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Covid explode em hospitais em SP, e previsão é de internações triplicando na próxima semana

A escalada dos casos e internações por Covid-19 chegou à rede de hospitais particulares da cidade de São Paulo, que já vê suas salas de espera lotadas. Considerando a curva de hospitalizações dos últimos dois dias, o HCor estima que o número de internados triplique na próxima semana.

Em dez dias, a instituição viu o número de 54 atendimentos diários de pacientes com síndrome gripal saltar para 128. Até esta sexta-feira (3), 66% dos testados recebem confirmação de Covid-19, e 7% deles acabam sendo internados.

Temendo a sobrecarga do sistema de atendimento, o HCor voltou a recomendar que a busca pelo atendimento no pronto-socorro ocorra apenas quando houver dificuldade para respirar ou piora do quadro após o quarto dia de sintomas.

Já no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o percentual de pacientes que receberam o diagnóstico de infecção pelo vírus foi, só na última quarta-feira (1º), 92% maior do que todas as confirmações registradas em maio.

Na mesma data, o índice de pacientes com sintomas gripais que procuraram pelo pronto atendimento da instituição foi 261% maior que o observado no primeiro dia do mês anterior.

O número de internações no hospital em 1º de junho era 620% maior do que há um mês, em 1º de maio.

Nesta sexta-feira, o Hospital Sírio-Libanês tem 45 pacientes internados por causa do coronavírus ou com suspeita de infecção —oito deles em UTI. Há três dias, havia 30 hospitalizados e, há dez dias, apenas 22.

Mônica Bergamo/Folhapress/Foto: Folhapress/Arquivo

Covid-19: Brasil tem 24.239 casos e 72 mortes em 24 horas

O Brasil teve 24.239 novos casos e 72 mortes por covid-19 em 24 horas, segundo o boletim epidemiológico registrado neste sábado (28) pelo Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia, foram registrados 30.945.384 casos e 666.391 mortes.

Segundo o boletim, há 335.903 casos em acompanhamento e 29.943.090 pessoas se recuperaram da doença, o que representa 96,8% dos infectados.

Os dados não incluem os números do Distrito Federal, do Maranhão, de Minas Gerais, do Mato Grosso, do Rio de Janeiro, de Roraima e do Tocantins, além do número de óbitos no Mato Grosso do Sul. Essas informações não foram encaminhadas ao ministério pelas respectivas secretarias estaduais de Saúde antes da divulgação do boletim.

Estados

São Paulo é o estado com o maior número de casos e de mortes, com 5,5 milhões e 169 mil, respectivamente. No número de casos, o estado do Sudeste é seguido por Minas Gerais (3,4 milhões) e Paraná (2,5 milhões). As unidades da Federação com menor número de casos são Acre (124.975), Roraima (155.745) e Amapá (160.421).

No número de mortes, São Paulo é seguido por Rio de Janeiro (74 mil) e Minas Gerais (61,5 mil). Os estados com menor número de óbitos são Acre (2.002), Amapá (2.134) e Roraima (2.152).

Agência Brasil

David Uip se recupera de reinfecção por Covid e alerta que ‘casos estão aumentando’

Um dos primeiros médicos a tratar de pacientes de Covid-19 no Brasil —e também a ser infectado pelo novo coronavírus, em 2020—, o infectologista David Uip voltou a contrair a doença neste mês. Chegou a ser internado no Hospital Sírio Libanês, em SP. E agora, já recuperado, faz um alerta: depois de uma trégua profissional de quase um mês, em que sua equipe não tratou de nenhum doente, eles agora voltaram a aparecer no consultório.

“Há quase um mês eu não via pacientes com Covid-19 no meu consultório. Estava tudo tranquilo. Agora, tenho atendido de dois a três doentes por dia”, afirma. “O consultório é um baita marcador. A minha visão, empírica, mostra que os casos voltaram a crescer”, diz ele.

Dados da Secretaria de Estado da Saúde confirmam as impressões causadas pelo dia a dia do consultório do médico: as internações por Covid-19 subiram 6% no estado, depois de várias semanas em queda. Passaram da média diária de 146 hospitalizações para 155.

Um dos pacientes que entraram na contabilidade, Uip celebraria seus 70 anos no dia 16. Descobriu que estava infectado, e cancelou tudo. “Eu tinha acabado de tomar a quarta dose da vacina. Não houve tempo de ela fazer efeito”, diz ele. Mas as três doses anteriores, acredita, ajudaram a fazer com que a situação não se agravasse.

“Fui internado por precaução. Tenho dois stents [tubo que impede o entupimento de artérias] e 70 anos de idade”, afirma. Os sintomas foram relativamente leves. “Uma dor de garganta insuportável, que não me permitia engolir nem saliva, e coriza. Fiquei totalmente afônico.” Depois de três dias, recebeu alta.

A primeira infecção, em março de 2020, quando não estava ainda vacinado, gerou um sofrimento maior. O médico teve dores musculares e sentiu um cansaço “insuportável”. Depois, teve síndrome de burnout —que passou a diagnosticar com frequência em pacientes no pós-Covid.

Uip acredita que ele e a mulher, Tereza, que também foi diagnosticada, contraíram a Covid-19 em um casamento. “Sempre usamos máscaras. Mas tiramos para comer, e muitas pessoas se aproximavam para conversar”, relembra.
Mônica Bergamo, Folhapress

Covid-19: Brasil registra 30,25 milhões casos e 662 mil mortes

O Brasil registra, desde o início da pandemia, 30.250.077 casos de covid-19 e 661.938 mortes em decorrência da doença, segundo o boletim epidemiológico divulgado neste sábado (16) pelo Ministério da Saúde. Em 24 horas, foram registrados 2.775 casos e 31 óbitos pela doença.

Segundo o boletim, há 29.206.243 pessoas que se recuperaram da doença, o que representa 96,5% dos casos. Há, ainda, 381.896 casos em acompanhamento.

O ministério informou que não foram atualizados os números de casos do Ceará, do Distrito Federal, do Mato Grosso, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte e de Roraima. O Mato Grosso do Sul não atualizou o número de óbitos.

Estados
São Paulo é o estado que lidera o número de casos e de mortes, com 5,33 milhões e 168 mil, respectivamente. Em número de casos, o estado do Sudeste é seguido por Minas Gerais (3,35 milhões) e Paraná (2,43 milhões). As unidades da Federação com menor número de casos são Acre (123.345), Roraima (155.366) e Amapá (160.369).

O segundo estado em número de mortes é o Rio de Janeiro (73.128), seguido por Minas Gerais (61.113). Os menores números de óbitos estão no Acre (1.996), Amapá (2.128) e Roraima (2.147).

Agência Brasil

Covid-19: Brasil tem 29,8 milhões de casos e 658,5 mil mortes

                                      Em 24 horas, foram registrados 34.576 casos e 256 óbitos

O Brasil registrou, desde o início da pandemia, 658.566 mortes de covid-19, segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje (25) pelo Ministério da Saúde. O número total de casos confirmados da doença é de 29.802.257.

Em 24 horas, foram registrados 34.576 casos. No mesmo período, foram confirmadas 256 mortes de vítimas do vírus.

Ainda segundo o boletim, 28.433.713 pessoas se recuperaram da doença e 709.978 casos estão em acompanhamento.
Estados

São Paulo lidera o número de casos, com 5,2 milhões, seguido por Minas Gerais (3,31 milhões) e Paraná (2,40 milhões). O menor número de casos é registrado no Acre (123,7 mil). Em seguida, aparece Roraima (154,9 mil) e Amapá (160,3 mil).

Em relação às mortes, São Paulo tem o maior número de óbitos (167.046), seguido de Rio de Janeiro (72.616) e Minas Gerais (60.717). O menor número de mortes está no Acre (1.992), no Amapá (2.122) e em Roraima (2.144).

Vacinação

Até esta sexta-feira, foram aplicadas 393,2 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, sendo 172,1 milhões com a primeira dose e 149,4 milhões com a segunda dose. A dose única foi aplicada em 4,7 milhões de pessoas.

A dose de reforço foi aplicada em 64,2 milhões.

Edição: Fábio Massalli
Por Agência Brasil - Brasília

Covid: Proporção de mortes em idosos cresce e indica necessidade de 4ª dose

                  Idosos voltaram a se destacar entre as principais vítimas da Covid-19
Foto: Tiago Queiroz/Estadão/Arquiv
Os idosos voltaram a se destacar entre as principais vítimas da Covid-19 mais de dois anos após o início da pandemia, indicando que uma quarta dose de imunizante pode ser fundamental para proteger essa faixa etária. A necessidade do segundo reforço já vinha sendo estudada, mas a rápida disseminação da Ômicron no início deste ano deixou ainda mais clara a vulnerabilidade daqueles que concluíram o esquema vacinal há mais de quatro meses e são particularmente frágeis. Mato Grosso do Sul, por exemplo, já começou a aplicar a 4ª injeção nos mais velhos e São Paulo prevê iniciar essa nova fase da campanha em abril.

Levantamentos feitos em dois dos maiores hospitais de referência para o tratamento da Covid-19 no País (Emílio Ribas, em São Paulo, e Ronaldo Gazolla, no Rio) revelaram que no início de fevereiro, de 70% a 90% dos mortos pela doença eram pessoas não vacinadas ou com o esquema de vacinação incompleto. No fim de fevereiro, porém, esse porcentual caiu para aproximadamente 50%, revelando nova mudança no perfil das vítimas. Na outra metade, a maioria são idosos que tomaram a terceira dose em novembro.

“Nas primeiras três semanas da disseminação da Ômicron, (praticamente) 100% dos mortos eram não vacinados, com o esquema vacinal incompleto ou imunossuprimidos (transplantados, pacientes de câncer, entre outros)”, afirma o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Faculdade de Medicina da Unesp, em Botucatu. “Agora, esse grupo representa 50% dos mortos, os outros 50% são idosos já com as três doses; a diferença é que eles tomaram essa 3ª dose há mais de três meses e a imunidade deles começou a cair.” Botucatu, no interior paulista, também já iniciou a aplicação da 4ª injeção entre os mais velhos.

A primeira onda da Covid-19 no Brasil ocorreu entre abril e outubro de 2020, com a entrada do Sars-CoV2 no País. A segunda onda, muito pior, foi de dezembro de 2020 a junho de 2021, com dias que superaram 3 mil óbitos e colapso do sistema público de saúde em várias cidades. O início da vacinação em janeiro do ano passado fez com que a média de idade das vítimas baixasse significativamente, uma vez que os idosos foram os primeiros a serem imunizados.

No fim de 2021, o surgimento da variante Ômicron do coronavírus, mais transmissível, favoreceu a rápida disseminação da nova cepa no Brasil a partir de janeiro deste ano, o que marcou uma terceira onda da pandemia no Brasil, segundo especialistas.

“As vacinas foram desenvolvidas para o Sars-CoV2 de antes das mutações, e apresentavam proteção alta, acima de 80% para infecções leves e acima de 90% para infecções graves e óbitos”, diz a infectologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). “Com o surgimento das novas variantes, sobretudo da Ômicron, houve redução significativa da proteção para os casos mais leves, ainda que ela tenha se mantido acima dos 80% para casos graves e mortes”.

O número de óbitos voltou a ultrapassar a marca das mil vítimas diárias em meados de fevereiro, embora não tenha aumentado na mesma proporção do número de casos, que ultrapassou 200 mil infectados por dia. Enquanto a letalidade da doença no Brasil ao longo da pandemia variou de 2% a 4%, nesta última onda ela não passou de 0,4%, o que revela o efeito da imunização.

Agora, um dos grandes desafios da imunização contra a covid-19, segundo especialistas, é a menor eficácia da vacina justamente na parcela mais velha da população. Por causa do fenômeno conhecido como imunosenescência, os maiores de 70 anos são menos protegidos pelos imunizantes do que a população em geral. E essa proteção tende a cair ainda mais depois de quatro a cinco meses da vacinação completa.

O mesmo fenômeno ocorre em indivíduos submetidos à quimioterapia para câncer, medicações imunossupressoras, portadores de imunodeficiências, pessoas vivendo com HIV, uso crônico de altas doses de corticoide.

No Espírito Santo, por exemplo, um dos poucos Estados que fez levantamento do tipo, a taxa de mortalidade dos idosos com vacinação completa (duas doses mais uma de reforço) era nada menos que 35 vezes maior do que entre não idosos com vacinação completa.

Nos Estados Unidos, por exemplo, onde a população é mais velha que a brasileira, a idade média dos mortos por covid antes da Ômicron era de 68,4 anos. Depois, passou para 74,2 anos. No Brasil, a média da idade de internação pré-Ômicron era de 57,4 anos, passando a 62,5, com mais de 70% dos casos de internação acima dos 60 anos.

Para o pesquisador Raphael Guimarães, do Observatório Covid-19/Fiocruz, o pico da Ômicron já ficou para trás, com a redução dos números de novos casos e mortes nos últimos dias. Nos próximos 30 dias, o Brasil atravessa o que os pesquisadores chamam de “janela de oportunidade” para otimizar o combate ao vírus, porque a grande maioria da população estará imunizada, seja por conta da vacinação ou por infecção recente pela nova cepa

“Se conseguirmos alavancar a vacinação, vamos reunir um conjunto tão grande de pessoas imunes que é possível pensar em bloquear a circulação do vírus, diminuindo os casos e óbitos”, explica Guimarães. O cenário favorável, entretanto, não permite ainda que as medidas de restrição possam ser flexibilizadas, nem autoriza eventos de aglomeração. “É hora de intensificar as medidas de restrição para que o vírus não consiga se espalhar”.

Estadão Conteúdo

Covid-19: São Paulo identifica terceiro caso da subvariante BA.2

Foto: NIAID

A cidade de São Paulo identificou o terceiro caso de uma pessoa contaminada com a subvariante BA.2 do coronavírus. O paciente é um homem, de 45 anos, residente de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, que foi atendido no sistema de saúde da capital paulista.

A identificação foi feita na última sexta-feira (18) pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com o Instituto Butantan a partir da análise genômica do vírus. A BA.2 surgiu a partir das mutações da variante ômicron (BA.1).

O homem já havia recebido as três doses de vacinas contra a covid-19 e teve sintomas no último dia 30 de janeiro. Ele passou 14 dias em quarentena e não apresenta mais sinais da doença.
Agência Brasil

Capital paulista detecta primeiro caso da BA.2, sublinhagem da Ômicron

Foto: Reuters/Dado Ruvic/Direitos Reservados
                                 Paciente é de Santo André, tem 22 anos e foi atendido na capital

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo confirmou hoje (7) o primeiro caso da BA.2, uma sublinhagem da variante Ômicron, que é considerada ainda mais transmissível que esta e tornou-se dominante em diversos países, como Dinamarca e Índia. Até o momento, não há indicações de que a BA.2 seja mais grave que as outras variantes.

A sublinhagem BA.2 foi identificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 7 de dezembro e tem cerca de 40 mutações em relação à variante Ômicron BA.1.

Segundo a secretaria, o paciente é um homem de 22 anos, do município de Santo André, que foi atendido em uma unidade de saúde na capital. O paciente foi vacinado com duas doses da vacina contra a covid-19, mas ainda não está apto a receber a dose de reforço. Ele disse que está com sintomas leves e que ficou em isolamento domiciliar assim que os sintomas se iniciaram. Nenhum parente do homem adoeceu, e ele informou não ter viajado.

Até este momento, o monitoramento genômico que é feito pela prefeitura com base em amostras tem mostrado que 100% dos casos positivos na cidade de São Paulo são referentes à variante Ômicron.

Edição: Nádia Franco
Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Festas de fim de ano fazem casos de covid disparar em SP, Rio, Bahia, Minas e Pernambuco

Foto: Josué Damascena/Arquivo/Fiocruz
O Brasil notificou 27,5 mil novos casos de covid-19 nesta quarta-feira, 5, elevando a média móvel de testes positivos nos últimos sete dias para 12,3 mil. O novo índice representa um aumento de 318% em relação ao registrado há exatas duas semanas e acende o alerta de especialistas e gestores que, preocupados com as aglomerações nas festas de fim de ano e o surto de influenza que atravessa o País, temem uma sobrecarga dos sistemas públicos de atenção primária à saúde.

Os Estados com as maiores populações do País têm registrado aumento de infecções e internações por covid-19 e influenza. São os casos de São Paulo, Rio, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Em alguns locais, já há fila por vaga em UTI.

Não bastassem duas variantes altamente transmissíveis de covid (Ômicron) e influenza (H3N2, batizada Darwin), o ataque hacker às plataformas do Ministério da Saúde no final de novembro ainda reverbera no apagão de informações primordiais para o desenvolvimento de políticas públicas. É o caso do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), que retomou as notificações, mas ainda não restabeleceu o acesso aos dados abertos de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), referentes em sua maioria à gripe e ao coronavírus.

“Como não há nenhum acesso a esses dados completos, ficamos completamente de mãos atadas e olhos vendados. Dependemos muito dos sistemas locais de cada município, o que torna tudo mais difícil para avaliar o cenário nacional”, explica Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, da Fiocruz, e pesquisador em Saúde Pública.

Apenas em São Paulo, a média móvel de hospitalizações diárias por SRAG mais que dobrou no último mês, chegando a 566 pacientes de covid ou influenza na última terça-feira. Já nesta quarta, outros quase 3 mil casos de coronavírus foram registrados no Estado, um indicativo de que o índice pode aumentar ainda mais nos próximos dias.

No Rio de Janeiro, o número de casos confirmados da covid-19 disparou desde meados de dezembro. No último dia 16, foram feitos apenas dezesseis novos registros, contra 435 há dois dias. Nesta quarta-feira, 5, a taxa de positividade de testes para a doença foi de 17%. No início do mês passado, essa taxa era 1%.

O teste genético que determina a variante do coronavírus é mais difícil de ser feito e mais demorado. Em todo o Estado, há 312 casos suspeitos sob testagem. Também não se sabe ainda o número de infecções simultâneas pela covid e pelo vírus da gripe.

Apesar de alarmante, a situação configura uma crise menor do que as duas primeiras ondas de covid que lotaram leitos de UTI pelo País em 2020 e 2021. No Rio, a taxa de ocupação das enfermarias na rede estadual está em 8%, enquanto a de UTIs Covid-19 é 9,7%. Nas unidades municipais há 24 pessoas internadas pela doença.

O Distrito Federal, que já considera ter transmissão comunitária da variante Ômicron, também espera maior procura pelos sistemas de atendimento primário à saúde e “total relação com o rechaço das festividades de fim de ano”, mas descarta, pelo menos por ora, impacto nas mortes e internações, que ocupam apenas 47% dos leitos de UTI-Covid. A média diária de testes positivos para o coronavírus, entretanto, saltou de 65 para 365 entre dezembro e janeiro.

“A transmissão da Ômicron tem provocado um crescimento exponencial nos casos, mas não repercutirá nas internações hospitalares ou óbitos, que não sofreram nenhuma mudança de padrão”, observa Fernando Erick Damasceno, secretário-adjunto de Saúde. “Já prevíamos esse aumento há mais ou menos um mês e meio. A pressão vai ser na porta de emergência e para quadros leves. Mas não é por ser gripe que seja algo banal. É fundamental estar vacinado, principalmente pela covid.”

O Rio Grande do Sul, que passa por cenário similar e teve aumento de 740% na média diária de novos casos registrados nas duas últimas semanas, também segue a tendência de casos leves, com a maioria dos casos expressando sintomas como febre e mal estar. “Felizmente, por enquanto, não temos aumentos importantes de internação, nem em UTI e nem em leito clínico. Mas a lógica da doença é que mesmo com uma complexidade menor, ainda temos pessoas não vacinadas”, avalia Ana Costa, secretária-adjunta de Saúde do Rio Grande do Sul.

“Existe uma combinação de fatores, na qual também está o represamento de dados. Temos uma variante rápida no nível de transmissão (Ômicron), um momento de circulação muito grande pelas férias e festas de fim de ano, além de a vacina não barrar esse tipo específico da influenza”, explica.

Em Pernambuco, a preocupação vem do aumento expressivo na procura de unidades de saúde em praticamente todos os municípios. De acordo com dados oficiais divulgados na terça, 265 pessoas com doenças respiratórias graves aguardavam vagas de UTI e de enfermaria na rede pública. O tempo médio de espera para um leito pode variar de dois dias a uma semana.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que “é importante afirmar que a lista é muito dinâmica pois a quantidade de leitos vagos se renova a todo momento, devido às altas médicas, óbitos e à abertura de novas vagas”. Ainda no fim do ano passado, o secretário estadual, André Longo, afirmou que Pernambuco vivia uma “epidemia de H3N2 dentro da pandemia de covid-19”.

Procurado, o Ministério da Saúde não informou quando pretende restabelecer o acesso aos dados abertos do SIVEP. Também não respondeu se a pasta monitora o aumento nos casos e internações por SRAG no País e se há Estados com níveis mais preocupantes de infecções.

‘Panorama crítico’ na Bahia
O furacão de casos de SRAG no Brasil encontrou uma “tempestade perfeita” para se intensificar na Bahia, onde pelo menos 700 mil pessoas foram diretamente afetadas pelas chuvas fortes que seguem desde dezembro. O Estado já mapeou 1.447 pessoas infectadas pela influenza A, do tipo H3N2 de 1º de novembro a 4 de janeiro.

Ainda, 40% dos municípios baianos foram atingidos pelas chuvas, o que danificou uma boa parcela das unidades de saúde e, consequentemente, impactou as notificações. “Vivemos um panorama bem crítico”, avalia Tereza Paim, secretária estadual de Saúde. Ela aponta que a nova média de 378 casos diários da covid na Bahia, ainda que subnotificada, também sofre influência das festas e aglomerações de fim de ano, da chegada dos cruzeiros ao litoral e até de voluntários que foram auxiliar nas enchentes e testaram positivo para o coronavírus.

“Por conta das chuvas, tivemos um contingente muito grande de pessoas desabrigadas e que agora não conseguem manter protocolos como uso de máscaras e distanciamento, porque estão aglomeradas em abrigos. O problema é que ainda não podemos refletir isso em um número tão real”, avalia. Até o momento, o Estado contabilizou oito pessoas com “flurona”, as infecções simultâneas de influenza e covid.

Apesar de reconhecer que espera uma “curva crescente” nos casos de SRAG ao longo das próximas semanas, Teresa aponta que o Estado se mantém melhor do que no ano passado em todos os índices. O total de pacientes internados em UTI foi de 687 para 295 e os casos ativos caíram de 4.648 para 2.206 na comparação entre esta quarta-feira e 5 de janeiro de 2021. “A gente percebe que o avanço da vacinação obviamente trouxe esse benefício.

Minas Gerais
Em 24 horas, o número de casos de covid somou 4.585. No boletim de terça-feira, foram 2.410 casos, portanto o número quase dobrou de um dia para outro. Na capital, Belo Horizonte, todos os leitos de enfermaria e UTI da rede pública estão ocupados.

O prefeito Alexandre Kalil, no entanto, não vê motivos para pânico. “Temos leitos com folga, mas que foram fechados com a estabilização da pandemia. Agora vamos reabrir. O que houve foi uma pataquada (trapalhada), como a gente diz aqui em Minas, um mal entendido”, disse Kalil, referindo-se ao boletim da Secretaria de Saúde que informou ocupação de 105% dos leitos da rede SUS da cidade.

A reportagem tentou falar com o secretário de saúde, Jackson Pinto, mas ele disse por telefone que estava em reunião do comitê de enfrentamento à Covid e não poderia dar entrevista. Na manhã desta quarta-feira, a secretaria havia anunciado a criação de mais 70 leitos para os próximos dias, dos quais 20 já teriam sido abertos, segundo declaração do secretário à rede Globo. Neste momento, são 240 vagas para 258 pacientes. Em nota, a pasta ponderou: “É importante esclarecer que pacientes com quadros gripais, ainda sem resultado para a Covid-19, também podem estar internados nos leitos de UTI e enfermaria Covid, pois os sintomas são muito parecidos”.

A secretaria “reforça ainda que a taxa de ocupação de leitos de enfermaria Covid acima de 100% apresentada no Boletim Epidemiológico e Assistencial não indica que o número excedente represente fila. Estes pacientes além dos 100% estão internados nos hospitais utilizando todos os recursos que um paciente com esse perfil necessita, como insumos e equipamentos”.

O prefeito disse que não pode criticar a população pelo aumento de casos de Covid. “Foi essa nova cepa”. Sobre o crescimento simultâneo dos casos de gripe, Kalil disse ainda que a prefeitura está intensificando a mobilização para que as pessoas se vacinem. “Eu mesmo não tinha me vacinado contra gripe e tomei a vacina por acidente. Fiz o exame para a covid, deu negativo, e a moça do laboratório me perguntou: ‘o senhor não quer tomar a vacina da influenza de uma vez, foi aí que tomei. Eu tomo todo ano, mas com esse negócio de covid acabei esquecendo”, contou.

Segundo o prefeito, assim como ele, a população também acabou se esquecendo. Enquanto a imunização completa contra o coronavírus está em 90%, contra o influenza está em 60%. “Mas estamos monitorando e acompanhando. Podemos abrir 20 leitos por dia”, afirmou. No entanto, a ocupação das enfermarias covid voltou a crescer, chegando a 107,5%, na terça-feira, era de 105%.

Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais esclareceu que o expressivo registro de casos “é devido a fatores como o lançamento de dados represados por parte dos municípios nos últimos dias e a instabilidade do sistema de registro do Ministério da Saúde, associados ao aumento esperado de casos notificados em decorrência da transmissão comunitária da variante Ômicron no território e das aglomerações nos feriados de fim de ano”.

A secretaria informou ainda que segue avaliando o cenário epidemiológico e monitorando diariamente a ocupação dos leitos e demais indicadores. “Caso haja necessidade, novos leitos poderão ser remobilizados para o atendimento de pacientes”.

Segundo dados do painel de monitoramento, nesta quarta-feira, 5, há 4.323 leitos de UTI em Minas. A taxa geral de ocupação desses leitos é de 50,56%. Embora não tenha informado a proporção de leitos destinados à covid e doenças respiratórias ocupadas, o Estado afirmou que os leitos ocupados pela doença representam 6,75% dos leitos totais de UTI do Estado. No caso das enfermarias, a taxa geral de ocupação é de 84,93%, dos quais 4,40% por causa da covid. /COLABORARAM ROBERTA JANSEN, MÔNICA BERNARDES E ALINE RESKALLA

João Ker/Estadão Conteúdo

Após festas de fim de ano, famílias contabilizam contaminados por Covid

© Shutterstock

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Celebrações de fim de ano foram afetadas pela Covid-19 e também se tornaram as responsáveis por espalhar o vírus da doença entre familiares.
Houve família com infectados pouco antes do Natal que se viu obrigada a cancelar a celebração. Ou, ainda, quem descobriu a infecção após as reuniões familiares e teve que rever os planos para o Ano-Novo. E teve também o caso de quem festejou o Réveillon e, passada a festa, começou a sentir os primeiros sintomas de infecção.

De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, o número de testes positivos de farmácia saltou de 524 no dia 1º de dezembro, quando 10 mil exames foram feitos, para 5.334 em 29 de dezembro, quando houve 31.332 exames -o equivalente a 5% e 17% do total, respectivamente.

"Achei que fosse passar ilesa, mas está muito forte, muitas pessoas estão pegando", diz a dona de casa Cláudia Mortari Schmidt, 58. Ela, que vive em Curitiba, foi comer pizza na casa de uma parente após o Natal. No dia seguinte, recebeu a notícia de que uma das pessoas presentes foi diagnosticada com Covid-19.

Schmidt já estava com um certo cansaço, mas atribuiu ao fato de que seus netos estavam hospedados em sua casa. Quando soube da notícia, foi fazer o teste e descobriu, no dia 31 de dezembro, que também estava com a Covid-19 -além dela, duas noras e um filho também testaram positivo para o vírus.

"Quando cheguei à farmácia, notei que tinha fila para fazer agendamento", diz ela. Apesar do susto, Schmidt e os familiares se recuperam bem, com sintomas leves, como febre e nariz entupido.

Ela evita sair de casa desde o início da pandemia e não tinha planejado ir a nenhuma grande festa na virada do ano. Inicialmente, passaria o Ano-Novo na casa do filho, porém, após o resultado positivo para a Covid-19, os planos mudaram.

Com as duas doses da vacina, a matriarca da família afirma que se recupera bem do vírus e acredita que o quadro leve esteja relacionado ao imunizante. Agora, aguarda o fim do isolamento e completa recuperação para receber a dose de reforço.

A publicitária Gabriela Rodrigues, 31, também teve que rever os planos de fim de ano. Ela e sua namorada tinham planejado a primeira viagem em casal para fora de São Paulo, mas as duas foram infectadas pela Covid-19 pouco antes de embarcar para Salvador para duas semanas de descanso.

Na véspera do resultado positivo para a Covid-19, foi o aniversário da sua namorada e elas fizeram um encontro com outras dez pessoas no Parque Augusta, na capital paulista. Com o resultado em mãos, elas tiveram que avisar os presentes.

"Foi um episódio complicado, é muito chato mandar mensagem para quem você tem contato. Nos sentimos muito culpadas porque sabemos da importância do Natal para muitas pessoas", diz ela. "Mas, contamos para todos."

No fim, Rodrigues, sua namorada e a sogra testaram positivo para a Covid-19. As três passaram os dez dias de isolamento juntas e a ceia de Natal foi só entre elas. "Ficamos muito chateadas. Nos conhecemos na pandemia e nos isolamos muito. Quando a gente encontrava outras pessoas, ficávamos 20 dias sem nos ver. No único momento que a gente ia viajar, aconteceu isso", diz.

Agora, elas tentam controlar a expectativa ainda sem nova data para a tão esperada viagem. "Vai vir quando tiver que vir", afirma Rodrigues.

Soteropolitana, a veterinária Tatiana Albuquerque, 52, viveu um caso semelhante em sua casa. A filha que vive em São Paulo e foi visitar a família para as festas chegou à cidade natal com sintomas. Fez um teste logo após o desembarque e estava com a Covid-19.

Albuquerque cancelou a ceia em família e ficou cuidando da filha na casa de praia sozinha. "Fiquei o tempo todo com ela, não larguei", afirma ela, que usava máscara e álcool gel o dia inteiro e não foi infectada. Apesar de ter passado o Natal enclausurada com a filha, ela relata que ficou aliviada por ter cuidado de perto da jovem.

"Consegui acompanhar ela de perto, meu vizinho é infectologista e conseguiu consultá-la. Proporcionamos uma alimentação boa e ela teve recuperação ótima", afirma a mãe.

O médico Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), afirma que notou a alta de casos de Covid-19 em dezembro. Ele calcula que em novembro diagnosticou 12 pacientes com o vírus. Nas últimas semanas do ano, ele passou a diagnosticar 12 pacientes com Covid-19 diariamente.

"Muita gente está com Covid-19. Isso é evidente, mas são casos leves, eu não tive hospitalização ainda", diz Kfouri, que também foi infectado dentro de casa no fim do ano e agora está prestes a completar o período de isolamento social.

O médico afirma que quem teve contato com pessoas com Covid-19 e segue assintomático deve fazer teste entre 5 a 7 dias após o último contato. Para quem é sintomático, não é necessário aguardar e já pode realizar o teste.

No Brasil, infectados pelo vírus devem ficar dez dias isolados e, depois deste período, podem realizar novamente o teste rápido. "Não é necessário refazer. Mas, para saber se o indivíduo ainda está transmitindo, o teste de antígeno é muito bom. O PCR, por ser um teste muito sensível, pode dar positivo por semanas, mas a pessoa não está transmitindo mais o vírus", explica Kfouri.

Para ele, o principal causador das altas de casos de Covid-19 é a variante ômicron. "Se estivéssemos em outra época, não sei se seria muito diferente. As aglomerações podem ajudar a evitar a alta nos casos, mas estávamos fazendo coisas muito parecidas em novembro inteiro e o número de infectados não subia", diz o médico.

Mesmo assim, ele alerta que o momento pede cautela. Por isso, com a alta de casos de Covid-19, grandes eventos e aglomerações devem ser evitados para diminuir o agravamento do cenário atual.

Covid-19: Pfizer é mais eficaz como dose de reforço para quem tomou Coronavac, diz estudo

Foto: Dado Ruvic/Reuters/Arquivo/Vacina da Pfizer contra Covid-19

Os cientistas que conduziram o estudo sobre a dose de reforço das vacinas a pedido do Ministério da Saúde devem divulgar parte dos resultados nesta quinta (9), em Brasília.

O estudo já concluiu que a dose de reforço feita com esquema heterólogo, usando uma vacina diferente da já recebida no primeiro ciclo, aumenta a imunidade dos vacinados.

Das quatro vacinas testadas em pessoas que tomaram a Coronavac, a da Pfizer/BioNTech foi a que mais funcionou, conferindo proteção maior aos que receberam a dose.

Depois dela vieram a de Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz, a da Janssen (Johnson & Johnson), e por último a Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.

Ou seja, as quatro vacinas funcionaram para aumentar a imunidade das pessoas quando aplicadas como dose de reforço —mas vacinas diferentes mostraram uma maior eficiência no caso de pessoas que já tinham tomado a Coronavac.

A de RNA mensageiro, fabricada pela Pfizer, apresentou resposta ainda mais robusta.

A pesquisadora e professora da Universidade de Oxford, Sue Ann Costa Clemens, vai se reunir com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para mostrar os dados.

Eles não devem ser divulgados de forma detalhada, já que o estudo ainda não passou por revisão de pares, ou seja, pelo crivo de cientistas independentes de outros países.

O estudo será divulgado no momento em que o Brasil avança na aplicação da dose de reforço: 8,8 milhões de pessoas já foram aos postos para recebê-la, chegando a 9% da população.
Mônica Bergamo/Folhapress

Covid-19: Anvisa aprova medidas sanitárias para navios de carga

Comprovante de vacinação passa a ser obrigatório para trabalhadores
Foto: Diego Baravelli/Minfra.
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quarta-feira (8), por unanimidade, uma proposta que trata de medidas sanitárias para a operação e para o embarque e desembarque de plataformas e de embarcações de carga em portos brasileiros.

Por meio de nota, a Anvisa informou que o objetivo é reforçar ações de enfrentamento à covid-19 no país, sobretudo diante da circulação da variante Ômicron, com atenção especial ao embarque e desembarque de tripulantes nos portos brasileiros.

Comprovante de vacina

De acordo com o texto aprovado, antes de dar acesso a embarcações e plataformas, os responsáveis legais deverão exigir de tripulantes, fornecedores e profissionais da comunidade portuária o cumprimento de vários requisitos sanitários, incluindo a apresentação de comprovante de vacinação completa contra a covid-19.

Para o relator da matéria, diretor Alex Machado Campos, a agência considerou a imunização “princípio balizador das medidas sanitárias para a operação e para o embarque e desembarque de plataformas situadas em águas jurisdicionais brasileiras e de embarcações de carga”.

Testagem e sintomas

Também deverá ser exigida a comprovação da realização de teste laboratorial do tipo RT-PCR ou RT-LAMP (testes moleculares usados para diagnóstico) com resultado negativo, realizado 72 horas antes do momento do embarque. Poderá ser aceito resultado não reagente por teste rápido de antígeno (IgG e IgM) feito com 24 horas de antecedência da viagem.

Além disso, a norma prevê a realização de triagem pré-embarque para identificação de sintomas da doença.

Medidas sanitárias

A proposta trata ainda de medidas preventivas à covid-19 já amplamente divulgadas, como a higienização das mãos, o distanciamento social e o uso de máscaras faciais. Também há itens relacionados a protocolos de limpeza, desinfecção e de gerenciamento de resíduos sólidos nas embarcações.

Notificação de casos

O texto prevê o estabelecimento de planos de contingência e a notificação de casos suspeitos e confirmados da doença à Anvisa. De acordo com a norma, após a identificação de um caso nas embarcações, todos a bordo serão considerados contatos do caso confirmado e passarão a ser monitorados.

Mudança de tripulação e quarentena

O anexo da proposta da Anvisa traz opções envolvendo mudança da tripulação, quarentena em trabalho ou quarentena da embarcação para gerenciar embarcações com um ou mais casos de covid-19.

Os itens serão de escolha facultada ao responsável legal pela embarcação, que deve levar em consideração a localização do porto, o itinerário, a disponibilidade de tripulação alternativa e a capacidade operacional e de logística necessárias. A opção escolhida deve ser previamente aprovada pela unidade da agência responsável pelo porto.


Edição: Pedro Ivo de Oliveira
Por Agência Brasil - Brasília

Variante ômicron é altamente transmissível e requer medidas urgentes, diz G7

Foto: Yeshiel/Xinhua

A variante ômicron é “altamente transmissível” e requer “ação urgente”, alertaram os ministros da saúde do G7 nesta segunda-feira (29) após reunião de emergência convocada por Londres.

“A comunidade internacional enfrenta a ameaça de uma nova variante altamente transmissível da Covid-19, que requer ação urgente”, disseram os ministros em um comunicado conjunto após a reunião.

“Os ministros elogiaram o trabalho exemplar da África do Sul em detectar a variante e alertar os outros”, acrescentaram, enquanto lamentaram as restrições impostas àquela nação.

Os países do G7 também “reconheceram a importância estratégica de garantir o acesso às vacinas”, “preparar” os países para receber as doses, fornecer “assistência operacional, cumprir nossos compromissos de doação, abordar a desinformação sobre vacinas e apoiar a pesquisa e o desenvolvimento”.

Os países do G7 também se comprometem a “continuar a trabalhar em estreita colaboração com a OMS e parceiros internacionais para compartilhar informações e monitorar a ômicron”.

“Os ministros prometeram se reunir novamente em dezembro”, disseram.

A nova variante representa um “risco muito alto” em todo o mundo, alertou a Organização Mundial da Saúde.

A lista de países em que foi detectada é crescente, principalmente na Europa, depois que os primeiros casos foram registrados em países do sul da África em novembro.

Folha de S. Paulo

Nova variante do coronavírus domina preocupação de empresários

Foto: Renan Calixto/Arquivo/GOVBA

O avanço da nova cepa do coronavírus a essa altura da pandemia foi um balde de água fria para o empresariado. O primeiro olhar sobre o assunto ainda é feito com cautela, insegurança e uma ponta de esperança de que se trate apenas de alarme falso ou seja contido em breve.

“É preocupante, mas não temos dúvidas de que a ciência vai trazer a solução para essa nova variante”, afirma Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, que representa as grandes farmacêuticas.

Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (associação de restaurantes), acha que é alarmismo. “A menos que se comprove a ineficácia das vacinas para essa variante, não vemos razão para o pânico”, diz.

Na avaliação de José Carlos Martins, da CBIC (setor da construção), é preciso entender o real risco da variante para saber como lidar.

Para Ricardo Roriz, da Abiplast, o avanço da nova variante coloca em xeque a recuperação. “Enquanto isso, o mundo vive sem previsão de retomar a normalidade da sensação de segurança e bem-estar das pessoas e da possibilidade da volta consistente da economia”, diz.

A preocupação da hotelaria é com a aproximação das festas de final de ano e o Carnaval, segundo Manoel Linhares, presidente da Abih (associação da indústria de hotéis). Ele diz que o setor está aguardando a definição dos protocolos dos órgãos para adequar a operação.

“Estamos acompanhando. Somos a favor de que a Saúde decida logo que não deve ter aglomeração, porque a hotelaria não aguenta fechar de novo”, diz.
Painel SA/Folhapress

Nova variante da Covid derruba bolsas, petróleo e criptomoedas

Foto: Lucas Landau/Reuters

O temor de que uma nova variante do coronavírus possa ser resistente a vacinas, o que exigiria medidas de contenção que vão afetar a economia, abala mercados financeiros pelo mundo ao longo desta sexta-feira (26), provocando fuga de ativos considerados mais arriscados. Bolsas, câmbio, criptomoedas, juros futuros e preços de commodities, especialmente o petróleo, são afetados.

O Ibovespa, índice de referência para a Bolsa de Valores brasileira, caiu 3,39%, a 102.224. O dólar comercial fechou em alta de 0,53%, a R$ 5,5950. Na máxima do dia, a divisa chegou a saltar a R$ 5,6730.

As commodities mais importantes para o mercado brasileiro também sofriam o impacto, com destaque para a forte queda do petróleo. O barril do Brent afundava 11,55%, a US$ 72,72 (R$ 406,20), a menor cotação desde 9 de setembro, quando a commodity fechou em US$ 71,45.

Os contratos futuros de minério de ferro para janeiro de 2022 desabaram 4,87%.

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 2,53%, 2,27% e 2,23%, respectivamente.

O mercado de criptomoedas também sofreu o impacto. A cotação diária do bitcoin cedeu 8,36%, a US$ 54.259,93 (R$ 303.090,54). O ethereum perdeu 9,86%, a US$ 4.076,30 (R$ 22.769,80).

O Brasil seria especialmente prejudicado por novas medidas de restrição de circulação para conter uma nova onda da Covid-19, segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Uma nova paralisação reduziria drasticamente a perspectiva de crescimento para os próximos anos, que já não é grande coisa”, diz.

João Leal, economista da Rio Bravo, destaca que o Brasil desenvolveu ao longo da pandemia mecanismos para “evitar uma retração econômica mais intensa” e que essas medidas ainda existem.

O governo precisaria, porém, gastar mais em um momento em que o risco de desequilíbrio fiscal já vem derrubando os investimentos nas empresas do país. “Haveria nova necessidade de estímulos fiscais e monetários”, diz Leal.

Os juros futuros fecharam a sessão em forte queda, prevalecendo a percepção de que o risco de desaceleração global trazido pela nova cepa pode reduzir a necessidade de um aumento tão agressivo de juros como estava sendo previsto.

Os contratos para janeiro de 2023 recuaram para 11,90%, ante 12,05% no fechamento da véspera, enquanto os que vencem em janeiro de 2027 passaram de 11,81% para 11,71%.

“Um crescimento menor demanda um ritmo mais lento de aperto da política monetária por parte dos bancos centrais”, afirma Paulo Nepomuceno, operador de renda fixa da Terra Investimentos.

Na Ásia, o mercado de ações em Tóquio caiu 2,53%. A Bolsa de Hong Kong cedeu 2,67%. O índice CSI300 (Xangai e Shenzhen) recuou 0,74%.

O mercado acionário europeu fechou em forte queda. O índice Stoxx 50, que reúne grandes empresas da região, caiu 4,74%, e registrou a menor cotação desde 14 de outubro.

As bolsas de Londres, Paris e Frankfurt recuaram 3,64%, 4,75% e 4,15%.

O Reino Unido anunciou proibição temporária a voos da África do Sul e de vários países vizinhos. A União Europeia planeja movimento similar.

O mercado acionário europeu já estava sob estresse nesta semana uma vez que o ressurgimento de casos de Covid-19 levou a novas restrições em vários países.

Pouco se sabe sobre a variante, detectada na África do Sul, em Botswana e em Hong Kong, mas cientistas dizem que ela tem uma combinação atípica de mutações, que pode ser capaz de evitar respostas imunológicas e que seria mais transmissível.

“O pânico impõe cautela no meio dos investidores, que, temerosos pelo avanço da nova variante do vírus mundo afora, se afastam do risco e se refugiam nos ativos que representam segurança”, escreveu Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

Petroleiras, aéreas e varejo lideram perdas no mercado brasileiro

Poucas empresas escaparam da queda generalizada do mercado de ações do país, mas o impacto foi maior nas companhias mais vulneráveis a eventuais medidas de restrição de circulação, com destaque para os setores de transporte, aviação, turismo e varejo.
Atividades ligadas ao setor financeiro e à produção de petróleo, aço e mineração também apareciam na lista dos principais prejuízos.

As aéreas Azul e Gol afundaram 14,18% e 11,81, respectivamente. A empresa de viagens CVC despencou 11,06%. Completam a lista das dez maiores quedas Meliuz (-10,42%), PetroRio (-8,74%), Embraer (-8,41), Magazine Luiza (-7,36%), Banco Pan (-6,75%) e Usiminas (-6,58%).

Ações ligadas a turismo desabam e farmacêuticas disparam nos EUA

Entre as empresas listadas no S&P 500, referência do mercado acionário americano, companhias de turismo e de transporte aéreo lideraram as quedas.

As companhias de cruzeiros marítimos Royal Caribbean, Norwegian Cruise e Carnival perderam 13,22%, 11,36% e 10,96%, respectivamente. As aéreas United, American e Delta recuaram 9,57%, 8,79% e 8,34%.

As farmacêuticas que estão entre as principais desenvolvedoras de vacinas e medicamentos contra a Covi-19 foram as mais valorizadas. A Moderna disparou 20,57% e a Pfizer subiu 6,11%.

Mercados da China fecham em baixa

As ações da China fecharam em baixa nesta sexta, refletindo a preocupação com a nova variante e os casos domésticos de Covid.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve queda de 0,74%, enquanto o índice de Xangai caiu 0,56%.

Na semana, o CSI300 perdeu 0,6%, mas o índice de Xangai teve ganho de 0,1%.

Uma série de casos locais de Covid-19 em algumas partes da China levou a cidade de Xangai a limitar as atividades turísticas e uma cidade próxima a cortar serviços de transporte público.

Isso derrubou as ações de turismo e as de consumo básico em 1,8% e 0,8%, respectivamente.

As ações relacionadas a semicondutores e de energia lideraram as perdas. Os subíndice imobiliário, de energia e de semicondutores caíram entre 1,2% e 2,8%.

Clayton Castelani / Folha de São Paulo

Nova variante da Covid-19 descoberta na África do Sul gera bloqueio de voos e apreensão em países; entenda

Especialistas da OMS acreditam que ‘apartheid vacinal’, que deixou continente africano para trás na imunização, pode ter ajudado na formação de cepa com 50 mutações
EFE/EPA/KIM LUDBROOK
Pouco mais de 24 horas após o anúncio do surgimento de uma nova variante da Covid-19 na África do Sul, nações de todos os continentes começaram a articular medidas restritivas e estratégias para evitar a disseminação do B.1.1.529 para outros países. De acordo com informações cedidas em uma coletiva de imprensa, a cepa, identificada pelo pesquisador brasileiro Tulio de Oliveira, do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul, mostra “um grande salto na evolução” do vírus, com pelo menos 50 mutações, a maioria delas na proteína spike, que ajuda o vírus a entrar nas células humanas. A maior parte dos casos detectados na África do Sul está na província de Gauteng e ainda é cedo para saber como o vírus reagirá às vacinas que são aplicadas atualmente no mundo. Parte das mutações já foram encontradas em outras cepas e outras são completamente novas, mas o consenso entre os cientistas é de que não é possível responder todas as perguntas sobre a mutação no momento.

Especialistas da Organização Mundial da Saúde denunciaram que o surgimento da nova mutação pode ser considerado um reflexo do “apartheid vacinal” vivido no mundo. De acordo com a plataforma Our World In Data, enquanto 53,9% de toda a população mundial recebeu pelo menos uma dose do imunizante contra a Covid-19 e alguns estão aplicando terceiras doses em seus cidadãos, apenas 5,6% da população dos países pobres foi parcialmente vacinada até o momento. Na África do Sul, cerca de 23% das pessoas estão totalmente imunizadas, o que mostra uma desigualdade na distribuição, mas levanta a esperança de que o vírus não se espalhe com tanta facilidade em populações mais imunizadas, como o Brasil.

Infecções encontradas fora da África
Na manhã desta sexta-feira, 26, poucas horas após o anúncio da nova variante, o Ministério da Saúde de Israel anunciou que detectou um caso da B.1.1.529 em um viajante vindo do Malaui. O órgão também informou que outros dois casos em pessoas que chegaram do exterior são investigados enquanto os viajantes estão em confinamento obrigatório. Todos os três casos (suspeitos e confirmado) ocorreram em pessoas vacinadas. O estado de saúde delas não foi divulgado. O segundo caso confirmado da mutação fora da África foi registrado em Hong Kong. Fora da África do Sul, que tem 77 casos confirmados, quatro registros foram feitos em Botsuana.

Países bloqueiam a entrada de viajantes
Por causa da descoberta, o Reino Unido decidiu banir todos os voos que viessem do país africano e de outros seis vizinhos da região sul do continente, passando a obrigar aplicação de quarentena para aqueles que voltassem desses destinos. Medidas similares foram feitas pela Alemanha, que barrou a entrada dos viajantes procedentes do país, e pela Itália, que também não permitirá a entrada de ninguém que passou pela África do Sul e de outras seis nações nos últimos 14 dias. O Japão também anunciou que obrigará todos os viajantes do sul africano a passarem 10 dias de quarentena em um espaço designado pelo governo após chegada no país. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nota recomendando que o governo brasileiro aplicasse medidas de restrição a voos vindos da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. O documento sugere a suspensão imediata de todos os voos vindos dos países, a suspensão temporária da autorização do desembarque de estrangeiros que passaram por algum desses países nos últimos 14 dias e a realização de quarentena para os brasileiros que tenham passado pelos locais. É necessário, porém, uma decisão conjunta entre as pastas do governo federal para que essa recomendação entre em prática. 

Aras diz que vai ao STF se ‘PEC da Vingança’ impedir escolha de corregedor do CNMP por procuradores

Foto: Marcos Corrêa / PR / Arquivo/Procurador-geral da República, Augusto Aras
O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que poderá ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) se a PEC (proposta de emenda à Constituição) que aumenta o poder do Congresso sobre o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) impedir, dentre outros pontos, que os procuradores indiquem o corregedor do órgão. A declaração foi dada em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, que irá ao ar à meia-noite deste domingo (17).

“A institucionalidade remete que um corregedor seja sempre alguém, primeiro, de dentro da instituição; que esse corregedor seja eleito por seus pares”, disse Aras, em trecho da entrevista divulgado antes de a mesma ir ao ar. Ele salientou que “isso ocorre em todas as dimensões do Estado brasileiro: nas polícias, na magistratura, nas Forças Armadas, na Defensoria Pública, na AGU”.

Questionado pelo jornalista Fernando Mitre, o procurador-geral da República disse: “Eu me comprometi com os meus colegas classistas a buscar solução até mesmo na via judicial, do Supremo Tribunal Federal nessa questão do corregedor”. A proposta de emenda à Constituição recebeu o nome de “PEC da Vingança”, pois é vista como forma de controle do legislativo sobre o Ministério Público após a realização de operações como a Lava Jato.

Davi Lemos

Cães e gatos podem ter vírus da covid-19, aponta pesquisa

Foto: Rafael Martins/Ag A Tarde

Apenas 11% dos cães e gatos que habitam casas de pessoas que tiveram covid-19 apresentam o vírus nas vias aéreas. Esses animais, entretanto, não desenvolvem a doença, segundo pesquisa realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

Isso significa que eles apresentam exames moleculares positivos para SARS-CoV-2, mas não têm sinais clínicos da doença.

Segundo o médico veterinário Marconi Rodrigues de Farias, professor da Escola de Ciências da Vida da PUC-PR e um dos responsáveis pelo estudo, até o momento, foram avaliados 55 animais, sendo 45 cães e dez gatos. Os animais foram divididos em dois grupos: aqueles que tiveram contato com pessoas com diagnóstico de covid-19 e os que não tiveram.

A pesquisa visa analisar se os animais que coabitam com pessoas com covid-19 têm sintomas respiratórios semelhantes aos dos tutores, se sentem dificuldade para respirar ou apresentam secreção nasal ou ocular.

Foram feitos testes PCR, isto é, testes moleculares, baseados na pesquisa do material genético do vírus (RNA) em amostras coletadas por swab (cotonete longo e estéril) da nasofaringe dos animais e também coletas de sangue, com o objetivo de ver se os cães e gatos domésticos tinham o vírus. “Eles pegam o vírus, mas este não replica nos cães e gatos. Eles não conseguem transmitir”, explicou Farias.

Segundo o pesquisador, a possibilidade de cães e gatos transmitirem a doença é muito pequena. O estudo conclui ainda que em torno de 90% dos animais, mesmo tendo contato com pessoas positivadas, não têm o vírus nas vias aéreas.

Mutação

Segundo Farias, até o momento, pode-se afirmar que animais domésticos têm baixo potencial no ciclo epidemiológico da doença.

No entanto, é importante ter em mente que o vírus pode sofrer mutação. Por enquanto, o cão e o gato doméstico não desenvolvem a doença. A continuidade do trabalho dos pesquisadores da PUC-PR vai revelar se esse vírus, em contato com os animais, pode sofrer mutação e, a partir daí, no futuro, passar a infectar também cães e gatos domésticos.

“Isso pode acontecer. Aí, o cão e o gato passariam a replicar o vírus. Pode acontecer no futuro. A gente não sabe”.

Por isso, segundo o especialista, é importante controlar a doença e vacinar em massa a população, para evitar que o cão e o gato tenham acesso a uma alta carga viral, porque isso pode favorecer a mutação.

A nova etapa da pesquisa vai avaliar se o cão e o gato têm anticorpos contra o vírus. Os dados deverão ser concluídos entre novembro e dezembro deste ano.

O trabalho conta com recursos da própria PUC-PR e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

Anvisa determina recolhimento de lotes da CoronaVac

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o recolhimento de alguns lotes da vacina CoronaVac, contra a covid-19, que foram interditados após constatação de que “dados apresentados pelo laboratório não comprovam a realização do envase da vacina em condições satisfatórias de boas práticas de fabricação”.

A determinação foi anunciada hoje (22) por meio da Resolução (RE) 3.609, que determinou o recolhimento dos lotes da CoronaVac que já haviam sido interditados de forma cautelar pela Resolução (RE) 3.425, de 4 de setembro de 2021.

No dia 3 de setembro, a agência foi comunicada pelo Instituto Butantan que o parceiro na fabricação vacina CoronaVac, o laboratório Sinovac, havia enviado para o Brasil 25 lotes na apresentação frasco-ampola (monodose e duas doses), totalizando 12.113.934 doses, que foram envasados em instalações não inspecionadas pela Anvisa.

Diante da situação, e “considerando as características do produto e a complexidade do processo fabril, já que vacinas são produtos estéreis (injetáveis) que devem ser fabricados em rigorosas condições assépticas”, a Anvisa adotou medida cautelar com o objetivo de mitigar um potencial risco sanitário.

Em nota divulgada há pouco, a agência informa que, desde a interdição cautelar, avaliou todos os documentos encaminhados pelo Instituto Butantan, “dentre os quais os emitidos pela autoridade sanitária chinesa”.

“Os documentos encaminhados consistiram em formulários de não conformidades que reforçaram as preocupações quanto às práticas assépticas e à rastreabilidade dos lotes”, detalha a nota.

A Anvisa acrescenta que também fez a análise das documentações referentes à análise de risco e à inspeção remota realizadas pelo Instituto Butantan, “e concluiu que permaneciam as incertezas sobre o novo local de fabricação, diante das não conformidades apontadas”.

Os lotes interditados “não correspondem ao produto aprovado pela Anvisa nos termos da Autorização Temporária de Uso Emergencial (AUE) da vacina CoronaVac”, uma vez que foram fabricados em local não aprovado pela agência e, conforme informado pelo próprio Instituto Butantan, “nunca inspecionado por autoridade com sistema regulatório equivalente ao da Anvisa”.

“Portanto, considerando que os dados apresentados sobre a planta da empresa Sinovac localizada no número 41 Yongda Road, Pequim, não comprovam a realização do envase da vacina CoronaVac em condições satisfatórias de boas práticas de fabricação, a Anvisa concluiu, com base no princípio da precaução, que não seria possível realizar a desinterdição dos lotes”, completa a nota.

A Anvisa concluiu também que a realização de inspeção presencial na China não afastaria a motivação que levou à interdição cautelar dos lotes, por se tratar de produtos irregulares, uma vez que não correspondem ao produto aprovado pela Anvisa, por terem sido envasados em local não aprovado pela agência.

Diante a situação, ficará a cargo dos importadores adotar os procedimentos necessários para o recolhimento das vacinas restantes de todos os lotes que foram interditados.

A agência enfatiza que “a vacina CoronaVac permanece autorizada no país e possui relação benefício-risco favorável ao seu uso no país”, desde que produzida nos termos aprovados pela autoridade sanitária.

Confira os lotes impactados

Segundo a Anvisa, 12.113.934 doses de lotes cujo recolhimento foi determinado pela Anvisa já foram distribuídos. São eles: IB: 202107101H, 202107102H, 202107103H, 202107104H, 202108108H, 202108109H, 202108110H, 202108111H, 202108112H, 202108113H, 202108114H, 202108115H, 202108116H e L202106038.

SES/SP: J202106025, J202106029, J202106030, J202106031, J202106032, J202106033, H202106042, H202106043, H202107044, J202106039, L202106048.

Outras 9 milhões de doses estão em lotes ainda em tramitação de envio ao Brasil. São eles:

IB: 202108116H, 202108117H, 202108125H, 202108126H, 202108127H, 202108128H, 202108129H, 202108168H, 202108169H, 202108170H, 2021081701K, 202108130H, 202108131H, 202108171K, 202108132H, 202108133H, 202108134H

Edição: Aline Leal
Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Pesquisa da USP mostra que, após um ano, 60% dos pacientes têm sequelas da Covid-19

Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress/Arquivo/
Estudo da USP acompanha 750 pacientes que ficaram internados no primeiro semestre de 2020Estudo da USP acompanha 750 pacientes que ficaram internados no primeiro semestre de 2020

Mais de um ano após ter Covid-19, a baiana Renilda Lima ainda tem 20% do pulmão comprometido, sofre cansaço diariamente, convive com perda de memória e tem baixa imunidade. A doença, contraída em maio de 2020, causou sequelas que persistem até hoje e que Renilda, de 34 anos, não sabe se conseguirá se recuperar. Segundo pesquisa do Hospital das Clínicas da USP, 60% dos pacientes que tiveram Covid-19 no ano passado estão em condições de saúde semelhantes, mesmo após um ano da alta hospitalar.

O estudo da USP acompanha 750 pacientes que ficaram internados no primeiro semestre de 2020 no Hospital das Clínicas da instituição. Eles serão analisados durante quatro anos, mas os resultados preliminares indicam que 30% ainda possuem alterações pulmonares importantes. Além disso, parte também relata sintomas cardiológicos e emocionais ou cognitivos, como perda de memória, insônia, concentração prejudicada, ansiedade e depressão.

Segundo Carlos de Carvalho, professor titular de pneumologia da USP e diretor da divisão de pneumologia do Instituto do Coração (InCor), os resultados preliminares mostram que algumas sequelas a longo prazo ainda podem ser revertidas. “Há casos em que os pulmões ainda apresentam inflamações mesmo um ano depois da alta hospitalar. Já vimos que essas inflamações podem virar fibroses (cicatrizes pulmonares), que são permanentes”, declara.

No caso de Renilda, as sequelas físicas vieram junto com as emocionais. Além do cansaço que sente ao fazer esforço físico – o que levou ela a interromper algumas atividades diárias –, ela também passou a ter dificuldades de dormir e a ter medo de ficar novamente em estado grave se contrair doenças respiratórias. “Até hoje meu sono não é regulado. Troco o dia pela noite. Recusei três propostas de emprego com medo de ficar doente”, contou.

Natural de Feira de Santana, município a 116 quilômetros de Salvador, a baiana teve Covid-19 no primeiro pico da pandemia no Brasil, momento em que os hospitais públicos estaduais da Bahia não tinham leitos vagos. Ela tratou da doença em casa até conseguir um leito de estabilização em Salvador, onde permaneceu por três dias. No retorno para casa, ficou de cama durante dois meses e não conseguiu se recuperar totalmente.

Carvalho explica que as sequelas são piores e mais longas nos casos em que o tratamento das complicações causadas pela Covid-19 são feitos tardiamente ou de maneira não adequada. “Percebemos que os pacientes que demoraram mais a serem encaminhados para o Hospital das Clínicas chegaram em um estado mais grave, e isso também agrava as sequelas. Quanto maior o tempo de internação e a gravidade das infecções, maior a tendência de haver mais sequelas a longo prazo”, diz.

A perda do paladar e do olfato, sintomas comuns da Covid-19 no período de infecção, também está entre as sequelas de longa duração. O estudante de engenharia ambiental e cozinheiro Emmanuel Ramos, de 20 anos, afirma que os dois sentidos estão “distorcidos” e que os cheiros de alguns temperos foram perdidos. “Tenho enjoos também quando sinto o cheiro de produtos de limpeza e até das queimadas que atingem minha região”, disse Ramos, de Palmas (TO).

Nos dois casos, as sequelas alteraram a rotina anterior à Covid. Em relação a Emmanuel Ramos, o atrapalha na cozinha. Já Renilda parou de fazer faxina em casa, de ir à academia e sente que não pode desempenhar a mesma função de antes no trabalho, em que era gerente de um estacionamento, por também sofrer perda de memória.

Essa última sequela é relatada por 42% dos pacientes durante a pesquisa da USP. De acordo com os relatos ouvidos pela reportagem, a perda de lapsos de memória é frequente na rotina e acontece a qualquer hora. “Às vezes, saio da minha sala de trabalho para beber água no corredor e no caminho esqueço o que fui fazer”, detalha a acreana Sheyenne Queiroz, de 45 anos.

Ela contraiu a Covid-19 em novembro do ano passado e não chegou a ficar no estado grave da doença, mas passou a sofrer com dores de cabeças fortes e esquecimento um mês depois de ser infectada. “Cheguei a achar que estaria com aneurisma por causa da intensidade das dores de cabeça, mas, ao procurar um neurologista e fazer exames, ele me disse que se tratava de uma sequela da Covid-19. Até hoje sofro dores de cabeça, agora menos fortes, e do esquecimento. E não sei se vou me recuperar totalmente”, preocupa-se.

A neuropsicóloga do Instituto Alberto Santos Dumont (ISD/RN) Joísa de Araújo explica que as queixas mais recorrentes relatadas pelos pacientes estão concentradas em esquecimento, dores de cabeça, ansiedade, sintomas depressivos e sensação de fadiga, inclusive em pessoas ditas “assintomáticas” durante o período de infecção. “Muitos jovens, que não tinham queixas anteriores, passaram a apresentar dificuldades de recordar questões do dia a dia”.

Ela atenta que pesquisas referentes às consequências do novo coronavírus na saúde ainda estão em andamento, mas estudos mais amplos indicam incidências psicológicas e neurológicas em um a cada três pacientes. “É importante o acompanhamento multidisciplinar dessas pessoas após a detecção dos sintomas mais clássicos. Um diagnóstico precoce no período pós-covid é fundamental para possibilitar o processo de reabilitação. Isso é fundamental para traçar um plano de como lidar com essas limitações”, reforça.

Internações recorrentes

Natural de Esplanada, Bahia, Eliane Silva, de 32 anos, contraiu Covid-19 no final de junho de 2020 e precisou ser internada quatro vezes nos últimos 13 meses, sendo três vezes devido às sequelas da doença e uma no período em que estava infectada. A assistente de pessoal, que passou a sofrer com falta de ar, fadiga e problemas na circulação, foi diagnosticada com vasculite pulmonar (doença autoimune que se caracteriza pela inflamação dos vasos pulmonares) e Arterite de Takayasu.

Em julho, a baiana foi internada em uma unidade de saúde de Salvador para tratar uma nova crise. “Não tinha problema respiratório e tudo começou depois da Covid. Hoje eu me sinto muito abalada. Às vezes, digo para o médico que prefiro nem pensar nisso tudo, pois já dá vontade de chorar”, confessa.

Segundo o professor Carlos de Carvalho, casos de doenças autoimunes são possíveis em qualquer infecção ou vírus – incluindo o coronavírus. Entretanto, ele afirma que os resultados obtidos na pesquisa do Hospital das Clínicas não indicam que essa é uma característica recorrente nos pacientes, apesar de possível. “É algo que permanecemos atentos para ver se doenças autoimunes irão se manifestar ao longo dos anos, mas, com um ano, não vimos”, disse.

Em julho do ano passado, Eliane chegou a ficar internada devido à Covid-19, mas recebeu alta no mesmo mês. No entanto, passou a sentir dores fortes debaixo do peito esquerdo e entre a costela em novembro e precisou retornar ao hospital mais de uma vez. Na maioria das vezes, os médicos afirmavam que as dores eram gases e passavam uma medicação paliativa. Somente em janeiro, cinco meses após as primeiras dores, descobriu o que sofria.

O tratamento inicial durou de quatro a seis meses, com coagulantes e uso de corticoide, remédio com potência anti-inflamatória. Entretanto, ela voltou a sentir novas dores ao iniciar o desmame dos medicamentos e foi internada no dia 28 de julho. “É muito complicado ter uma internação a cada seis meses. O psicológico fica a mil por horas, sem saber o motivo disso tudo. Junta a doença, solidão e carência. É muito difícil”.

Perguntas em aberto

A pesquisa do Hospital das Clínicas da USP é realizada com 750 pacientes que estiveram internados na unidade entre 30 de março de 2020 e 30 de agosto do mesmo ano. São pessoas que se infectaram na chamada primeira onda da pandemia do coronavírus no Brasil. Segundo o professor Carlos de Carvalho, isso significa que não se sabe quais sequelas as variantes do coronavírus surgidas a partir deste ano – como Delta, em circulação no Brasil – podem deixar a longo prazo, nem se são menos ou mais intensas.

Conforme o pesquisador, novos estudos já se iniciaram no mundo inteiro para observar diferenças entre variantes. Além disso, outra observação a ser estudada é das sequelas em pessoas vacinadas, mas que se infectaram. “Ainda são perguntas em que não sabemos as respostas porque são precisos novos estudos para observar estes pacientes”, disse o professor.
Estadão Conteúdo

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