Rogério Ferrari é homenageado com o nome do novo edital da Lei Aldir Blanc em Ipiaú

Foto: Divulgação/Arquivo
O novo edital lançado pela Secretaria de Educação e Cultura de Ipiaú, fruto de recurso remanescente da Lei Aldir Blanc, tem o nome do antropólogo e fotojornalista Rogério Ferrari que faleceu no dia 19 de junho deste ano em decorrência de um câncer.

A denominação do edital objetiva expressar o reconhecimento do município a essa personalidade que deixou uma grande contribuição para a cultura, iniciando por realizações em Ipiaú, sua terra natal, e daí pela Bahia, o Brasil e o mundo. Em edital anterior, a Prefeitura Municipal homenageou o artista plástico Fauzi Maron.

Os R$ 45.720,00 (quarenta e cinco mil, setecentos e vinte reais), decorrentes dos recursos remanescentes da Lei nº 14.017, de 29 de junho de 2020, contemplarão 19 propostas nas modalidades de livro e artes visuais. Os prêmios são de 1.500 mil a 5 mil reais.

Filho do empresário Julival Ferrari, da histórica Loja Céu de Estrelas, e de dona Dilce, militante na segunda geração do Movimento Cultural Rapatição, um dos fundadores da Rádio Livre, e autor de vários livros, Rogério Ferrari, 56 anos, retratou a resistência de povos oprimidos e movimentos sociais com foco na liberdade.

Importantes veículos de comunicação nacionais, a exemplo das revistas “Veja” e “Carta Capital”, e internacionais, como a Revista Acción (Argentina) e Periódico El Tiempo (México), além das agências de notícias “Prensa Latina” (Cuba) e “Reuters”(Inglaterra), abriram espaço para o seu trabalho de fotojornalismo. Ele registrou o momento histórico da “Queda do Muro de Berlim”, que significou a derrocada do socialismo autoritário e burocrático stalinista.

Mergulhou fundo na antropologia, tornando-se um observador participante dos povos na luta por sua autodeterminação. Essa busca foi iniciada na Nicarágua, quando serviu como voluntário na colheita de café. Solidarizou-se também com o povo cubano na colheita da cana-de-açúcar. No México, militou na educação com as comunidades indígenas zapatistas.

Criou o projeto “Existências- Resistências” que em mais de vinte anos de viagens e pesquisas publicou sete livros de fotografias (dois destes, com oficinas e exposições pelo país e exterior).

Fotografou os Zapatistas em Chiapas no México; os refugiados palestinos no Líbano e na Jordânia; os Curdos na Turquia; os refugiados Saarauis no deserto de Saara e nos territórios ocupados pelo Marrocos; mapuches no Chile; o MST no Brasil; os ciganos e índios da Bahia.

Era considerado um dos mais interessantes fotógrafos brasileiros engajados em causas sociais. No bom elenco dos agentes culturais de Ipiaú, Rogério Ferrari tem lugar de destaque.

José Américo Castro: Prefeitura de Ipiaú/Dircom

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