Hackers que invadiram ConecteSUS reivindicam ataque a Parlamento de Portugal

Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP
Neste domingo (30), quando se realizam eleições legislativas em Portugal, hackers afirmaram ter invadido o sistema do Parlamento do país e roubado informações sensíveis. A polícia local está investigando o caso, mas ainda não houve confirmação oficial do ataque.

A ação foi reivindicada pelo Lapsus$ Group, o mesmo grupo que assumiu a autoria de um ataque ao Ministério da Saúde do Brasil e ao aplicativo ConecteSUS em dezembro de 2021, quando as duas plataformas saíram do ar.

O grupo vem acumulando possíveis ataques em Portugal. Em 2 de janeiro, o Lapsus$ reivindicou a responsabilidade por uma grande ofensiva contra o maior conglomerado de mídia em Portugal: a Impresa. Sites ligados à empresa ficaram fora do ar, incluindo as páginas da emissora SIC, líder de audiência na TV aberta portuguesa, e do jornal Expresso, semanário mais lido do país.

Os autores do ataque hacker acessaram o sistema interno da empresa portuguesa, comprometendo a comunicação entre funcionários e a operação de ferramentas usadas para a produção de programas televisivos e conseguiram tirar do ar a Opto, plataforma de streaming.

Em mensagem publicada na internet neste domingo, o Lapsus$ diz ter obtido “conteúdo sensível relacionado ao governo, informações pessoais de políticos, documentos dos partidos políticos, configurações de email e senhas”, além de outros dados.

Os criminosos puseram o produto do suposto ataque à venda. O meio de pagamento exigido é a criptomoeda Bitcoin. Os hackers também aproveitaram para se gabar de ataques anteriores, incluindo ofensivas “a ministérios do Brasil”.

De acordo com reportagem do jornal Expresso –que faz parte do grupo atacado pelos hackers no início do mês–, o site do Parlamento de Portugal chegou a ficar cinco minutos fora do ar.

A Polícia Judiciária de Portugal está investigando o caso. Ao jornal português Público, uma fonte da corporação afirmou que ainda é cedo para confirmar se houve ataque. “Há a afirmação de que houve um ataque, mas desconhecemos que ele tenha ocorrido e, caso o tenha, quais são a extensão e a modalidade.”​

A mesma fonte disse ainda que ataques podem acontecer para reter, vender ou destruir informações, e que será preciso realizar muitas investigações para saber, ao certo, o que aconteceu.

A Assembleia da República não respondeu ao contato feito pela Folha. À agência de notícias Lusa, João Leal, diretor da área de Comunicação, disse que o Parlamento investiga o eventual ataque hacker, mas que não existe qualquer evidência, por ora, de que ele tenha ocorrido.

O episódio foi divulgado na tarde deste domingo, quando Portugal realiza eleições antecipadas para escolher a nova composição do Parlamento. O pleito foi marcado após a dissolução do Parlamento, em novembro, provocada pela impossibilidade de chegar a um acordo sobre o orçamento nacional para 2022.

A campanha eleitoral terminou com um empate técnico entre os dois maiores partidos, o Partido Socialista, que governa o país desde 2015, o PSD (Partido Social-Democrata), de centro-direita. O socialista António Costa, atual premiê e virtual candidato a permanecer no posto, viu seu favoritismo diminuir progressivamente nas últimas semanas.

Giuliana Miranda / Folha de São Paulo   

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