Na Ucrânia, civis e militares já se preparam para próxima guerra contra a Rússia

Condições para acordo pelo fim do conflito, como cessão de territórios, não serão aceitas por ucranianos
A invasão russa à Ucrânia, que completou três anos, continua em andamento, mas Vladislav Chumachenko, um assistente médico na linha de frente do conflito, já antecipa a próxima guerra. O homem de 39 anos tem claro que, se as conversas entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, levarem ao fim do combate, as condições seriam inaceitáveis para o país.



Entre as condições inaceitáveis apontada por Chumachenko estaria a cessão obrigatória de alguma parte do território ucraniano para a Rússia. Uma possibilidade real, dada a recente retórica pró-Kremlin de Trump.

— Para nós, é óbvio que não ficaremos felizes com qualquer resultado dessas negociações —declarou à AFP. — A única coisa que podemos fazer é continuar nosso trabalho. E nos preparar a próxima etapa do conflito.

Sua esposa, Anastasia Chumachenko, que dirige com ele a ONG Medicina Tática Norte, diz que a Rússia não vai parar por um acordo.

— Eles vão tentar atacar novamente, temos que estar preparados — afirmou.

Vladislav sabe que não tem qualquer poder de impedir a próxima “ideia louca” que Putin ou Trump possam ter sobre a Ucrânia, mas ele pode se preparar. Diante disso, o casal recomendou aos seus voluntários que fiquem vigilantes no caso de um acordo.

Após três anos de guerra brutal, dois deles decidiram parar, exaustos, mas os outros devem se preparar para “a próxima fase do conflito”, segundo Vladislav.

Seu veículo foi recentemente atingido por um tanque russo quando transportavam um soldado ferido na linha de frente.

Questão de tempo

Eles também deram treinamento médico aos soldados, o que deverá continuar mesmo que as hostilidades cessem, garantiu Vladislav.

— A história ensina que, nessa parte do mundo, nenhuma pausa é permanente — explicou.

Ele diz que alguns soldados ucranianos desejam voltar à vida civil, mas outros não querem retornar para casa para “colher batatas”.

Antes da invasão russa em fevereiro de 2022, o casal tinha uma academia de escalada e cuidava de sua filha de 9 anos. A menina agora vive com os avós, e os pais a veem apenas alguns dias por mês.

Anastasia, vestindo um boné caqui, considera “importante” que sua filha permaneça na Ucrânia e aprenda a entender a guerra, que pode voltar ao longo da vida da menina.

— Certamente acontecerá, é só questão de tempo — afirma Anastasia.

Nada a perder

Oleksandr, comandante de uma unidade militar na 93ª brigada, é um dos que permanecerão com o uniforme, aconteça o que acontecer. Em uma sala abafada e iluminadas com luzes rosas, ele e outros soldados levantam pesos para passar o tempo.

— Aqui estou no meu elemento — comentou à AFP, referindo-se à sua vida militar na linha de frente.

Oleksandr diz que ficará no leste da Ucrânia para estar “pronto” caso o combate recomece depois que um acordo de paz seja alcançado.

— Fomos enganados uma vez, mas não permitiremos uma segunda vez — afirmou, referindo-se aos oito anos que se passaram entre o conflito iniciado em 2014 por separatistas pró-Rússia e a invasão russa de 2022.

Oleksandr acredita que seria um grande erro a Ucrânia ceder território, como as cinco regiões que a Rússia afirma ter anexado e, controla parcialmente, incluindo a Crimeia, tomada em 2014.

— Os rapazes que lutam pela nossa terra (…) não ouvirão (o presidente Volodymyr) Zelensky (se ele aceitar essas condições) e continuaremos pressionando — declarou.

Alguns soldados perderam suas casas, suas famílias e não têm mais nada a perder, explicou.

— Eles irão até o fim, e eu os apoio. E talvez eu mesmo seja um deles, quem sabe? — disse. Por AFP

Governo antecipa pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS


O governo federal antecipou para os dias 6 e 7 de março os pagamentos de aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que estavam previstos para 10, 11 e 12 do mesmo mês.
A medida, que beneficia cerca de 15 milhões de pessoas, foi tomada porque o Carnaval este ano ocorre no início de março, impactando quem recebe primeiro.

Os pagamentos para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda incluem:Aposentadorias;
  • Pensões por morte;
  • Auxílio-doença;
  • Auxílio-reclusão;
  • Salário-maternidade;
  • Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas).
A medida beneficia principalmente segurados que ganham até um salário mínimo, atualmente em R$ 1.518, que são os primeiros a receber dentro do calendário regular do INSS.

Os pagamentos começaram em 24 de fevereiro, e, com a antecipação, todos os 40,6 milhões de beneficiários do INSS terão recebido seus valores até a primeira semana de março.

Otimismo de Lula beira alienação, dizem aliados

Uma característica de Lula (PT) começa a preocupar ministros, auxiliares e aliados que são seus interlocutores frequentes: o excesso de otimismo que, na atual conjuntura, segundo eles, beira a alienação.

A percepção desses apoiadores é a de que Lula ainda não percebeu a verdadeira dimensão dos problemas que seu governo está enfrentando. Nem mesmo a queda acentuada de sua aprovação, que ocorre inclusive em estados do Nordeste, onde o PT sempre colheu uma avalanche de votos, despertaria nele a preocupação necessária.

O presidente estaria plenamente convencido de que seu governo é excelente, e que o único problema que tem é o de comunicar-se mal. Até mesmo essa pedra já seria obstáculo superado depois que ele nomeou o publicitário Sidônio Palmeira para comandar a Secom (Secretaria de Comunicação).

A coluna conversou com três interlocutores do petista. Um deles afirma que “o presidente está animado, achando que as coisas estão bem porque o governo teria muita entrega para fazer”. “Ele está com a cabeça nas nuvens, vivendo em um mundo que é só dele”, e também da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.

Um segundo aliado afirmou que o presidente está “super, mega, hiperotimista”. Afirma que a atitude de Lula é “até contagiante”. Mas preocupa porque com isso ele não está atento às correções de rumo que precisaria fazer.

A reforma ministerial, por exemplo, será pontual, sem grandes alterações no ministério. “O presidente acredita que está tudo perfeito”, segue o apoiador. “Ele está com dificuldade de medir a temperatura da rua.”

Na opinião do terceiro aliado, o “excesso de autoconfiança” parece ser também uma autoproteção e um autoengano. “Falta senso de realidade”, segue o interlocutor. “Ele é otimista, acredita que tudo vai dar certo, e acima de tudo acredita nele mesmo.”

Um auxiliar do governo familiarizado com as pesquisas de opinião acredita que Lula não percebe que o buraco é mais embaixo, e que a questão não é apenas de comunicação —sob novo comando há dois meses, ainda sem grandes resultados.

O mesmo auxiliar cita os números da pesquisa Genial/Quaest desta semana que mostra que a aprovação de governadores como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Jerônimo Rodrigues (BA), Ratinho Jr. (PR) e Eduardo Leite (RS) e Ronaldo Caiado (GO) ultrapassa os 60%, enquanto, no mesmo cenário econômico, a do governo derrete.

Mônica Bergamo/Folhapress

Dino pressionou Congresso por acordo ao citar mais de 80 inquéritos no STF sobre emendas


O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse a deputados federais, em conversas reservadas, que há hoje mais de 80 inquéritos abertos na Corte para apurar denúncias e possíveis irregularidades envolvendo emendas parlamentares ao Orçamento.

A fala serviu para defender a necessidade de divulgação dos nomes dos responsáveis pela indicação dos recursos, em meio a protestos dos congressistas sobre as decisões dele de bloquear essas verbas.

Apesar da homologação de um acordo nesta quarta-feira (26), que parlamentares viram como um fim ao embate com o STF em torno do assunto, a existência desses inquéritos pode reascender a crise no futuro, com o andamento de investigações e operações.

O número exato de inquéritos é desconhecido porque os processos são sigilosos e estão sob a relatoria de diferentes ministros no Supremo. Dino esclareceu ainda a esse grupo de deputados que há parlamentares que respondem a mais de um inquérito, sem citar nomes, e que portanto não seriam 80 congressistas sob investigação.

Na decisão de quarta-feira, Dino deixou claro que o entendimento entre os três Poderes para liberar a execução das emendas não significará que as investigações sobre desvios e mau uso do dinheiro público serão encerradas.

“[O desbloqueio das emendas] Não prejudica os inquéritos e ações judiciais em que se analisam eventuais casos específicos de práticas ímprobas, a fim de que as sanções correspondentes sejam aplicadas, como é de interesse da Nação, sempre observado o devido processo legal, caso a caso”, escreveu na sentença.

Da mesma forma, ele determinou que o TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União) sigam com as auditorias e elaboração de relatório técnicos que vão esmiuçar a forma como o dinheiro está sendo utilizado.

Foram essas auditorias, por exemplo, que apontaram incapacidade técnica de ONGs para executarem os recursos recebidos e expuseram atrasos e problemas em obras de pequenos municípios que foram irrigados com dinheiro do Orçamento federal.

O número aproximado de inquéritos foi informado pelo ministro em almoço com congressistas na semana passada, numa espécie de “DR” sobre emendas. Desde o ano passado, os dois Poderes estavam tensionados diante de uma sequência de decisões de Dino que buscava implementar regras para aumentar transparência e rastreabilidade dos repasses e que paralisaram a execução de emendas.

Ainda que o objetivo de quebrar o gelo entre deputados e ministros da corte tenha sido alcançado, as queixas do Congresso ainda serão frequentes e a linha entre a tensão e a harmonia continuará tênue, na avaliação de integrantes do STF.

Segundo esses ministros, há ainda uma certa resistência de parlamentares às medidas para aumentar a transparência dos repasses, e o fato de haver mais de 80 inquéritos com deputados e senadores na mira deixa muitos deles tensos.

A existência de dezenas de inquéritos também foi confirmada pelo ministro Gilmar Mendes, durante um café com jornalistas, no Supremo Tribunal Federal, na noite desta quinta-feira (27). O ministro afirmou que existe um “contexto político muito singular” envolvendo as emendas e que por isso é preciso “ordenar” a questão.

“Óbvio que isso tem consequências. Não se pode falar que todo mundo opera de maneira indevida, que podem estar usando com interesse eleitoral e só. Mas nós estamos com esses inquéritos aí, não sei se são 60 ou 80”, afirmou.

A abertura de uma investigação ano passado sobre um ofício assinado por quase todos os líderes para encaminhar ao governo a destinação das emendas foi inclusive questionada durante o almoço —e Dino respondeu que não está necessariamente investigando os líderes dos partidos só porque assinaram um documento, mas apurando irregularidades envolvendo emendas orçamentárias.

O almoço ocorreu na casa do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e contou com a presença de líderes como Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), Doutor Luizinho (PP-RJ), Mario Heringer (PDT-MG), Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade, e Lindbergh Farias (PT-RJ), entre outros.

Gilmar também foi um dos participantes da reunião. Alexandre de Moraes e Dias Toffoli foram convidados, mas não puderam comparecer.

De acordo com quem estava presente, Gilmar teria mais ouvido do que falado. E, segundo relatos, destacou que as apurações envolvendo as emendas não são uma nova Operação Lava Jato.

O clima geral do encontro foi de descontração e distensionamento. Mas também ocorreram momentos de tensão, como quando falou o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), um dos citados na Operação Overclean da Polícia Federal, que mira supostos desvios de recursos de emendas parlamentares.

Um dos participantes usou a expressão em latim jus sperniandi para resumir o encontro, que fala do direito de reclamar ou se queixar.

Em outro momento mais tenso, Dino —que já foi deputado, senador, governador e ministro de Estado— destacou que entende o lado deles e que já foi da política, mas que hoje é juiz. E acrescentou que, enquanto receber denúncias, abrirá inquéritos e não vai prevaricar.

O almoço foi um de vários encontros desde janeiro entre a cúpula do Congresso e Dino para tratar de emendas e chegar a um consenso. Apesar de não ter participado da reunião na Casa de Maia, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez parte desse acordo.

As conversas culminaram no plano de trabalho entregue pelo Congresso ao STF na terça-feira, em que é firmado o compromisso de divulgar individualmente o nome dos autores de cada emenda. Dino homologou a proposta no dia seguinte e liberou parte do pagamento e execução dos recursos que estavam travados, além de cancelar a audiência de conciliação que ocorreria nesta quinta-feira.

Motta e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado, comemoraram a decisão e destacaram que ela é fruto de diálogo. O presidente da Câmara falou ainda do respeito às prerrogativas parlamentares. Líderes partidários também elogiaram o resultado e viram a conclusão da crise como “excelente”.

O magistrado, porém, manteve ressalvas impostas anteriormente, como suspensões referente às ONGs entidades do terceiro setor e a exigência de plano de trabalho para que as as transferências diretas para Estados e municípios, popularmente chamadas de emendas Pix, sejam pagas.

Marianna Holanda, Raphael Di Cunto e Cézar Feitoza/Folhapress

Gastos com BPC sobem 14,8% em janeiro e acendem alerta de luz amarela no governo Lula4


As despesas com o BPC (Benefício de Prestação Continuada) iniciaram o ano de 2025 em alta, apesar dos esforços do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tentar conter o ritmo de expansão do programa.

Em janeiro, o gasto com a política ficou em R$ 10,1 bilhões, alta de 14,8% acima da inflação em relação a igual mês do ano passado. O resultado acendeu um sinal amarelo dentro do Executivo ao indicar que os esforços recentes de revisão de regras e benefícios irregulares não estão se traduzindo em alívio efetivo na trajetória da despesa.

O BPC é pago a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda (ganho de até ¼ de salário mínimo por pessoa, equivalente hoje a R$ 379,50). Seu crescimento é impulsionado pela correção do piso e pela expansão no número de beneficiários.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Tesouro Nacional, que anunciou também um superávit de R$ 84,9 bilhões nas contas do governo central (formado por Tesouro, Previdência Social e Banco Central), o melhor resultado para o mês desde 2023 (quando o saldo ficou positivo em R$ 86,4 bilhões).

No fim do ano passado, o forte crescimento das despesas com o BPC levou o governo Lula a propor mudanças nas regras do programa no pacote de contenção de gastos apresentado ao Congresso Nacional. No entanto, parte das medidas esbarrou em resistências políticas, e o pacote foi desidratado pelo Legislativo.

As alterações que sobreviveram à tramitação e foram aprovadas ainda estão em fase de regulamentação. Mas a continuidade do ritmo acelerado nas despesas do BPC já disparou um alerta dentro do governo.

Sem maior controle na execução da política, técnicos da área econômica veem risco de precisar bloquear outros gastos no Orçamento de 2025 para compensar o custo maior com o programa.

A proposta orçamentária prevê R$ 112,8 bilhões para pagamento do BPC, mas o valor conta com uma economia de R$ 6,6 bilhões com o cancelamento de 670 mil benefícios considerado potencialmente indevidos pelo governo.

O resultado de janeiro mostra, porém, que a execução está mais acelerada do que o esperado. Se o valor do primeiro mês se repetir no restante do ano, isso já resultaria em um gasto total de R$ 121,2 bilhões —acima do que está previsto no Orçamento.

Técnicos que participaram da elaboração do pacote do fim de 2024 admitem maior descrença com o potencial das revisões para economizar recursos, uma vez que elas têm ocorrido em ritmo aquém do desejado, e seus efeitos são suplantados pela expansão no volume de novos requerimentos e nas concessões de benefícios.

A proposta orçamentária previa que o governo chegasse ao fim de 2025 com 5,9 milhões de beneficiários do BPC. Em dezembro do ano passado, esse número já estava em 6,3 milhões. Havia ainda outros 447 mil pedidos do benefício à espera de análise em novembro, dado mais recente divulgado pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

A secretária adjunta do Tesouro Nacional, Viviane Varga, disse nesta quinta, em entrevista coletiva, que o governo monitora a evolução dos gastos com BPC e que alguns fatores devem permitir o arrefecimento da trajetória, embora ela não tenha detalhado quais evidências existem nessa direção.

“Temos a expectativa de que medidas que estão sendo adotadas possam, de fato, promover uma contenção na evolução dessas despesas”, afirmou.

Apesar das barreiras às medidas do governo, uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) mostrou que há campo para atuação. O órgão de controle apontou um prejuízo de R$ 5 bilhões ao ano com pagamentos indevidos a famílias que não se enquadram no critério de renda do programa.

Em decisão nesta quarta-feira (26), o plenário do tribunal recomendou uma série de ações ao governo para sanar os problemas.

O pacote aprovado no ano passado endereça uma parte deles. As novas regras proíbem descontar da renda familiar parcelas de despesas sem previsão legal, uma maneira de coibir decisões judiciais que buscam facilitar o ingresso no programa. Também exigem cadastro biométrico dos beneficiários e atualização periódica das informações das famílias, para evitar pagamentos indevidos.

O governo também tentou mexer em outras regras agora apontadas como fonte de distorções pela auditoria do TCU, mas enfrentou resistências do Congresso. Uma delas permite o acúmulo de mais de um BPC pela mesma família. Segundo a corte de contas, entre abril de 2020 e junho de 2024, 194,7 mil famílias passaram a receber mais de um benefício, cerca de 14% das concessões no período.

O TCU não cita o cálculo, mas, se essas famílias continuam recebendo o BPC, isso representaria uma despesa anual de R$ 3,5 bilhões, considerando o salário mínimo atual de R$ 1.518.

O Congresso também barrou a tentativa do governo de rever o conceito de pessoa com deficiência, que tinha o objetivo de permitir acesso ao programa apenas em casos de deficiência grave.

O aumento expressivo nas concessões de BPC para pessoas com autismo foi o que motivou o Executivo a propor as mudanças.

Dados do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome mostram que o número total de benefícios do BPC para pessoas com deficiência concedidos pela via administrativa subiu 30,6% entre o fim de 2021 e setembro de 2024. No grupo dos diagnosticados com TEA (transtorno do espectro autista), a expansão foi de 247,5% no mesmo período. A taxa é bem maior do que a registrada nas demais doenças.

O diagnóstico é que a adoção do modelo biopsicossocial abriu margem para avaliações subjetivas, sobretudo quando se trata de transtornos comportamentais. Hoje, eles respondem por 844,8 mil beneficiários, cerca de um terço do total de 2,75 milhões de concessões administrativas para pessoas com deficiência. Dentro desse grupo, os beneficiários diagnosticados com autismo somam 289,5 mil.

A despeito do diagnóstico traçado pelo governo, o Legislativo rejeitou a mudança neste ponto do programa.

Idiana Tomazelli/Folhapress

Garantias para a Ucrânia ficam para depois, diz Trump


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta (27) que as garantias exigidas pela Ucrânia para evitar futuras agressões russas ficam para depois de um eventual cessar-fogo entre os países em guerra há três anos.

“Temos de chegar à paz”, disse sobre o tema. “A fase 1 é alcançar a paz, depois veremos a fase 2”, afirmou ele ao lado do premiê britânico, Keir Starmer, que antes da entrevista coletiva de ambos havia dito que só haveria “paz duradoura com garantias de segurança americanas”.

Negociadores americanos já haviam antecipado isso, ao preparar a visita de sexta (28) do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Trump já havia dito que as garantias, na forma provável de uma força de paz, seriam um problema da Europa.

Tratorado, Starmer retomou o discurso proativo e disse novamente que está pronto para oferecer “botas no chão e aviões nos céus” após uma trégua. O problema para eles é que Vladimir Putin insiste que tal ideia é inaceitável, por envolver forças da aliança militar Otan a quilômetros de suas fronteiras.

Trump voltou a falar sobre o acordo de exploração mineral que arrancou de Zelenski, após o ucraniano dizer que não “venderia seu país”. Ele não traz os números mirabolantes levantados pelo americano, mas sugere uma parceria, com destaque às estratégicas terras raras —cujos principais depósitos de todo modo estão nas mãos de Putin.

O americano ignorou quando foi questionado se iria se desculpar a Zelenski por tê-lo chamado de ditador, mas disse que “o respeita muito”. Antes, havia dito que confiava em Putin acerca de qualquer arranjo que for acertado. “Eu acho que ele manterá a palavra.”

Starmer foi o segundo líder europeu a visitar Trump. Na segunda (24), aniversário dos três anos da guerra, foi a vez do francês Emmanuel Macron concordar em discordar educadamente em público com o americano. Ambos o corrigiram sobre o fato de que a Europa não recebeu de volta o dinheiro dado a Kiev, que o republicano acha que irá recuperar em minerais.

O Reino Unido é o terceiro maior doador individual do esforço de guerra de Kiev. Até 31 de dezembro, segundo o Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha), enviou o equivalente a R$ 89,8 bilhões, 68% do valor em armamentos. Os EUA lideram esse ranking, com R$ 676,5 bilhões, 56% disso em apoio militar.

O americano, antecipando a visita de sexta, fez aberturas a Zelenski, com quem admitiu ter tido problemas. Disse que “iria ver” como a Ucrânia poderia “ganhar de volta” algo dos 20% do país que estão sob controle russo.

Mais cedo, o Kremlin havia reafirmado os termos mínimos de paz de Putin: neutralidade ucraniana, já reafirmada por Trump, e a cessão das quatro regiões anexadas ilegalmente em 2022. O porta-voz Dmitri Peskov foi sucinto sobre a questão das áreas e da Crimeia, absorvida em 2014: “Elas são inegociáveis”.

Trump até fez um chiste, quando uma repórter perguntou se ele ainda achava que Zelenski era um ditador, como escreveu há uma semana na rede Truth Social. “Eu disse isso?”, afirmou, mudando de assunto. Em Moscou, Putin havia dito que “elites europeias querem minar o diálogo” EUA-Rússia.

O presidente disse que “se não tivermos uma paz logo, não teremos nenhuma”, justificando a abertura de diálogo bilateral com Putin, o que se concretizou com uma reunião de nível ministerial na Arábia Saudita na semana passada, e continuou nesta quinta na Turquia.

A Ucrânia e os europeus ficaram de fora, elevando temores da entrega de um prato feito pela dupla Trump-Putin ou, como se vê, uma tentativa do americano de extrair vantagens de ambos os lados.

Starmer até tentou falar grosso. “O senhor criou uma oportunidade. Mas temos de fazer isso direito. Temos de ganhar a paz, discutimos um acordo duro e justo. Não pode ser uma paz que recompense o agressor, que encoraje regimes como o deles”, afirmou. Trump nada disse.

O início do encontro foi aberto à imprensa, e ambos responderam a algumas questões. O clima estava descontraído: ao comentar que os EUA nunca abandonariam militarmente o Reino Unido, apesar de achar “que eles sabem se cuidar”, Trump ainda brincou com Starmer: “Vocês encaram a Rússia?”.

Starmer havia feito “hedge” na questão, ao anunciar na antevéspera que aumentaria para 2,5% do PIB o gasto de defesa do país até 2027, ante os atuais 2,3%. Trump insiste que os países da Otan precisam gastar mais que os 2% da meta atual, sugerindo irreais 5%, mas parecia satisfeito ao falar sobre o caso britânico.

Do Partido Trabalhista historicamente distante dos republicanos, Starmer buscou ao máximo bajular o ego do anfitrião. Entregou a Trump uma carta do rei Charles 3º convidando o americano para uma visita de Estado pela segunda vez, algo inédito. O republicano esteve lá em 2019, mas a soberana então era Elizabeth 2ª, e aceitou o convite.

Trump também afirmou que apoia os britânicos na planejada devolução das ilhas Chagos, no Índico. Isso importa para os EUA porque sua Força Aérea usa uma base no local, que continuará sob controle de Londres, como principal ponto avançado na região, no atol de Diego Garcia.

Havia expectativa acerca da posição americana, tanto que a devolução foi congelada com a eleição de Trump. Um de seus maiores aliados no Reino Unido, o populista Nigel Farage, passou semanas dizendo que o republicano iria vetar a ideia.

Na entrevista coletiva, Starmer tocou música para Trump, dizendo que é contra regulação excessiva em campos como a inteligência artificial. O americano, por sua vez, sugeriu que haverá “um grande acordo comercial” bilateral entre Washington e Londres, afastando a ideia de colocar o Reino Unido na guerra tarifária proposta a outros atores.

Até um busto do premiê britânico Winston Churchill que havia sido removido por Joe Biden em 2021 do Salão Oval foi tema de afagos. Trump o trouxe de volta a seu escritório na Casa Branca, restando saber o que o político que lutou contra o apaziguamento de Adolf Hitler e, no poder, contra as forças nazistas, diria sobre apaziguar Putin.

Igor Gielow/Folhapress

Prefeita Laryssa Dias recebe nova viatura para a Polícia Civil das mãos do governador Jerônimo Rodrigues


A segurança pública de Ipiaú ganhou um importante reforço nesta semana. A prefeita Laryssa Dias recebeu, diretamente das mãos do governador Jerônimo Rodrigues, uma nova viatura para a Polícia Civil do município. A entrega aconteceu em Salvador e contou também com a presença do deputado estadual Niltinho e da delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito
Em vídeo publicado em suas redes sociais, Laryssa expressou sua gratidão ao governador pelo compromisso com a segurança de Ipiaú. "Esse é mais um avanço significativo para nossa cidade. Em menos de 60 dias de gestão, já conseguimos fortalecer setores essenciais como Educação, Saúde e, agora, Segurança Pública, com o apoio do Governo do Estado. Continuaremos buscando ainda mais investimentos para garantir qualidade de vida à nossa população", afirmou a prefeita.

Laryssa Dias tem trabalhado constantemente para estreitar laços com o governo estadual e garantir benefícios para a cidade. A nova viatura soma-se a outras conquistas recentes, como a chegada de veículos para a Educação e Saúde, demonstrando o compromisso da gestão municipal com a melhoria dos serviços públicos.

Moraes reage a post do governo Trump e diz que Brasil deixou de ser colônia em 1822


O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), defendeu a soberania do Brasil e afirmou que o país deixou de ser colônia em 1822. Sem citar os Estados Unidos, o magistrado citou a independência do Brasil e a construção da ONU contra o nazismo.

Moraes deu as declarações durante a sessão plenária da corte nesta quinta-feira (27), antes de iniciar o relatório de casos sobre a Lei de Abuso de Autoridade que relata. Ele participa por videoconferência.

“Reafirmo nosso juramento integral de defesa da Constituição brasileira e pela soberania do Brasil, pela independência do Poder Judiciário e pela cidadania de todos os brasileiros e brasileiras, pois deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e com coragem estamos construindo uma República independente e cada vez melhor”, disse.

Até então, os ministros do Supremo vinham minimizado as ações tomadas em território americano, desde que a empresa de mídia de Trump, a Truth Social, e a Rumble, plataforma de vídeos, recorreram à Justiça na Flórida para que as ordens do ministro sejam declaradas ilegais.

Sob reserva, magistrados e assessores próximos a eles afirmam que não há impacto significativo sobre a rotina do Supremo e negam grandes preocupações em relação aos movimentos do presidente americano, de aliados e de bolsonaristas no país.

Alvo prioritário da ofensiva, Moraes diz a interlocutores que não tem o hábito de viajar aos EUA, não tem bens imóveis ou patrimônio no país e, portanto, não estaria dando muita importância às medidas por não ser afetado por elas.

Os demais magistrados mantêm linha parecida. Até o momento, acompanham o noticiário, mas sem se mobilizarem internamente para pedir uma posição institucional de defesa ou resposta.

Ainda na terça-feira (25), antes da publicação do Departamento de Estado dos EUA, o decano do Supremo, Gilmar Mendes, afirmou em conversa com jornalistas ser extravagante a apresentação de uma ação judicial contra Moraes em um tribunal americano, mas sem grande impacto.

“É algo muito extravagante uma empresa que sofra algum tipo de sanção aqui entrar com ação nos Estados Unidos contra o juiz que tomou a medida. A forma de impugnar as decisões judiciais é impugnar perante a própria corte que é competente”, disse.

Ana Pompeu, Folhapress

Jerônimo Rodrigues celebra aprovação de 61%, mas demonstra preocupação com Lula em pesquisa


O governador Jerônimo Rodrigues (PT) comentou, na tarde desta quinta-feira (27), os resultados da Pesquisa Quaest, divulgada pela manhã, que indicam uma aprovação de 61% de sua gestão entre os eleitores baianos, enquanto 31% desaprovam. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

“Com toda humildade, com os pés no chão, aquilo não é um resultado só de Jerônimo, é um resultado de deputados, prefeitos, governo federal, de todas as pessoas que fazem a boa política. Eu estou muito feliz com os resultados, mas é claro que há uma preocupação com Lula nesta pesquisa, deixa a gente antenado”, disse o governador, ao relacionar a queda de popularidade do presidente aos dois meses em que ele ficou afastado dos trabalhos devido a problemas de saúde, “além da eleição no Congresso, que houve um desgaste. e a fake news ligado ao Pix.

O governador ainda comemorou o fato de a pesquisa apontar melhorias em alguns setores do governo. “Nós melhoramos no indicador segurança pública, nós melhoramos no indicador mobilidade, nós melhoramos no indicador geração de emprego e renda, tivemos todos os indicadores negativos melhorados. Estou muito feliz”, disse Jerônimo Rodrigues.

Política Livre


 

Prefeitura de Ipiaú abre inscrições para Oficinas do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos


A Prefeitura de Ipiaú, por meio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, está com inscrições abertas para as Oficinas do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). A iniciativa oferece atividades gratuitas voltadas para crianças, adolescentes, mulheres e idosas, promovendo a inclusão social e o fortalecimento comunitário.

Entre as oficinas disponíveis estão Balé, Capoeira, Esportes, Teatro, Dança e Artesanato, proporcionando aprendizado, lazer e integração entre os participantes. O objetivo é estimular o desenvolvimento pessoal e social por meio de atividades culturais, esportivas e educativas.

Para se inscrever, os interessados devem apresentar RG, CPF, comprovante de residência e o número do NIS na Secretaria de Assistência Social.

A secretária de Assistência Social, Rebeca Câncio, destacou a importância do programa para a comunidade: “As oficinas do SCFV são uma oportunidade de aprendizado e socialização, promovendo bem-estar e qualidade de vida para os participantes. Nosso objetivo é fortalecer os vínculos familiares e comunitários por meio dessas atividades.”

Para mais informações, a população pode entrar em contato com a Secretaria de Assistência Social pelo telefone (73) 3531-3387.

Michel Querino / Decom Prefeitura de Ipiaú

Ibirataia: Prefeitura implementa ações eficientes na limpeza pública e ganha elogios da população

A Prefeitura de Ibirataia, sob a liderança do prefeito Sandro Futuca, está promovendo um trabalho diferenciado na área da limpeza pública, trazendo visíveis melhorias à cidade. Nos primeiros dias de gestão, a população tem demonstrado otimismo com os resultados alcançados, destacando o esforço da administração para manter a cidade limpa e organizada.

A gestão tem se empenhado em otimizar os serviços, e os moradores já notam a diferença nas ruas, praças e outros espaços públicos, reforçando o compromisso do prefeito com a qualidade de vida da comunidade. Essa atenção à limpeza pública já se tornou uma das marcas da nova administração, sendo considerada uma das prioridades da gestão de Sandro Futuca.

Ibirataia Notícias

Quaest, eleições 2026: ACM Neto tem 42% e Jerônimo tem 38% na disputa pelo governo da Bahia

Números mostram prováveis candidatos tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. João Roma tem 3% e Kleber Rosa, 1%.

O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), tem 42% das intenções de voto na eleição para governador da Bahia em 2026. Ele é seguido pelo atual governador Jerônimo Rodrigues (PT), que soma 38% das intenções, segundo a pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira (27).

Como a margem de erro é de três pontos para mais ou para menos, os dois estão tecnicamente empatados na disputa.

Os outros candidatos que pontuaram no levantamento foram o ex-deputado federal João Roma (PL), com 3% das intenções de voto, e Kleber Rosa (PSOL), com 1%. Pelo mesmo critério, os dois também estão tecnicamente empatados.

O levantamento também questionou os eleitores entrevistados se o atual governador merece ser reeleito. Para 50%, Jerônimo Rodrigues deve continuar no posto. Já 44% disseram que ele não merece vencer a próxima eleição. Outros 6% não sabem ou não responderam à questão.

Posicionamento político

A pesquisa mostra ainda que o eleitorado que se identifica como lulista ou petista diminuiu. Em dezembro de 2024, 31% dos eleitores se apresentavam como tal. Em fevereiro, esse número caiu para 25%.

Por outro lado, o número de eleitores identificados como bolsonaristas oscilou positivamente um ponto percentual, de 6% para 7% no mesmo período.

O que cresceu de forma representativa foi o número de eleitores que não se autodeclaram em nenhum espectro ideológico. Em dezembro, 28% diziam não ter ideologia. Em fevereiro deste ano, o grupo chegou a 38%.

Perfil da amostra

Entre os 1.200 entrevistados de 19 a 23 de fevereiro:

53% são do sexo feminino e 47% do sexo masculino;
29% tem de 16 a 30 anos de idade; 38% tem de 31 a 50 anos; e 33% tem 51 anos ou mais;
42% estudaram até o Ensino Fundamental; 42% tem Ensino Médio completo ou incompleto; 16% tem o Ensino Superior incompleto ou mais;
34% ganham de dois a cinco salários-mínimos; 55% ganham até dois salários-mínimos; e 11% ganham mais de cinco salários-mínimos. g1 Bahia.

PF e STF discutem estratégias de enfrentamento às organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro


Brasília/DF. Nesta terça-feira (26/2), os ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, presidente e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), se reuniram com a cúpula da Polícia Federal para discutir o cenário da segurança pública no estado do Rio de Janeiro e subsidiar a análise da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635.

Participaram da reunião o Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o Diretor Executivo da PF, Willian Marad, e o Diretor de Inteligência Policial, Leandro Almada.

A ADPF 635, relatada pelo ministro Edson Fachin, teve início a partir da análise sobre mortes decorrentes de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro. Durante o encontro, foram apresentados dados estratégicos e informações sobre a atuação integrada da PF no combate às organizações criminosas.

Os ministros destacaram a importância do diálogo com as forças de segurança pública para equilibrar o enfrentamento aprimorado da criminalidade com a garantia dos direitos e garantias fundamentais de toda a população.

A Polícia Federal reafirma seu compromisso com a atuação técnica e integrada no combate ao crime organizado, em articulação com instituições do sistema de justiça e segurança pública.

Coordenação Geral de Comunicação Social da Polícia Federal

FICCO/ES realiza Operação "Kelpie" para combate a organização criminosa


Vila Velha/ES - A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Espírito Santo (FICCO/ES), com o apoio de policiais militares do 1º Batalhão de Vitória, deflagrou na manhã desta quinta-feira (27/2) a Operação “KELPIE”, visando o enfrentamento à organização criminosa atuante no bairro Grande Vitória.

Durante a ação foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária no município de Vitória/ES.

As investigações decorreram de compartilhamento de provas obtidas em outra investigação que apurava o recebimento de drogas pelos correios.

Investigações apontaram que uma menor de idade era aliciada por uma organização criminosa do bairro Grande Vitória para receber drogas pelos correios, guardar armamentos e ajudar a ocultar informações sobre homicídios cometidos pelo grupo.

Um dos alvos da operação é suspeito de um homicídio ocorrido no bairro em 08/09/2024 e de uma tentativa de homicídio quíntuplo em 21/02/2025, além de estar envolvido em ações violentas para retomar pontos de venda de drogas na região.

Durante o cumprimento dos mandados foram apreendidos celulares e entorpecentes.

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Espírito Santo (FICCO/ES), coordenada pela Polícia Federal (PF), é composta pelas Polícias Militar (PMES), Civil (PCES), Penal (PPES), pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), e pelas Guardas Municipais de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana.

Assessoria de Comunicação Social

PF deflagra operação contra o comércio clandestino de armas e tráfico de drogas


Rio Verde/GO. A Polícia Federal em Jataí/GO, com o apoio do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) da PF/GO e da Companhia de Policiamento Especializado (CPE) de Rio Verde/GO, deflagrou a operação policial Clandestine Arsenal, com o objetivo de desarticular rede criminosa estruturada voltada para a comercialização ilícita de armas, munições e coletes balísticos, incluindo fuzis e armamentos de alto poder destrutivo, além de conexões com tráfico de drogas.

As investigações revelaram fortes indícios de que parte dos investigados, além de atuar na venda clandestina de armamentos, também eram responsáveis por remessas de drogas oriundas de outros países para o estado de Goiás. Apurou-se, ainda, que alguns dos investigados aceitavam substâncias ilícitas como forma de pagamento por armas e munições clandestinas.

Foram cumpridos 11 mandados, sendo 5 de prisão preventiva e 6 de busca e apreensão.

Os investigados poderão responder pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal de armas de fogo, tráfico internacional de armas, tráfico de drogas e associação para o tráfico, além de contrabando
Comunicação Social da Polícia Federal em Goiás

Entenda o projeto do túnel Santos-Guarujá, a primeira travessia submersa do país

Passagem faz parte do PAC; leilão para escolher concessionária será realizado em agosto
Túnel que ligará Santos e Guarujá, no litoral Sul de São Paulo, será o primeiro submerso da América Latina 
O presidente Lula (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) lançam nesta quinta (27) o edital para definir a empresa que vai construir e operar o túnel Santos-Guarujá, o primeiro do tipo submerso na América Latina. O edital ficou a cargo do estado de São Paulo, enquanto os custos para a obra, de quase R$ 6 bilhões, serão divididos entre os dois entes. Presidente e governador farão o anúncio juntos no Parque Valongo, em Santos.

O leilão está marcado para 1º de agosto. A concessionária que ganhar a licitação vai tocar a obra e operar o túnel por 30 anos. Vencerá aquela que der o maior desconto sobre a prestação que o poder público pagará ao longo da concessão. Prometida há cem anos, esta é a maior obra do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC), do governo federal, e exigiu meses de conversa entre Lula e Tarcísio, até que se decidiu que o edital e o projeto do túnel seriam feitos pelo governo paulista.
Entenda o processo de construção do túnel submerso entre Santos e Guarujá
Obra está inserida no PAC e será realizada com recursos da União e do Governo de São Paulo, cada um arcará com 50% dos custos.
Quando a obra ficar pronta, a concessionária vai cobrar pedágio dos veículos, mas ciclistas e pedestres deverão ser isentos. A empresa também poderá fazer receitas acessórias, como exploração de publicidade, por exemplo.

Como vai ser o túnel?

O trajeto total terá 1,5 quilômetros de extensão, saindo da região de Vicente de Carvalho, no Guarujá, até o bairro Macuco, em Santos, próximo ao porto. São 870 metros de túnel submerso, por onde vão trafegar carros, motos, caminhões, bicicletas (haverá ciclovia) e pedestres. Serão três faixas de rolamento por sentido, sendo uma adaptável para receber o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

A ideia é desafogar a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055) e garantir uma maior capacidade de escoamento do Porto de Santos, que hoje enfrenta congestionamentos frequentes com o entra e sai de caminhões.
Túnel Santos-Guarujá: travessia deve durar cerca de 2 minutos e promete desafogar rodovia e ampliar capacidade de escoamento do Porto de Santos
O desafio para construir o túnel submerso é grande: serão seis módulos pré-moldados com concreto armado, a uma profundidade mínima de 21 metros. Eles serão construídos em uma doca seca e transportados por flutuação até o local onde o leito do canal será preparado. Os módulos serão então imersos, encaixados e fixados para concluir a estrutura, sem interromper o tráfego de navios no canal.

Quanto vai custar?

O custo previsto para a obra é de R$ 5,96 bilhões, sendo que o aporte público deve de R$ 5,13 bilhões, que serão divididos igualmente entre a União e o estado de São Paulo. A concessionária arcará com o restante. Além do aporte inicial para a obra, o poder público vai pagar uma contraprestação para a empresa operadora assim que o túnel ficar pronto, de cerca de R$ 270 milhões por ano.

Quando o túnel ficará pronto?

Como o contrato só deve ser assinado no fim deste ano, a previsão é que as obras comecem a partir do ano que vem e durem cerca de três anos — portanto, a inauguração é prevista para 2029.

Quanto vai custar o pedágio?

O valor da tarifa de pedágio previsto pelo governo em 2024 era de R$ 6,15 por travessia para os veículos mais simples, aumentando gradativamente de acordo com o tipo de veículo. Entretanto, esse preço foi calculado no ano passado e como a obra só deve ficar pronta daqui a muitos anos, o valor deve aumentar considerando a inflação. A concessionária poderá cobrar preços mais altos para veículos mais pesados, e o valor do pedágio poderá ser aumentado anualmente. O governo estima que a concessionária vai arrecadar R$ 3,16 bilhões com pedágio. Pedestres e ciclistas não pagarão.

Qual vai ser o critério para escolher a concessionária?

Em 1º de agosto, data para a qual está previsto o leilão, será definida a empresa que vai fazer a obra e operar o túnel por 30 anos. Poderá ser feita por apenas uma empresa ou por um consórcio composto por mais empresas — o que é comum nesse tipo de concessão.

Será escolhida a proposta que oferecer o maior desconto sobre a contraprestação pública máxima, que é estimada em cerca de R$ 270 milhões por ano. Esses repasses públicos à concessionária serão feitos após o início da operação do túnel. Caso a concessionária ofereça um desconto de 100% dessa contraprestação, ela poderá ainda oferecer um desconto no aporte total que o poder público fará para a obra.

Haverá desapropriações?

Por conta da obra, será necessário desapropriar famílias nas duas cidades, mas a maioria é no lado do Guarujá. Ao todo, 776 famílias devem ser desapropriadas, além de 645 casas irregulares que ficam em Vicente de Carvalho (Guarujá). Neste caso, prefeitura e governo estadual devem fazer obras de reurbanização para realojar essas pessoas.
Por  — São Paulo

PGR fatia denúncia de trama golpista com conteúdos idênticos e gera controvérsia


Apesar de ter fatiado a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas pela trama golpista em cinco peças separadas, a PGR (Procuradoria Geral da República) manteve conteúdo idêntico em todas elas, com exceção do parte inicial e final onde são listados os acusados em cada uma.

Com isso, o indicativo é que, aceitas as denúncias, as ações penais devem tramitar de modo separado no STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo especialistas em direito penal consultados pela Folha, caso a tramitação de fato se dê de modo separado, é possível que haja prejuízo para a atuação das defesas dos acusados, dado que as condutas e provas discutidas em uma ação podem ter impactos nas outras.

Também apontam que o ideal seria que os denunciados tivessem um julgamento conjunto, de modo a evitar que haja contradição entre as decisões finais em uma ou outra ação e que um mesmo fato seja eventualmente interpretado e valorado de modos distintos.

Questionada pela Folha quanto ao motivo da opção pelo fatiamento e se o órgão entende que o julgamento deveria ser conjunto ou separado, a Procuradoria afirmou apenas, por meio de sua assessoria, que “a apresentação das denúncias reflete a estratégia processual adotada pelo PGR como titular da ação penal”.

Também perguntada sobre outros casos em que tenha fatiado denúncias com conteúdos idênticos, o órgão disse que não possui esse tipo de levantamento.

Bolsonaro foi acusado formalmente na semana passada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sob acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Na mesma denúncia, estão outras sete pessoas, que, segundo a PGR, formavam “o núcleo crucial da organização criminosa”.

Os demais foram acusados na mesma data, como integrantes da mesma organização criminosa, mas com funções distintas, como o núcleo de “operações estratégicas de desinformação”. Apontado como integrante desse último núcleo, o ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo, que mora nos Estados Unidos, foi denunciado sozinho.

Conforme mostrou a Folha, ministros do Supremo têm a previsão de julgar o ex-presidente ainda em 2025 e, portanto, antes do ano eleitoral.

Raquel Scalcon, que é professora de direito penal da FGV e advogada, afirma que o fatiamento geralmente acontece quando é preciso adicionar um novo acusado mais tarde ou quando surgem novas informações, mas que é incomum a divisão para denúncias feitas num mesmo momento.

Ela considera que a tramitação separada pode ter impacto na ampla defesa e no contraditório do processo e que pode haver uma dificuldade de delimitar o que cada acusado fez.

“Como é que o que foi dito em um processo vai reverberar no outro? Como é que as defesas vão se defender disso?”, questiona ela. “Como é que vai haver esse diálogo entre os processos? Ou não vai haver? Isso é um problema.”

Davi Tangerino, professor de direito penal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e advogado criminalista, avalia, por sua vez, que é uma garantia constitucional que uma situação jurídica não se estenda indefinidamente e que uma ação com 34 réus demoraria muito tempo. Nesse contexto, ele não vê problema no fatiamento para um andamento mais célere.

Mesmo com tramitação separada, ele avalia que o ideal seria a realização de um julgamento conjunto. “Se você julga todo mundo junto, você diminui o risco de ter decisões contraditórias”, diz.

Ele também defende que o mais eficiente seria permitir, desde o princípio, que as partes de um processo possam, por exemplo, participar da inquirição de uma testemunha de uma outra ação.

O advogado Vinícius Assumpção, que é doutor em direito pela UnB (Universidade de Brasília) e diretor do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), vê como principal risco da tramitação separada que haja contradição entre as provas e oitivas de testemunhas em cada processo.

Quanto à hipótese de haver uma espécie de participação cruzada das defesas nas diferentes ações ou de um julgamento conjunto, ele não vê como uma possibilidade real, argumentando que isso seria muito difícil de alinhar e que a opção pelo fatiamento aponta para outra direção.

“Inevitavelmente, em um e outro processo, haverá maiores questionamentos da defesa”, diz. “É muito difícil que isso tudo se alinhe.”

Para Gustavo Badaró, professor de direito processual penal da USP (Universidade de São Paulo) e advogado criminalista, o fatiamento gera um grande prejuízo para as defesas dos acusados, que teriam uma visão parcial dos fatos, frente à acusação, que preservaria uma visão global.

Ele compara a situação à Operação Lava Jato e diz que nela já havia denúncias separadas por partidos, empreiteiras, com partes idênticas entre si.

Na avaliação dele, há também um prejuízo do ponto de vista da imparcialidade de quem vai julgar, dando como exemplo hipotético o julgamento de um réu do quinto processo, depois os outros quatro já terem sido julgados.

“Ele [juiz] já formou uma opinião prévia sobre a existência ou não daqueles fatos, mas por conta de outras provas e outras argumentações em relação às quais o réu não teve oportunidade de se manifestar”, diz.

Renata Galf/Folhapress

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