Aliados de Bolsonaro esperam gesto de Moraes para virar a página da urna eletrônica

Auxiliares próximos do presidente Jair Bolsonaro (PL) contam com sinalizações do ministro Alexandre de Moraes, que assumirá em agosto a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para convencer o chefe do Executivo a virar de vez a página dos ataques às urnas eletrônicas.

A avaliação dos seus conselheiros é de que esse discurso prejudica a campanha à reeleição e faz o presidente não só soar como perdedor, mas como um mau perdedor, que precisa descredibilizar o processo para justificar uma eventual derrota.

As orientações, no entanto, não foram suficientes para convencê-lo a desistir do encontro desta segunda-feira (18) com embaixadores no Palácio da Alvorada, no qual repetiu teorias conspiratórias já desmentidas pelas autoridades. Ele insistiu que precisava dar uma resposta ao atual presidente do TSE, Edson Fachin, que já havia se reunido com representantes de outros países para falar da lisura do processo eleitoral.

Por isso a aposta, agora, é que esse tenha sido o último episódio de tensão motivado por ataques às urnas e que haja um período de trégua até a posse de Moraes. Eles esperam que o ministro consiga fazer uma sinalização ao atender alguma das sugestões feitas pelo Ministério da Defesa passíveis de implementação até as eleições em outubro.

Um ministro palaciano relata que ninguém tem a expectativa de que o TSE atenda a reclamação recorrente do Bolsonaro, por exemplo, de criar uma sala paralela da apuração para acabar com a “sala secreta”, já desmentida. Mas que pequenos gestos ajudariam a distensionar o ambiente.

Essa expectativa é alimentada por contatos recentes do Planalto com Alexandre de Moraes. O magistrado teve uma conversa com o mandatário em um jantar oferecido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na residência oficial. Com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, Moraes teve uma reunião fechada.

A avaliação no Judiciário é de que o ministro do STF pode ter, sim, mais jogo de cintura para lidar tanto com os militares quanto com o Palácio do Planalto. Mas que ele terá muito pouco tempo e poucas alternativas à mão para fazer um gesto mais concreto às sugestões dos militares.

Juliana Braga/Folhapress
Foto: Cesar Ogata/OAB SP/Arquivo

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