Oposição pressiona por CPI do INSS na Câmara, e governistas ameaçam mirar em gestão Bolsonaro
A oposição pretende insistir na instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados para investigar os descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e adiou, por duas semanas, o protocolo do requerimento para que seja criada uma comissão mista (CPMI), formada por deputados e senadores.
A avaliação de deputados de oposição é que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), estaria mais suscetível a abrir a investigação do que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a quem cabe fazer a leitura e instalação de uma CPI mista durante sessão do Congresso.
Alcolumbre é considerado pela oposição mais alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após articular a rejeição ao projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas do 8 de janeiro e preparar a apresentação de um projeto de lei alternativo, que apenas modificaria as penas, mas sem o perdão.
Além disso, embarcou novamente com o petista para mais uma viagem internacional e participará de agendas com Lula na Rússia e China, o que esvaziou as deliberações do Senado nesta e na próxima semana. A CPMI, portanto, só passaria a ser debatida a partir do dia 15.
Nos bastidores, ele também já deu recados a aliados e interlocutores de que não concorda com a instalação de uma CPI agora para investigar os desvios, por entender que isso tiraria o foco das demais atividades do Congresso e paralisaria a discussão de projetos importantes.
Já Motta afirmou a integrantes do PL que não teria como instalar essa comissão porque há outros 11 requerimentos de CPI na frente e que o regimento interno só autoriza o funcionamento de cinco comissões do tipo por vez, por ordem cronológica. Mas indicou nessas conversas que poderia criar a comissão se a oposição abrisse mão de parte dessas outras investigações.
Deputados do PL também apontam que o Nordeste, região de Motta, é onde teria ocorrido o maior número de fraudes, segundo relatório da CGU (Controladoria-Geral da União). Portanto, na avaliação deles, haveria uma pressão extra para que ele dê uma resposta sobre o assunto.
Integrantes da oposição no Senado, por outro lado, insistem na instalação de uma comissão mista, com participação de deputados e senadores, por acreditarem que Motta não desagradará o governo com a abertura de uma CPI e que é mais fácil forçar Alcolumbre, já que a leitura na sessão do Congresso é obrigatória. A próxima reunião do Congresso está marcada para 27 de maio.
O protocolo do requerimento da CPMI chegou a ser anunciado para esta terça-feira (6), mas foi cancelado momentos antes de ocorrer. O argumento oficial é que os autores buscarão mais assinaturas para mostrar todo o apoio político às investigações. A apresentação ficou marcada para 20 de maio, após a volta de Alcolumbre ao Brasil. Até lá, o PL tenta negociar com Motta a instalação.
A investigação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre fraudes em descontos de aposentadorias e pensões do INSS aponta ter havido desvio de dinheiro por meio da adesões de aposentados sem consentimento e falsificação de assinaturas. No total, a fraude pode ter chegado a R$ 6,3 bilhões em seis anos.
A oposição pretende desgastar a imagem do governo Lula com a investigação e prolongar por meses o noticiário em torno do assunto. A divulgação de que supostas quadrilhas atuaram no INSS e descontaram dinheiro de aposentados e pensionistas de forma não autorizada teve forte apelo nas redes sociais.
Um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) com críticas ao governo Lula e a acusação de que seria o “maior escândalo de corrupção do Brasil”, por exemplo, alcançou mais de 100 milhões de visualizações no Instagram em apenas um dia. “4 milhões de idosos foram roubados, a maioria do Norte e Nordeste”, disse.
Petistas e governistas, por sua vez, apontam que os descontos indevidos teriam começado em 2019, no governo Bolsonaro (PL), e que a maioria das entidades fraudadoras foi criada e assinou convênios com o INSS na gestão anterior. Os descontos, no entanto, dispararam e atingiram patamares bilionários após 2022.
O discurso dos governistas é de que a investigação deve continuar nos órgãos responsáveis, sem politização, porque isso paralisaria as atividades do Legislativo. Mas dizem que, caso de fato seja instalada uma CPI, vão mobilizar a base aliada no Congresso para que os trabalhos sejam focados no início das fraudes, no governo anterior.
“Nós apoiamos e endossamos se o escopo dessa CPI for ampliado para abarcar os fatos desde 2019 e se estiver dizendo que serão convocados os ministros e gestores do governo anterior. Se isso ocorrer, o PDT está autorizado a assinar”, disse o líder do partido na Câmara, deputado Mário Heringer (MG).
O presidente do PDT, Carlos Lupi, era o ministro da Previdência até a semana passada, quando pediu demissão após o escândalo. O novo ministro, Wolney Queiroz, também é filiado ao partido, mas foi escolhido por Lula sem consultar Lupi, o que gerou um rompimento do partido na Câmara com o governo.
A possibilidade de desvio do foco da CPI já está no radar da oposição, que discute estratégias para tentar impedir um domínio do governo sobre o direcionamento da investigação. “Estamos tomando cuidados para que não fiquemos expostos novamente. O governo não queria a CPMI do 8 de janeiro e, quando conseguimos instalá-la, eles foram lá e tomaram conta”, destacou o senador Esperidião Amin (PP-SC).
O líder do PSB, deputado Pedro Campos (PE), defendeu que as investigações já estão em curso pela PF e CGU e que o foco do Congresso precisa ser o ressarcimento aos aposentados e pensionistas lesados. “Isso só se tornou pauta da Câmara por causa da investigação do próprio governo”, disse.
Raphael Di Cunto/Folhapress
Reinaldinho Braga levanta suspeita de superfaturamento na compra de milho pelo Governo da Bahia
O ex-prefeito de Xique-Xique Reinaldinho Braga fez duras críticas ao governo do Estado após a divulgação de uma compra de milho que levanta suspeitas de superfaturamento. Em vídeo publicado nas redes sociais, Reinaldinho questiona o valor pago pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), ligada ao governo estadual, que teria desembolsado R$ 26 milhões para adquirir 250 mil sacas de milho — o equivalente a R$ 104 por saca.
Segundo o ex-prefeito, uma simples pesquisa na internet revela que, no mesmo dia em que o contrato foi assinado (29 de abril), o milho era vendido por cooperativas do oeste baiano, região de origem do produto, por apenas R$ 72. “Se esse milho estava sendo vendido por R$ 72, por que o governo pagou R$ 104? Por que o governo pagou mais caro?”, questiona Reinaldinho, ao apontar indícios claros de “má gestão e possível desvio de recursos públicos”.
A denúncia surge em meio a um cenário dramático enfrentado pelos municípios do interior baiano, que sofrem com os efeitos devastadores da seca. Segundo Reinaldinho, os 250 mil sacos de milho adquiridos são insuficientes para atender mais de 250 municípios atingidos pela estiagem severa. “A seca foi forte, as lavouras foram perdidas, muitos animais morreram ou foram vendidos magros, por preços irrisórios. A ajuda tem que ser urgente. Não adianta dar remédio depois que o paciente já faleceu”, declarou.
O ex-prefeito também destacou a iniciativa do deputado estadual Sandro Régis (União Brasil), da bancada de oposição, que encaminhou documentação ao Ministério Público solicitando a apuração do caso. Reinaldinho aproveitou para cobrar o cumprimento de uma promessa do governo federal, que anunciou a venda de milho subsidiado da Conab a R$ 60 para os criadores baianos. “Tem que ser pra ontem”, afirmou, ao reforçar o apelo por medidas emergenciais diante da crise no campo.
Diretor do INSS é sócio de duas empresas que atuam no setor de previdência
Mário Sória é sócio de duas empresas que atuam na área de previdência, ao mesmo tempo em que comanda uma das diretorias mais importantes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Diretor substituto interino de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do órgão, ele tem participações na consultoria Andaluz Investimentos e na Longeve Educação.
A diretoria de Benefícios é responsável pela folha de pagamentos de R$ 1 trilhão por ano do instituto. Diretor de tecnologia do INSS desde o final de 2023, Sória é interino no cargo desde que a operação Sem Desconto da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) afastou Vanderlei Barbosa dos Santos em abril.
A Andaluz oferece, entre outros serviços, consultoria sobre previdência complementar. “Na Andaluz Consultoria de Investimentos, entendemos a complexidade e a importância dessas decisões. Nossa equipe de especialistas está pronta para orientá-lo através dessas novas opções, garantindo que suas escolhas estejam alinhadas com seus objetivos de longo prazo”, diz um dos informes da empresa sobre o tema em sua página na internet.
A Longeve presta serviços ligados à gestão previdenciária, comprev (compensação previdenciária) e planejamento financeiro.
Sória é também membro suplente do Conselho Nacional de Previdência Complementar, indicado pelo INSS.
O instituto e a Andaluz negaram a existência de conflito de interesse. A Longeve não respondeu à reportagem.
A CGU destaca em seu portal na internet que agentes públicos podem exercer atividades remuneradas no setor privado, a exemplo de professores. A duplicidade de funções, em princípio, não constitui ilícito. No entanto, para conciliar as atividades há limites impostos à atuação nas áreas pública e privada pela Lei de Conflito de Interesses (Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013).
Pela lei, há conflito de interesse quando há situação que possa comprometer o interesse coletivo ou influenciar, de maneira imprópria, o desempenho da função pública. Entre esses casos, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias correlatas.
O INSS afirma em nota que “não se vislumbra incidência de conflito de interesse às atividades de assessor/consultor de investimentos”. “Ressalta-se que o servidor atua como professor em disciplinas aderentes às certificações necessárias para atuação profissional”, acrescentou.
A Andaluz afirmou que “Mário Sória é consultor de valores mobiliários cadastrado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e sócio minoritário na Andaluz, empresa devidamente registrada na CVM”.
“Trata-se de uma atividade regulamentada, sem qualquer sobreposição com as atribuições exercidas na atividade pública. Ainda, esclarecemos que a Andaluz não tem qualquer relação comercial com o INSS. Não há qualquer interseção entre sua condição de sócio na Andaluz Holding e sua função pública no INSS”, continuou a empresa.
Afirma também que Sória não desempenha atividade de gestão nem tem jornada de trabalho na Andaluz. O diretor não quis comentar.
A empresa diz que tem sob sua consultoria clientes institucionais com patrimônio de R$ 4 bilhões e afirmou que não poderia revelar os setores em que esses clientes atuam.
A consultoria também tem uma área dedicada aos RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social), os sistemas de previdência criados pelos federativos (União, estados e municípios) para garantir a aposentadoria e pensão por morte de seus servidores efetivos.
A Andaluz afirmou que o último contrato de gestão de RPPS encerrou em janeiro de 2024 e desde então não tem mais contratos ativos.
A CGU ainda destaca, ao comentar o inciso III do artigo 5º da lei, que incompatibilidade decorre da impossibilidade de exercício concomitante e pleno do cargo ou emprego público e de determinada atividade privada, pois uma das atividades não pode ser exercida em sua plenitude sem que o exercício da outra seja prejudicado.
Como exemplo, o órgão cita o agente público que trabalha com informações relevantes para o mercado financeiro e tem a intenção de trabalhar com gerenciamento de carteiras no mesmo mercado.
“Ainda que este agente público se comprometa a não repassar informações privilegiadas para seus colegas, ele não tem como se abster de usar essas informações ao executar suas atividades no gerenciamento de carteiras de seus clientes”, diz a CGU.
Adriana Fernandes e Lucas Marchesini/Folhapress
Câmara confronta STF, suspende ação contra Ramagem e abre brecha para livrar Bolsonaro
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (7) um projeto que suspende a ação penal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), com brecha para tentar atingir todo o processo relativo à trama golpista de 2022 e beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A medida confronta o STF (Supremo Tribunal Federal), porque vai na contramão do entendimento de que o instrumento deve ficar restrito aos atos cometidos pelo parlamentar após sua diplomação.
Da forma como foi aprovado o relatório do deputado bolsonarista Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), o texto está abrangente e suspende a ação por completo, beneficiando outros réus, como Bolsonaro.
No plenário da Casa, o projeto teve o apoio de 315 deputados, e 143 foram contra.
O resultado representou uma derrota também ao governo Lula (PT), cujos aliados tentaram evitar a aprovação na Casa.
Há uma expectativa entre parlamentares de que o caso deve ser judicializado, e a corte dará seu parecer num entendimento mais restritivo da medida. Com isso, porém, teria o desgaste de ter de se posicionar sobre o tema mais uma vez. Há a possibilidade ainda que a própria Primeira Turma do STF delibere sobre isso na própria ação penal.
Ministros do STF ouvidos sob reserva pela reportagem confirmam que a tentativa de beneficiar outros réus não deve prosperar na corte. Segundo eles, há um entendimento majoritário de que o movimento dos parlamentares é inconstitucional.
Outro ponto levantado por esses ministros, incluindo integrante do colegiado responsável pela tramitação e julgamento do processo sobre a trama golpista do fim do governo Bolsonaro, é que a palavra sobre o tema será do presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin.
Em ofício enviado a Motta, Zanin afirmou que a Casa só tinha competência para sustar crimes de deputados imputados após a diplomação. Isso limitaria a sustação a dano qualificado ao patrimônio e deterioração do patrimônio tombado.
Outros três crimes —associação criminosa armada, golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito— pelos quais Ramagem é acusado, que teriam sido cometidos antes da diplomação, não seriam abrangidos, no entendimento de Zanin.
Uma avaliação de técnicos da Câmara é de que, apesar do entendimento do STF, ela pôde aprovar o texto da forma como estava porque a Constituição atribui a decisão da suspensão às Casas do Congresso, não à corte. Desta forma, a extensão da prerrogativa caberia aos parlamentares.
Já o entendimento na oposição é de que, tecnicamente, a suspensão só pode dizer respeito ao deputado Ramagem em si. Em outra frente, num argumento político, dizem que seria um desrespeito à corte, que começou o julgamento da ação penal neste ano, com a transformação de acusados em réus.
Deputados também se queixaram da velocidade na discussão da medida, que foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) nesta tarde e encaminhada à noite ao plenário. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não acatou os pedidos para adiar a discussão no plenário.
Como mostrou a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, antes mesmo da aprovação do relatório na CCJ, a base do governo já se preparava para contestar a aprovação do relatório no STF. Até mesmo deputados aliados de Ramagem acreditam que o entendimento da Câmara será revertido pelos ministros da corte, mas com isso jogam o desgaste para o STF.
Durante a sessão da CCJ, Ramagem criticou o STF e disse aos parlamentares que o que chamou de perseguição do Judiciário pode atingir também os políticos de esquerda.
“Não é apenas ativismo judicial exacerbado, há clara usurpação das nossas competências legislativas. (…) Estou servindo hoje de joguete casuístico do STF”, declarou. “Se fazem comigo, podem fazer isso com vocês algum dia, inclusive colegas de esquerda”.
Na avaliação de juristas ouvidos pela reportagem, caso confirmada, a suspensão de toda a ação penal poderia ser questionada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), abrindo caminho para que o Supremo derrubasse a medida.
Outro caminho poderia ser uma contestação de um partido diretamente a Zanin, que levaria a discussão ao STF.
A CCJ começou a discutir o relatório na última quarta-feira (30), mas a votação foi adiada após um pedido de vistas (mais tempo para analisar o caso). Na ocasião, a presidência da comissão indicou concordar com a possibilidade do travamento de toda a ação.
Marianna Holanda/Cézar Feitoza/Folhapress
Salvador será uma das sedes da Copa do Mundo Feminina da FIFA em 2027
Salvador será uma das dez cidades-sede da próxima edição da Copa do Mundo Feminina de Futebol, em 2027. A capital baiana foi confirmada pela FIFA nesta quarta-feira (7), após um processo de candidatura que durou cerca de dois anos e que teve a participação ativa da Prefeitura. Esta será a primeira vez em que o Brasil sediará o mundial feminino, e a primeira vez em que o torneio mais importante da categoria acontecerá na América do Sul.
A sede será a Arena Fonte Nova, palco que já recebeu a Copa do Mundo masculina em 2014 e também a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa América, em 2019. Assim, Salvador fez parte de todos os grandes eventos de futebol disputados no Brasil nos últimos anos, e faltava apenas a Copa feminina.
O prefeito Bruno Reis comemorou a escolha: “Estar entre as sedes do próximo mundial só mostra como a nossa cidade tem se destacado para o mundo nos últimos anos, e vem sendo reconhecida pelas grandes entidades do planeta, como é o caso da FIFA. Ao longo do processo estávamos confiantes de que, pela infraestrutura que podemos proporcionar ao evento e a todos os seus espectadores, Salvador seria uma das escolhidas”, disse.
“Esse será mais um grande evento de porte mundial que Salvador vai receber. Vai atrair milhares de visitantes, movimentando a nossa economia e gerando emprego e renda. Nossa cidade tem vocação para receber grandes eventos como este, pois temos uma grande rede hoteleira, serviços de excelência para os turistas e atrativos para além dos jogos”, completou Bruno Reis.
O titular da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), Júnior Magalhães, também celebrou: “Esta é uma tarde de boas notícias para Salvador, pois acabamos de receber a informação da FIFA de que a nossa cidade será uma das 10 sedes da Copa de Futebol Feminino em 2027. Que felicidade, que alegria para a nossa terra, receber um evento tão importante como esse”, disse.
“Demonstra a nossa capacidade e que todos os investimentos que têm sido feitos ao longo dos anos preparam Salvador para sediar mais um evento tão importante”, completou.
A capital baiana passou, desde 2023, por um processo seletivo no qual precisou comprovar que está preparada para receber um evento de caráter mundial, que ocorrerá de 24 de junho a 25 de julho de 2027.
Para demonstrar o quanto a cidade está preparada e desenvolvida para recepcionar tanto as equipes quanto o público, foram apresentados aspectos relativos à infraestrutura, logística, mobilidade, rede hoteleira, mobilidade urbana e aeroportuária. Também não faltaram as iniciativas e atrativos sociais, turísticos, culturais e de hospitalidade inerentes à Salvador.
Júnior Magalhães destacou ainda que “a gestão municipal, que tanto tem investido no esporte, através de programas de incentivo para o desenvolvimento de atletas profissionais e amadores, ao receber uma competição como a Copa do Mundo Feminina, reforça o seu compromisso com a promoção da prática esportiva, com a inclusão social e o desenvolvimento econômico local da cidade, que serão impulsionados com a realização deste evento.
Lula vai a Rússia participar de desfile que Putin usa como propaganda de sua autocracia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Moscou nesta quarta-feira, 7, como um dos poucos chefes de Estado do mundo com presença confirmada na celebração do Dia da Vitória, que marca a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na 2.ª Guerra. A visita tem um peso simbólico nas relações diplomáticas do Brasil com a Rússia e, de acordo com analistas, sinaliza a aproximação de Lula com o presidente russo Vladimir Putin.
Historicamente, Putin utiliza o Dia da Vitória para impulsionar o nacionalismo russo e projetar uma imagem de força para o mundo. Diversos chefes de Estado já participaram da celebração no passado – a exemplo do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em 2018 -, mas desde o início da Guerra na Ucrânia, em 2022, a participação se tornou menor. Este ano, a Rússia intensificou os esforços para celebrar o 80.º aniversário do fim da guerra.
Segundo o professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, a presença de chefes de Estado nas celebrações é utilizada por Putin como demonstração de apoio internacional. Isso se tornou ainda mais forte após a guerra na Ucrânia, quando as relações da Rússia com a União Europeia, os Estados Unidos e aliados ocidentais se deterioraram.
O principal chefe de Estado presente este ano será o líder da China, Xi Jinping, que aumentou o laço com a Rússia após o início da guerra, sobretudo como parceiro comercial. Depois da China, o Brasil é o país com a economia mais forte a confirmar presença.
Outros convidados são os líderes das antigas repúblicas soviéticas da Armênia, Azerbaijão, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. Outros são os líderes da Bósnia, Burkina Faso, Congo, Cuba, Egito, Guiné Equatorial, Etiópia, Guiné-Bissau, Laos, Mongólia, Mianmar, Palestina, Sérvia, Eslováquia, Venezuela, Vietnã e Zimbábue.
Robert Fico, o líder da Eslováquia, o único país da União Europeia a ser convidado, ainda não confirmou se estará presente. Aleksandar Vučić, o presidente da Sérvia, que busca entrar na UE, planejava ir, mas adoeceu durante uma viagem aos Estados Unidos e cancelou a viagem.
No caso de Vučić, Bruxelas chegou a alertar que a visita violaria os critérios de adesão à UE e prejudicaria o país no processo de adesão.
A expectativa da presença de chefes de Estado levou o principal conselheiro de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, a declarar que o evento terá “grande escala”. “Apesar da atitude hostil em relação à Rússia por parte de vários países ocidentais, estamos fazendo com muito sucesso um evento de grande escala”, disse à imprensa estatal russa.
De acordo com Gunther Rudzit, o Brasil, ao confirmar presença, auxilia a Rússia a construir essa imagem. “Se trata de uma chance para a Rússia demonstrar que não está isolada na diplomacia. A ida do Brasil para o evento este ano ajuda a reforçar essa ideia”, afirmou o professor da ESPM. Em contrapartida, os ganhos para o Brasil são incertos.
Impacto para o Brasil
Para Rudzit, o Brasil não tem a ganhar com a ida de Lula a Rússia. Ao contrário, tem a perder: ao demonstrar proximidade com Putin, o brasileiro envia um recado negativo à União Europeia, que pode afetar o acordo comercial do bloco com o Mercosul. “É um acordo que se arrasta há muito tempo e que enfrenta oposição na Europa, principalmente da França. Uma imagem de Lula atrelada a Putin coloca isso sob risco”, declarou.
De acordo com o analista, esse risco é presente mesmo no momento em que a UE busca ampliar laços comerciais ante uma guerra comercial entre China e EUA, que desestabiliza as relações. “Putin é uma ameaça existencial para a Europa como conhecemos hoje. Se eles tiverem que preterir questões comerciais por existenciais, eles vão fazer”, disse Rudzit.
O professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Brites, discorda da ideia. Segundo ele, o acordo entre os blocos está avançado e a Europa deve priorizar os laços comerciais. “A visita pode gerar algum desgaste de imagem, mas não acredito que vá além disso neste momento em que a União Europeia busca diversificar laços”, declarou.
Brites acrescenta que a visita de Lula acontece no momento em que os Estados Unidos, que até então foram os principais parceiros da Ucrânia no conflito, retomaram os diálogos com a Rússia, sob a presidência de Donald Trump. “O Brasil se sentiu mais confiante de ter uma postura mais assertiva [de aproximação com Moscou]”, declarou.
Em contrapartida, afirma Pedro Brites, o País pode aprofundar os laços comerciais com Moscou e exercer protagonismo no Brics, bloco que preside este ano e que conta com a Rússia. “O Brasil tem chance de protagonismo no Brics mais do que em qualquer outro bloco que faça parte. Por isso, há uma aposta no bloco e fortalecer as relações com outros países do Brics é estratégico para o País se mostrar forte na diplomacia”, acrescentou.
Os dois analistas concordam, no entanto, que a visita de Lula tem chances nulas de influenciar os rumos da guerra – um desejo enfatizado pelo presidente desde que voltou ao Planalto. Rudzit elenca duas razões para isso: o País não é visto por uma das partes do conflito, a Ucrânia, como imparcial; e não tem condições de exercer pressões econômicas ou políticas. Brites acrescenta que os interesses opostos de Rússia e Ucrânia dificultam qualquer mediação.
Para Rudzit, a visita acaba ainda por prejudicar a imagem da diplomacia do Brasil como um país atrelado à neutralidade. “Uma visita do Lula à Rússia durante uma guerra chancela todas as ações de Vladimir Putin na Ucrânia, desde a anexação da Crimeia em 2014 até hoje”, afirmou.
Luiz Henrique Gomes/Estadão
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