Escândalo no Conjunto Penal de Eunápolis: Ex-Diretora e padrinho político envolvidos em fuga e relações com facção

Eunápolis, ocorrida em dezembro do ano passado, revelou um complexo esquema de corrupção, regalias e um suposto relacionamento entre a ex-diretora da unidade e um líder de facção criminosa. Dezoito pessoas foram indiciadas pelo Ministério Público da Bahia por organização criminosa e facilitação da fuga.

Entre os indiciados estão a ex-diretora do presídio, Joneuma Silva Neres, e o ex-coordenador de segurança, Wellington Oliveira Sousa. As investigações apontam que a gestão de Joneuma foi marcada por regalias excessivas aos presos, incluindo a entrada irregular de roupas, freezers, ventiladores e até sanduicheiras.

Wellington Oliveira Sousa, em depoimento, revelou que Joneuma atendia a diversas exigências feitas por Ednaldo Pereira de Souza, o "Dadá", apontado como chefe da facção Primeiro Comando de Eunápolis, ligada ao Comando Vermelho do Rio de Janeiro. Dadá estava preso na unidade e está entre os 16 foragidos da fuga em massa. O ex-coordenador também mencionou encontros frequentes e sigilosos entre Joneuma e Dadá na sala de videoconferências do presídio.
Além disso, surgiram informações de um suposto relacionamento amoroso entre Joneuma e Dadá. Um dos presos relatou que eles mantinham relações dentro do presídio. A irmã e advogada de Joneuma, Jocelma Neres, nega veementemente a existência de qualquer relacionamento e afirma que sua irmã é inocente das acusações.

A denúncia do Ministério Público, oferecida em março deste ano, também aponta o envolvimento do ex-deputado federal Uldurico Alencar Pinto, conhecido como Uldurico Júnior, que seria o padrinho político de Joneuma. Um policial penal depôs que Uldurico Júnior visitava os presos em Eunápolis sem passar por revista ou cadastro prévio e que recebia informações sobre líderes de facções, como Dadá. Joneuma protocolou um pedido de auxílio financeiro contra Uldurico, alegando que a criança que espera é filha dele.

A fuga em massa, que ocorreu em 12 de dezembro, foi detalhada nos depoimentos. Os detentos aliados de Dadá foram colocados na mesma cela e, com uma furadeira, abriram um buraco no teto. Agentes penitenciários notaram o barulho, mas a diretora só teria agido dois dias depois, supostamente ordenando a Wellington que buscasse a furadeira na cela.
Wellington Oliveira Sousa está atualmente preso no Conjunto Penal de Teixeira de Freitas. Joneuma Silva Neres, grávida no momento da prisão, foi transferida para o presídio de Itabuna, onde seu bebê nasceu prematuramente e está com ela na cela. A família de Joneuma expressa preocupação com as condições da prisão para a criança.

A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) do Estado da Bahia declarou em nota que jamais compactuou com privilégios a internos e que participou ativamente das investigações para punir todas as transgressões. Desde o final de maio, agentes da Força Penal Nacional operam no presídio de Eunápolis. A decisão foi tomada após um atentado em 20 de maio que teria como alvo o novo diretor, Jorge Magno Alves, que endureceu as regras da unidade.

Até o momento, apenas um dos 16 foragidos foi encontrado, vindo a óbito na tentativa de prisão. O advogado de Wellington não quis se pronunciar, e a reportagem não conseguiu contato com as defesas dos outros citados.

Fonte: G1

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