidos 2 mandados de prisão preventiva e 6 de prisão temporária.

As investigações tiveram início a partir da análise do material apreendido na Operação Muro de Ferro, deflagrada em fevereiro de 2025. Essa investigação revelou a existência de uma organização criminosa cuja estrutura em Governador Valadares incluía dois líderes responsáveis pela aquisição dos armamentos.
As munições eram comercializadas tanto para criminosos quanto para pessoas com registros válidos de armas de fogo — incluindo integrantes do CAC (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) — que adquiriram os produtos fora da legalidade. Este comércio ilegal era realizado por cinco outros membros do grupo.

Além disso, a organização contava com a participação de um armeiro e instrutor de tiro da cidade, responsável pela manutenção dos armamentos e pela intermediação das negociações ilegais. A organização também fabricava e comercializava clandestinamente um acessório capaz de aumentar a letalidade de fuzis, transformando-os no modo rajada.

Comunicação Social da Polícia Federal em Minas Gerais

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