China prende chefe de relações internacionais do Partido Comunista para interrogatório, diz jornal

O alto diplomata Liu Jianchao, 61, chefe de relações internacionais do Partido Comunista Chinês e visto como potencial futuro ministro das Relações Exteriores da China, foi detido por autoridades do país para interrogatório, segundo reportagem publicada na noite de sábado (9) pelo jornal americano The Wall Street Journal.

Jianchao foi levado após retornar a Pequim de uma viagem de trabalho ao exterior no final de julho, e o motivo de sua prisão ainda é desconhecido, segundo o WSJ, que atribui as informações a “pessoas familiarizadas com o assunto”.

Líder do Departamento Internacional do partido desde 2022, o diplomata viajou para mais de 20 nações e se reuniu com autoridades de mais de 160 países nesse período. Seus compromissos públicos mais recentes foram visitas a Singapura, à África do Sul e à Argélia.

A detenção de Jianchao marca a investigação de mais alto nível envolvendo um diplomata desde que a China destituiu seu ex-ministro das Relações Exteriores e pupilo do líder Xi Jinping, Qin Gang, em 2023, apenas sete meses após nomeá-lo, por rumores de que ele manteve um caso extraconjugal enquanto era embaixador de Pequim em Washington.

Nascido na província de Jilin, no nordeste da China, Jianchao entrou no Partido Comunista Chinês e no Ministério das Relações Exteriores na década de 1980, mesmo período em que estudou relações internacionais na Universidade de Oxford. Destacou-se diante do público em 2008, como porta-voz do ministério durante as Olimpíadas de Pequim.

Depois, foi embaixador nas Filipinas e na Indonésia, e dirigiu vários órgãos regionais e nacionais responsáveis por implementar a campanha anticorrupção de Xi Jinping. No cargo atual, o diplomata tem viajado com mais frequência do que seu antecessor, incluindo idas aos Estados Unidos e a outros países ocidentais que os chefes anteriores do Departamento Internacional não costumavam visitar.

O Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu aos pedidos de comentário do WSJ e da agência de notícias AFP. O Escritório de Informação do Conselho de Estado da China não respondeu à agência Reuters, que também entrou em contato com o Departamento Internacional do Partido Comunista Chinês e não obteve resposta.

Folhapress

Sanção de Trump extrapola Moraes e coloca STF sob pressão inédita

Embora voltada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a aplicação da Lei Magnitsky pelos EUA extrapola o magistrado e gera tensão inédita na corte e no Poder Judiciário, avaliam especialistas ouvidos pela Folha.

Eles também falam em ataque à soberania e projetam que a medida não deve mudar o comportamento do Supremo na ação penal que julga a tentativa de golpe de 2022 –liderada, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governo do presidente Donald Trump aplicou contra Moraes sanções econômicas via Lei Magnitsky, legislação do país voltada a violadores de direitos humanos e líderes acusados de corrupção.

Ao anunciar a medida, no final de julho, os EUA afirmaram que Moraes usou sua posição de magistrado para “autorizar detenções arbitrárias” e “suprimir a liberdade de expressão”.

Antes da aplicação da Lei Magnitsky, o governo americano já havia proibido a entrada de Moraes e de outros ministros do STF nos Estados Unidos. Na sequência, anunciou o tarifaço de 50% a produtos brasileiros, este também associado ao julgamento de Bolsonaro na corte.

Na última quinta-feira (7) a embaixada dos Estados Unidos afirmou em publicação nas redes sociais que “aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas” também podem ser punidos.

Logo após a aplicação da Magnitsky, o Supremo lançou nota de apoio ao magistrado. No comunicado, a instituição ressaltou que “não se desviará do papel de cumprir a Constituição e as leis do país” e que o julgamento de crimes como os imputados ao ex-presidente é de exclusiva competência da Justiça.

O recado também foi dado durante sessão de abertura do semestre do Judiciário, quando prevaleceu o discurso sobre a independência da Justiça brasileira.

A reação pública dos ministros da corte de apoio a Moraes foi, porém, abalada depois que o magistrado decretou de ofício, no início deste mês, a prisão domiciliar de Bolsonaro.

Segundo o juiz, Bolsonaro desrespeitou medida cautelar que o proibia de usar as redes sociais ao participar de manifestações por intermédio de terceiros.

A prisão domiciliar renovou à máxima potência o esforço pelo impeachment do ministro vindo de bolsonaristas, que chegaram a se amotinar no Congresso.

Também parte dos ministros do STF desaprovaram a medida, embora alguns deles, como Gilmar Mendes, tenham mantido apoio público às ações do magistrado.

Para Diego Nunes, professor de direito da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a decisão inédita de aplicar a lei Magnitsky contra uma autoridade brasileira não deve concretamente interferir no julgamento de Bolsonaro.

A avaliação do especialista vai em direção à manifestação de magistrados da corte ouvidos pela Folha. Eles refutam a ideia de que as sanções interfiram na ação penal e falam na possibilidade de o julgamento ser permeado por discurso de soberania.

Nunes classifica o episódio como uma tentativa internacional de descrédito da Justiça brasileira. Para o especialista, os Estados Unidos aplicaram mal a legislação, que foi desenhada para punir ditadores, traficantes e terroristas.

“Eventualmente pode-se discordar de uma ou outra decisão de Moraes, mas elas não acarretaram graves violações de direitos humanos e muito menos se referem a atos de corrupção”, diz.

Adriana Cecilio, que é especialista e mestre em direito constitucional, também classifica a sanção como ataque ao Poder Judiciário. Ela lembra que as decisões de Moraes têm sido respaldadas pela própria corte e que não cabe ao presidente de outro país se imiscuir nas decisões do STF.

“Sancionar Moraes pela atuação em um processo em que outros ministros e a própria corte estão atuando é agir contra a instituição e, por conseguinte, contra o Estado brasileiro”, diz.

Para Cecilio, aqueles que consideram haver irregularidades na conduta do juiz precisam tentar seu impeachment via Congresso.

“Atuar no exterior contra o Estado brasileiro é gravíssimo”, diz. “O processo de impeachment, devidamente fundamentado, é o único caminho jurídico-político autorizado pela nossa Constituição nos casos em que se quer afastar um ministro”.

Álvaro Palma de Jorge, professor da FGV Direito Rio especialista em tribunais superiores, considera que o STF vai precisar de tempo para refletir sobre o contexto inédito de pressão.

“Essa é uma decisão que procura sancionar alguém que está agindo no âmbito das competências do Poder Judiciário do Brasil. Portanto, vai além de uma sanção pessoal a Moraes”, afirma.

“Parece configurar uma discussão mais ampla sobre como a legislação estrangeira pode ser usada para penalizar as decisões que são tomadas em outro país.”

Nesse sentido, a sanção extrapola Moraes para atingir a Justiça e a soberania nacional, afirma o professor. Ele entende que a medida respinga em outras instituições, como a PGR e a Polícia Federal, e pode atingir outros agentes públicos.

“E se amanhã ela [Lei Magnitsky] for aplicada ao presidente da Câmara ou da República? “, questiona.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou em nota no fim de julho que não se pode “apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República”.

Na ocasião, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado e do Congresso Nacional, disse que o Legislativo não admitirá interferência nos Poderes.

“Reafirmo a confiança no fortalecimento das nossas instituições, entre elas o Poder Judiciário, elemento essencial para a preservação da soberania nacional, que é inegociável. O Congresso Nacional não admite interferências na atuação dos nossos Poderes.”

Já o presidente Lula (PT) chamou de inaceitável a interferência dos Estados Unidos e afirmou que Moraes é “alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses”.

Ana Gabriela Oliveira Lima/Folhapress

Não se pode exterminar Gaza por causa de um grupo terrorista, diz senador filho de palestino

Filho de pai palestino, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirma que a existência do grupo terrorista Hamas não justifica o extermínio de uma população inteira e diz que ainda se espanta com a conivência do mundo diante das ações do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu.

“Nada que o Hamas fez é de aplaudir. O Hamas é um grupo terrorista, mas você não pode exterminar uma população toda por causa de um grupo terrorista”, afirma.

“Ele diz: ‘Eu vou ocupar e acabou. Tenho poderio e acabou’. E o mundo ainda cruza os braços, ainda manda armamento toda hora. Eles não se penalizam com criança morrendo de fome em pleno século XXI.”

O premiê de Israel organizou uma entrevista coletiva neste domingo (10) para defender a expansão da guerra e a ocupação da Cidade de Gaza. “Dada a recusa do Hamas de abaixar as armas, Israel não tem outra alternativa a não ser terminar o trabalho e derrotar o Hamas”, disse.

O anúncio dos planos de ocupar o território chocou ativistas e organizações de direitos humanos que apontam para violações em série ao longo dos 22 meses de guerra. A medida prevê o deslocamento forçado de milhares de palestinos até 7 de outubro.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou neste domingo que mais cinco pessoas morreram de fome no território, elevando o número de mortos por desnutrição desde o início da guerra a 217, incluindo 100 crianças.

Aziz também critica o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado de Israel. “Por causa de uma pessoa aqui, o Trump sanciona o Brasil, taxa o Brasil em 50%”, afirma, em referência à decisão de Trump de sobretaxar os produtos importados brasileiros para pressionar o Judiciário e o governo federal diante da iminente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Enquanto isso, ele [Trump] está lá de braço cruzado, vendo o povo sendo massacrado, humilhado e extinto. Então é esse o mundo em que nós estamos vivendo”, diz.

Thaísa Oliveira/Folhapress

Lula acelera pacote social e mira classe média e periferia para tentar recuperar apoio até a eleição brasil

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca aproveitar ao máximo a leve melhora em seus índices de popularidade após apostar em um discurso de justiça tributária nas redes. A gestão petista decidiu acelerar o lançamento de programas sociais, ao mesmo tempo em que Lula intensificou agendas junto à população e recorreu à retórica da soberania nacional como resposta ao tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil.

Entre as iniciativas estão o programa Gás para Todos, que prevê a distribuição de botijões de gás para famílias de baixa renda; o Luz do Povo, que isenta essas famílias do pagamento da conta de luz ou oferece descontos; e o Agora tem Especialistas, voltado à redução da fila de espera no Sistema Único de Saúde (SUS). A previsão é que o primeiro programa seja implementado este mês, por meio de uma Medida Provisória. Os outros dois já tiveram suas MPs publicadas.

O governo ainda planeja lançar uma nova linha de crédito para pequenas reformas em residências, que tem o nome provisório de Melhorias. Também está no cardápio de ações um programa de financiamento para a compra de motos e carros para trabalhadores de aplicativos.

Além do pacote voltado à população de baixa renda, o governo pretende beneficiar a classe média com o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês. Outra aposta nessa direção foi o lançamento de uma nova faixa do Minha Casa Minha Vida, voltada para famílias com renda de até R$ 12 mil mensais.

Além disso, a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública é considerada outra medida com impacto sobre a classe média urbana. No início deste mês, o PT realizou seu encontro nacional, no qual essas e outras propostas prioritárias foram discutidas com a bancada petista no Congresso.

Um integrante do primeiro escalão do governo ouvido pela reportagem afirmou que o lema no Palácio do Planalto é aproveitar o momento de alguma melhora na popularidade para apresentar entregas concretas à população.

Segundo esse interlocutor, o governo Lula entrou em uma nova fase após a crise envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), conseguindo uma rara imposição em relação à direita nas redes sociais ao emplacar o discurso de justiça tributária, centrado na ideia de “ricos versus pobres”.

Esse mesmo ministro avalia ainda que a sobretaxa de 50% anunciada por Trump sobre produtos brasileiros exportados aos EUA acabou fortalecendo o governo Lula.

Segundo a última pesquisa Genial/Quaest, publicada uma semana após o anúncio do tarifaço, a reprovação ao governo petista recuou de 57% para 53%, enquanto a aprovação variou de 40% para 43%. Outros levantamentos mostraram dados semelhantes, à exceção do Datafolha, que registrou estabilidade, com 40% de reprovação e 29% de aprovação da gestão petista.

Lula intensifica agendas com a população

Após uma intensa agenda internacional entre maio e junho, Lula passou a dar prioridade a compromissos com participação popular. Em julho, participou de nove eventos públicos – contra quatro registrados em junho –, o que fez do mês o período com maior presença direta do presidente entre a população em 2025 até agora.

Desde o fim de junho, o petista realizou duas agendas em São Paulo: uma visita à Favela do Moinho, na região central da capital, e outra à comunidade do Jardim Rochdale, em Osasco, na Grande São Paulo. Em ambas, entrou nas casas de moradores, conversou com famílias e produziu conteúdo para suas redes sociais. Aproveitou ainda os encontros para reforçar discursos em defesa da justiça tributária e da soberania nacional.

“Quem ganha R$ 1 milhão por ano vai pagar um pouquinho para a gente fazer com que as pessoas que ganham menos não paguem. Como se chama isso, aumento de imposto? Não, se chama justiça tributária. É isso que estamos fazendo, e por isso tem algumas pessoas chiando”, declarou Lula, em agenda em São João da Barra (RJ).

Após o anúncio do tarifaço, o governo incorporou a bandeira do Brasil e as cores verde e amarela em sua comunicação oficial – símbolos tradicionalmente associados ao bolsonarismo – numa tentativa de confrontar a narrativa nacionalista sustentada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem Lula tem chamado de “traidor da pátria”.

Essas ações vêm na esteira de discursos em defesa da justiça social, intensificados após uma série de derrotas no Congresso. Sob a liderança do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, o governo deixou em segundo plano o slogan “União e Reconstrução” e busca se afastar da identidade associada ao Centrão.

Segundo um dirigente petista, a estratégia para o segundo semestre é ampliar a presença pública de Lula, com foco em lançamentos de programas sociais e participações em entrevistas. Embora o governo negue que as ações tenham viés eleitoreiro, os programas anunciados, se bem-sucedidos, tendem a melhorar o desempenho da gestão, fortalecendo o PT para o ano eleitoral.

Para o cientista político e professor da FGV Marco Teixeira, as recentes ações de Lula reforçam a marca de um governo de esquerda e resgatam elementos das gestões anteriores do petista. “Talvez seja isso o que hoje diferencia a esquerda da direita. E esse movimento ocorre em um bom momento para o governo, pois ajuda a demarcar ainda mais sua posição”, afirma.

Segundo Teixeira, Lula encontrou um novo mote após a disputa sobre o IOF no Congresso e conseguiu reduzir o nível de atrito nas duas Casas legislativas após o tarifaço anunciado por Trump.

“Não foi por mérito do governo, mas por ação do próprio Eduardo Bolsonaro e de Trump, que acabaram, de certa forma, forçando o Congresso a se afastar da chamada oposição, especialmente da ala mais barulhenta. O governo vive, assim, uma espécie de tempestade perfeita, só que favorável a ele.”

A cientista política e professora da FGV Lara Mesquita avalia que o novo discurso do presidente impõe um custo político elevado ao Congresso. “Se o Legislativo derrubar esses programas, reforça-se a imagem de um Executivo que defende os pobres contra um Congresso alinhado aos interesses dos ricos. Mas me parece pouco provável que os parlamentares optem por esse caminho, dado o ônus em termos de imagem pública.”

Zeca Ferreira e Adriana Victorino/Estadão Conteúdo

Diante da recusa do Hamas de abaixar as armas, Israel precisa terminar o trabalho em Gaza, diz Netanyahu mundo

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, reafirmou neste domingo (10) a intenção de prosseguir com a guerra na Faixa de Gaza diante da recusa do Hamas de se render. A fala ocorre em meio a uma onda de indignação com as cenas de fome no território palestino e a despeito da pressão internacional por um cessar-fogo.

“Dada a recusa do Hamas de abaixar as armas, Israel não tem outra alternativa a não ser terminar o trabalho e derrotar o Hamas”, afirmou o premiê em uma entrevista coletiva, acrescentando que a facção ainda teria “milhares de terroristas armados”. “Nosso objetivo não é ocupar Gaza, é libertar Gaza, libertá-la do terrorismo do Hamas.”

O anúncio dos planos de ocupar o território chocou ativistas e organizações de direitos humanos que apontam para violações em série ao longo dos 22 meses de guerra. No final de julho, duas das principais ONGs de direitos humanos de Israel afirmaram que o país comete genocídio em Gaza —acusação que Tel Aviv nega.

Uma das acusações mais comuns é em relação à restrição de ajuda humanitária que o Estado judeu impõe ao território. Neste domingo, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que cinco pessoas morreram de fome no território, elevando o número de mortos por desnutrição desde o início da guerra a 217, incluindo 100 crianças.

Até agora, mais de 61 mil pessoas foram mortas por Israel durante o conflito, de acordo com a Defesa Civil de Gaza, que registrou também 27 mortos neste domingo, incluindo 11 a tiros enquanto aguardavam distribuição de alimentos.

Durante a entrevista neste domingo, Netanyahu em um primeiro momento se negou a falar se acredita que há fome generalizada em Gaza e criticou a imprensa internacional por publicar fotos de crianças esqueléticas que, segundo ele, não comprovariam a crise humanitária no território, uma vez que teriam condições preexistentes. Minutos depois, porém, o premiê admitiu que houve um “problema de privação” no território.

De acordo com estatísticas militares israelenses, uma média de 140 caminhões de ajuda entraram em Gaza diariamente durante o conflito —cerca de um quarto do que as agências humanitárias afirmam ser necessário para atender os mais de 2 milhões de habitantes do território.

Confirmar as afirmações é um desafio para a imprensa internacional, que também enfrenta restrições para entrar em Israel. Segundo o premiê, o Exército foi instruído a facilitar a entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza.

Netanayhu insistiu também que a ideia não é permanecer em Gaza, mas destruir o que considera “os dois últimos bastiões do Hamas”, que estariam na Cidade de Gaza e no campo de refugiados no centro do território. “Ao contrário do que se alega, esse é o melhor jeito de acabar com a guerra”, disse.

O plano envolveria entregar o território para um órgão civil não israelense, reafirmou o premiê, sem entrar em detalhes.

Os planos não causaram alarde apenas em ONGs e ativistas pró-Palestina, no entanto. O anúncio também foi mal recebido pelas famílias dos reféns, que veem a ideia como uma sentença de morte para seus parentes, nas mãos do grupo terrorista desde outubro de 2023.

Na última semana, relatos na imprensa israelense mostraram divergências entre o premiê e o chefe do Exército, Eyal Zamir, que considera o plano uma armadilha que colocaria os sequestrados em perigo. O Hamas, por sua vez, alertou que a nova ofensiva terminaria com o “sacrifício” dos reféns.

“O gabinete decidiu o destino dos reféns: os vivos serão mortos e os mortos desaparecerão para sempre”, afirmou Einav Zangauker, mãe de um dos sequestrados que ganhou notoriedade na mobilização das famílias. “Se os reféns forem mortos, nós os caçaremos. Nas praças, durante as campanhas eleitorais, em todos os momentos e em todos os lugares”, disse sobre o premiê Shahar Mor Zahiro, sobrinho de um refém assassinado.

Neste domingo, Netanyahu falou que estava discutindo “maneiras criativas” para libertar os sequestrados, sem entrar em detalhes.

Internacionalmente, o premiê também viu a pressão aumentar, com diversos países, incluindo membros permanentes do Conselho de Segurança, como Reino Unido e França, demonstrarem a intenção de reconhecer o Estado palestino.

“Desafia a compreensão que pessoas inteligentes, diplomatas e líderes mundiais, caiam na mentira [de que um Estado palestino encerraria o conflito]. Os palestinos não querem criar um Estado, eles querem destruir um Estado. O Estado judeu”, afirmou o político.

A extrema direita israelense, por sua vez, critica Netanyahu, mas por não ir além da Cidade de Gaza. “A vitória é possível. Quero toda a Faixa de Gaza, a transferência [de sua população] e a colonização”, disse o ministro da Segurança Nacional de Netanyahu, o extremista Itamar Ben-Gvir.

Já o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um dos mais radicais membros do gabinete de Netanyahu, disse que o premiê “se rendeu aos fracos”. “Eles decidiram repetir a mesma abordagem mais uma vez, lançando uma operação militar que não busca uma resolução decisiva, mas simplesmente pressionar o Hamas a chegar a um acordo parcial sobre os reféns”, disse.

O líder da oposição, Yair Lapid, por sua vez, também criticou o plano, mas por outras razões. “Eles vão mobilizar 430 mil reservistas no último minuto. Eles estão desmantelando o país por dentro”, afirmou à imprensa neste domingo.

Folhapress

Metade das demissões em 2024 foi causada por questões comportamentais

Um levantamento feito para 6º Observatório de Carreiras e Mercado realizado pelo PUCPR Carreiras, setor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), revelou que 50% das demissões em 2024 foram causadas por questões comportamentais. Em seguida aparecem a automação das atividades (25%), a redução de custos e os cortes de despesas (25%). A pesquisa contou com a participação de 3.631 estudantes, 3.655 alumni (ex-alunos) e 583 empresas da área de recrutamento humano.

“O mercado valoriza profissionais que unem competência técnica e habilidades para uma boa convivência. Um único indivíduo com atitudes negativas pode comprometer toda a equipe, surgem conflitos, a produtividade cai e talentos são perdidos. Por isso, é preciso olhar para o autoconhecimento”, explica a coordenadora do PUCPR Carreiras, Luciana Mariano.

Segundo ela, o sucesso está cada vez mais baseado na combinação entre saber fazer as tarefas e saber conviver com as pessoas.

“Mais do que dominar ferramentas ou processos, é preciso desenvolver inteligência emocional, empatia, respeito e responsabilidade nas relações, além de se auto avaliar sempre, se questionando sobre sua postura nas relações do dia a dia e a sua forma de lidar com as emoções e com os outros no ambiente de trabalho”, avalia.

O estudo mostrou que no ano passado as habilidades mais valorizadas foram a comunicação oral (11,46%), o planejamento (10,73%), a solução de problemas (10,18%), gestão de conflitos (7,51%) e a comunicação escrita (7,42%).

De acordo com o estudo, em comparação com 2021, período em que as empresas lidavam diretamente com os efeitos da pandemia, observa-se uma mudança nas prioridades, com as habilidades ligadas à solução de problemas (12,58%) ocupando o topo da lista.

Agência Brasil

Avião de deputado cai nos Lençóis Maranhenses e deixa dois mortos


Um avião de pequeno porte caiu neste sábado (9) no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no município de Santo Amaro do Maranhão, e deixou dois mortos. Morreram no desastre o piloto Victor Manoel Britto, 43 anos, e a passageira, a médica veterinária Bruna Emanoely, 23 anos, natural de Santa Inês (MA).

A aeronave, do modelo anfíbio Super Petrel LS, tinha sido fabricada em 2012 e pertencia ao deputado estadual Francisco Nagib Buzar de Oliveira (PSB). Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava em situação regular.

Ontem fim da tarde, a aeronave foi dada como desaparecida. Durante a madrugada, o Corpo de Bombeiros localizou os destroços e os dois corpos próximo à Lagoa das Pedras, no meio das dunas dos Lençóis Maranhenses.

Em postagem nas redes sociais, o deputado estadual lamentou o acidente e prestou solidariedade às famílias das vítimas, especialmente do piloto, de quem era amigo.

“Manifesto meu mais profundo sentimento de pesar às famílias das vítimas, em especial à família Britto, pela perda irreparável de seu filho, Victor Manoel Britto. Manoel era um amigo muito próximo que a aviação me presenteou. Um jovem cheio de vida, apaixonado, com tantos sonhos pela frente. Sua partida tão precoce nos deixa um vazio imenso e uma dor difícil de expressar em palavras.”

As causas do acidente estão sendo investigadas. Os corpos chegaram ao Instituto Médico Legal de São Luís ainda de madrugada e aguardam liberação.

Wellton Máximo/Agência Brasil

Corrida por terras raras: descoberta de jazida em MG atrai mais de 100 pedidos de mineração

Pelo menos 100 pedidos de pesquisa foram apresentados à Agência Nacional de Mineração (ANM) em dois anos na região de cratera de vulcão considerado 'unicórnio' da mineração.

A presença de um grande depósito de terras raras em uma cratera de um vulcão extinto em Poços de Caldas (MG), no Sul de Minas Gerais, considerado um “unicórnio” da mineração, levou a uma “especulação imobiliária” por áreas que podem conter estes minerais.

Nos anos de 2023 e 2024, logo após o anúncio de que empresas australianas estavam investindo para minerar a região, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu mais de uma centena de pedidos de pesquisa de terras raras na cratera e seu entorno, o equivalente a um terço de todas as autorizações de pesquisa para estes minérios concedidas para Minas Gerais no período.

Terras raras são um conjunto de 17 minérios de difícil extração, considerados estratégicos para as áreas de tecnologia e energética (veja infográfico abaixo). Estes compostos são alvo de disputas comerciais entre China e Estados Unidos. No fim de julho, os EUA manifestaram desejo de fazer acordo com o Brasil para obter os minerais.

Corrida por terras raras

A cratera do vulcão - também chamada de planalto - de Poços de Caldas possui cerca de 800 km², a maioria coberta com argila contendo íons de terras raras. A área engloba, além de Poços, os municípios mineiros de Andradas, Caldas e o município de Águas da Prata em São Paulo.
A região é considerada um "unicórnio" da mineração devido ao tamanho da jazida, capaz de abastecer 20% da demanda mundial, e à facilidade de extração, uma vez que os minérios estão próximos à superfície do solo.
Além das centenas de pedidos de pesquisa de solo, empresas estão fazendo sondagens iniciais em municípios ao redor de Poços de Caldas e Caldas, como Cabo Verde, Muzambinho, Botelhos, Campestre no Sul de Minas e Caconde, divisa com o estado de São Paulo.

O geólogo Paulo Henrique Silva Lopes, responsável por várias pesquisas de solo por minerais, acredita que o interesse em áreas fora da cratera se deve à possibilidade de a lava do vulcão ter se espalhado pela região.
“Hoje é uma cratera extinta, mas quando o vulcão estava ativo, foi uma caldeira muito forte e a lama provocada pela lava pode ter ido para os arredores e se espalhado, ajudada pela chuva, por uma área grande ao redor da caldeira que era muito intensa”, afirmou.

Pesquisa virou um negócio

A autorização de pesquisa é o primeiro passo em um longo processo para a concessão de lavra que permite a exploração da área demarcada. Qualquer pessoa física ou jurídica pode fazer um pedido de pesquisas, desde que cumpra os requisitos, pague as taxas e apresente um relatório ao longo de 3 anos. O descumprimento desta exigência resulta em multa.

A pesquisa pode ir de apenas coleta de material do solo até grandes perfurações. Mas, de acordo com Lopes, apenas uma pequena parcela das pesquisas chega a uma concessão de lavra, ou seja, à fase de extração do minério. A grande maioria dos pedidos fica pelo caminho, ou porque o requisitante perde os prazos estabelecidos, ou porque os processos vão sendo protelados.
Nem todo mundo que pede autorização para pesquisa pretende fazer a mineração. Uma grande parte das autorizações é pedida por profissionais e empresas que pretendem comercializar os direitos minerais concedidos pela ANM depois de realizar a pesquisa.

O técnico em mineração Rafael Cruz de Oliveira, dono da RCO Mineração, é uma dessas pessoas. Ele faz pesquisas iniciais com o objetivo de vendê-las para empresas com estrutura para fazer a mineração. A empresa já negociou áreas em Poços de Caldas e em Goiás com empresas nacionais e estrangeiras e tem autorização de pesquisa de terras raras em mais de 100 áreas, nos estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia.

“Depois que sai o alvará da ANM, a gente pode pesquisar e a gente tem o trabalho de conversar com o dono da terra, pegar as amostras, enviar para o laboratório, mas a gente não consegue chegar ao nível de minerar porque é um investimento muito alto”, explicou.

Neste ponto, quando a descoberta é consistente e há a possibilidade de mineração, geralmente ocorre a negociação com empresas de mineração.

Nova jazida de terras raras

É o que está acontecendo com a mais nova descoberta da empresa de Oliveira e seus sócios, uma área com depósito de terras raras em Turvolândia (MG), que fica a cerca de 40 quilômetros da cratera de Poços de Caldas.

A região apareceu em estudos geofísicos da Companhia Brasileira de Pesquisa Recursos Minerais, ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), sobre a região de São Gonçalo do Sapucaí (MG) e pelo menos 20 autorizações de pesquisas foram concedidas nesta região em 2023 e 2024.

Algumas delas foram para a RCO, que tem permissão para explorar 25 hectares. Até o momento, pouco mais de 20% desta área foram pesquisados, mas os resultados já despertam a atenção de empresas estrangeiras.

Em busca da mineração

A região também atrai empresas que estão investindo no Sul de Minas com o objetivo de se tornarem mineradoras de terras raras.

É o caso da Anova, uma empresa que se descreve como 100% mineira e que teve origem com a extração de ferro em Cabo Verde. A proximidade das minas da empresa com Poços de Caldas despertou o interesse em entrar na corrida pelas terras raras.

“A gente foi vendo que havia alguns requerimentos, aí foi usando o nosso networking para ver o que o pessoal estava encontrando, foi até geólogos e viu que fazia sentido. Já tinha um pequeno estudo inicial, mas quando a gente fala em terras raras, ainda é o oceano”, afirmou Edgard Jones, sócio da empresa.

A empresa tem sete áreas de pesquisa requeridas em nome próprio, além de outras em conjunto com parceiros em Caldas e Santa Rita de Caldas, e tem planos para montar uma planta piloto em um desses municípios para a exploração dos minerais, mesmo já sendo sondada por empresas estrangeiras interessadas nas áreas.

“A gente fez esses requerimentos porque já eram áreas que a gente tinha mapeado previamente com litologia na literatura. As informações são poucas, mas a gente já fez os pedidos e já encontramos argila com teores significativos de terras raras que justificam a gente avançar com o projeto. A ideia da minha empresa é dar continuidade, buscar o apoio do Invest Minas (agência de fomento do governo mineiro) e tentar ser a primeira empresa mineira a explorar materiais que são ricos em terras raras”, disse Jones.

O empresário acredita que a repercussão que o Sul de Minas está tendo dentro do setor minerador fará com que ela seja tomada por projetos especuladores, mas que muitos deles não terão sucesso.

“Como aconteceu em áreas de ouro, depois em áreas de minério de ferro e outros minerais que foram se valorizando com o tempo, como o lítio, vai ter nas terras raras. A gente teve um boom quando as mineradoras australianas foram para o Sul de Minas, um tanto de gente só requerendo área meio que sem pé nem cabeça e acaba que não pesquisa e aquilo ali fica parado”, afirmou. Por Fabiana Assis, g1 Sul de Minas

32ª Exposição Agropecuária de Ipiaú começa neste domingo

Tem início neste domingo, 10 de agosto, no Parque José Thiara, a 32ª Exposição Agropecuária de Ipiaú, evento promovido pelo Sindicato Rural de Ipiaú que promete grandes atrações para produtores e para a população do município e região.

Além de bovinos, equinos e caprinos de alta linhagem genética, a exposição contará com leilões, torneio leiteiro, mostra de máquinas agrícolas, palestras técnicas, feira de artesanato, eventos culturais e outros atrativos.

A abertura oficial, com a participação da prefeita Laryssa Dias e de outras autoridades, está prevista para as 15h30. Antes, haverá uma grande cavalgada que percorrerá algumas ruas da cidade, anunciando o início da festa.

Em sua 32ª edição, a Exposição Agropecuária conta com o apoio do Sistema Faeb/Senar, Cocip, Prefeitura Municipal de Ipiaú e Governo do Estado da Bahia.

Cultura
Ainda neste domingo, à noite, o público presente ao Parque de Exposições José Thiara assistirá aos espetáculos musicais do cantor Fabão e do sanfoneiro e vocalista Andinho Brito, cujo repertório é formado pelo autêntico forró. Em cada noite da exposição, haverá um show musical com artistas regionais.

Ao longo da programação, outras atividades culturais serão apresentadas. Também estará disponível, em um memorial instalado na entrada do parque, uma recapitulação histórica da exposição, que completa 60 anos de existência.

Uma homenagem especial será prestada ao idealizador do evento, Euclides Neto, assim como aos ex-presidentes do Sindicato Rural de Ipiaú. Atualmente, a entidade é presidida pelo produtor Sérgio Miranda Gondim.
Torneio e palestras

Às 8h de segunda-feira (11) começa o Torneio Leiteiro, que prosseguirá, no mesmo horário, até a próxima quinta-feira (14). Após cada rodada, ocorrerá o julgamento das raças Girolando e Gir Leiteiro.

O ciclo de palestras técnicas tem início às 9h de quarta-feira (13). Na manhã de quinta-feira (14), será a vez do Encontro Cacau Rentável, cujo início, às 8h30, será marcado pela palestra “Produção de mudas: segredos para eficiência e alta produtividade”, ministrada pelo engenheiro agrônomo Gedeon Almeida.

O 1º Leilão da Fazenda Baixa Alegre, de gado Gir Leiteiro e Girolando, acontece na tarde de sábado (16), a partir das 12h. Já no domingo (17), último dia da exposição, será realizado o Leilão de Gado de Corte Rancho Leilões. (Giro/José Américo Castro)

Prefeitura entrega 10 mil mudas de aipim aos agricultores familiares da região do Braço Pequeno .

Dando continuidade ao Programa Raízes da Terra, a Prefeitura de Ipiaú, através da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, repassou aos agricultores familiares da região do Braço Pequeno, zona rural do município, um total de 10 mil mudas de aipim.

As manivas de variedades altamente produtivas foram doadas pela Biofábrica da Bahia, em parceria com o Governo do Estado, por meio da SDR/CAR/Bahiater.
O ato de entrega aconteceu na tarde da ultima sexta-feira, 8, e contou com as presenças da prefeita Laryssa Dias e do secretário da Agricultura e Meio Ambiente, Poleandro Silva.

A prefeita aproveitou a ocasião para dialogar com a comunidade local, ouvindo suas demandas e reafirmando o compromisso da gestão municipal com quem vive e produz no campo.
O programa Raízes da Terra teve inicio no mês passado na região da Sapucaia, com a distribuição de 10 mil manivas (mudas) para os agricultores familiares da Associação Volta Esperança.

O objetivo do programa é garantir matéria-prima de qualidade, aumentar a produtividade, gerar mais renda e impulsionar a economia rural, colocando a agricultura familiar como protagonista do desenvolvimento de Ipiaú. (José Américo Castro/Decom-PMI).

Rede social X critica Alexandre de Moraes e elogia uso da lei Magnitsky por Trump

A rede social X, plataforma do bilionário Elon Musk, publicou um artigo criticando abertamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e elogiando a aplicação da Lei Magnitsky e a revogação de seu visto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A publicação foi feita durante à tarde dessa sexta-feira, 8.

“Numa era em que regulamentações governamentais ameaçam o debate global, a X aplaude as ações ousadas do governo Trump para proteger a liberdade de expressão”, afirma a publicação. “Eventos recentes no Brasil evidenciam a crise. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, liderou uma campanha de censura e de violação do devido processo legal, incluindo a proibição da X em 2024 por se recusar a cumprir ordens secretas para remover do ar políticos e jornalistas inclusive americanos que criticaram Moraes e seus aliados.”

O X afirmou que, mais recentemente, o STF declarou inconstitucional o Artigo 19 do Marco Civil da Internet, que previa proteções limitadas de responsabilidade para intermediários, e avaliou que essa decisão remove uma “salvaguarda essencial” para a liberdade de expressão online, reforçando um padrão mais amplo de preocupação.

No julgamento que ampliou a responsabilização civil das plataformas, o Supremo decidiu que as as redes devem apagar conteúdos criminosos após notificação, inclusive de perfis falsos. Além disso, estabeleceu um “dever de cuidado” para prevenir a circulação de conteúdos graves, como terrorismo, incentivo ao suicídio, crimes sexuais contra vulneráveis, racismo e violência contra a mulher, punindo empresas em caso de falha sistêmica. Também foi determinado que as big techs mantenham canais para contestar remoções, publiquem relatórios de transparência e tenham sede e representante legal no Brasil.

“O governo dos EUA está travando uma batalha global para defender a liberdade de expressão contra uma maré crescente de decisões autocráticas e regulações internacionais que favorecem o controle do pensamento em detrimento da liberdade individual”, continuou o X. “Ao confrontar abusos em lugares como Brasil, União Europeia, Reino Unido e além, preserva-se a internet aberta e inspira-se o livre debate em escala global.”

A rede social de Musk também manifestou descontentamento com medidas adotadas em outros países. Entre as críticas, alegou que, na União Europeia, a Lei de Serviços Digitais vem sendo utilizada como instrumento de censura global, conforme apontam o Departamento de Estado dos EUA e relatórios do Congresso americano. E em relação ao Reino Unido, criticou a Lei de Segurança Online, que obriga a retirada de conteúdo nocivo e a verificação de idade, alvo de críticas de defensores da liberdade de expressão e da privacidade.

Geovani Bucci/Estadão Conteúdo

Número 2 da diplomacia dos EUA diz que Moraes destruiu relação do país com Brasil

O vice-secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, afirmou nesta sábado (9) que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), é responsável por “destruir” a relação entre o país e o Brasil.

A declaração é dada um dia depois de o Itamaraty convocar o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, e expressar “indignação” com declarações da representação e do governo americano.

Landau disse, em post no X (ex-Twitter), que a separação de Poderes entre ramos do governo é “garantia de liberdade” e que nenhuma pessoa “pode acumular poder demais”.

“Mas uma separação formal de poderes não significa nada se um dos ramos tiver meios de intimidar os outros a ponto de fazê-los abrir mão de suas prerrogativas constitucionais. O que está acontecendo agora no Brasil reforça esse ponto: um único Ministro do Supremo Tribunal Federal usurpou poderes ditatoriais ao ameaçar líderes dos outros poderes —ou suas famílias— com prisão, detenção ou outras penalidades”, afirma Landau.

O vice-secretario então diz que um único ministro “usurpou poderes ditatoriais ao ameaçar líderes dos outros poderes”, sem citar Moraes ou o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Essa pessoa [em referência a Moraes, sem citá-lo] destruiu a relação historicamente próxima do Brasil com os Estados Unidos ao, entre outras coisas, tentar aplicar a lei brasileira extraterritorialmente para silenciar individuos e empresas em solo americano.”

Julia Chaib/Folhapress

Foro privilegiado: STF tem 35 apurações contra parlamentares, que articulam blindagem

O Supremo Tribunal Federal (STF) mantém ao menos 35 investigações contra parlamentares, envolvendo suspeitas que vão desde desvios de emendas até porte ilegal de arma. O tema ganhou destaque após líderes do Centrão e da oposição articularem, nesta semana, uma ofensiva para ampliar a blindagem de deputados e senadores, em reação à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre as propostas discutidas, estão restringir a atuação do STF nesses casos, exigir aval do Congresso para abertura de investigações e permitir prisão apenas em flagrante ou por crime inafiançável. A informação é do jornal “O Globo”.

Mais de 25 dessas apurações estão relacionadas a emendas parlamentares, muitas ainda sob sigilo, e são conduzidas por ministros como Flávio Dino, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Casos de maior destaque incluem o do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA), réu por corrupção passiva e organização criminosa, e o do deputado Elmar Nascimento (União-BA), alvo da Operação Overclean. Também figuram na lista José Guimarães (PT-CE), Carla Zambelli (PL-SP), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Marcos Do Val (Podemos-ES) e Júnior Mano (PSB-CE), todos negando irregularidades.

Em março, o STF decidiu manter sob sua responsabilidade casos contra parlamentares mesmo após o fim do mandato, desde que os crimes investigados tenham ocorrido durante ou por causa da função. Oposicionistas tentam aproveitar a tramitação de uma PEC sobre foro privilegiado para incluir mudanças que poderiam retirar do STF o julgamento de Bolsonaro, cujo processo está na Corte por fatos ligados ao período em que ele foi presidente.

Lula desiste de tentar apoio de evangélicos após aumento de rejeição e preocupa aliados


Aliados que conversaram nos últimos dias com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram que ele desistiu de vez de conquistar o apoio dos evangélicos. A postura do petista preocupa o Palácio do Planalto porque tem aumentado a rejeição ao governo nesse segmento da população, mais identificado com o bolsonarismo. E a tendência é que o voto religioso tenha peso considerável nas eleições de 2026.

Neste terceiro mandato, Lula é descrito com frequência como um líder que cansou de fazer política. Aos 79 anos, o presidente já não tem a mesma disposição que tinha quando governou o País de 2003 a 2010. A única ponte que o Executivo tem hoje com os evangélicos é o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, mas a avaliação é de que ele, sozinho, não conseguirá reverter a visão negativa sobre Lula.

A avaliação negativa dos evangélicos sobre o presidente cresceu de 50% para 55% entre junho e julho, de acordo com a mais recente pesquisa DataFolha. Esse resultado reforça a percepção de Lula de que é inviável uma aproximação entre Planalto e essas denominações religiosas.

Aliados que acompanham com lupa o governo notaram que o petista parou recentemente de fazer menções religiosas em seus discursos. Esse artifício havia se tornado comum em participações do presidente em eventos pelo País. “Lula cansou”, resumiu um interlocutor.

Lula pode até se dar ao luxo de abrir mão dos evangélicos, mas o PT continuará na cruzada para garantir aproximação com esse público. Como antecipou a Coluna do Estadão, a Fundação Perseu Abramo – centro de formação política do partido – promoveu em maio o curso “Fé e Democracia para Evangélicos e Evangélicas”.

Em abril, como mostrou a Coluna, o senador Carlos Viana(Podemos-MG) chegou a se oferecer para organizar um encontro entre Lula e congregações da Igreja Batista. O presidente, contudo, revelou o medo de ser vaiado.

Iander Porcella/Estadão Conteúdo

Batida entre ônibus e carreta deixa 11 mortos e mais de 40 feridos na BR-163 em MT

Dentre os feridos, 26 foram encaminhados a hospitais em estado moderado, 11 em estado grave e oito com ferimentos leve

Uma batida entre uma carreta e um ônibus de viagem deixou 11 mortos e 46 feridos, no km 648 da BR-163, em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, na noite dessa sexta-feira (8). As informações iniciais indicam que o ônibus tinha como destino a cidade de Sinop.

Dentre os feridos, 26 estão em estado moderado, 12 em estado grave e oito com ferimentos leves, segundo a Nova Rota do Oeste, concessionária que administra o trecho. O motorista da carreta está entre os internados em estado grave.

A perícia foi concluída durante a madrugada. Na manhã deste sábado (9), equipes da Nova Rota trabalham na remoção dos veículos e limpeza da pista. O ônibus foi reposicionado para a faixa de domínio e, no momento, a carreta está sendo removida.
Segundo a concessionária, o trabalho de retirada é considerado complexo devido à gravidade do acidente e à dimensão dos veículos envolvidos.

O trânsito na região segue parcialmente interditado, e a concessionária orienta os motoristas a redobrarem a atenção ao passar pelo trecho. A causa do acidente ainda será investigada.

 

Trump ignora fim do prazo dado a Putin para trégua e anuncia cúpula com o russo no Alasca

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ignorou o fim do prazo que ele mesmo havia dado a Vladimir Putin para uma trégua na Guerra da Ucrânia, que venceu nesta sexta-feira (8). Preferiu anunciar a cúpula com o russo para a semana que vem no Alasca.

Segundo Trump escreveu na rede Truth Social, o encontro será na sexta que vem (15). Até aqui, o local esperado para o evento era o neutro Emirados Árabes Unidos. O Alasca, vendido em 1867 pela Rússia aos EUA, é uma escolha que coloca Trump em vantagem simbólica sobre Putin.

O assessor presidencial russo Iuri Uchakov confirmou o local e a data da reunião. Ele afirmou que o Alasca é uma escolha “natural” pela proximidade e que Trump já foi convidado para uma próxima reunião na Rússia.

Antes, em evento na Casa Branca, Trump havia dito que a trégua na Ucrânia “estava muito próxima” e que passaria por concessões territoriais de lado a lado.

Isso tudo é má notícia para Kiev, após o republicano cancelar a aproximação com o Kremlin e fazer um ultimato a Putin, exigindo o cessar-fogo sob pena de punições econômicas que afetariam não só a Rússia, mas parceiros comerciais de Moscou como Brasil, China e Índia.

O que Putin terá a oferecer, na sua visão, são as áreas invadidas em regiões que não anexou ilegalmente em 2022: Kharkiv, Sumi e Dinpropetrovsk. O russo ocupa ao todo cerca de 20% da Ucrânia.

Ainda não se sabem os termos exatos discutidos pelo russo e o negociador Steve Witkoff na quarta (6), mas a reportagem ouviu especulações diversas em Moscou sobre o que o Kremlin quer.

A mais frequente é a de que Putin ofereceu uma trégua na guerra aérea, cuja violência explodiu de lado a lado neste ano, levando o nível de destruição do conflito a patamares inéditos desde a invasão russa de 2022.

Questões acerca da exigência do Kremlin de neutralidade militar ucraniana e sobre concessões territoriais também surgiram. A agência Bloomberg diz que Putin ofereceu congelar parcialmente as linhas de batalha nas regiões de Kherson e Zaporíjia, que anexou mas onde o controle russo é de cerca de 70% do território.

Já o jornal Wall Street Journal disse que Putin ofereceu uma pausa nos combates em troca da entrega total de Donetsk, 1 das 4 regiões que anexou ilegalmente. A área é o foco da ação russa hoje, e Moscou domina cerca de 60% da província.

Antes da fala noturna de Trump, Putin buscou apoio no Brics. Telefonou para o líder chinês Xi Jinping e para o premiê indiano, Narendra Modi, relatando a conversa que teve com o enviado de Trump sobre a guerra e a cúpula que fará com o americano na semana que vem, provavelmente nos Emirados Árabes Unidos.

Recebeu elogios de Xi pela reaproximação com os EUA e renovação de votos de aliança estratégica de Modi. A China comprou, de dezembro de 2022 até junho deste ano, 47% do petróleo russo, e a Índia, 38%. Com isso, os países mantiveram viva a economia sob sanções da Rússia.

A única certeza é a de que a conversa resultou no anúncio do primeiro encontro entre presidentes das duas maiores potências nucleares do planeta desde 2021. Mas isso não afastou o fantasma das novas sanções, que, segundo o Departamento de Estado, ainda estavam sendo discutidas.

É neste momento a guerra comercial das tarifas de Trump se choca com os esforços do americano em tentar se promover como pacificador do conflito ucraniano, que havia prometido acabar em 24 horas no cargo.

Trump tomou a Índia como exemplo e adicionou 25 pontos percentuais aos 25% de tarifas de importação que já havia determinado contra produtos do país asiático. O motivo? A compra do petróleo russo.

Com a China o jogo é outro, dada a interdependência com a economia americana, e as negociações tarifárias seguem. Diferentemente da Índia, que apesar da parceria econômica e da compra de equipamento militar russo é crítica da invasão da Ucrânia, Pequim não condenou a guerra.

Por ora, não se sabe onde o Brasil entrará. Um dos sócios fundadores do Brics, o país está sob intenso ataque de Trump, tendo recebido 50% de sobretaxa —maior número do mundo sem “adicionais”, como no caso indiano, que já se equipara ao brasileiro.

O motivo contra o governo Lula (PT) é também político —no caso, a defesa da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está em prisão domiciliar e será julgado sob acusação de envolvimento na trama golpista de 2022.

O Brasil comprou, de 2022 até aqui, 12% do óleo diesel vendido por Moscou. Se Trump for em frente com as sanções secundárias, provavelmente isso afetará quem compra derivados de petróleo também, mas é incerto se impactará países que dependem de fertilizantes russos —caso do Brasil, onde 31% do mercado vem da Rússia.

Na véspera, Putin havia conversado também com os líderes dos Emirados Árabes Unidos e da África do Sul, ambos membros do Brics.

Putin ainda procurou nesta sexta seu aliado mais próximo, na prática um vassalo político, o ditador Aleksandr Lukachenko, de Belarus. Segundo o Kremlin, ele também foi informado acerca dos termos da conversa com Witkoff, além de outros itens da pauta bilateral.

Por fim, o líder russo conversou também sobre Ucrânia com outros dois aliados ex-soviéticos de quase nenhum peso relativo no tema, Cazaquistão e Uzbequistão.

Igor Gielow/Folhapress

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