Centrão marca distância em relação a Bolsonaro e diz que recuperação de Lula ainda é insuficiente
Os cinco partidos de centro e de direita que integram a coalizão de Lula (PT) pretendem aguardar os reflexos políticos da crise em torno da sobretaxa anunciada por Donald Trump e do recente cerco de Alexandre de Moraes a Jair Bolsonaro (PL) para avaliar se recalibram a rota prevista para as eleições de 2026.
Apesar de a maioria ressaltar que ainda é cedo para movimentações mais contundentes, há avaliação entre alguns deles de que Bolsonaro, parentes e aliados mais ferrenhos estão por ora em situação de isolamento. Essa leitura, no entanto, não significa que o grupo tenha se inclinado a seguir no barco lulista.
A percepção de congressistas desse campo é que não há garantias de que Lula conseguirá uma recuperação robusta de popularidade. Por isso, alguns desses partidos mantêm no radar um plano de desembarque, embora haja discordâncias internas sobre a melhor data para deixar o governo.
Na avaliação desse grupo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sofreu arranhões no episódio das tarifas —a imagem com o boné Maga (Make America Great Again), símbolo do trumpismo, é citada como deletéria para seus intentos eleitorais—, mas ainda é a opção número 1 do centrão para enfrentar Lula em 2026.
Lideranças ouvidas pela reportagem reconhecem que não devem fazer nenhum movimento neste momento, justamente para evitar respingos pelas críticas que o bolsonarismo recebeu com o caso da sobretaxa.
Um cardeal do centrão diz que, por outro lado, com o bolsonarismo fragilizado, o grupo terá mais poder de influenciar quem será o candidato da direita em 2026. Bolsonaro está usando tornozeleira eletrônica por ordem de Moraes e não pode se manifestar nas redes sociais.
Tudo o que o grupo mais quer é uma candidatura que seja apoiada pelos Bolsonaros, mas que não tenha o sobrenome da família na cabeça de chapa.
Enquanto o quadro não se define na direita, os partidos se posicionam para entrar no ano eleitoral. União Brasil e PP devem oficializar a formação da federação União Progressista em evento previsto para o dia 19 de agosto. Integrantes das duas siglas dizem que esse é o primeiro passo para discutir se os partidos permanecerão ou não na Esplanada dos Ministérios de Lula.
“Logo depois, eu vou propor que os partidos e suas bancadas se reúnam e proíbam qualquer membro do partido de participar desse governo”, disse o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), em entrevista à Jovem Pan na segunda-feira (21).
Apesar de lideranças defenderem o desembarque ainda neste ano, há nomes influentes nos dois partidos que avaliam não ser o momento adequado. Essas siglas possuem juntas quatro ministérios, além do comando da Caixa Econômica Federal e de estatais.
Na Esplanada, o PP tem o Ministério dos Esportes, chefiado pelo deputado licenciado André Fufuca (MA), e o comando da Caixa —apesar de deputados e senadores afirmarem que a chefia do banco é uma indicação do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL) e não do partido.
O União Brasil comanda os ministérios do Turismo, com o deputado licenciado Celso Sabino (PA), do Desenvolvimento Regional, com Waldez Goés, e das Comunicações, com Frederico de Siqueira Filho. Esses dois últimos foram indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Há uma avaliação de que o rompimento com o governo poderia gerar desconforto nas próprias bancadas, já que deputados e senadores têm indicações em cargos federais nos estados.
Integrantes dos dois partidos contrários ao desembarque imediato atribuem a pressão a Ciro Nogueira e ao presidente do União Brasil, Antônio Rueda. Eles defendem adiar essa decisão para abril, para que o cenário eleitoral fique mais claro. Esse é o prazo também para que os ministros que serão candidatos deixem os cargos.
Ciro Nogueira tem o objetivo de ser vice em eventual chapa presidencial de Tarcísio. Na quinta-feira (24), ele publicou em suas redes sociais que espera o dia em que o Brasil terá um presidente “da estatura de Bolsonaro ou Tarcísio”.
Do lado do governo, a avaliação é que há muita espuma nos discursos do centrão, mas que a leve recuperação da popularidade de Lula, caso se consolide e progrida, pode melhorar o cenário para o Palácio do Planalto.
Integrantes do centrão avaliam que Lula ganhou fôlego, primeiro, com a campanha de defesa de menos impostos para os pobres e mais para os mais ricos. Depois, com a repercussão da ameaça de sobretaxa de Trump, o que deixou bolsonaristas na defensiva e chamuscou Tarcísio, que teve que modular seu discurso no decorrer da crise, sendo alvo de fogo amigo dentro do bolsonarismo.
Dois líderes do PSD dizem que a interferência de Trump pode ser um elemento adicional para fazer Tarcísio recuar e disputar a reeleição em São Paulo, deixando a chapa presidencial encabeçada por um nome da família Bolsonaro.
Já um deputado do Republicanos que, há duas semanas, dava o governo como acabado agora afirma que Lula se recuperou, e que os partidos cogitam adiar o desembarque para esperar o cenário ficar mais claro.
Um auxiliar de Lula ressalta que ameaças desses partidos de entregar os cargos se arrastam há meses e que não há qualquer informe nesse sentido, por enquanto.
O Palácio do Planalto reconhece que o apoio formal dessas siglas na eleição é muito improvável e trabalhará para que as legendas que hoje ocupam cargos na Esplanada fiquem neutras nas eleições do próximo ano, sem apoiar formalmente a candidatura do campo bolsonarista.
A ideia é também investir no apoio regional de lideranças desses partidos, como já ocorreu na eleição de 2022. O possível rompimento do União Brasil, por exemplo, não significará o afastamento de Davi Alcolumbre, visto no governo como o principal aliado na legenda.
Nesse contexto, parte dos lulistas defende que a vice-presidência, hoje ocupada por Geraldo Alckmin (PSB), possa entrar nas negociações. O cargo serviria para tentar atrair o apoio do MDB, já que há fortes lideranças do partido vinculadas ao governo, em especial o governador do Pará, Helder Barbalho.
Mas, entre os emedebistas, o discurso é de que um apoio formal do partido no primeiro turno só ocorrerá com uma grande recuperação da popularidade de Lula, que torne o presidente favorito e diminua a forças das alas oposicionistas.
Além disso, o tarifaço de Trump ampliou a exposição de Alckmin e voltou a fortalecer alas que defendem sua permanência como vice de Lula também em 2026.
Ranier Bragon/Raphael Di Cunto/Victoria Azevedo/Folhapress
Carla Zambelli grava vídeo, se diz exilada e faz agradecimento a senador filho de Bolsonaro
Foragida da Justiça, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) gravou um vídeo e disse estar vivendo como “exilada política” na Itália. Ela agradeceu ao apoio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
De boné e em um local fechado, Zambelli diz ser uma “perseguida política no Brasil”. “Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a [primeira-ministra da Itália] Giorgia Meloni, para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil”, disse a deputada foragida.
O vídeo foi publicado pelo portal Metrópoles.
Ela também disse que o comentário de Flávio Bolsonaro a ajudaria na tentativa de obter abrigo político. “Tudo isso que vem acontecendo só vem facilitar o nosso entendimento aqui, porque se não estivesse acontecendo tudo isso, com a sanção, com uma série de coisas, realmente não daria para entender o que está acontecendo comigo”.
A deputada gravou a mensagem após o senador pedir à Itália que abra as portas para ela. As declarações foram dadas em entrevista ao portal Metrópoles, na quinta-feira (24). “Quero pedir às autoridades italianas, publicamente, que abram as portas do governo para essa perseguida política, porque ela foi para lá por saber que não enfrentaria um processo justo e imparcial —já está pré-condenada”, disse Flávio.
Zambelli é considerada foragida pela Justiça brasileira. Em junho, após o anúncio da viagem da deputada para o exterior, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes acatou o pedido da Procuradoria-Geral da República e pediu a inclusão do nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol.
A parlamentar foi condenada a dez anos de prisão pela Primeira Turma do STF em maio, além da perda do mandato. A Primeira Turma da Corte decidiu por unanimidade que ela cometeu os crimes de falsidade ideológica e invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), Zambelli planejou o ataque virtual que inseriu no sistema do CNJ decisões judiciais forjadas, como um mandado de prisão contra o próprio Moraes, com o trecho: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”, diz o documento falso.
O hacker Walter Delgatti Neto foi condenado na mesma ação a oito anos e três meses de prisão. Além das penas, o relator Moraes determinou que ele e Carla Zambelli paguem, solidariamente, R$ 2 milhões por danos materiais e morais coletivos. Moraes também fixou multas individuais: cerca de R$ 2,1 milhões para a deputada e aproximadamente R$ 520 mil para Delgatti.
A deputada ainda responde a outra ação penal no Supremo. Ela é ré acusada de porte ilegal de arma e constrangimento armado, por ter perseguido um homem com pistola nas ruas de São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022. O julgamento já tem maioria pela condenação, mas foi interrompido por pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.
Folhapress/UOL
Rádio do interior de SP se torna porta-voz do bolsonarismo após ser excluída da rede Jovem Pan
A edição do News da Manhã Brasil da sexta-feira, 18 de julho, foi agitada. A primeira meia hora do noticiário da Rádio Auriverde, de Bauru, no interior paulista, seguia o roteiro de todo dia, com a reprodução do hino nacional e as inserções do merchandising, quando o administrador e apresentador da rádio, Alexandre Pittoli, recebeu a informação de que a Polícia Federal fizera diligências na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. “Fomos pegos de surpresa e iniciamos um voo sem instrumentos, o que nunca é agradável”, lembra Pittoli, que passou a atualizar as notícias minuto a minuto.
Nos estúdios, Pittoli tentava marcar entrevistas com políticos de direita, mas ninguém respondia às mensagens. Expulsa da Jovem Pan, a Rádio Auriverde se tornou um dos principais veículos de comunicação do bolsonarismo, abrigando as pautas do campo político, entre as quais as teorias conspiratórias contra as urnas eletrônicas.
Todos os dias, passam pelos microfones do News da Manhã Brasil políticos de direita, como os deputados federais do PL Carlos Jordy (RJ) e Nikolas Ferreira (MG), além do elenco de comentaristas, egressos da Jovem Pan —Rodrigo Constantino, Alexandre Garcia e Cristina Graeml. Com seis horas de duração, o jornal é o carro-chefe da Auriverde, sendo transmitido também no YouTube.
Como não existe apuração de informações, o objetivo do programa, diz Pittoli, é analisar o cenário político sob o viés bolsonarista. Além do apresentador, participam sempre do jornal Gabriela de Ângelo, que repassa as notícias publicadas pelos principais veículos de imprensa do país, e o comentarista Eduardo Borgo, vereador em Bauru pelo partido Novo.
Com 2 milhões de inscritos no YouTube, a audiência da Auriverde na plataforma tem, em média, 37 mil espectadores simultâneos, segundo o apresentador. Na manhã da operação da PF, o número chegou a 40 mil. Além do matutino, a grade diária é composta ainda por um programa esportivo e um noticiário local. Em tempos recentes, a rádio passou a transmitir os protestos bolsonaristas.
Segundo Pittoli, o faturamento da Auriverde se dá com a publicidade e a monetização do YouTube. Não há, diz ele, financiamentos de grupos políticos. É comum ouvir, durante o jornal, comentários em defesa do voto impresso, como o proferido por Pittoli, no mês passado. Por isso, a Auriverde recebeu do YouTube um “shadowbanning”.
O termo em inglês menciona uma técnica da plataforma para restringir determinada página, mesmo que o usuário seja frequente. “Como é que hoje tenho uma audiência e amanhã tenho menos audiência? Estou ciente de que construí no terreno dos outros, mas acho que a relação mais clara com as big techs facilitaria o meu trabalho como empresário”, afirma.
De todo modo, a Auriverde ganhou a importância que tem sobretudo por dois motivos. Em primeiro lugar, a emissora tem agora o antigo público da Jovem Pan. Em 2017, a Auriverde se filiou à rede de comunicação para sair de um quadro de crise econômica, mas foi expulsa dela, depois das eleições de 2022.
Naquele período, a Jovem Pan moderou a linha editorial, antes atrelada à pauta bolsonarista, e demitiu comentaristas, alguns absorvidos pela Auriverde. Naquela altura, a Jovem Pan já entrara na mira do Ministério Público, com a difusão de notícias falsas durante o período eleitoral. Pelo mesmo motivo o YouTube decidira desmonetizar o canal da rádio. Mesmo assim, Pittoli não aceitou a mudança na linha editorial.
Numa audiência no Senado, chegou a acusar a Jovem Pan de fazer um acordo com as autoridades, sem deixar claro quais, para “entregar” os seus jornalistas. Pittoli é alvo de uma ação por danos morais, sobre o qual não comenta, dada a proximidade da audiência em juízo. Procurada, a Jovem Pan não se pronunciou.
Um segundo motivo para a popularidade da Auriverde é a simpatia que o próprio Bolsonaro tem pela rádio. Já são 14 entrevistas concedidas à emissora, desde que a conheceu, há dois anos, por intermédio do senador Marcos Pontes (PL-SP), que é natural de Bauru.
Fundada em 1956, Auriverde teve uma programação comum para uma rádio local em quase sete décadas de existência. Na maior parte do tempo, foi comandada por Airton Daré, dono da Bauruense, empresa do ramo da logística.
Com a morte dele, em 2011, a rádio se tornou parte do espólio de Daré, agora administrado por Pittoli. A virada à direita se deu a partir de um comentário feito há dois anos pelo apresentador sobre a graça que Bolsonaro concedeu ao ex-deputado federal Daniel Silveira. O comentário gerou grande audiência.
“É tudo ao vivo, não tem pegadinha ou recorte. A palavra é franqueada a Bolsonaro, como seria a outra autoridade. Queria entrevistar o Lula e algum ministro do Supremo. Eles teriam portas abertas”, diz o comentarista Eduardo Borgo.
Na visão de Borgo, há no Brasil um estado de exceção, e o tarifaço deve ser entendido como um direito unilateral dos Estados Unidos. “O tarifaço é um ato de soberania americana. Se essa for a medida para restabelecer a ordem democrática no Brasil, o que não podemos aceitar é nos tornarmos uma Venezuela”, diz Borgo.
Gustavo Zeitel/Folhapress
Proximidade de julgamento de Bolsonaro com Sete de Setembro preocupa STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) pretende reforçar ainda mais a segurança do edifício sede e dos ministros diante da proximidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A atenção será redobrada diante da data esperada para o julgamento, no início de setembro, próximo ao dia 7, quando é comemorado o Dia da Independência.
O Sete de Setembro ficou identificado como uma data em que apoiadores de Jair Bolsonaro vão às ruas para protestar contra o que consideram ser arbitrariedades cometidas pelo Judiciário. Nessas manifestações, o STF e os ministros costumam ser atacados e ameaçados.
Na sexta-feira, 25, o deputado bolsonarista Hélio Lopes montou uma barraca na Praça dos Três Poderes, próximo ao prédio do STF. A movimentação no local fez com que a segurança do Supremo fosse reforçada do lado de fora.
Hélio Lopes colocou esparadrapo na boca e diz que protesta contra as medidas judiciais impostas pelo ministro Alexandre de Moraes ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles foram retirados do local, por determinação de Moraes. No sábado, 26, grades de metal que costumavam circundar apenas o STF passaram a proteger toda a Praça dos Três Poderes. Nem mesmo turistas foram permitidos no local.
A preocupação do STF com segurança cresceu nos últimos anos, à medida que se intensificaram aos ataques à Corte. O tribunal foi totalmente cercado com grades de metal antes mesmo do 8 de janeiro de 2023. Em 13 de novembro do ano passado, quando um homem acionou explosivos em frente ao Supremo e morreu, foram adotadas novas providências para garantir a proteção do prédio e dos ministros.
Antes dos ataques, o STF já costumava reforçar a segurança com mais efetivo e mais equipamentos nas proximidades do Sete de Setembro. Fez o mesmo nos julgamentos e sessões referentes aos processos sobre a trama golpista ocorridos até agora. Em setembro, com a junção dos dois fatores, a estrutura será ainda maior.
Para as sessões deste ano sobre a trama golpista, foram instalados mais pórticos de raio X e a convocados mais efetivo. Em uma das sessões, o tribunal determinou que os celulares de quem fosse assistir ao julgamento fosse lacrado em uma embalagem de plástico. Foi proibido o uso dos aparelhos no interior do tribunal. No dia seguinte, diante da reclamação de advogados, a medida foi revogada.
Atualmente, o STF tem quatro contratos em vigor com empresas para prestação de serviços de segurança, com fornecimento de pessoal e equipamentos. O contrato de maior valor é com a empresa Esparta, que se comprometeu a prestar serviço por dois anos ao custo de R$ 84,8 milhões.
No início do mês, A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que cria 160 funções comissionadas e 40 cargos de policial judicial no STF. Os cargos em comissão serão distribuídos entre os gabinetes dos onze ministros. O impacto financeiro é de cerca de R$ 7,8 milhões neste ano. Segundo o Supremo, a reestruturação das equipes será custeada pelo próprio tribunal.
Carolina Brígido/Estadão
Trump e chefe da UE se encontram neste domingo para evitar guerra comercial
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajou à Escócia neste sábado (26) para uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que deve selar na tarde deste domingo (27) um acordo que evitaria tarifas de 30% e uma consequente retaliação da União Europeia.
Autoridades da UE afirmaram que os dois lados estão próximos do acordo, enquanto Trump disse nesta sexta (25) que há 50% de chance de o “maior acordo de todos” acontecer.
Um impasse poderia ser desastroso para ambas as economias. Combinando bens, serviços e investimentos, a UE e os EUA são os maiores parceiros comerciais um do outro. A Câmara de Comércio Americana em Bruxelas alertou em março que qualquer conflito colocaria em risco US$ 9,5 trilhões (R$ 53 trilhões) em negócios.
Os negociadores da UE e dos EUA, em conversas intensas nos últimos dias, trabalham para estabelecer tarifas de cerca de 15% na maioria das importações americanas da UE, espelhando um acerto firmado com o Japão nesta semana.
As negociações entre o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e autoridades da UE continuaram até tarde da noite deste sábado enquanto discutiam sobre os detalhes finais sobre o nível de tarifas que se aplicariam ao aço, automóveis e e produtos farmacêuticos da UE, segundo o Financial Times. Segundo os relatos, as conversas foram agressivas em alguns momentos.
Lutnick e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, permaneceram em Washington neste sábado, mas devem chegar na manhã deste domingo ao luxuoso resort de golfe Turnberry, na costa sudoeste da Escócia, para finalizar algum acordo.
Trump ameaçou impor tarifas de 30% sobre todas as exportações da UE para os EUA se nenhum acordo for alcançado até 1º de agosto. A sobretaxa se somaria às tarifas de 25% sobre carros e autopeças e outras de 50% sobre aço e alumínio já em vigor.
Trump também iniciou investigações que poderiam levar a tarifas sobre chips, produtos farmacêuticos e peças aeroespaciais. Na noite desta sexta, Trump disse a jornalistas que estava ansioso para se reunir com von der Leyen, chamando-a de líder “altamente respeitada”.
Um número crescente de Estados-membros da UE está pedindo que Bruxelas acione tarifas retaliatórias já preparadas sobre quase 100 bilhões de euros (R$ 643 bilhões) de produtos americanos se as negociações fracassarem.
Os dois lados, com uma relação comercial de 1,6 trilhão de euros (R$ 10,5 trilhões) em 2023, têm negociado um acordo por quase quatro meses. Durante esse período, os EUA têm cobrado um adicional de 10% sobre produtos da UE, além de 25% sobre carros e 50% sobre aço e alumínio.
A UE foi um alvo frequente da crescente retórica de Trump contra os principais parceiros comerciais e aliados, com o presidente acusando o bloco de “roubar” os EUA.
Quando Trump chegou à Escócia, onde também está jogando golfe e se reunindo com autoridades britânicas, o presidente dos EUA disse que havia cerca de 20 pontos de discordância a serem acordados com a UE. O bloco “quer muito fazer um acordo”, acrescentou.
Embaixadores dos Estados-membros da UE devem se reunir na manhã de domingo para receber uma atualização sobre as negociações. Eles também precisarão aprovar qualquer possível acordo firmado por Trump e von der Leyen, segundo funcionários da UE.
Se houver um acordo, Bruxelas suspenderá a implementação de tarifas de até 30% sobre 93 bilhões de euros em importações americanas a partir de 7 de agosto.
Caso contrário, alguns Estados-membros estão pressionando a Comissão a buscar aprovação para acionar sua arma comercial mais potente, o instrumento anticoerção, no início da próxima semana.
Nunca antes utilizado, o primeiro estágio exigiria que Bruxelas determinasse que houve coerção. Se o fizer, uma maioria ponderada dos Estados-membros poderia então aprovar uma ampla gama de medidas retaliatórias.
Autoridades disseram que as medidas poderiam incluir taxas sobre receitas de publicidade digital que afetariam empresas de tecnologia, e a exclusão de empresas americanas de licitações públicas.
Folhapress
PF localiza e destrói plantação de maconha entre Jamacaru e Brejo Santo/CE
Juazeiro do Norte/CE. A Polícia Federal, em ação conjunta com a Polícia Militar do Ceará, localizou e erradicou, nesta sexta-feira (25/7), uma plantação de maconha entre os municípios de Jamacaru e Brejo Santo, na região sul do estado.
O reconhecimento aéreo da área foi realizado por drone, que identificou a lavoura e a presença de dois indivíduos no local. Os suspeitos conseguiram fugir antes da chegada das equipes terrestres e da aeronave da CIOPAER.
Durante a ação, dois aparelhos celulares foram apreendidos. A plantação continha uma variedade da planta ainda não identificada. Amostras foram coletadas e serão encaminhadas ao Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, para análise técnica e estudos complementares.
A operação contou com efetivos da 1ª Companhia do 32º Batalhão da PMCE e da equipe BEPI, além do apoio da aeronave Fênix 07, da base da CIOPAER em Juazeiro do Norte. Apesar da ausência de prisões, a ação foi considerada bem-sucedida na identificação e destruição da área de cultivo ilegal.
Comunicação Social da Polícia Federal no Ceará
Homem é executado a tiros dentro de casa em Barra do Rocha
Após um período de relativa tranquilidade, a cidade de Barra do Rocha voltou a registrar um homicídio. Na noite deste sábado (26), por volta das 19h30, um homem identificado como Alcides Ribeiro dos Santos Filho, de 45 anos, conhecido como Bero, foi morto a tiros dentro da própria residência, localizada na Rua Olívia de Paula, no bairro Aloísio Galvão.
De acordo com informações preliminares, dois indivíduos a bordo de uma motocicleta invadiram o imóvel e executaram a vítima no quarto da casa. Alcides ainda tentou se proteger correndo para o interior da residência, mas foi alcançado e morto pelos criminosos.
A vítima morava sozinha em um imóvel vizinho a um açougue de sua propriedade. A Polícia Militar foi acionada e isolou o local até a chegada do Departamento de Polícia Técnica (DPT), responsável pela perícia e remoção do corpo para o Instituto Médico Legal (IML).
As motivações e autoria do crime ainda são desconhecidas. O caso será investigado pela Polícia Civil. (Giro Ipiaú)
Fome em nível catastrófico evidencia cenário mais sombrio da guerra na Faixa de Gaza
Sob cerco e bombardeios de Israel, a Faixa de Gaza vive hoje uma crise sem precedentes de fome e desnutrição. A situação aflige um território onde vivem mais de 2 milhões de pessoas e de onde agora chegam diariamente fotografias de crianças esquálidas lutando para receber água e comida.
“Estamos ficando sem vocabulário para descrever os horrores que as crianças estão enfrentando”, afirma Ricardo Pires, porta-voz do Unicef, a agência da ONU para a infância. “Os números são inacreditáveis, e nos contam uma história macabra sobre este período da humanidade”.
A situação humanitária afeta ao menos sete crianças brasileiras que vivem em Gaza. Sua mãe, Umm Abdo, 42, enviou à reportagem fotografias de uma delas, de 6 anos, com sinais de desnutrição. A reportagem comparou as imagens com registros anteriores dessa mesma criança.
Nascida em Santa Catarina, Umm Abdo se converteu ao islã e se mudou para Gaza em 2005. Casou-se com o filho de um dos fundadores do Hamas, razão pela qual não revela o nome verdadeiro. Diz que corre risco de retaliação.
Umm Abdo significa, em árabe, “a mãe do Abdo”, em referência ao seu primogênito. É uma maneira comum de se referir às pessoas nessa região. Foi com esse nome que ela se apresentou em 2014, quando a reportagem a visitou em Gaza pela primeira vez.
Os sete filhos, que nasceram em Gaza, vivem com o pai, que não permite que saiam do território palestino. Umm Abdo tenta há anos ter a guarda.
Quando falou com a reportagem, a brasileira disse que planejava buscar comida em um dos poucos pontos de distribuição que ainda funcionam. No dia seguinte, explicou que havia desistido ao se aproximar e ouvir disparos. Mais de 800 palestinos foram mortos nas últimas semanas tentando obter alimentos, a maior parte devido aos tiros de soldados israelenses.
A ONU diz que um terço das pessoas em Gaza passa mais de um dia sem comer. Dados de junho sugerem também que a população consome em média 1.400 calorias por dia, ou seja, apenas 67% do recomendado.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, 40 pessoas morreram de fome neste mês, elevando o total desde o início do conflito a 122 óbitos —mais de 80 seriam crianças.
As imagens de crianças com as costelas visíveis têm causado crescente comoção na comunidade internacional e devem aumentar a pressão por uma solução política. Recentemente, por exemplo, um grupo de mais de cem organizações humanitárias, como a Oxfam e os Médicos Sem Fronteiras, cobraram medidas para o fim da fome.
Várias dessas organizações acusam Israel de impedir de maneira sistemática a entrada da ajuda humanitária em Gaza. Já Israel afirma que o problema é o gargalo nas operações das agências. Tel Aviv culpa ainda o Hamas, cujo ataque terrorista matou 1.200 israelenses em 7 de outubro de 2023. Israel matou mais de 59 mil palestinos desde o início da crise, ainda na contagem das autoridades da facção.
Pires, do Unicef, descreve o esquema de distribuição de ajuda como uma “armadilha mortal”. Organizações humanitárias contavam antes com cerca de 400 pontos de distribuição de suprimentos. Hoje, existem apenas 4 em funcionamento. “Pessoas desesperadas, famintas e traumatizadas são forçadas a caminhar por quilômetros para buscar um saco de farinha”, diz o porta-voz.
Ele também critica o fato de que o sistema está hoje a cargo de uma entidade chamada Fundação Humanitária de Gaza. Trata-se de um controverso grupo americano com apoio de Israel cuja atividade foi marcada, nas últimas semanas, por episódios de violência e denúncias de conluio político.
Organizações humanitárias pedem um cessar-fogo entre Israel e Hamas e uma reabertura imediata dos corredores para a distribuição de suprimentos. Até porque a comida está do outro lado da fronteira, a poucos quilômetros. “Precisamos que as armas se silenciem”, diz Pires.
Zoe Daniels, diretora do International Rescue Committee para os territórios palestinos, faz um apelo afim: “Comida, água limpa, combustível e outros bens essenciais que podem salvar vidas precisam chegar até as 2 milhões de pessoas que passam necessidade em Gaza.”
A entrada de ajuda humanitária, no entanto, resolveria apenas a crise mais imediata. A fome deve reverberar por anos nos estômagos de Gaza, dado que esse nível de desnutrição tem efeitos conhecidos de médio e longo prazo. “Pode haver dano irreversível no desenvolvimento físico e cognitivo, em especial entre as crianças mais jovens”, afirma Daniels. Isso inclui a redução do crescimento e a debilitação do sistema imunológico. Há necessidade também de acompanhamento psicológico.
A fome tem, ainda, um impacto social. “Toda uma geração vai crescer traumatizada, desnutrida e sem oportunidades em Gaza”, diz. Os bombardeios israelenses devastaram toda a infraestrutura desse território palestino —destruindo escolas, universidades, hospitais e saneamento.
É por esse grau de destruição que, nos últimos anos, os palestinos têm acusado Israel de cometer um genocídio em Gaza. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já usou o mesmo termo para se referir aos ataques israelenses. Israel, por sua vez, nega as acusações.
No meio-tempo, outros líderes internacionais têm endurecido o discurso contra Israel. Em uma medida de grande peso simbólico, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou sua decisão de reconhecer o Estado Palestino. É esperado que outros europeus sigam o exemplo. No comunicado, Macron citou a necessidade urgente de auxílio humanitário.
Diogo Bercito/Folhapress
PF e PRF apreendem caminhão com 4,5 toneladas de maconha em Cascavel/PR
Foz do Iguaçu/PR. A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal apreenderam, na noite desta sexta-feira (25/7), aproximadamente 4.576 quilos de maconha durante fiscalização de rotina no km 586 da BR-277, no município de Cascavel, Oeste do Paraná.
A droga estava escondida sob uma carga de móveis, transportada por um caminhão que, segundo o motorista, havia sido carregado em Medianeira/PR e tinha como destino final a cidade de João Pessoa/PB. O condutor declarou que receberia uma quantia em dinheiro pelo transporte da carga ilícita.
O motorista foi preso em flagrante e encaminhado à Delegacia da Polícia Federal em Cascavel, onde permanecerá à disposição da Justiça. Ele poderá responder pelo crime de tráfico de drogas.
Comunicação Social da Polícia Federal em Foz do Iguaçu/PR – CS/PF/Foz
PF intercepta aeronave ligada a garimpo ilegal em Roraima
Boa Vista/RR. A Polícia Federal, em ação conjunta com o IBAMA e a ANAC, interceptou, nesta sexta-feira (25/07), uma aeronave que pousou em pista clandestina no município do Cantá, zona rural de Roraima, sem qualquer comunicação oficial às autoridades aeronáuticas.
Durante a abordagem, foi constatada a ausência de plano de voo e documentação válida. A aeronave apresentava modificações internas para transporte de carga e levava suprimentos típicos de garimpo ilegal, como alimentos, cigarros, carotes de combustível e ouro.
Seis pessoas foram presas em flagrante. Também foram apreendidos ouro, veículos, celulares e outros equipamentos eletrônicos. A aeronave, vinculada diretamente à atividade criminosa, foi inutilizada no local.
Após a lavratura dos flagrantes, os presos foram conduzidos ao sistema prisional onde se encontram à disposição da Justiça.
Comunicação Social da Polícia Federal em Roraima
(95) 98407-9833
Dois deputados contestam decisão de Moraes sobre protesto em praça e dizem que nem estavam lá
Os deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) criticaram neste sábado, 26, pelas redes sociais a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de mandar retirá-los de acampamento próximo à corte. Ambos negaram que estivessem lá.
“Estou no Rio de Janeiro, trabalhando na minha base eleitoral. Não estou em frente ao STF, como ele decidiu afirmar em sua decisão de me retirar”, escreveu Cavalcante em post na rede social X.
“DITADURA! MIL VEZES DITADURA! DITADURA VESTIDA DE TOGA!”, disse o deputado.
O despacho de Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República. Moraes autorizou a prisão dos parlamentares, caso não aceitassem deixar o local.
O ministro do STF assinou ainda um complemento da decisão proibindo a instalação de novos acampamentos num raio de um quilômetro da Praça dos Três Poderes, da Esplanada dos Ministérios e até mesmo de quartéis das Forças Armadas. Moraes justificou que adotava a medida para evitar um novo 8 de Janeiro.
A ordem de Moraes alcançava os deputados Hélio Lopes (PL-RJ), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Rodrigo da Zaeli (PL-MT).
O deputado Cabo Gilberto Silva também usou as redes sociais para questionar a decisão de Moraes. O parlamentar chamou a decisão de “mais um erro grave do STF” e disse que está trabalhando na Paraíba.
“Mais um erro grave do STF, eu estou trabalhando na Paraíba nesse momento, não estou na praça dos três poderes em Brasília como afirmou a decisão!”, escreveu.
Estadão
Única mineradora de terras raras no Brasil é dos EUA e exporta sobretudo para China
O Brasil já tem uma mineradora em operação de terras raras e comercializa para o exterior sua produção desde o ano passado. No primeiro semestre de 2025, houve, aliás, um aumento de quase 700% nas exportações desses elementos em relação ao total vendido em 2024.
O assunto ganhou destaque nesta semana após o embaixador interino dos EUA, Gabriel Escobar, sinalizar às mineradoras brasileiras o interesse dos americanos pelos minerais críticos do país, incluindo terras raras.
As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos que, apesar de abundantes na crosta terrestre, são de difícil separação –hoje, a China domina quase todo o mercado, da extração ao refino dos elementos. Esses materiais são fundamentais para a fabricação de ímãs que vão em carros elétricos, painéis solares, turbinas eólicas e várias tecnologias de defesa.
A Serra Verde, com operação em Minaçu, no norte de Goiás, inclusive, é propriedade de dois fundos americanos e um britânico, que veem a mineradora como uma alternativa à China nesse mercado. A mineradora tem planos de produzir por ano 5.000 toneladas de óxido contido no concentrado de terras raras, o que seria a primeira produção fora da China dos quatro elementos magnéticos críticos essenciais para a fabricação de ímãs permanentes –neodímio, praseodímio, térbio e disprósio.
A americana MP, com operações na Califórnia, produziu no ano passado 45 mil toneladas, mas com foco em elementos leves, como neodímio e praseodímio. Os chineses não divulgam sua produção anual, mas estimativas do governo dos EUA apontam 240 mil toneladas, incluindo os elementos pesados.
A meta da Serra Verde ainda está longe de ser alcançada, mas neste ano a empresa exportou 480 toneladas, sendo a grande maioria em fevereiro. Apesar de a mineradora ser controlada por americanos, quase toda a exportação deste ano foi parar na China, dona de mais de 90% das refinarias de terras raras no mundo.
São nesses locais que o concentrado deixa de ser um conjunto de elementos químicos para se tornar óxidos altamente purificados –material usado na fabricação dos ímãs.
Por ora, no entanto, a Serra Verde para na concentração dos elementos. Nessa fase, a empresa transforma um mineral com teor de cerca de 0,1% de terras raras em um concentrado de cerca de 30%. É esse o material exportado pela empresa.
Mas a reportagem apurou que o pioneirismo da empresa está custando caro. A empresa precisou suspender suas operações, segundo pessoas que acompanham de perto os trabalhos da mineradora, porque está tendo dificuldades não previstas na concentração dos elementos. A Serra Verde é a primeira mineradora a extrair terras raras fora da Ásia das chamadas argilas iônicas –tanto nos EUA quanto na Austrália a extração é feita de outras rochas, como a monazita.
“Esse pioneirismo trouxe um pequeno problema operacional para a Serra Verde; ela chegou a produzir e exportar, mas agora ela parou a produção, porque ela teve um problema e agora vai passar por um período de investimento para fazer essa desobstrução do processo”, diz Rafael Marchi, sócio da Alvarez & Marsal, que presta consultoria para a mineradora. “Esse processo vai durar por volta de 12 a 18 meses”, acrescenta.
Por não ter ações listadas em Bolsa, ao contrário de outras pequenas mineradoras com projetos de terras raras no país, a Serra Verde não é obrigada a divulgar informações sobre suas operações. Por isso, não há detalhes públicos das dificuldades encontradas pela empresa. Procurada, a mineradora disse que não se pronunciaria devido a razões comerciais.
À reportagem, no entanto, uma pessoa que participou das operações da empresa sinalizou que o grande desafio do setor é conseguir produzir o concentrado de terras raras a um preço ao menos próximo do praticado pelos chineses.
De acordo com esse profissional, para conseguir viabilizar um projeto desse porte, a empresa precisaria vender o quilo do concentrado —produto final da Serra Verde— por no mínimo US$ 25, sendo que US$ 40 garantiriam um melhor retorno. Dados do governo federal, no entanto, apontam que a Serra Verde vendeu cada quilo do seu produto neste ano por uma média de US$ 14. O preço foi estipulado em contratos feitos antes do início das operações.
A Shanghai Metal Markets, plataforma que agrega preços de metais, aponta que o concentrado de terras raras é vendido hoje no mundo por cerca de US$ 5, valor bem abaixo do praticado pela Serra Verde. Isso acontece, segundo quem acompanha o mercado, porque as empresas chinesas, donas de toda a cadeia do produto, conseguem repassar os custos com a concentração dos elementos para outros elos da cadeia, tanto o refino quanto a própria fabricação dos ímãs.
“Com isso quem compra por US$ 14 são empresas de outros países que não querem ser dependentes dos chineses ou a própria China para manter o mercado”, afirma André Pimenta, coordenador do Instituto de Terras Raras da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais).
Fernando Landgraf, professor titular da escola politécnica da USP e membro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia com foco em terras raras, também aponta que a Serra Verde pode estar tendo dificuldades em concentrar os elementos.
“Ainda que o teor seja de 0,1% pode ser que quando a mineradora passa a solução por lá para tirar as terras raras ela consegue tirar apenas 0,05%, e com isso ela gasta mais dinheiro”, afirma Landgraf. “Mas quando você está iniciando a mineração isso faz parte do jogo, não tem crítica nenhuma a se fazer, é parte do aprendizado. Você tem experiência no laboratório com quilos de materiais e quando você vai para toneladas você pode ver coisas diferentes.”
AGREGAÇÃO DE VALOR
O grande desafio do Brasil hoje, apontam especialistas, é fazer com que o país não seja um mero exportador de minerais para países desenvolvidos.
Justamente por isso, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem apostado em algumas mineradoras de metais críticos para desenvolver cadeias de valor no Brasil. Em junho, por exemplo, a Serra Verde informou que foi selecionada pelo banco para participar de um projeto de crédito a essas empresas –os detalhes do empréstimo ainda não foram divulgados.
Outro programa em andamento é liderado pela Fiemg e o Senai em Minas Gerais. Nele, 28 empresas, sendo 12 mineradoras, tentam encontrar formas de desenvolver ímãs permanentes de Neodímio em larga escala. As pesquisas são custeadas pelo Mover, do governo federal.
“O conhecimento já existe no Brasil, mas o que estamos tentando fazer é a verticalização; ou seja, sair desse status de exportador de commodity para exportador de tecnologia. Queremos transformar terras raras em ímãs permanentes”, afirma André Pimenta, coordenador do projeto. A Serra Verde não faz parte do programa.
Landgraf, da USP, aponta que o Brasil pode usar o tema em seu favor nas negociações em torno das tarifas de Donald Trump. “O fato de que temos a segunda maior reserva de terras raras do mundo poderia estar sendo colocado na mesa de negociação com os EUA, até porque a Serra Verde é de um fundo americano. Os EUA ainda não têm planta de separação; as que tinham, os chineses inviabilizaram economicamente”, afirma.
Pedro Lovisi/Folhapress
Filho de professora morta confessa crime por causa de dívidas com bets
O corpo da professora Soraya França foi encontrado dentro do porta-malas de um carro, com sinais de violência sexual.
O homicídio de uma professora de história de 56 anos, ocorrido na Grande Belo HOrizonte (MG) no último dia 20 de julho, teve um novo desdobramento na sexta-feira (25/7). O filho de Soraya Tatiana Bonfim França (foto em destaque) foi preso após confessar que matou a mãe por causa de uma dívida.
Após a detenção, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Matteos França, de 32 anos, confessou ter matado a mãe após uma discussão.
Ele alegou ter tido um surto e enforcado Soraya no dia 18 de julho. De acordo com informações da polícia, ele afirmou ter agido sozinho.
Em coletiva, delegados da PCMG disseram que Matteos simulou uma situação de violência sexual para se livrar da suspeita, e que o crime teria sido motivado por dívidas com bets (apostas online). Outra informação é que ele teria feito vários empréstimos consignados em razão dessas dívidas.
Entenda o caso
- Matteos havia registrado o desaparecimento da mãe após o celular dela parar de receber mensagens no dia 18 de julho.
- Dois dias depois, em 20 de julho, o corpo de Soraya foi encontrado dentro do porta-malas de um carro abandonado próximo a um viaduto, em Vespasiano, na Grande BH.
- A professora estava seminua, com sinais de violência sexual e queimaduras, envolta por um lençol.
- No enterro da vítima, Matteos foi visto usando óculos escuros e chorando pela morte da mãe. No entanto, segundo informações da polícia, após o sepultamento ele teria viajado com amigos.
Fonte: Metropolis
Sem aviso, Venezuela passa a taxar produtos brasileiros
Sem aviso, a Venezuela começou a taxar produtos importados do Brasil, descumprindo um acordo de complementação econômica firmado em 2014 que isenta a cobrança de impostos sobre quase todo o comércio bilateral entre os dois países. A afirmação é da (Federação das Indústrias do Estado de Roraima).
Não há informações sobre as razões da cobrança de taxa, que não foi comunicada oficialmente ao governo brasileiro.
Procurado, o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) afirmou que o caso está a cargo do Ministério de Relações Exteriores. O Itamarty não respondeu ao pedido de comentário até a publicação deste texto.
De acordo com a Fier, exportadores do Brasil não estão tendo seus certificados de origem brasileira reconhecidos na Venezuela, o que faz com que o acordo que isenta os produtos de tarifas não seja aplicado na prática.
O estado de Roraima é o mais afetado pelas sobretaxas, já que faz fronteira e tem no país vizinho seu maior parceiro comercial.
“O Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado de Roraima informa que já iniciou apurações internas para identificar as dificuldades quanto à aceitação dos Certificados de Origem de produtos brasileiros por parte das autoridades venezuelanas”, afirmou a federação em nota.
A Fier afirmou ainda que está em contato com autoridades do Brasil e da Venezuela “em busca de esclarecimentos e soluções rápidas que visem a normalização do fluxo comercial bilateral”.
Folhapress
Escândalo do INSS: relator quer confiscar recurso de entidades para reduzir impacto fiscal
O relator do projeto de lei que proíbe descontos automáticos em benefícios do INSS, deputado Danilo Forte (União-CE)
O relator do projeto de lei que proíbe descontos automáticos em benefícios do INSS, deputado Danilo Forte (União-CE), quer confiscar os recursos bloqueados na Justiça de entidades investigadas no escândalo. O parlamentar vai incluir em seu parecer um dispositivo para que a verba seja usada pelo governo Lula para reduzir o impacto fiscal do ressarcimento dos aposentados e pensionistas afetados pelas fraudes.
O governo editou Medida Provisória com crédito extraordinário de R$ 3,3 bilhões para devolver o dinheiro às vítimas. O pagamento começou a ser feito nesta quinta-feira, 24. Os bens das associações que foram bloqueados judicialmente, por sua vez, somam R$ 2,8 bilhões até o momento. Ou seja, o uso dessa verba diminuiria o impacto fiscal da MP para R$ 500 mil.
“O importante é que a sociedade não pague duas vezes por deficiências na fiscalização do INSS e pelos desvios de gente mal intencionada. A abertura do crédito extraordinário é emergencial pela urgência em realizar os pagamentos. Mas a utilização desses recursos bloqueados é que trará justiça e vai evitar que esse rombo seja perene”, afirmou Forte à Coluna do Estadão.
O escândalo do INSS resultou em uma troca no comando do Ministério da Previdência – saiu Carlos Lupi e entrou Wolney Queiroz -, abalou a imagem do governo Lula e gerou a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que deve investigar o esquema no segundo semestre.
Governo iniciou ressarcimento das vítimas
O governo Lula começou na quinta-feira, 24, a devolução dos descontos indevidos feitos por entidades nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. O pagamento será em parcela única, com correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país. Segundo o INSS, cerca de 714 mil aposentados e pensionista já aderiram ao acordo.
Iander Porcella/Estadão
Moraes ordena remoção de deputados acampados em frente ao STF
Após ordem do ministro Alexandre de Moraes, o deputado federal Helio Lopes (PL-RJ) e outros parlamentares deixaram na madrugada deste sábado (26) o acampamento que haviam iniciado em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) em protesto a decisões contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na noite de sexta (25), Moraes determinou, a pedido da Procuradoria-Geral da República, que a Polícia Federal intimasse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para remoção imediata dos deputados da praça dos Três Poderes. O próprio governador foi ao local para que a determinação fosse cumprida.
Além de Lopes, a decisão cita Sóstenes Cavalcante (PL-AL), Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Rodrigo da Zaeli (PL-MT), “assim como quaisquer outros indivíduos que se encontrem em frente ao Supremo Tribunal Federal participando de possível prática criminosa”.
Moraes determinou a prisão em flagrante caso os parlamentares insistissem em continuar no local, com base na prática de resistência ou desobediência “ao ato de autoridade pública, a fim de garantir a efetividade das probabilidades e a preservação da ordem pública”.
Em sua conta de Instagram, Helio havia anunciado que faria a manifestação, alegando que as decisões do parlamento são “rasgadas por ministros do Supremo”.
“Ajoelhei diante do STF com um esparadrapo na boca, a Bíblia na mão e a Constituição no peito. Não vim buscar palco. Vim deixar um recado. Enquanto calarem Bolsonaro, censurarem o povo e zombarem da nossa fé, eu vou resistir — nem que seja com silêncio”, escreveu em uma carta aberta publicada nas redes sociais.
“Ameaçaram nos prender. Ditadura, vivemos em uma ditadura no Brasil”, escreveu Chrisóstomo, no X, após a determinação judicial que desmobilizou o acampamento. “Ditadura. Mil vezes ditadura”, disse Lopes, também na rede social.
Em um complemento à primeira decisão, outra ordem de Moraes, na madrugada deste sábado, proíbe acampamentos em um raio de um quilômetro da praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios e em frente a quartéis das Forças Armadas.
A decisão, segundo o despacho, foi tomada para garantir a segurança pública e evitar “novos eventos criminosos semelhantes aos atos golpistas ocorridos em 8/1/2023”.
As decisões foram tomadas no âmbito do inquérito das fake news.
“Avisem o ministro Alexandre de Moraes que ele deve estar confundindo os fatos ou surtando. Estou no Rio de Janeiro, trabalhando na minha base eleitoral. Não estou em frente ao STF, como ele decidiu afirmar em sua decisão de me retirar”, disse Sóstenes, líder do PL na Câmara dos Deputados. “O STF agora expulsa deputados eleitos por ‘possível crime’: Sem flagrante. Sem crime. Sem nem estarmos presentes”.
Cristina Camargo/Folhapress
Jerônimo faz mudanças na Seap após críticas à gestão de José Castro; veja quais
Após este Política Livre trazer com exclusividade que o secretário estadual de Administração Penitência (Seap), José Castro (MDB), estava balançando no cargo com as seguidas crises no sistema prisional da Bahia nos últimos meses, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) resolveu promover mudanças na pasta e exonerar Luciano Teixeira Viana do cargo de superintendente de Gestão Prisional da secretaria. A decisão foi publicada neste sábado (26), no Diário Oficial do Estado.
Para o lugar de Viana, foi nomeado Luiz Cláudio Santos da Silva, que atuava na Cadeia Pública de Salvador. O governo não informou os motivos da substituição.
Além da demissão de Luciano Viana, o governador também resolveu exonerar Alan Vitor da Silva Santos do cargo de diretor da Superintendência de Gestão Prisional. Para o seu lugar, foi nomeado Archimedes Benício Leite Neto.
Também houve troca no Núcleo de Apoio da pasta: Diego de Oliveira Pinto deixou, a pedido, o cargo de coordenador técnico. Quem assume a função é Paolle Oliveira Filocre Rodrigues.
Política Livre
PM apreende armas de fogo em Jequié
Policiais Militares do 19º BPM apreenderam armas de fogo na sexta-feira (25), na cidade de Jequié.
Os militares realizam rondas na região, quando receberam uma denúncia de que um indivíduo estaria em posse de arma de fogo, no entroncamento de Jaguaquara. Após diligências, o suspeito foi identificado e preso. Foram encontradas em sua posse duas armas de fogo, sendo uma delas um revólver do calibre 38.
Todo material apreendido e o autor foram encaminhados à autoridade competente para tomada das medidas cabíveis.
Registro:19º BPM
PM apreende arma e drogas em Itiruçu
Na tarde de sexta-feira (25), militares da 93ª CIPM realizaram a apreensão de drogas e uma arma de fogo no povoado de Várzea, zona rural de Itiruçu.
A guarnição foi acionada após denúncia de que indivíduos estariam comercializando entorpecentes na localidade. Ao chegar no local indicado, a equipe confirmou a veracidade das informações, localizando o material ilícito.
Na ação, foram apreendidos três tabletes de maconha prensada, três porções da substância fracionada para venda, duas quantidades de sementes e 20 pés da mesma droga em diferentes estágios de desenvolvimento.
Também foram encontrados uma espingarda, seis frascos de munições, uma balança de precisão e dinheiro em espécie.
Todo o material foi apresentado na Delegacia Territorial de Itiruçu para adoção das medidas cabíveis.
Fonte: 93ª CIPM
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