Roma e Wagner selam pacto velado para tentar polarizar eleição na Bahia entre Lula e Bolsonaro e isolar Neto

Ex-ministro Roma e senador Wagner dormem e acordam pensando em estratégias para tentar derrotar ACM Neto
Espalha-se no PT, bem como entre partidos aliados, a notícia de que o ex-ministro da Cidadania e candidato a governador do PL, João Roma, aproveitando-se da famosa abertura do senador petista Jaques Wagner para o diálogo e a composição com adversários ideológicos, teria criado um canal fluido de comunicação com ele.

Os contatos não têm servido, no entanto, apenas para trocar impressões sobre a conjuntura nacional ou superficialmente sobre os rumos da sucessão estadual, além de dirigir críticas ao candidato do União Brasil ao governo, ACM Neto, com quem Roma rompeu no ano passado para se assumir bolsonarista.

A aproximação teria criado as condições para um acordo velado pelo qual os dois acreditam que a campanha na Bahia, contrariando a estratégia de Neto, pode ser polarizada entre o presidenciável Lula e o presidente da República.

Seria uma forma de tentar isolar o candidato do UB e diminuir seu favoritismo eleitoral apontado pelas pesquisas. Pelo entendimento, passaria, entre outras orientações, a de Roma dar preferência aos ataques ao PT e a Lula e Jerônimo Rodrigues, candidato petista ao governo, o governador Rui Costa (PT) e Wagner, mirarem Bolsonaro.

É em parte o que os dois lados já vêem fazendo, embora o teor das críticas entre eles deva aumentar no curso da campanha. O entendimento é embalado pelo temor, forte nos dois lados, mas especialmente em Roma, de uma eventual vitória do ex-prefeito de Salvador para o governo.

“Neto não pode ganhar a eleição”, tem dito o ex-ministro a deputados da base do governo, com os quais voltou a cruzar na Câmara depois que se desincompatibilizou do Ministério. No fundo, o candidato do PL, pernambucano de nascimento, teme que sua vida vire um ‘inferno’ na Bahia no caso de Neto se eleger.

Para demonstrar sua boa vontade com o candidato bolsonarista, Wagner teria costurado internamente no PT o compromisso para que o governo fique neutro em municípios onde Roberta Roma (PL), mulher do ex-ministro e candidata a deputada federal em seu lugar, tem feito campanha e o prefeito é petista ou aliado da base.

Em contrapartida, Roma teria respondido com um aceno que contentou imensamente a turma do PT e fez Wagner achar que ele pode ser mais útil do que vinha imaginando.

Usando sua alta inserção no bolsonarismo, ele teria se comprometido a trabalhar, junto ao ministro Kássio Nunes Marques, primeiro indicado de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), para que retarde sua decisão numa ação do UB contra a reeleição de Geraldo Jr. (MDB) para um terceiro mandato na presidência da Câmara de Salvador.

Aliado de Neto até repentinamente assumir, no último mês, a vice na chapa de Jerônimo, Geraldo Jr. tornou-se o queridinho da cúpula petista na Bahia por causa da animação que tem emprestado à campanha governista e da nova atuação oposicionista na Câmara.

A eventual vitória judicial contra Geraldo é vista como fundamental para diminuir sua influência sobre os vereadores na Casa, onde tem se dedicado a criar uma ‘agenda bomba’ contra o prefeito Bruno Reis (UB), um dos sustentáculos da candidatura de Neto.

Política Livre

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