Justiça brasileira não terá credibilidade com Lula preso, escrevem juízes europeus ao STF

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Uma carta aberta redigida por três ex-presidentes de cortes superiores de justiça europeias pede aos “colegas magistrados do Supremo Tribunal Federal” brasileiro que reflitam sobre “os vícios dos processos iniciados contra Lula”. O texto é assinado por Tomás Quadra-Salcedo, ex-presidente do Conselho de Estado da Espanha de 1985 a 1991 e ex-ministro da Justiça do país, por Franco Gallo, que presidiu a Corte Constitucional da Itália em 2013, e por Giuseppe Tesauro, que comandou o mesmo tribunal superior em 2014.

Eles afirmam que as revelações do site The Intercept Brasil, feitas em parceria com outros veículos de imprensa, reforçam a suspeita de que o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter sido tendencioso. “Como já foi mencionado por muitos colegas, brasileiros e de outros países do mundo, as revelações do jornalista Glenn Greenwald e sua equipe do site de informações The Intercept, em parceria com os jornais Folha de S.Paulo e El País, a revista Veja e outras mídias, reforçaram a natureza política da acusação contra Lula”, diz a carta.

“Elas também confirmaram aos olhos do mundo, como sempre foi afirmado por Lula e seus advogados, o caráter tendencioso do ex-juiz Moro e do ministério público, e, como resultado, a ausência de um julgamento justo e independente contra o ex-presidente”, segue o texto. O manifesto afirma que a Operação Lava Jato se transformou em um partido político, que, além de condenar Lula, contribuiu para o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef e para a chegada de Jair Bolsonaro ao poder.
Dizem os três juízes: “Essas revelações confirmaram que a Operação Lava Jato, sob o pretexto de combater a corrupção, se transformou em um partido político, contribuindo para a destituição de Dilma Rousseff em 2016, bem como para a perseguição política contra ao ex-presidente Lula. Essa perseguição funcionou, pois permitiu a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República”.



Folhapress