Junto a Zelenski e líderes europeus, Trump promete impedir nova invasão e volta a defender partilha da Ucrânia

Foto: Reprodução/Instagram

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que “em uma ou duas semanas” será possível dizer se o esforço liderado por ele para acabar com a Guerra da Ucrânia vai funcionar.

Se der certo, afirmou estar pronto para ajudar a Europa a dar garantias para que a Rússia não volte a invadir o vizinho. Por outro lado, voltou a dizer que haverá trocas territoriais, ou seja, perda para Kiev.

“Pode dar certo ou não, mas temos de dar nosso melhor”, afirmou em frente do ucraniano Volodimir Zelenski e de seis líderes europeus convocados à Casa Branca para uma cúpula em miniatura, três dias após o republicano receber Vladimir Putin para uma cúpula no Alasca.

O encontro marcou a volta de Zelenski à Casa Branca quase seis meses depois do humilhante episódio em que ele foi pressionado publicamente por Trump e o vice-presidente J. D. Vance, que o acusavam de não querer a paz com a Rússia, país que invadiu a Ucrânia em 2022.

Desta vez, o clima foi calculadamente amistoso, com Zelenski todo sorrisos e palavras gentis na abertura do evento, quando falou diretamente com o americano. Alguém descobriu que Trump não gosta de ser contraditado.

O ucraniano levou consigo uma tropa de choque da Europa, temerosa do fato de que o republicano voltou a repetir a retórica do Kremlin para o fim da guerra. Mas todos foram recebidos em uma reunião ampliada, cerca de uma hora depois que Trump e Zelenski conversaram a portas fechadas, ao contrário do que queria o ucraniano.

Foram à Casa Branca os líderes Friedrich Merz (Alemanha), Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Giorgia Meloni (Itália) e Alexander Stubb (Finlândia), acompanhados pelo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Das declarações do americano foram tiradas confirmações do que circulou desde o Alasca. Trump reiterou que Putin aceitou pela primeira vez que os EUA deem algum tipo de garantia de segurança para a Ucrânia após o fatiamento do país, talvez de forma análoga ao artigo 5 da carta da Otan, que prevê defesa mútua em caso de ataque a qualquer 1 dos 32 membros da aliança militar.

Turmp disse que os EUA iriam “dar boa proteção” a Kiev e, questionado se isso incluiria o envio de tropas, disse genericamente que nada está descartado. Pelo sim, pelo não, o Kremlin reafirmou que não aceitará tropas ocidentais em solo ucraniano, como já é sabido. Depois, afirmou que “a Europa será a primeira linha de defesa da Ucrânia, mas nós estaremos envolvidos”.

A Zelenski foi apresentado um prato feito de perdas territoriais, mas ele insistiu que discutir o tema só pode ser debatido nas propostas conversas trilaterais entre ele, Trump e Putin. Resta combinar com o russo, claro, que já descartou isso antes.

O americano disse, aí na parte aberta do encontro já ampliado, que buscaria a reunião trilateral com Putin, com quem conversaria após a discussões dessa segunda. “É uma questão de quando, não de se”, afirmou, sobre a realização do encontro.

Macron foi enfático ao dizer que apenas com os três à mesa será possível avançar. Defensor de uma inviável, do ponto de vista de Moscou, força de paz europeia na Ucrânia, ele se limitou a dizer que é necessário haver “um Exército crível” no país, rejeitando assim a ideia de limitar as forças de Kiev.

Desde sexta, Trump vem sendo criticado por ter adotado os termos do russo acerca não só das inevitáveis perdas da Ucrânia, que já tem 20% de seu território ocupado por Moscou, mas também por abandonar a ideia de um cessar-fogo imediato.

“Estrategicamente pode não ser bom para os dois lados. Eu não acho que seja necessário um cessar-fogo”, disse, repetindo a retórica de Putin —até aqui, Zelenski defendia a trégua primeiro, para depois conversar.

Ainda assim, o alemão Merz colocou o dedo na ferida, num raro momento de dissonância. “Os passos mais complicados vêm agora. Para ser honesto, gostaria de ver um cessar-fogo já a partir do próximo encontro. Vamos colocar pressão na Rússia. A credibilidade do nosso esforço depende disso”, afirmou.

O encontro foi precedido de grande apreensão por parte dos ucranianos e seus aliados europeus, cientes de que Trump voltou a se alinhar a Putin acerca do conflito.

Antes da reunião, os alertas foram acesos a partir de uma postagem de Trump na rede Truth Social. “O presidente Zelenski pode acabar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se ele quiser, ou pode continuar a lutar. Lembre como ela começou. Não ganhará de volta a Crimeia dada por Obama (12 anos atrás, sem um tiro dado!), e SEM ENTRADA NA OTAN DA UCRÂNIA”, escreveu.

A postagem trouxe à tona a memória de quando Trump recebeu Zelenski na Casa Branca pela primeira vez, em fevereiro. Ao lado de auxiliares e de Vance, ele armou uma armadilha para o ucraniano, acusando-o de ter causado a invasão russa de 2022 e de não querer acabar com a guerra.

O bate-boca público, um desastre para Kiev, foi depois remendado aos poucos, com o americano adotando uma crescente posição de neutralidade e passando a pressionar Putin, com o paroxismo de um ultimato que venceu no dia 8 passado e foi esquecido.

Só que, a julgar pelas entrevistas posteriores de Trump, era tudo teatro. Ele disse no fim de semana que não pretendia implementar as sanções que havia ameaçado se o russo não parasse a guerra até aquela data, porque isso determinaria seu fracasso em lograr uma trégua.

O mais importante, do ponto de vista da possibilidade de uma acomodação, é que o encontro parece ter corrido bem, ao menos por sua faceta pública.

“Nós vamos parar essa guerra. A guerra vai acabar, esse senhor [Zelenski] quer, Vladimir Putin quer”, afirmou o republicano na abertura do encontro, pouco antes das 13h20 (14h20 em Brasília).

O clima era de muita cordialidade, nada parecido com o bate-boca de 28 de fevereiro. “Muito obrigado pelos seus esforços”, disse Zelenski, entre algumas brincadeiras sobre desta vez estar de paletó, e não a roupa militar criticada antes por Trump.

O ucraniano também agradeceu à primeira-dama Melania Trump por ter entregado uma carta a Putin durante a cúpula realizada na sexta-feira passada (15) no Alasca, no qual ela pedia o fim da guerra em nome das crianças afetadas. E deu ao americano uma mensagem escrita por sua mulher, Olena.

Do outro lado da sala, contudo um correspondente da rede BBC notou a presença de um mapa da Ucrânia com as áreas ocupadas pela Rússia, cerca de 20% do país, destacadas. Zelenski depois viria a brincar com o fato: “Obrigado pelo mapa, aliás”, disse a Trump em frente dos aliados.

Putin sugeriu que aceitaria trocar o congelamento das linhas de batalha nas duas regiões do sul ucraniano nas quais controla 70% do território, Kherson e Zaporíjia, em troca da entrega definitiva de Donetsk (leste), onde também tem 70% de domínio e está em ofensiva.

A quarta região anexada ilegalmente e que faz parte do pacote colocado por escrito pelo Kremlin, Lugansk (leste), já está totalmente controlada por Moscou. Pela proposta de Putin, ele ganharia 6.600 km2 remanescentes no leste em troca de desocupar 440 km2 que tomou das regiões de Sumi e Kharkiv, no norte, que não estão na sua lista de desejos.

No domingo, Zelenski admitiu discutir a situação a partir das linhas atuais da frente de batalha, que tem mais de 1.000 km. Mas voltou a dizer que não poderia ceder território constitucionalmente, o que joga dúvidas sobre o destino da negociação.

A neutralidade militar da Ucrânia e o destino da península russófona da Crimeia, que Putin anexou na verdade há 11 anos após ver seu aliado derrubado da Presidência em Kiev, pelas palavras de Trump, já são um fato consumado na proposta à mesa.


Igor Gielow/Folhapress

Todos querem o fim da guerra, diz Trump ao lado de Zelenski


Quase seis meses depois de ser humilhado publicamente no Salão Oval, o presidente Volodimir Zelenski voltou nesta segunda-feira (18) à Casa Branca para ser recebido pelo presidente Donald Trump.

“Nós vamos parar essa guerra. A guerra vai acabar, esse senhor [Zelenski] quer, Vladimir Putin quer”, afirmou o republicano na abertura do encontro, pouco antes das 13h20 (14h20 em Brasília).

Ao menos na sessão aberta a repórteres, no início da conversa, o clima era de muita cordialidade, nada parecido com o bate-boca de 28 de fevereiro. “Muito obrigado pelos seus esforços”, disse Zelenski, entre algumas brincadeiras sobre desta vez estar de terno, e não a roupa militar criticada antes por Trump.

O ucraniano também agradeceu à primeira-dama Melania Trump por ter entregado uma carta a Putin durante a cúpula realizada na sexta-feira passada (15) no Alasca, no qual ela pedia o fim da guerra em nome das crianças afetadas. E deu ao americano uma mensagem escrita por sua mulher, Olena.

Trump e Zelenski não entraram, em público, a fundo nas questões complexas à frente. O ucraniano só disse que precisava acabar com a guerra ao ser questionado sobre o fatiamento de seu país, proposto por Putin e já abraçado por Trump.

O americano, por sua vez, voltou a se defender de ter recebido Putin em solo americano, objeto de diversas críticas. Questionado se havia abandonado mesmo a ideia de uma trégua imediata, como ficou evidente em Anchorage com Putin, Trump confirmou.

“Estrategicamente pode não ser bom para os dois lados. Eu não acho que seja necessário um cessar-fogo”, disse, repetindo a retórica de Putin —até aqui, Zelenski defendia a trégua para depois conversar. Trump também voltou a dizer que, se tudo der certo nas conversas, pretende um encontro a três com os dois rivais.

Acerca do tema central das garantias de que Putin não atacará de novo se houver paz, Trump disse que “os EUA irão dar boa proteção” aos ucranianos.

Do outro lado da sala, um correspondente da rede BBC notou a presença de um mapa da Ucrânia com as áreas ocupadas pela Rússia, cerca de 20% do país, destacadas. Isso dá a medida da pressão que aguarda Zelenski.

No Salão Oval estavam presentes os mesmos personagens de 172 dias atrás: o vice-presidente J. D. Vance, que foi ainda mais incisivo com Zelenski na outra ocasião; o secretário de Estado, Marco Rubio, e o negociador Steve Witkoff. Todos, exceto o vice, estiveram com Putin na sexta.

REUNIÃO FOI PRECEDIDA POR TENSÃO

O encontro foi precedido de grande apreensão por parte dos ucranianos e seus aliados europeus, cientes de que Trump voltou a se alinhar a Putin acerca do conflito.

Na sequência da reunião, os dois receberão os líderes da Alemanha, França, Itália e Finlândia, além dos chefes da Otan e da Comissão Europeia, que já estavam na Casa Branca quando Zelenski chegou. O ucraniano queria que eles estivessem juntos desde o começo, para reforçar sua posição de tentar evitar ver seu país rifado pelo republicano, mas o americano rejeitou a ideia.

Antes da reunião, os alertas foram acesos a partir de uma postagem de Trump na rede Truth Social. “O presidente Zelenski pode acabar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se ele quiser, ou pode continuar a lutar. Lembre como ela começou. Não ganhará de volta a Crimeia dada por Obama (12 anos atrás, sem um tiro dado!), e SEM ENTRADA NA OTAN DA UCRÂNIA”, escreveu.

A postagem trouxe à tona a memória de quando Trump recebeu Zelenski na Casa Branca pela primeira vez, em fevereiro. Ao lado de auxiliares e do vice J. D. Vance, ele armou uma armadilha para o ucraniano, acusando-o de ter causado a invasão russa de 2022 e de não querer acabar com a guerra.

O bate-boca público, um desastre para Kiev, foi depois remendado aos poucos, com o americano adotando uma crescente posição de neutralidade e passando a pressionar Putin, com o paroxismo de um ultimato que venceu no dia 8 passado.

Só que, a julgar pelas entrevistas posteriores de Trump, era tudo teatro. Ele disse no fim de semana que não pretendia implementar as sanções que havia ameaçado se o russo não parasse a guerra até aquela data, porque isso determinaria seu fracasso em lograr uma trégua.

Em vez de punições aos parceiros comerciais da Rússia, como China e Brasil, Trump promoveu a cúpula no Alasca. Não houve menção à trégua, mas tudo o que transpareceu do encontro sugere um encaminhamento novo para um cenário em que os termos de Putin prevalecem.

O russo fez uma concessão conhecida até aqui, segundo o negociador Steve Witkoff: aceitou pela primeira vez que os EUA deem algum tipo de garantia de segurança para a Ucrânia após o fatiamento do país, talvez de forma análoga ao artigo 5 da carta da Otan, que prevê defesa mútua em caso de ataque a qualquer 1 dos 32 membros da aliança militar.

Foi disso que Trump falava quando citou a questão da proteção a Kiev. O Kremlin voltou a dizer que não aceitará tropas ocidentais em solo ucraniano.

Nada de força de paz, como querem Kiev e os europeus, contudo. E Putin sugeriu que aceitaria trocar o congelamento das linhas de batalha nas duas regiões do sul ucraniano nas quais controla 70% do território, Kherson e Zaporíjia, em troca da entrega definitiva de Donetsk (leste), onde também tem 70% de domínio e está em ofensiva.

A quarta região anexada ilegalmente e que faz parte do pacote colocado por escrito pelo Kremlin, Lugansk (leste), já está totalmente controlada por Moscou. Pela proposta de Putin, ele ganharia 6.600 km2 remanescentes no leste em troca de desocupar 440 km2 que tomou das regiões de Sumi e Kharkiv, no norte, que não estão na sua lista de desejos.

É um bom negócio para o russo, ainda que não seja o domínio sobre o vizinho que planejava ao invadi-lo. As áreas remanescentes de Zaporíjia e Kherson são de difícil acesso pela barreira natural do rio Dniepr, e o que Putin tem lá já é suficiente para manter sua ponte terrestre entre a Crimeia e a Rússia.

No domingo, Zelenski admitiu discutir a situação a partir das linhas atuais da frente de batalha, que tem mais de 1.000 km. Mas voltou a dizer que não poderia ceder território constitucionalmente, o que joga dúvidas sobre o destino da negociação.

A neutralidade militar da Ucrânia e o destino da península russófona da Crimeia, que Putin anexou na verdade há 11 anos após ver seu aliado derrubado da Presidência em Kiev, pelas palavras de Trump, já são um fato consumado na proposta à mesa.

Igor Gielow/Folhapress

Em almoço dado por banqueiros em São Paulo, Tarcísio é tratado como candidato à Presidência

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi tratado como candidato a presidente da República em encontro com alguns dos principais banqueiros e empresários do país no sábado (16).

O almoço foi oferecido a ele por Alexandre Bettamio, co-head of global investment banking do Bank of America, o segundo maior dos EUA e há 65 anos no Brasil.

Bettamio abriu as portas de sua casa na Fazenda Boa Vista para convidados como os empresários e CEOs Milton Maluhy, do Itaú, Mario Leão, do Santander, Raul Calfat, da Embraer, Rubens Ometto, da Cosan, Tércio Borlenghi Júnior, da Ambipar, Alexandre Birman, da Arezzo&Co, Ricardo Lacerda, da BR Partners, Marcos Molina, da Marfrig, José Auriemo, da JHSF, e o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, hoje no Nubank.

De camiseta polo cinza da Hugo Boss, tênis e calça jeans, Tarcísio discursou por quase duas horas e foi diversas vezes interrompido por aplausos.

Em sua apresentação, falou sobre sua vida e carreira, discorreu sobre suas diferentes passagens pelo governo federal, citou Dilma Rousseff (PT) de forma respeitosa, divulgou números que considera positivos de sua administração em SP —e falou sobre o que considera os principais problemas do Brasil.

De acordo com convidados que conversaram com a coluna, Tarcísio bateu na tecla da ineficiência do governo, disse que até o presidente Lula (PT) reconhece o problema e discorreu sobre o equilíbrio entre os poderes —sem, no entanto, criticar o Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com um dos empresários, o governador adotou a linha propositiva, sem ataques a ninguém. E buscou demonstrar lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nas rodas de conversa, no entanto, empresários e banqueiros criticaram duramente Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos —de onde tem insuflado as sanções aplicadas ao Brasil pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Ele faz isso como forma de pressionar para que o pai escape da condenação e da prisão. A Polícia Federal investiga o parlamentar e o ex-presidente por tentativa de obstrução da Justiça e coação no curso do processo.

Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, será julgado em setembro pelo STF sob a acusação de que liderou uma organização criminosa para dar um golpe de estado no Brasil.

Os filhos do ex-presidente têm partido para o ataque aos governadores que são vistos como alternativas a Bolsonaro.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), disse no domingo (17) que governadores de direita agem como ratos e oportunistas enquanto tentam herdar o espólio político de seu pai, que está inelegível e cumpre prisão domiciliar.

A publicação, feita na rede social X (antigo Twitter), foi compartilhada pelo irmão dele.

Mônica Bergamo/Folhapress

OAB-PR pede autocrítica e autocontenção do STF para ‘evitar desvios autoritários’

A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) divulgou uma carta com críticas e cobranças ao Supremo Tribunal Federal (STF). A entidade questiona condutas dos ministros, inclusive nos processos relacionados ao 8 de Janeiro e na ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e pede “autocrítica e autocontenção para evitar desvios autoritários”. “É nas crises que mais se exige o respeito às regras”, diz a carta.

O documento foi aprovado pelos advogados paranaenses depois de um congresso sobre o STF. A OAB afirma que é preciso defender o tribunal de ataques e “interferências estrangeiras”, mas afirma que é “legítimo e necessário” analisar “aspectos de sua atividade jurisdicional”.

“Defender o STF, como instituição, significa também exigir uma atuação transparente, colegiada e em estrito respeito ao devido processo legal”, diz um trecho do documento.

“Apoiar o Supremo Tribunal Federal como pilar da democracia não significa endossar todas as suas práticas ou decisões. A lealdade às instituições se demonstra na vigilância crítica e na cobrança firme para que atuem dentro dos limites constitucionais”, completa a OAB do Paraná.

Julgamento de Bolsonaro

A OAB questiona, por exemplo, a validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que deflagrou o inquérito do golpe e a ação penal contra Bolsonaro pela trama golpista. Uma das principais estratégias das defesas do ex-presidente e dos outros réus no processo foi tentar esvaziar o acordo de colaboração.

Cid chegou a ser ouvido pelo próprio ministro Alexandre de Moraes, que homologou o acordo, e foi alertado que poderia perder os benefícios se omitisse informações.

“Dúvidas sobre a ausência de espontaneidade, a existência de múltiplas versões prestadas pelo colaborador e o contexto de prisão preventiva em que se deu a colaboração colocam em risco a credibilidade das declarações como fundamento das acusações”, afirma a OAB.

8 de Janeiro

A OAB afirma que há “fragilidades” na condução das ações penais do 8 de Janeiro. Para a entidade, réus sem foro privilegiado deveriam ser julgados na primeira instância e não no STF.

“Sempre que as normas de competência não são rigorosamente observadas, há risco de comprometimento da imparcialidade e da legitimidade da jurisdição”, diz o manifesto.

Os advogados também acusam o STF de ampliar indevidamente sua competência para julgar os processos com base no regimento interno do tribunal e em “detrimento da lei”.

A OAB denuncia violações ao direito de defesa, como restrições de acesso aos autos, prazos exíguos para a defesa, dificuldades de contato com réus presos e imposição de medidas cautelares que limitam a comunicação entre advogados e investigados.

A entidade questiona ainda as condenações dos réus por dois crimes semelhantes – abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado -, o que, segundo os advogados, tem gerado “penas excessivas, especialmente para réus de baixa participação nos fatos”.

Foro privilegiado

As desaprovações também são dirigidas às mudanças de interpretação sobre o alcance do foro por prerrogativa de função Recentemente, o STF expandiu a competência da Corte para julgar autoridades e políticos. A OAB afirma que posição “oscilante”, “alterada diversas vezes nas últimas duas décadas sem mudança legislativa ou constitucional, revela abordagem casuística”.

Sustentações orais

A OAB voltou a criticar o volume de decisões individuais dos ministros e o julgamento de ações penais no plenário virtual do STF, o que impede a sustentação oral (momento em que a defesa apresenta seus argumentos) em tempo real. Como as sessões virtuais são assíncronas, os advogados enviam argumentações gravadas aos ministros, mas não há garantia de que são ouvidos.

Conflito de interesses

A OAB cobra critérios mais claros para a participação de magistrados em eventos com empresários e políticos. A entidade afirma que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que administra o Poder Judiciário, precisa definir “limites institucionais” para “eventos dos quais magistrados participam, seus patrocínios e eventuais vantagens ou retribuições financeiras aos convidados”.

“Na mesma linha é preciso que haja clareza sobre benefícios oferecidos a familiares de juízes e definições do que pode configurar conflito de interesse”, diz a carta.

Os advogados também alertam para a decisão do STF que afrouxou regras de impedimento e liberou magistrados para julgarem casos em que as partes sejam clientes de escritórios de cônjuges, parceiros e parentes. Segundo a OAB, o julgamento requer “atenção”.

Rayssa Motta e Fausto Macedo, Estadão Conteúdo

FICCO/Ilhéus deflagra operação em combate ao tráfico de drogas no sul da Bahia

Ilhéus/BA. No último sábado (16/8), a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Ilhéus - FICCO/Ilhéus deflagrou a operação Calibre Oculto, que resultou na prisão de um homem no município de Ibirapitanga/BA.

Durante a ação, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Ibirapitanga e um em Ubatã/BA. Nos locais foram apreendidas uma quantidade relevante de maconha, cocaína, um montante de quase R$ 3 mil em espécie e munições de pistola (.40). O detido, que já possui passagem pela polícia, foi conduzido à Delegacia Territorial de Ubatã e segue à disposição da Justiça.

As forças policiais reforçaram que a operação integra uma série de ações estratégicas de combate ao tráfico de drogas e à criminalidade na região. A ação contou com a participação da 61ª CIPM, Polícia Civil de Ubatã, 7ª Coorpin, TOR, Rondesp Sul e Rondesp Sudoeste.

A FICCO/Ilhéus é composta pela Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia.

Comunicação Social da Polícia Federal na Bahia

PF faz 5 prisões por tráfico, apreende mais de 40 kg drogas e 800 g de material semelhante a ouro no Aeroporto em Guarulhos

São Paulo/SP. A Polícia Federal realizou uma série de apreensões e prisões no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos entre os dias 15 e 18 de agosto.

Uma passageira que desembarcou de um voo procedente dos EUA foi flagrada com 30 kg de haxixe escondidos dentro de sua mala.

Em outro momento, uma sul-africana, que embarcaria para o Catar, transportava 3 kg da droga oculta dentro de dois livros.

Um casal de brasileiros, com destino à China, foi interceptado pelos policiais federais, com o auxílio de cães farejadores, com a droga escondida em fundos falsos de suas malas (3 kg com cada um deles).

Ainda, uma sul-africana, que retornava ao seu país, também foi flagrada com a droga em mala com fundo falso quase 2kg.

Quatro passageiros chineses, com destino à Turquia, transportavam quatro correntes idênticas de 200 g cada, sem documentação legal. O material, que aparenta ser ouro, será periciado para investigar crimes de evasão de divisas e descaminho.

Em outra ação, a PF identificou um documento público falsificado e localizou os responsáveis, que responderão pelo crime.

Captura de procurados pela Justiça
Dois homens com mandados de prisão foram detidos durante os procedimentos migratórios. Um era procurado pela Justiça de Minas Gerais (crimes contra a saúde pública); outro pela Justiça de Pernambuco (roubo). Eles serão encaminhados ao presídio.

Comunicação Social da Delegacia Especial no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos

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