Cerca de 65 mil pessoas foram afetada pelas chuvas na Bahia

Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) divulgou, na tarde deste sábado (3), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em algumas regiões do estado. Até então, são 495 desabrigados e 8.786 desalojados. O número total de atingidos chega a 65.515 pessoas. Não há registro de desaparecidos ou de óbitos.

Os números correspondem às ocorrências registradas em 50 municípios afetados. Desse total, 16 estão com decreto de Situação de Emergência, são eles: Prado, Baixa Grande, Itabuna, Santa Cruz Cabrália, Cícero Dantas, Ibicuí, Itambé, Nova Viçosa, Vereda, Olindina, Cachoeira, Eunápolis, Cardeal da Silva, Itapé, Ribeira do Pombal e Teodoro Sampaio.

Na lista dos municípios afetados estão: Baixa Grande, Cachoeira, Cardeal da Silva, Cícero Dantas, Eunápolis, Ibicuí, Itabuna, Itambé, Itapé, Nova Viçosa, Olindina, Prado, Ribeira do Pombal, Santa Cruz Cabrália, Teodoro Sampaio, Vereda, Aiquara, Caravelas, Floresta Azul, Ibotirama, Itamaraju, Marcionílio Souza, Medeiros Neto, Wenceslau Guimarães, Catu, Ibicaraí, Itanhém, Itapicuru, Alcobaça, Aurelino Leal, Belo Campo, Cipó, Dário Meira, Gandú, Guaratinga, Inhambupe, Ipiaú, Itapetinga, Itarantim, Itororó, Jitaúna, Juazeiro, Maragojipe, Pau Brasil, Santo Antônio de Jesus, São Félix, Sátiro Dias, Itajuipe, Ilhéus e Teixeira de Freitas.

Lula adota senha para escolha de ministros: ‘Vou precisar de você’

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem enviado sinais que tornam alguns de seus aliados quase confirmados na futura equipe de ministros do novo governo, mesmo sem necessariamente saber em qual pasta.

De acordo com pessoas ouvidas pela reportagem, a senha é dada pelo petista quando ele avisa que vai “precisar” do político.

Ao menos três pessoas receberam o código: Flávio Dino (PSB-MA), Rui Costa (PT-BA) e José Múcio Monteiro, ex-ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).

Os três ouviram de Lula, em diferentes momentos, que ele precisará deles, numa sinalização de que devem integrar o ministério.

O presidente eleito disse a jornalistas na sexta-feira (2) que tem 80% do ministério “na cabeça”, mas que só vai anunciar os nomes após ser diplomado, em cerimônia marcada para 12 de dezembro.

Lula fez um gesto público a Dino ainda em setembro, na campanha. Durante um comício em São Luís, o então candidato disse ao ex-governador do Maranhão que se preparasse, pois ficaria pouco tempo como senador, cargo para o qual foi eleito.

“Esse Flávio Dino, ele que se prepare. Ele vai ser eleito senador, mas não será senador por muito tempo. Se prepare, porque vai ter muita tarefa neste país”, afirmou Lula. Dino é dado como certo no Ministério da Justiça, que provavelmente englobará também a Segurança Pública.

Embora o presidente eleito tenha prometido que criaria uma pasta própria para tratar de temas ligados à segurança e ter sob o guarda-chuva as polícias, entre elas a Federal, Dino e outros aliados de Lula defendem que tudo fique num ministério só. O ex-governador não gostaria de ocupar uma pasta esvaziada.

Já Múcio recebeu a senha na semana passada. Amigo de longa data de Lula, ele foi líder do governo do petista, ministro das Relações Institucionais e indicado ao TCU pelo próprio presidente eleito.

Lula e o ex-ministro do TCU tiveram uma reunião semana passada com o general Gonçalves Dias, que foi segurança de Lula no passado, o general Enzo Peri, ex-comandante do Exército, o brigadeiro Juniti Saito, ex-comandante da Aeronáutica, os brigadeiros Nivaldo Rossato e Ruy Chagas Mesquita, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e o ex-ministro Aloizio Mercadante.

Múcio foi convidado para participar do grupo que discute temas ligados à Defesa.

Numa conversa a sós com Lula, porém, o petista disse que gostaria de trabalhar com ele e que precisaria de Múcio, sem indicar exatamente para qual cargo. O ex-ministro do TCU respondeu, dizendo que Lula poderia contar com ele para o que precisasse.

Agora, pessoas próximas de Múcio usam uma analogia para ilustrar a situação atual. Dizem que o amigo de Lula já tirou a carteira de motorista, mas falta o departamento de trânsito entregá-la.

Ou seja, falta Lula anunciar o nome do ministro ou ter uma nova conversa com o convite formal para ele chefiar o Ministério da Defesa. Enquanto isso, Múcio foi ao Recife, na quinta-feira (1º), encerrar sua empresa de consultoria. O retorno dele está previsto para este domingo (4).

Além disso, Lula acatou uma sugestão feita pelo ex-ministro do TCU sobre a transição na área.

Múcio avaliou que, no lugar de constituir um grupo com ex-comandantes para fazer a transição na área, o ideal era indicar logo o ministro e os comandantes das respectivas Forças Armadas para que o processo seja tocado por aqueles que assumirão a pasta.

Por isso, Lula desistiu de anunciar um grupo de trabalho dedicado à Defesa, como tem feito com outras áreas, para fazer a escalação do time titular da área. Nesta semana, Lula ouviu elogios a Múcio em encontros com ministros do Judiciário e atores políticos.

Outro aliado do petista que recebeu a senha foi Rui Costa (PT), governador da Bahia.

Em viagem de alguns dias no estado para descansar, Lula disse que precisaria do aliado. Como fez com outros, não especificou para o que precisaria dele. Mas desde então, Costa tem recebido sinais de que Lula gostaria de conversar com ele, em gesto de que será convidado para ser ministro.

O governador da Bahia tem preferência por comandar pastas que demandem mais gestão do que articulação política necessariamente.

Ele é hoje o nome mais cotado para assumir a Casa Civil de Lula. Numa reunião com petistas na semana passada, o presidente eleito afirmou que, para ele, é mais fácil desfalcar governadores do que senadores eleitos, porque precisará de um Senado forte.

A fala foi interpretada por senadores como um indicativo de que ele formalizará o convite a Costa, que encerra seu segundo mandato na Bahia em 31 de dezembro.

Em outra frente, Lula tem testado Fernando Haddad como ministro da Fazenda.

Na entrevista que deu na sexta, o presidente eleito não apontou quais ministérios devem ser recriados, mas disse que o desenho da Esplanada será similar ao de seu último mandato.

“A base do meu ministério será a base dos [ministérios] que eu tinha no segundo mandato, com uma coisa acrescida, o Ministério dos Povos Originários. Que ainda não sei se de cara será ministério ou uma secretaria especial ligada à Presidência.”

Julia Chaib e Catia Seabra, Folhapress

PF deflagra operação contra comércio ilegal de armas

A Polícia Federal deflagrou neste sábado (03) uma operação com o objetivo de reprimir o trânsito e comércio ilegal de armas de fogo e munições de grosso calibre desviadas de possíveis caçadores, atiradores e colecionadores (CACs). As investigações apontam que tais armas estariam registradas em nome de laranjas para, posteriormente, serem desviadas no interesse de organizações criminosas dedicadas à prática de crimes violentos.

A operação, batizada de Ópla, cumpriu um mandado de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça Estadual do Mato Grosso do Sul. Os mandados foram cumpridos em Campo Grande e em Medianeira (PR) e resultaram na apreensão de R$ 194,3 mil e de 1 pistola Clock calibre 9mm equipada com kit rajada.

A Operação Ópla é um desdobramento das investigações relacionadas à prisão em flagrante realizada no dia 04 de outubro de um CAC e na apreensão de três pistolas 9mm, quatro fuzis, munições, coletes balísticos com identificações falsas da Polícia Civil, dentre outros materiais.

Dentre as armas apreendidas estava um fuzil calibre 7,62×51 com numeração raspada. O exame pericial realizado no armamento revelou a numeração suprimida, o que possibilitou a identificação da real proprietária que é detentora de autorização CAC com outras armas registradas em seu acervo, dentre elas uma pistola da marca Glock, calibre .40 e uma pistola Taurus calibre .45.

Agência Brasil

Polícia apreende drogas e armas enterradas no conjunto Feira IV

Drogas, fuzil, submetralhadora e carregadores foram apreendidos por Policiais Militares do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto 02), da 65ª Companhia Independente (CIPM), na manhã deste sábado (3), por volta das 7h30.

Conforme a ocorrência policial, o material estava enterrado em um terreno ao lado de uma ponte no conjunto Feira IV, em Feira de Santana. A apreensão ocorreu após denúncias, informando que a droga foi enterrada por dois homens. Ninguém foi preso

Segundo a Polícia Militar foram apreendidos:
30 tabletes de maconha.
4 tabletes de cocaína.
2 porções de maconha
1 porção de maconha in natura
2 carregadores de Fuzil
1 fuzil cal. 556 M4 Colt
1 Submetralhadora de numeração suprimida.

Acorda Cidade

EUA apresentam seu ‘bombardeiro invisível’ de última geração

A Força Aérea dos Estados Unidos apresentou nesta sexta (2) seu primeiro novo bombardeio em 34 anos, o Northrop Grumman B-21 Raider.

Trata-se de um avião “invisível” ao radar, como se diz no jargão para aeronaves que incorporam tecnologias que as tornam furtivas à vigilância inimiga —desenho, controle de emissão de calor pelos motores, pinturas especiais, entre outras. Evidentemente, não são totalmente impossíveis de detectar.

Como as três imagens digitais divulgadas pelos americanos anteriormente sugeriam, o B-21 é muito parecido com o famoso B-2 Spirit, o primeiro bombardeiro furtivo do mundo, revelado em 1988 e que está em operação desde 1997.

O B-21 também é uma asa voadora, desenho que remonta a projetos da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e que facilita a redução da chamada assinatura de radar da aeronave.

A apresentação, na histórica fábrica 42 da Força Aérea de Palmdale (Califórnia), ocorreu logo depois do pôr do sol, justamente para disfarçar detalhes do avião. Ele não chegou a deixar totalmente o hangar, impossibilitando analistas de observar pontos como os bocais de exaustão de seus motores, vitais para comparações com o B-2.

O que é possível dizer é que o desenho geral do B-21 é mais fluido do que o do antecessor, com ainda menos pontos observáveis por radar. As entradas de ar são bipartidas, sugerindo tratar-se também de uma avião quadrimotor, e estão posicionadas mais à frente da fuselagem do que no B-2. O primeiro voo deve ser realizado em 2023.

O Raider (atacante ou invasor em inglês) tira seu nome dos famosos Raiders do coronel James Doolittle, uma formação de bombardeiros B-25 Mitchell lançada contra Tóquio em 1942 de forma quase suicida, para demonstrar uma reação americana ao ataque de Pearl Harbor, ocorrido meses antes e que levou os EUA à Segunda Guerra Mundial.

Segundo o diretor de sistemas aeronáuticos da Northrop, Tom Jones, o B-21 é a primeira aeronave de sexta geração do mundo. É uma definição arbitrária que carece de mais detalhamento dos sistemas do avião, o que dificilmente ocorrerá além de algumas declarações oficiais.

Jones afirma que a definição é possível devido ao emprego de arquitetura aberta de software e compartilhamento de informações operacionais online em nuvem, o que ampliaria o escopo de operações e a capacidade multimissão do avião. A ideia é torná-lo um plataforma de coleta de dados em ação, e há a sugestão não confirmada de que ele ou possa voar sem piloto ou controle frotas de drones.

Na apresentação, que contou com o secretário de Defesa, Lloyd Austin, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, C.Q. Brown Jr., disse que “o B-21Raider fornecerá capacidade de combate formidável em uma variedade de operações em ambientes altamente contestados do futuro”.

Hoje, a grande maioria dos aviões militares do mundo é da chamada quarta geração, nascida no fim dos anos 1970, que incorporava alta capacidade de manobra e de combate além do campo visual de forma sustentada em voo supersônico.

A adição parcial de tecnologias da chamada quinta geração, como ser furtivo ao radar ou ter uma suíte eletrônica capaz de fusão avançada de dados, gerou híbridos como a geração 4.5, ou 4++. É nessa categoria que se encontra o Saab Gripen E/F, modelo comprado pelo Brasil que fará sua estreia operacional no próximo dia 19.

A quinta geração, por sua vez, é mais definida. Hoje, é representada pelos caças furtivos americanos F-22 (introduzido em 2005) e F-35 (2015). Russos, com o Su-57 (2020), e chineses, com o J-20 (2017), afirmam dominar tais tecnologias, mas há dúvidas entre observadores ocidentais acerca das capacidades dos modelos.

Por fim, há o B-2, o avião mais caro da história, ao preço total de programa de US$ 2,1 bilhões (R$ 11 bilhões no câmbio desta sexta), sem contar o custo operacional, para cada uma das 21 unidades construídas —uma delas se perdeu em um acidente em 2008.

O B-21, por sua vez, promete ser um produto mais viável economicamente. A fabricante Northrop, a mesma do B-2, ganhou o contrato em 2015 e segundo relatório enviado neste ano ao Congresso, cumpriu o desenvolvimento do projeto abaixo dos US$ 25,4 bilhões (R$ 132 bilhões) aprovados inicialmente.

Uma novidade foi a abolição de protótipos: todos os seis modelos em estágios diferentes de construção já serão operacionais ao fim dos testes, o que deve ocorrer até o final da década. A fabricação foi acelerada devido ao acirramento da tensão mundial, inicialmente com a Guerra Fria 2.0 com a China e, depois, pela Guerra da Ucrânia.

Ao todo, o plano é ter até cem aviões nos próximos 30 anos, a um preço total de US$ 203 bilhões (R$ 1,05 trilhão), mas incluindo aí a operação. A Força Aérea estima um preço de prateleira de cada avião em US$ 550 milhões (R$ 2,8 bilhões), uma enormidade de todo modo.

A frota teoricamente substituirá todos os outros bombardeiros estratégicos americanos no futuro. Hoje, o país opera, além dos 20 B-2, 58 versões modernizadas do clássico B-52 e 45 supersônicos B1-B. Os B-2 e 46 dos B-52 empregam armas nucleares, enquanto o B1-B tem tal capacidade, mas hoje é designado para ataques convencionais.

O B-21 poderá carregar mísseis e bombas convencionais e atômicas, constituindo a perna aérea da tríada nuclear americana —hoje composta em silos com mísseis intercontinentais Minuteman-3 e submarinos armados principalmente com variantes do míssil Trident.

Russos e chineses correm atrás. Moscou tem um projeto a passo de tartaruga de uma asa voadora chamado PAK-DA, enquanto a China aparentemente está mais avançada com o seu bombardeiro furtivo H-20, sobre o qual pouco se sabe. Todos os programas, incluindo aí o do B-21, estão atrasados.

Hoje, os rivais americanos centram sua força de bombardeiros com capacidade nuclear nos modelos estratégicos russos Tu-22, Tu-95 e Tu-160, além do chinês H-6K. Esses aviões são vistos em patrulhas conjuntas no Pacífico com frequência, como ocorreu nesta semana.

Igor Gielow, Folhapress
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Ipiaú: Homem é preso por policiais militares em cumprimento de mandado judicial de prisão

Por volta das 11h30min dessa quinta-feira (01/12/22), em rondas no bairro Santa Rita, ao passar na rua Idaisio Galvão (Ladeirão), a guarnição da 55ª CIPM/PETO visualizou um indivíduo em atitude suspeita.

Foi feita a abordagem e a busca pessoal no suspeito e na sua acompanhante. Identificado como Eric O. Alves, o suspeito informou que havia saído do Conjunto Penal de Jequié há, aproximadamente, seis meses. No entanto, quando feita a consulta no sistema de inteligência da PM, foi verificado que existia em desfavor do suspeito um mandado de prisão.
O desfavorecido foi conduzido e apresentado na delegacia de Ipiaú, para os procedimentos de polícia judiciária.
Preso: Eric Oliveira Alves, Nasc: 06/02/2001, End: Rua do Honório, Centro, Ipiaú - BA

Informações: Ascom/55ª CIPM /PMBA, uma Força a serviço do cidadão!

Colégio Estadual de Dário Meira abriga famílias atingidas pelas chuvas

Equipes da Secretaria da Educação do Estado (SEC) estão de prontidão para contribuir no acolhimento às vítimas das enchentes registradas em vários municípios do interior, em decorrências das fortes chuvas dos últimos dias, especialmente no Sul e no Extremo Sul da Bahia. O Colégio Estadual de Dário Meira já abriga 18 pessoas, que tiveram suas casas invadidas pelo transbordamento do Rio Gongogi.

O secretário da Educação do Estado, Danilo de Melo Souza, disse que ao abrigar as famílias, em regime de colaboração com os municípios, a escola cumpre uma função social. “No final do ano passado, quando a Bahia foi devastada pelas chuvas, houve uma frente de trabalho das nossas equipes e muitas escolas foram abertas para abrigar as famílias. Agora, da mesma forma, a escola cumpre o seu papel social, em uma situação que exige de todos nós a solidariedade e a empatia”, afirmou.

Desde a quinta-feira (1/12), as famílias recebem alimentação e utilizam a estrutura do Colégio Estadual de Dário Meira. “Nós estamos dando todo tipo de apoio. A gestão e os funcionários da escola estão acompanhando, dando suporte e a prefeitura também, por meio da assistência social. As famílias levaram alguns móveis para a escola e o nosso papel é acolher e mostrar a nossa disposição para o trabalho e o amor ao próximo”, afirmou Polliana Leandro, diretora do Núcleo Territorial de Educação Médio Rio de Contas, com sede em Jequié (NTE 22).

Segundo Polliana, ainda não há definição sobre a suspensão das aulas na unidade escolar. “As aulas foram suspensas nesta sexta-feira, mas vamos monitorar a situação e avisar aos estudantes e aos familiares, caso seja necessário entrar com as aulas remotas, a partir de segunda-feira”, destacou, ao acrescentar que, no território, o município de Ipiaú também já está impactado, mas ainda não há demanda por abrigo.

Alexandre de Moraes e Tarcísio discutem crise na Segurança

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, discutiu na noite de sexta (2) a crise instalada na área de segurança de São Paulo com o governador eleito do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Moraes é o inimigo público número 1 do bolsonarismo, e o encontro no apartamento do ministro nos Jardins, área nobre da capital paulista, já está sendo criticado nas redes de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Como a Folha mostrou na sexta pela manhã, a indicação do deputado bolsonarista Capitão Derrite (PL-SP) para ocupar a Secretaria da Segurança de São Paulo gerou a primeira grande crise da transição comandada por Tarcísio.

Delegados, integrantes do Ministério Público e do Judiciário questionaram a escolha, apontando diversos problemas nela. Para começar, Derrite é um ex-PM que busca, a exemplo do que Bolsonaro fez com o Exército, fundir sua imagem pública à da corporação.

Além disso, ele defendeu como deputado poder de investigação para policiais militares, tirando a exclusividade da Polícia Civil. Como a Segurança paulista sempre viveu um equilíbrio precário entre o poder da PM, a maior força (93 mil policiais), e a Civil (27 mil integrantes), o pêndulo se moveria de forma inédita para o lado militarizado.

Por fim, Derrite esposa pensamentos bolsonaristas que vão do ideário do astrólogo Olavo de Carvalho, já falecido guru da turma, à crítica ao bem-sucedido programa de emprego de câmeras em uniformes de policiais —que ajudou a derrubar a letalidade policial onde foi aplicado. O padrinho de sua indicação é o deputado e filho presidencial Eduardo Bolsonaro (PL).

A questão se torna nacional porque Moraes mantém grande influência em setores da Polícia Civil desde que foi secretário de Segurança do governo Geraldo Alckmin (então PSDB, hoje vice-presidente eleito pelo PSB), de 2015 a 2016.

Além disso, ele mantém uma rede de aliados no Judiciário paulista, que se uniram na crítica a Derrite. Até aqui, o secretário indicado não se pronunciou sobre o caso. Na quinta (30), após o anúncio da escolha, Tarcísio tergiversou quando questionado acerca do apoio de Derrite na internet à campanha golpista de Bolsonaro que coloca em dúvida a lisura das eleições.

O teor da conversa entre ele e Moraes ainda não transpareceu. Aliados do governador eleito sugerem algum tipo de armistício no caso de Tarcísio insistir no nome de Derrite, que na ativa da PM foi apenas um tenente —ele virou capitão depois, indo à reserva no Corpo de Bombeiros em 2018 para entrar na política.

Moraes gera temor reverencial entre aliados do presidente, dada sua dura campanha contra as intentonas golpistas do grupo. O lance mais recente foi rejeitar o parecer mambembe contra as urnas eletrônicas do PL e ainda aplicar uma multa de R$ 23 milhões ao partido por litigância de má-fé.

Este é um ponto criticado inclusive por policiais militares com tendências bolsonaristas, que são bastante influentes na tropa, já que teriam de prestar continência a um subalterno mais jovem, de 38 anos. Na corporação, o topo da carreira é a patente de coronel.

Para Tarcísio, é um jogo complexo. Ele precisa agradar o bolsonarismo que o ajudou a chegar ao poder de forma meteórica, saindo do Ministério da Infraestrutura para a chefia do principal estado do país, mas trabalha também com uma ala técnica, com aliados como Gilberto Kassab (PSD), um dos fiadores de sua candidatura, e também com parte da máquina existente após quase 30 anos de PSDB no poder local.

Ele ofertou um agrado à Polícia Civil sugerindo o nome do atual delegado-geral, Osvaldo Nico Gonçalves, para ser o adjunto de Derrite. Nico não deu uma resposta, e o tema será debatido em reunião na semana que vem no Conselho da corporação.



Igor Gielow, Folhapress

Eleições 2022: quase 1,3 milhão declararam algum tipo de deficiência

No Dia Internacional de Luta das Pessoas com Deficiência, lembrado hoje (3), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que quase 1,3 milhão de eleitores declararam algum tipo de deficiência no pleito realizado este ano – um aumento de 35% em relação às eleições de 2018.

Ao todo, 1.271.381 eleitores informaram ter algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida entre as mais de 156 milhões de pessoas consideradas aptas a votar nas eleições de outubro passado.

A Corte lembrou que essa parcela do eleitorado pôde solicitar voto em seção especial onde há acessibilidade. “Os espaços são adaptados para oferecer fácil acesso e maior comodidade e segurança na hora do voto”, destacou o TSE, por meio das redes sociais.

Agência Brasil

Exército se opõe a troca antecipada de comando e tenta demover FAB

Foto: Reprodução/Exército
Em reunião nesta semana, o Alto Comando do Exército concluiu que não deve antecipar a troca do comandante da Força, como foi aventado, e vai esperar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para preparar as formalidades para a passagem do comando.

A decisão foi tomada na última quarta-feira (30), durante reunião ordinária do colegiado de 16 generais de Exército.

Segundo relatos de três deles à Folha, a antecipação da troca nos comandos seria medida inédita, com potencial para esgarçar ainda mais a relação dos militares com a gestão petista, que assume o Palácio do Planalto em 1º de janeiro.

A ideia sugerida na reunião do Alto Comando é seguir a transição como sempre foi feito, deixando para o futuro presidente a responsabilidade de nomear os comandantes.

Para evitar rusgas com as demais Forças, o Exército avisa somente que o assunto segue indefinido. Nos bastidores, no entanto, se iniciou uma articulação para evitar que o comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), brigadeiro Baptista Júnior, deixe o cargo antes da posse de Lula.

A sugestão de antecipar a troca nos comandos foi patrocinada por Baptista Júnior, considerado o mais bolsonarista entre os chefes das Forças Armadas.

Na última semana, ele deu ordem para auxiliares prepararem a passagem do comando no dia 23 de dezembro. A ideia, compartilhada com os demais comandantes, era dar a oportunidade da equipe de transição já escolher os novos nomes para os cargos.

Caso não houvesse disposição do PT, o posto seria entregue provisoriamente para o oficial-general mais antigo, de forma a não impactar fortemente as estruturas dos Altos Comandos.

A transição dos comandantes foi assunto em reunião entre Freire Gomes (Exército), Baptista Júnior (Aeronáutica) e Almir Garnier (Marinha) com o presidente Jair Bolsonaro (PL), na semana passada.

A movimentação foi entendida como uma declaração de insubordinação dos chefes da Forças e obrigou Lula a acelerar a indicação de um novo ministro da Defesa para driblar uma crise militar.

Lula sinalizou que deve escolher o ex-ministro do TCU José Múcio Monteiro para o cargo. O nome foi bem recebido pelos oficiais-generais, que comemoraram a definição por entenderem que o político não deve fazer grandes mudanças na carreira militar.

Com os indicativos de como ficará o Ministério da Defesa sob a gestão petista, generais da cúpula do Exército esperam avançar no entendimento com as demais Forças para evitar a antecipação da troca dos cargos.

A reunião do Alto Comando do Exército ocorreu na terça (29) e quarta (30), no QG de Brasília. O objetivo era discutir questões administrativas, mas outros assuntos foram debatidos entre os generais quatro estrelas.

Um dos temas foi a participação de oficiais da ativa na coleta de assinaturas de uma carta apócrifa com recados ao Poder Judiciário e a favor dos atos antidemocráticos em quartéis.

Na reunião, segundo relatos, os generais decidiram aprofundar na apuração sobre quem participou da criação do texto e da coleta de apoiamentos entre os militares.

Dois generais, no entanto, afirmaram à Folha que o grupo insubordinado é pequeno e será punido por transgressão disciplinar.

Procurado, o Exército não se manifestou oficialmente sobre o caso.

O texto apócrifo passou a circular em grupos de WhatsApp na segunda (28). Coronéis consultados pela Folha contam ter sido abordados por colegas de farda para pedir apoio à carta.

O documento que circula em grupos de WhatsApp é intitulado “carta dos oficiais da ativa ao Comando do Exército”. Ele tem recebido assinaturas virtuais, inclusive de civis, e não é possível saber quantos militares da ativa de fato o endossaram.

Na carta, o autor anônimo diz que os militares da ativa subscritos prezam pela “legalidade, liberdade e transparência” e, num recado ao Judiciário, afirma que nenhum Poder pode se colocar “acima da lei e da ordem democrática”.

O documento ainda é entendido como uma provocação aos generais do Alto Comando do Exército, alvo de críticas de bolsonaristas, por dizer que os soldados colocam os objetivos nacionais em primeiro lugar, “desprezando quaisquer interesses pessoais”.

Cézar Feitoza, Folhapress

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