Sem nomes de Lula e Dilma, relatório da CPI do BNDES é aprovado

Ex-presidentes Lula e Dilma Roussef
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou nesta terça-feira, 22, relatório final que sugere indiciamento de 54 pessoas, entre elas o ex-presidente do banco Luciano Coutinho e empresários Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F. Os nomes dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, foram excluídos do texto.

Os ex-presidentes petistas acabaram ficando de fora do texto final após acordo costurado na semana passada entre a bancada do PT e os partidos do chamado Centrão com o relator da CPI, Altineu Côrtes (PL-SP). Outros 10 nomes acabaram excluídos do texto final.

Na segunda-feira, 22, o presidente da CPI, Vanderlei Macris (PSDB-SP), e Côrtes chegaram a alardear que a comissão poderia acabar em pizza, ou seja, sem votação por conta do processo de obstrução comandado pelo PT, PSOL e partidos de centro. A estratégia adiou a votação por quatro sessões colocando em risco a discussão do relatório.

Contudo, nesta terça-feira, a estratégia petista naufragou após Macris acelerar o início da discussão da proposta enquanto a maioria dos deputados contrários ao texto deixou o plenário durante o início dos trabalhos. Apesar da aprovação do texto, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) reclamou do texto final.

“Foi uma meia pizza. Sem os nomes de Dilma e Lula, o relatório fica esvaziado. Por isso, vou encaminhar ao Ministério Público o meu voto em separado com todos os indiciamentos originais”, afirmou a parlamentar.

É a primeira das três CPIs que a Câmara realizou nos últimos cinco anos sobre empréstimos envolvendo o banco de fomento que terminou com pedidos de indiciamentos.

De acordo com o documento final, houve falha do banco no financiamento de obras na Venezuela, em Cuba, em Moçambique e em outros países durante os governos do PT, além de empréstimos irregulares ao grupo J&F.

O banco sempre negou ter falhado ao conceder os empréstimos, parte de estratégia das gestões dos ex-presidentes Lula e Dilma para incentivar a internacionalização de empresas brasileiras e a formação dos “campeões nacionais” – como ficaram conhecidas as empresas que tiveram mais acesso aos créditos do banco.

Adversários, porém, apontam motivações políticas nas operações, que beneficiaram empreiteiras alvo da Lava Jato e a JBS. De acordo com as investigações, três núcleos foram responsáveis por facilitar a liberação dos empréstimos a países aliados aos governos petistas. O principal seria o núcleo político, que teria sido capitaneado pelo Planalto nas gestões de Lula e Dilma.

De acordo com as informações obtidas pela CPI, integrantes do governo pressionavam órgãos que tinham a função de avaliar a viabilidade das transações a rebaixar os riscos das operações financeiras para o Tesouro, que era o fiador final.



Estadão