Governo da Bahia precisa demonstrar mais do que preocupação com a morte dos baianos

Foto: Gilberto Júniro/Arquivo
Se o governador Rui Costa (PT) acredita que poderá conter a revolta que anima principalmente comerciantes e empregados do setor de serviços contra o Toque de Recolher exclusivamente com as demonstrações, inclusive elogiáveis, de preocupação com as vidas que estão sendo ceifadas pela pandemia ele está redondamente enganado.

Suas lágrimas em frente às câmeras de TV, das quais não há porque duvidar, assim como as iniciativas para melhorar o atendimento às vítimas da Covid-19, podem ter até ajudado a sensibilizar a opinião pública quanto à gravidade do momento vivido pela Bahia, mas estão longe de conter o clima perigoso de sublevação que já se assiste.

Rui precisa entender que está em jogo a sobrevivência de micro-empresários, os maiores empregadores do país, sem colchão para suportar uma crise que já se arrasta há um ano sem que tenham tido apoio devido do governo federal para fazer frente a dificuldades que vão de pagar as contas de seus negócios à quitação de compromissos pessoais.

Nesse estágio, fazer o velho discurso da importância da prevalência da vida sobre a economia não convence mais ninguém. É preciso agir e apresentar aos comerciantes e trabalhadores um pacote de incentivos e suporte que lhes dê pelo menos esperança e alento para superar com dignidade os efeitos das restrições inadiáveis.

Uma boa direção seria se espelhar no conjunto de decisões tomadas pelo ex-prefeito ACM Neto (DEM), as quais tiveram prosseguimento com o sucessor Bruno Reis (DEM), mas principalmente no exemplo de outros governadores que enfrentam os mesmos problemas e têm buscado, ao invés do afastamento, se aliar aos empresários para superar a crise.

Para ficar no mesmo campo político de Rui, quem tem se sobressaído neste quesito é o petista Camilo Santana, governador do Ceará, que ontem, por exemplo, anunciou um pacote de medidas para auxiliar o setor de bares e restaurantes que inclui desde isenções a auxílio financeiro de R$ 1 mil a desempregados do setor.

O que o governador da Bahia precisa compreender é que, para tomar iniciativas ousadas que mostre que se preocupa com a sociedade como um todo, é preciso ter secretários competentes e capazes de lhe mostrar o caminho exatamente quando o cenário se obscurece pelo choque entre novas e inesperadas demandas e recursos escassos.

Neste sentido, Rui paga o preço de ter se contentado até agora com auxiliares fracos, suficientes para lhe apresentar apenas o feijão com o arroz em condições de normalidade, a exemplo do titular da Fazenda, Manoel Vitório, um fiscalista sem grandes horizontes incapaz de maiores criatividades até sob um quadro de calmaria.

De dentro da administração, técnicos já vinham dizendo que algumas sugestões habitualmente apresentadas por Vitório para administrar o Estado, além de primárias, são absolutamente contraproducentes. Não espanta que, quando mais precisa, Rui não possa contar com o apoio em casa para conseguir liderar os segmentos econômicos na crise.

Política Livre

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