Reações da vacina contra covid-19: por que acontecem e como aliviar os sintomas

Sérgio Lima/Poder360 11-mar-2021/
Vacinação contra covid em Brasilia

Com o avanço da vacinação contra a covid-19 nos Estados, muitos têm relatado reações adversas aos diferentes tipos de imunizantes aplicados no Brasil, que são os da Coronavac, Oxford/AstraZeneca e a da Pfizer. Todas requerem duas doses.

Raphael Rangel, virologista e coordenador do curso de biomedicina do IBMR (Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação), explica que os efeitos colaterais a uma vacina são normais.

“A vacina sensibiliza o sistema imunológico assim como qualquer outro tipo de microorganismo. A diferença é que, no micro-organismo, ele pode desenvolver doença. Já a vacina não vai fazer com que a pessoa desenvolva doença, mas a sensibilização no sistema imunológico é a mesma”, disse.

Segundo o Ministério da Saúde, “os eventos pós vacinação são quaisquer que ocorram em associação temporal com a vacinação, tendo ou não relação causal com a vacina. Desta forma, esses eventos passam por uma avaliação de causalidade, após ampla revisão dos dados referentes ao caso e discussão com especialistas”.

Ro Lopes, 54 anos, é uma das pessoas que sentiram os efeitos colaterais da vacina.

“Eu tomei a vacina na 6ª feira (11.jun.2021) de manhã. Saí do posto de vacinação com um pouquinho de ardência no braço, mas nada muito sério. Algumas horas depois o meu braço direito começou a doer de forma intensa, mas foi durante a noite que o mal estar piorou. Eu tive calafrio, febre de 38 graus e dor de cabeça, o meu maior medo porque eu sofro de enxaqueca”, afirmou.

“No sábado tive que tomar antitérmico e analgésico, mas continuei com febre, dor no braço e dor de cabeça. Eu só fui ter um alívio no domingo. Permaneceu a dor no braço até a 4ª feira (16.jun.2021), quando todos os sintomas sumiram. Apesar de tantas reações, continuo confiante na imunização”, disse Lopes que tomou a 1ª dose da AstraZeneca.
Mesmo depois de sofrer com reações adversas após tomar a 1ª dose da AstraZeneca, Ro Lopes, de 54, reforçou a importância da imunização contra a covid
ESPECIALISTA RESPONDE
Isabella Albuquerque, infectologista do Hospital São Vicente de Paulo, na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, respondeu à algumas perguntas feitas pelo Poder360 sobre as reações à vacina anticovid. Leia abaixo:

Quais são os efeitos colaterais mais comuns das vacinas contra a covid?

As reações locais são os efeitos colaterais mais comuns. Muitas pessoas não sentem nada, mas algumas podem evoluir com dor no local da injeção, aumento de temperatura e surgir uma vermelhidão local da aplicação. Essas reações acontecem por uma resposta inflamatória ao produto que foi injetado no corpo. Há ainda as pessoas que podem evoluir com febre, queda do estado geral, dores no corpo e cabeça. Esses sintomas costumam desaparecer em 24h ou até 48 horas após a aplicação da vacina. É importante reforçar que as vacinas disponíveis são todas seguras e capazes de trazer a proteção de que precisamos.

Como manejá-los?

Com cuidados locais. No local da injeção podemos aplicar gelo. Se ficar vermelhidão muito intensa e dolorida, deve-se conversar com o médico para ver se há indicação de medicação sintomática. Febre e dor no corpo a indicação é medicamento sintomático. E sempre não fazer automedicação, é importante conversar com o médico.

Alguma das vacinas causa mais reação?

Não temos hoje uma especificação se uma vacina, em especial, causa mais reação que a outra.

Uma pessoa pode pegar covid-19 com a vacina?

Não pela vacina. É importante entender que a vacina é totalmente inativada, ou seja, ela não tem nada vivo que possa causar a covid. O que pode acontecer é da pessoa já vacinada se contaminar pelo novo coronavírus, porque nenhum imunizante é cem por cento seguro.

Existe algum estudo recente mostrando quantas pessoas têm efeitos colaterais?

Não existe estudo recente mostrando quantas pessoas têm efeitos colaterais. Assim como também não temos nenhum estudo especificando se a segunda dose é pior que a primeira. Essas correlações não existem ainda.

A 2ª dose é pior que a 1ª?

Ter reação ao tomar a 1ª dose não significa que você vá ter na 2ª também. Mas é importante estar atento à possibilidade de alergia, que é uma reação mais rara. Caso a pessoa tenha uma reação anafilática, o indicado é que não tome a 2ª dose. Mas o que temos observado é que as vacinas da covid-19 são bastante seguras, a maioria das reações é localizada. As reações sistêmicas são de curta duração.

Posso pular a 2ª dose para evitar reação?

Não pode. A imunização só acontece após a aplicação da 2ª dose da vacina.

Posso tomar medicamentos para reação?

No caso de dor, pode-se tomar um medicamento sintomático. Mas volto a enfatizar, é sempre bom conversar com o médico.

Quando buscar ajuda?

Em caso de efeitos colaterais prolongados, que não se resolvam em até 48 horas.

Os efeitos colaterais valem a pena?

Os efeitos colaterais são incômodos, mas esses de menor gravidade são para um bem maior, que é obter a proteção contra a covid-19. Sem dúvida, optar pela vacina é um passo fundamental de proteção da nossa vida e de quem amamos.

Ao Poder360, o Ministério da Saúde orientou que, ao apresentar algum tipo de sintoma após a vacinação, a pessoa deve procurar a Unidade Básica de Saúde onde o imunizante foi aplicado para que o profissional de saúde faça o registro no sistema.

Além disso, afirmou que “a vigilância de eventos adversos pós vacinação é rotina do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para todas as vacinas ofertadas no Calendário Nacional de Vacinação”. O detalhamento pode ser encontrado no manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação.

De acordo com a pasta, para a introdução das vacinas contra covid-19 foi publicado o Protocolo de Vigilância Epidemiológica e Sanitária de Eventos Adversos Pós-vacinação. A data do documento consta de dezembro de 2020.

O Ministério afirmou ainda que conta com o CIFAVI (Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e outros Imunobiológicos), um comitê que envolve a participação de especialistas ad-hoc de múltiplas especialidades medicas (neurologia, imunologia, infectologia, cardiologia, pediatria, reumatologia, hematologia), representantes do PNI, Anvisa e Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde.

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