Sob o comando de Geddel e Lúcio, campanha de Geraldo Jr. promete agitar, por Raul Monteiro*

Geddel e Lúcio Vieira Lima são comandantes longevos do emedebismo baiano

Menos pelo candidato, Geraldo Jr. (MDB), cujas severas limitações são amplamente conhecidas, do que pelos patronos de sua candidatura, Lúcio e Geddel Vieira Lima, comandantes longevos do emedebismo baiano, a campanha para a Prefeitura de Salvador deste ano promete surpresas, lances ousados e, certamente, muitas emoções. É que, como se diz nos bastidores da política local, com os irmãos Vieira Lima não se brinca. Extremamente competitivos, os dois são capazes de, para levar a melhor numa disputa, como se comenta no sertão, mamar até em onça ferida. Além disso, pela primeira vez em 16 anos, estarão do outro lado na sucessão municipal.

É um retorno que iniciaram na campanha ao governo de Jerônimo Rodrigues (PT), em cuja eleição, por causa de apoios que conseguiram mobilizar, foram decisivos, depois de indicar o próprio Geraldo como seu vice. No disputado processo eleitoral de 2022, encerrariam uma relação de altos e baixos que mantinham com o grupo de ACM Neto (União Brasil), iniciada na primeira gestão do prefeito que transformou a fisionomia da cidade depois da desastrosa passagem de oito anos por seu comando de João Henrique, para cuja reeleição a dupla foi, como reconhecido de público, simplesmente fundamental.

A bem da verdade, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) voa até agora em céu de brigadeiro. Nem por isso, descansa. É o que se sente na cidade e também o que as pesquisas indicam. As duas últimas sondagens sobre a sucessão em Salvador, da Numem Data/Política Livre e da AtlasIntel, feitas por telefone e divulgadas antes da virada de ano, com números muito próximos, mostraram, a primeira, ele com 55,1% das intenções de voto, e a segunda, com 51,9%, ao passo que o candidato do MDB apareceu, nas duas, com 12%. Por ambas, o patamar de aprovação de Bruno é altíssimo. Seu favoritismo, portanto, não é algo de que se faça pouco caso.

Além disso, já tem a seu lado, em movimentos claramente eleitorais, desde dezembro, o forte aliado ACM Neto, liderança inconteste em Salvador. Mas os Vieira Lima não estão habituados a espreitar. Antes, a atacar para avançar. De uma posição inicial de desmotivação em relação ao lançamento de uma candidatura do MDB em Salvador, evoluíram para o desejo de brigar por ela até o final, como fazem quando entram numa campanha, com o sentimento de que não têm nada a perder, mas a somar, aqui e nacionalmente. Embora existam outros casos em que mostraram sua capacidade de obter resultados eleitorais, a reeleição de João Henrique permanece como um marco.

Abraçaram o prefeito quando o termo radioativo ainda não era aplicado a políticos e ele era dado como morto e enterrado. Afinal, tinha 76% de rejeição. Um número que fez um então cultuado marqueteiro rejeitar a proposta de fazer sua campanha, asseverando que sua reprovação tinha chegado a um patamar “duro”, isto é, irreversível. Para garantir ao prefeito mais rejeitado da história de Salvador mais quatro anos de mandato, assumiram integralmente não só o comando da campanha, mas da gestão, na época um desgoverno. Contra a máquina nas mãos de Bruno, eles acreditam que contarão com a do governo em Salvador. E, certamente, que Geraldo Jr. não os atrapalhará.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente esta matéria.