Ipiaú: Polícia Militar apreende grande quantidade de drogas em Ipiaú

Uma operação conjunta das guarnições da ROTAM, PETO e 1º Pelotão da 55ª CIPM, realizada na tarde desta terça-feira (30), resultou na apreensão de uma grande quantidade de drogas, munições e materiais bélicos em um imóvel localizado na Rua 13 de Maio, bairro Marrapado, em Ipiaú. A região é conhecida pela atuação de uma facção criminosa.

De acordo com a Polícia Militar, as equipes faziam rondas preventivas quando receberam informações de que o imóvel estaria sendo utilizado como quartel-general do tráfico, servindo para armazenar drogas e armas. Durante a chegada dos policiais, um indivíduo armado e portando uma sacola efetuou disparos contra as guarnições. Houve revide, mas o suspeito conseguiu fugir por dentro de casas e quintais, deixando o material para trás.

Na busca, os militares encontraram a sacola abandonada e, dentro do imóvel, um arsenal de drogas e equipamentos usados pelo crime organizado.

Durante a ação, foram encontrados:
Mais de 7kg de maconha
  • Cocaína, crack e drogas sintéticas

  • Munições de fuzil e pistola

  • Carregadores, roupas camufladas e balanças de precisão

  • O material foi apresentado na Delegacia de Polícia.
A PMBA segue firme no combate ao tráfico e à criminalidade organizada!

Fonte: Ascom/55ª CIPM,

Lula almoça com Alcolumbre e Motta após contrariar Congresso com veto a mudança na Ficha Limpa

O presidente Lula (PT) almoçou nesta terça-feira (30) com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O encontro ocorreu um dia após Lula vetar parcialmente projeto que flexibilizava as regras da lei da Ficha Limpa.

Eles discutiram a votação de projetos de interesse do governo, como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais, a medida provisória de aumento de impostos para elevar a arrecadação, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026 e o corte de subsídios tributários.

O almoço contou com a presença da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).

O veto representou uma derrota para o Congresso, que aprovou a pauta impopular com mudanças nos prazos de inelegibilidade de políticos condenados. O presidente não ouviu reclamações dos presidentes das duas Casas a respeito do veto, de acordo com fontes do governo.

Os três já tinham participado da cerimônia de posse do ministro Edson Fachin como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) na segunda-feira (29). Na ocasião, Motta sentou ao lado de Lula e ambos passaram o evento em conversas e sorrisos.

Trump convoca generais e exige lealdade ideológica, em movimento similar ao do regime da Venezuela

Em uma ação inédita na história moderna dos Estados Unidos, o Donald Trump e seu secretário de Guerra, Pete Hegseth, convocaram centenas de oficiais-generais dos seis ramos de suas Forças Armadas para apresentar um plano de enquadramento à ideologia direitista do presidente.

Quem estiver descontente deve pedir demissão, disse Hegseth, num anúncio de expurgo que já atingiu quase duas dezenas de oficiais graduadas neste primeiro ano do segundo mandato de Trump.

Já o presidente sugeriu que “nossas cidades inseguras” serão “campos de treinamento”, numa referência às intervenções que fez em locais como Washington. “Estamos sob invasão por dentro, não diferente de um inimigo interno, mas mais difícil de várias formas porque eles não usam uniformes”, afirmou.

“Se as palavras que eu digo hoje estão deixando seus corações apertados, então vocês deveriam fazer a coisa honrada e renunciar”, disparou o secretário. “Eu sei que a maioria de vocês sente o contrário”, afirmou Hegseth, a quem coube dar o recado de forma mais objetiva.

Com isso, o governo Trump imita o que ocorre na Venezuela desde que o chavismo assumiu o poder, há 26 anos. Não é pouca ironia: o regime em Caracas, que metamorfoseou-se em uma ditadura sob Nicolás Maduro, é hoje objeto de ameaça de ataque militar contra supostos cartéis de drogas justamente por Trump.

O presidente em si fez um discurso, após Hegseth, pouco coerente, inserindo temas como tarifas e platitudes acerca de seu gosto por um documentário sobre vitórias navais. Repassou temas que já havia abordado sobre defesa, da Guerra da Ucrânia ao Oriente Médio, com imprecisões e falsidades, mas deu um tom político inequívoco à fala.

“Vocês terão quatro anos como nunca antes”, prometendo “lutar, lutar, lutar”, um de seus motes de campanha, para “vencer, vencer, vencer”. Desfiou críticas aos antecessores democratas Joe Biden e Barack Obama.

“Nunca entrei numa sala tão silenciosa como essa”, disse, esquecendo que a disciplina militar apolítica obriga isso. Fez uma piada não tão engraçada: “Se vocês não gostarem do que eu falar, podem sair, mas claro, lá se vão sua patente, lá se vão seus futuros”. Ao fim, foi aplaudido de forma contida, protocolar.

Em seu primeiro mandato, Trump havia sido bloqueado pela cúpula militar, em particular pelo chefe do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, que ao deixar o cargo em 2023 disse que os militares não se “juraram lealdade a um aspirante a ditador”. O republicano revogou a proteção legal dada ao general ao assumir o cargo.

A Constituição americana proíbe a politização das Forças Armadas. O movimento ocorreu no comando dos Fuzileiros Navais em Quantico, próximo a Washington. Na semana passada, o Pentágono havia convocado toda a cúpula militar americana para uma reunião sem temática divulgada.

Eles falaram a cerca de 800 generais e almirantes em um palco com uma grande bandeira americana ao fundo imitando o cenário do clássico discurso do general George S. Patton a suas tropas antes da invasão da França em 1944 —como descrito no filme “Patton” (1970), e não na vida real, o que diz algo sobre o trumpismo.

O general Patton, aliás, foi citado no discurso como uma inspiração, ao lado de outros líderes.

“Líderes políticos tolos e irresponsáveis indicaram o sentido errado e nós nos perdemos. Nós viramos o Departamento Woke”, disse Hegseth, em referência ao termos associado à cultura de inclusão adotada por progressistas americanos. “Mas não mais.”

Ele defendeu a demissão que vem promovendo de líderes militares, como o negro que comandava o Estado-Maior Conjunto do país, general Charles Q. Brown Jr., o mais graduado cargo do país. Depois, Trump protagonizou um momento especialmente constrangedor relativo a isso, ao falar de armas nucleares.

“Nós não podemos usar uma palavra. Eu a chamo de palavra-N. Há duas palavras-N, e você não pode usar nenhuma delas”, disse, associando os armamentos a “nigger”, forma altamente pejorativa e racista para se referir a negros nos EUA.

O Pentágono também removeu o do posto a primeira comandante mulher da Marinha, almirante Lisa Franchetti.

Suas ações também foram direcionadas àqueles politicamente indesejados, como no caso da demissão do general Jeffrey Kruse, chefe de inteligência militar que havia dito que o ataque dos EUA ao programa nuclear iraniano havia sido “limitado”, ao contrário da fanfarra de Trump e Hegseth.

O secretário enunciou uma série de diretivas, algumas candidatas a meme, como o veto ao uso de barba no serviço militar. Também exigiu a volta do exercício diário e de testes de capacidade física duas vezes por ano. “É completamente inaceitável ver generais e almirantes gordos nos salões do Pentágono”, disse —atraindo piada imediata nas redes sobre a forma de Trump como comandante supremo.

Mas seu foco foi no que chamou de fim da atenção a temas como mudança climática ou inclusão de gênero, como demonstram diversas medidas já tomadas, como a proibição de pessoas trans em farda —algo que foi referendado pela Suprema Corte. Afirmou que irá rever critérios sobre queixas por “liderança tóxica”, aludindo a si mesmo.

No começo do mês, Trump havia renomeado o Departamento de Defesa, que usava esse nome desde 1947, como sendo “da Guerra”. O Congresso ainda não ratificou a mudança, o que tecnicamente mantém Hesgeth com o título anterior.

Há 817 oficiais-generais nos EUA, 38 deles no topo da hierarquia. Em maio, Hegseth determinou uma redução em 20% do quadro dessa elite, os chamados generais e almirantes de quatro estrelas, como ocorre no Brasil.

Na via contrária, em sua fala Trump disse que “quer Forças Armadas” maiores, porque “todo mundo quer fazer o que vocês fazem”. Os EUA, maior potência militar da história, concentram quase 40% do gasto com defesa no mundo e têm o terceiro maior efetivo de soldados, atrás de China e Índia.

Igor Gielow/Folhapress

Prefeitura de Ibirataia apresenta metas fiscais do 2º quadrimestre de 2025 em audiência pública

Evento realizado na Câmara Municipal reforçou transparência e participação cidadã na gestão dos recursos públicos

A Prefeitura Municipal de Ibirataia, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, realizou na manhã da última terça-feira, 30 de setembro de 2025, uma audiência pública para a demonstração e avaliação do cumprimento das metas fiscais referentes ao segundo quadrimestre deste ano.

O encontro ocorreu às 9h, na Câmara Municipal de Ibirataia, e teve como principal objetivo prestar contas à população, garantindo a transparência da gestão fiscal do município, conforme determina o §4º do Art. 9º da Lei Complementar nº 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Durante a audiência, foram apresentados os principais dados sobre arrecadação, despesas, investimentos e aplicação dos recursos públicos, além do desempenho orçamentário do município nos meses de maio, junho, julho e agosto de 2025. Técnicos da Secretaria de Planejamento detalharam os números e esclareceram dúvidas dos presentes, promovendo um ambiente de diálogo aberto com a sociedade civil.

A secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão destacou a importância desse tipo de encontro:

“A audiência pública é um momento essencial para reforçar o compromisso da gestão com a transparência e o uso responsável dos recursos. Também é uma oportunidade para a população acompanhar de perto como o dinheiro público está sendo aplicado”.

Além de representantes da administração municipal, o evento contou com a presença de vereadores, lideranças comunitárias, servidores públicos e cidadãos interessados no acompanhamento das finanças do município.

A iniciativa reforça o princípio da gestão participativa e o direito da sociedade de fiscalizar o uso dos recursos públicos, garantindo que as ações do governo municipal estejam alinhadas com os interesses coletivos.

PF, CGU e TCE deflagram operações OMNI e Difusão para desarticular esquemas criminosos milionários em contratos da saúde no Piauí

Teresina/PI. A Polícia Federal, em ação conjunta com a Controladoria-Geral da União (CGU/PI) e o Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE/PI), deflagrou, nesta terça-feira (30/9), as operações OMNI e Difusão com o objetivo de desmantelar esquemas criminosos milionários envolvendo contratos referentes à saúde no Piauí.
No âmbito da Operação OMNI, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e 22 de busca e apreensão nas cidades de Teresina, Timon/MA, Araguaína/TO, Brasília/DF, Goiânia/GO, São Paulo/SP e Curitiba/PR. Além disso, a 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí determinou a suspensão de contratos, o afastamento de um servidor público e o bloqueio de cerca de R$ 66 milhões dos investigados, valor referente ao esquema de superfaturamento de contratos.
As investigações apontam indícios de direcionamento e conluio em chamamento público da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI) para contratação da Organização Social de Saúde (OSS) responsável pela gestão de hospitais estaduais, em especial do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba/PI. Há suspeitas de superfaturamento, lavagem de dinheiro, conflito de interesses e falsidade ideológica em contratos milionários, incluindo o fornecimento de software de gestão em saúde.
Já em relação à Operação Difusão, as contratações irregulares investigadas envolviam a SESAPI e a Fundação Municipal de Saúde de Teresina (FMS). Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em Teresina, Imperatriz/MA e Marco/CE, além do afastamento cautelar de uma servidora pública de suas funções nos órgãos públicos mencionados. As ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara Federal no Piauí.
As apurações tiveram início a partir de denúncias à CGU e ao Ministério Público Federal de possíveis irregularidades no processo de contratação de empresa para a prestação de serviços de hemodiálise e diálise peritoneal à beira leito, que envolvia a suspeita de participação de agente público no sentido de favorecer a empresa contratada.

Comunicação Social da Polícia Federal no Piauí

Corregedor diz que aposentadoria compulsória é um ‘prêmio’ e propõe fim dos juízes ‘TQQs’

O ministro Mauro Luiz Campbell Marques, corregedor nacional de Justiça, defende a extinção da aposentadoria compulsória de juízes envolvidos em crimes que vão desde fraudes, corrupção e desvios até a venda de sentenças. “É um prêmio! O que seria uma punição passa a ser um prêmio essa aposentadoria remunerada”, avalia Campbell, de 63 anos, ministro do Superior Tribunal de Justiça.

O ministro destaca que existem ‘vários casos de juízes recém-ingressados na magistratura, juízes com dez anos, ou até menos de carreira’, que são aposentados pela via compulsória e deixam a toga com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.

O desligamento definitivo da carreira com remuneração para o resto da vida é previsto no artigo 42 da Lei 0rgânica da Magistratura Nacional (Loman) como a ‘sanção’ mais pesada imposta a juízes que saem do trilho da legalidade e da ética.

A Loman é um resquício dos anos de exceção. Criada em 1979 (Governo Figueiredo) ela se mantém incólume até hoje – a categoria é refratária a mudanças no texto, especialmente quando surgem propostas que ameaçam os dois meses de férias a que a toga tem direito.

Na semana passada, Campbell esteve em São Paulo. Foi homenageado no Instituto dos Advogados de São Paulo. O presidente da entidade, Diogo Leonardo Machado de Melo, enalteceu a atuação do ministro ‘no sentido da desburocratização da administração pública e na atualização da lei de improbidade administrativa’.

“Sua trajetória honra a magistratura brasileira e inspira a todos nós, que acreditamos na Justiça como pilar da democracia”, disse Melo.

Para Campbell, o CNJ ‘teve o mérito de superar o paradigma de ser órgão de controle administrativo, financeiro e disciplinar para se transformar em indutor de políticas públicas no âmbito do Poder Judiciário’.

O ministro aponta os ‘valores de transparência, controle e fortalecimento da corregedoria nacional’.

“O Conselho tem transformado a forma como administramos a Justiça. Hoje, é impossível pensar no Judiciário sem o CNJ”, disse.

‘Hóspedes da magistratura’
O que o indigna, e muito, é o fato de magistrados pilhados no peculato se manterem merecedores do ‘prêmio’ de passarem para a inatividade com subsídios elevados. “Não digo que eles são juízes, na verdade são hóspedes da magistratura, gente que se emprega na magistratura para auferir benefícios indevidos, para cometer crimes”, afirma Campbell.

“Nos moldes da sanção a aposentadoria concedida a eles é um benefício indevido. Passa a ser um prêmio. Quando era para ser punição vira um prêmio.”

Ele faz um paralelo com as regras da iniciativa privada. “O cidadão brasileiro, da iniciativa privada, se quisesse naturalmente, voluntariamente, espontaneamente se aposentar não poderia (com 10 anos de carreira) porque não teria tempo de contribuição suficiente.”

Campbell segue. “Imagine só na magistratura: o sujeito (juiz) comete um crime e é sancionado com a aposentadoria compulsória. Ou seja, em vez de se punir e reprimir a prática criminosa ele vai ganhar um prêmio, vai ser contemplado com a remuneração.”

“Aí alguém vai argumentar: ah, mas é proporcional ao tempo de serviço”, segue o ministro. “Ora, se o trabalhador comum quiser se aposentar com dez anos de atividade com salário proporcional a Previdência não permite.”

O ministro faz uma reflexão sobre a origem da ‘sanção’ mais pesada prevista na lei dos juízes. “Veja bem, é uma medida que teve seu valor enquanto lei editada por conta das perseguições que a classe da magistratura sofria em tempos opressores, do regime de exceção”, ele anota. “Essa previsão foi incluída na Loman para que o juiz que passasse para a inatividade por conta de perseguições de natureza política não ficasse ao desamparo.”

Segundo Campbell, em vários tribunais, nos anos de chumbo, desembargadores e juízes foram cassados em processos ‘movidos claramente por conta de perseguições com viés político e ideológico’. “Depois, eles tiveram seus direitos restabelecidos, quando a ditadura caiu.”

“A aposentadoria compulsória tinha essa destinação, até porque a magistratura tinha um número muito reduzido de juízes. Eram 23 Estados na Federação. Era reduzido o quadro de juízes, à época. Um tempo em que juízes federais, sem concurso público, eram nomeados pelo general presidente.”
O ministro ressalta que ‘ao tempo em que essa sanção foi criada, sob a perspectiva de um juiz cometer uma transgressão disciplinar, seria uma coisa excepcionalíssima’.

“Na minha sabatina para ministro do Superior Tribunal de Justiça, um senador me perguntou sobre essa questão da aposentadoria compulsória. Eu disse taxativamente: esta Casa (Senado) deve estudar logo a modificação desse preceito.”

Campbell lamenta que ‘no âmbito da reforma administrativa sequer se debateu a extinção dessa sanção’.

Ele defende a cassação da remuneração ‘vitalícia’ concedida aos condenados por malfeitos sob o manto da toga e cobra enfaticamente órgãos públicos que detêm a atribuição e o dever de cassar o privilégio.

“A população precisa saber que, muito embora, haja essa sanção da aposentadoria compulsória aplicada, há um dispositivo no nosso Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça, que determina que as Advocacias-Gerais dos Estados, no caso de juízes estaduais, ou da União, se for o caso de juiz federal, e também com relação aos Ministérios Públicos dos Estados e ao da União, nos casos de promotores e procuradores, que ingressem com ação civil pleiteando a perda do cargo do transgressor. Ou seja, há mecanismos para que aquilo que o contribuinte quer ver, o juiz demitido pela falta que cometeu, possa de fato ocorrer: o fim do ‘prêmio’ da aposentadoria remunerada”, destaca.

Núcleo de Execução de Penas
Campbell anunciou a instalação do Núcleo de Acompanhamento de Execução de Penas do CNJ, por meio do qual será verificado o resultado final de sanções impostas ao longo dos últimos anos a cerca de 125 juízes aposentados pela via compulsória sumariamente. “Trata-se de um sistema importante adotado para controle de resultados dessas aposentadorias e se elas foram efetivamente seguidas da propositura de ações respectivas para a perda do cargo”, argumenta.

“Volto a dizer: como é hoje, objetivamente, a aposentadoria compulsória é um prêmio ao magistrado transgressor, na medida em que em condições normais ele não teria ainda implementado as condições de aposentadoria. Se for um juiz longevo, pronto para se aposentar, ainda assim deverá perder o cargo, mediante sentença transitada em julgado.”

Ao Estadão, o ministro repudia os supersalários, inclusive de seus pares, como ocorre em vários Estados, e também de promotores e procuradores do Ministério Público. “Os promotores e procuradores ganham absurdamente mais que os juízes.”

“Fui promotor durante 22 anos”, diz Campbell. “Quando ingressei no Ministério Público do Amazonas era um tempo em que a Instituição pedia para que os promotores ganhassem como juiz. Era o inverso. Agora, não: os promotores e procuradores ganham muito mais que a magistratura.”

Campbell foi procurador-geral de Justiça do Amazonas durante três mandatos. Um feito raro na Instituição em todo o País. “Eu atuei 22 anos no Ministério Público amazonense. Eu sei a barbaridade que ocorre nos MPs dos Estados e da União. Procuradores-gerais são eleitos distribuindo o ‘Bolsa Família’ via o pagamento de atrasados, valores exorbitantes. É o normal. Subprocuradores da República ganham mais que magistrados. Eu fui o único que na Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público) votava contra (aumentos e paridades). Sempre quis ganhar pelo que eu trabalhava.”

Campbell se opõe com veemência aos magistrados que tomaram gosto pelo trabalho em regime de home office durante alguns dias da semana. “Agora está posta a discussão sobre os juízes que querem morar fora de suas comarcas”, diz. “Eu quero os juízes morando e trabalhando na comarca. Isso deve ser rigorosamente acatado.”

A nova cruzada do corregedor é trazer de volta os magistrados para os fóruns. “Como nasceu isso? O Conselho Nacional de Corregedores-Gerais da Justiça dos Estados e da União propõem que os juízes possam residir fora da sua Comarca. Não aceito. O problema é que vetamos esse tipo de situação, mas os juízes recorrem ao Pleno dos Tribunais de Justiça.”

Os juízes ‘TQQ’ irritam o corregedor. “Outra situação com a qual não me conformo é a dos juízes e promotores TQQ. Já ouviu falar? São os juízes e promotores que só trabalham às terças, quartas e quintas-feiras. Outro absurdo. Houve um julgamento de um TQQ no CNJ. Mas, para se chegar a esse julgamento, o relator quase apanhou, associações de classe quase deram nele.”

“Imagine, juízes ganhando uma fábula se comparar com um trabalhador comum e ainda por cima não querem residir na Comarca. Faça-me o favor, faça-me o favor”, apela Campbell.

Aponta novamente para o Ministério Público. “Da mesma forma, promotor você não vê, não encontra nenhum no interior dos Estados. Talvez em São Paulo seja diferente, eles (promotores) não querem nem ir para a Capital, qualidade de vida boa lá (no interior). Nos outros Estados você não encontra promotor longe das capitais.”

Critica, outra vez, os contracheques muito acima dos limites impostos pelo teto constitucional. “A remuneração dos promotores nos Estados é um escândalo e quase nada se vê sobre isso na mídia. Basta acompanhar como são realizadas as eleições para procurador-geral. É um autêntico ‘bolsa-família’ de pagamentos atrasados. Fui três vezes eleito procurador-geral de Justiça do Amazonas. Eu estou afirmando isso, existe sim o bolsa-família nas eleições para a chefia dos Ministérios Públicos. Podem perguntar lá (no MP do Amazonas), podem ir lá perguntar se comprei algum voto na minha vida. Nunca fiz isso.”

Fausto Macedo e Rayssa Motta/Estadão Conteúdo

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