MDB pode se tornar centro da cobiça para 2022 na Bahia, por Raul Monteiro*

Foto: Divulgação/Arquivo/Ex-deputado federal Lucio Vieira Lima

Na Bahia, não tem Centrão certo. É o velho e manjado MDB de guerra que, um ano antes das eleições de 2022, deve aparecer como um dos partidos mais cobiçados na sucessão do governador Rui Costa (PT). A sigla está, oficialmente, na base do prefeito Bruno Reis (DEM), depois de ter apoiado as duas eleições de ACM Neto (DEM) à Prefeitura e participado de seus dois governos. Na campanha passada, depois de um pequeno certo ‘estica-me-larga’ com o grupo e de uma paquera clandestina com o governador, acabou também se mantendo ao lado de Bruno, de cuja gestão faz parte hoje.

Apesar da longeva aliança com o DEM em Salvador, o partido, no entanto, exercita abertamente sua liberdade política e não descarta aproximações com nenhum player. Com esse espírito, retomou recentemente uma conversa antiga com o senador Jaques Wagner, virtual candidato do PT ao governo, e, posteriormente, se reuniu com o secretário de Relações Institucionais do governo, Luiz Caetano. Apesar de, nas duas oportunidades, o MDB ter sido representado fisicamente pelo presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Jr., a costura passa, no entanto, pela chamada ‘intelligentsia’ emedebista, exercida pelo ex-deputado Lúcio Vieira Lima.

Foi, por exemplo, para ele que Wagner ligou, em sinal de reconhecimento a quem manda, antes de responder a um telefonema do presidente da Câmara solicitando o encontro. Sabia que, no partido, Geraldo e nada são a mesma coisa e que, como de fato aconteceu, trataria com ele apenas de perfumaria e temas paroquiais dos quais seu saco já anda cheio, como o desejo do presidente da Câmara de concorrer de qualquer jeito a uma vaga na Câmara dos Deputados, eventualmente, com o seu apoio. Sabedor de que o sonho é impossível do lado democrata hoje, onde a prioridade é a eleição do secretário municipal de Saúde, Leonardo Prates, Geraldo busca alternativas.

Apesar, portanto, de o encontro com o presidente da Câmara não ter significado qualquer perspectiva de aproximação real com o MDB, dado seu poder no partido ser equivalente a menos zero, a iniciativa do emedebista foi habilmente usada por Wagner para dar uma arejada na abertura que já possui com Lúcio, colocando, em sequência, Caetano na jogada. De fato, o partido gera grande interesse no petista porque, além do tempo de TV, tem fundo farto para a campanha e pode abrigar todos os candidatos a deputado que, sob o seu interesse, na eventualidade de uma aliança, precisem de abrigo para concorrer aos Legislativos – federal e estadual.

Há segura aposta de que o movimento de Wagner em relação à legenda, que pode se intensificar, refluir ou solidificar no ano das eleições, tire o DEM de Bruno e Neto, hoje franco favorito à disputa ao governo, da zona de conforto de quem lidera há anos o aliado, jogando os emedebistas na gloriosa posição daqueles que vertem cobiça por todos os lados e podem, por este motivo, avaliar com cuidado as propostas que lhes chegam para poder optar pela que considerem melhor. Ponto para Lúcio, que soube lutar com todas as forças quando a fortuna lhe faltou e tentaram, aproveitando sua fraqueza, lhe tirar do peito o escudo com que não tem quem o segure na arquibancada.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.
Raul Monteiro*

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