Federações e fusões entre partidos antecipam eleições de 2026 na Bahia

Movimentos de cima para baixo, impostos pelas negociações nacionais entre partidos para a formação de federações ou fusões, afetam diretamente o xadrez político e antecipam a disputa eleitoral de 2026 na Bahia. Esses acordos miram o fortalecimento das legendas, ou são feitos por uma questão de sobrevivência das mesmas depois do fim das coligações, embora, muitas vezes, às custas do sacrifício de alianças locais.

A federação anunciada entre o União Brasil e o PP é um exemplo disso. Nacionalmente, os dois partidos passam a formar, juntos, a maior bancada na Câmara Federal, com 109 parlamentares. Na Bahia, no entanto, o “casamento” com prazo inicial de quatro anos sepultou os planos do PP de apoiar à reeleição do governador Jerônimo Rodrigues (PT), ao menos de forma institucional.

Isso porque a federação, batizada de União Progressista Brasileira (UPB), será comandada em solo baiano pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União), principal adversário do governador. Essa é a tendência, pois o partido de Neto tem mais congressistas do que o PP, presidido no Estado pelo deputado federal Mário Negromonte Júnior, que tentava levar a legenda para o “colo” de Jerônimo.

O acordo nacional também forçou os deputados do PP que almejam seguir com Jerônimo a intensificarem, faltando ainda 11 meses para a abertura da janela partidária de 2026, as articulações para troca de sigla. Quatro pepistas com cadeira na Assembleia Legislativa desejam fazer esse movimento de forma coletiva para uma única legenda, o que não é algo fácil.

Partidos da base de Jerônimo como o MDB, o PDT e o PSB, com quem os deputados estaduais do PP Niltinho, Hassan Iossef, Eduardo Sales e Antonio Henrique Júnior estão dialogando, têm dificuldades em receber os quatro pela resistência de candidatos das próprias siglas que miram cadeiras na Assembleia e não querem ser ameaçados. A questão é de matemática eleitoral.

PSDB e Podemos

Além do PSD e do Avante, que já chegam fortes em 2026 nas disputas proporcionais, o Podemos estaria disposto a receber os quatro deputados estaduais do PP em bloco, mas as conversas só serão concluídas após as negociações nacionais da cúpula do partido com o PSDB sobre uma fusão.

Essa fusão, que é um processo muito mais profundo do que uma federação, já que a partir dela surge um novo partido, afeta diretamente o posicionamento das duas siglas na Bahia. A maior questão é: quem ficará no comando no Estado. O PSDB hoje está no grupo de ACM Neto, enquanto o Podemos é da base de Jerônimo.

MDB e Republicanos

Outra federação que está sendo discutida em Brasília pode ocorrer entre o MDB e o Republicanos. A exemplo do PSDB e do Podemos, os dois partidos também estão em lados opostos na Bahia. O primeiro, inclusive, tem o vice-governador Geraldo Júnior. O segundo, comandado no Estado pelo deputado federal Márcio Marinho, é aliado de ACM Neto.

Esta semana, em conversa com este Política Livre, Márcio Marinho descartou que integrar uma federação seja prioridade do Republicanos neste momento. Entretanto, segundo a imprensa do sul do país, as conversas estão avançando. O site apurou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, liderança do MDB baiano, estará em Brasília esta semana para acompanhar essas negociações de perto.

MDB chegou a discutir PSD a possibilidade de uma federação, mas as conversas não avançaram.

Mecanismos diferentes

Embora muitas vezes confundidas, federação e fusão partidária são mecanismos distintos na legislação eleitoral brasileira. Na federação, dois ou mais partidos se unem para atuar como uma só legenda por, no mínimo, quatro anos, mantendo, no entanto, suas estruturas internas e identidades jurídicas separadas.

Já na fusão, os partidos deixam de existir individualmente para dar origem a uma nova sigla, com novo estatuto, direção e registro. Enquanto a federação é uma aliança duradoura e obrigatória em todas as esferas (municipal, estadual e federal), a fusão representa a incorporação definitiva de legendas em uma só.

Política Livre

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