Acompanhe a cotação do dólar nesta quarta-feira (23)

O dólar abriu próximo da estabilidade nesta quarta-feira (23), enquanto os investidores avaliam o acordo comercial entre EUA e Japão, e analisam a negociação com o Brasil

Na noite de terça-feira (22), o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a redução da tarifa cobrada sobre os produtos japoneses de 24% para 15%. Há duas semanas, o republicano havia ameaçado aumentar a taxa para 25%.

Às 9h06, a moeda norte-americana tinha oscilação negativa de 0,05%, cotada a R$ 5,5643. Na terça-feira (22), o dólar e a Bolsa encerraram perto da estabilidade, com o mercado em compasso de espera por novas informações sobre os acordos comerciais entre EUA e vários países, incluindo o Brasil, que passará a ter sobretaxa de 50% a partir de 1º de agosto.

A moeda norte-americana fechou com uma variação positiva de 0,03%, cotada a R$ 5,566. Já a Bolsa caiu 0,09%, a 134.035 pontos, puxada para cima por Vale e Petrobras, mas com Itaú fazendo o contrapeso negativo.

Tanto no Brasil quanto no exterior, os mercados aguardaram por novidades sobre as negociações comerciais com os norte-americanos. Não houve um gatilho forte o suficiente para que os agentes alterassem suas posições.

O caso do Brasil segue sem avanços claros. A dez dias do prazo final para negociações, o governo Lula e o empresariado já estudam algumas formas de reagir à medida do governo americano.

Na perspectiva de Leonardo Santana, especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, o Brasil deve procurar outros parceiros comerciais caso não consiga um acordo com os EUA.

“O mercado não está gostando desse cenário de indefinição. Trump sempre jogou tarifas para cima e negociou, e é isso que se esperava que acontecesse aqui, o que não está ocorrendo. E nesse cenário as ações de commodities e agro são as que mais devem sofrer”, afirmou.

As tarifas extras já impostas por Trump derrubaram a venda de carne bovina brasileira para os americanos em 80% em menos de três meses.

Na cena política, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está no centro do atrito entre EUA e Brasil, tem 24 horas para prestar esclarecimentos, por meio de seus advogados, ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes sobre o que o magistrado classificou como descumprimento das medidas cautelares impostas na semana passada.

Na sexta passada, Moraes determinou que Bolsonaro terá de usar uma tornozeleira eletrônica, está proibido de usar as redes sociais e deve ficar recolhido em domicílio entre 19h e 6h de segunda a sexta e em tempo integral nos fins de semana e feriados. Moraes também proibiu a transmissão ou veiculação de áudios e vídeos de entrevistas do ex-presidente nas redes sociais.

Em resposta, os EUA restringiram vistos para autoridades do Judiciário brasileiro e seus familiares imediatos, citando novamente objeções aos processos legais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A dificuldade do Brasil em negociar passa pelo fato de Trump estar exigindo como contrapartida o fim do julgamento de Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado. A questão é do campo jurídico, e não do comercial.

Investidores temem que tudo isso possa levar Trump a adotar uma postura mais agressiva em relação às tarifas aplicadas ao Brasil.

Além dos desdobramentos das negociações comerciais com os norte-americanos, o mercado doméstico segue cauteloso aguardando as decisões de juros nos EUA e no Brasil, que ocorrem na próxima quarta-feira (30), na chamada “superquarta”.

“O mercado está andando muito de lado nesses dias sem grandes indicadores econômicos e vai ficar muito focado em tentar entender as sinalizações dos bancos em relação à próximas decisões de juros”, afirmou Santana, da casa de análise Top Gain.

No cenário internacional, fontes disseram à Reuters nesta terça que as perspectivas de um acordo comercial provisório entre a Índia e os EUA antes de 1º de agosto diminuíram. Já o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, disse que usará todo o tempo disponível para fechar um acordo com os EUA.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que se reunirá com seu colega chinês na próxima semana e discutirá o que provavelmente será uma prorrogação do prazo —neste caso, de 12 de agosto— para tarifas mais altas para a China. Diante desse cenário, os principais índices asiáticos fecharam em alta.

Bessent disse ainda que os EUA estão prestes a anunciar “uma série de acordos comerciais” com outros países.

Já na Europa, as ações fecharam em baixa nesta terça-feira com a redução das perspectivas de um acordo comercial entre os EUA a União Europeia. Trump havia ameaçado impor tarifas de 30% sobre produtos europeus se nenhum acordo fosse assinado antes do prazo final de 1º de agosto.

Folhapress

Decisões sobre Bolsonaro expõem rachas em Turma do STF e na Câmara

As recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro revelaram divisões internas na Primeira Turma da Corte. Por quatro votos a um, os ministros mantiveram a imposição de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares ao ex-presidente. O único voto divergente foi de Luiz Fux, que argumentou que não há provas concretas que justifiquem tais restrições e criticou a desproporcionalidade das medidas em relação a direitos fundamentais como a liberdade de expressão e de locomoção. A reportagem é da CNN.

A postura de Fux tem chamado atenção por se posicionar como contraponto ao relator Alexandre de Moraes, cujas decisões vêm sendo endossadas pelos demais integrantes da Turma. Embora tenha votado anteriormente a favor do recebimento de denúncia contra Bolsonaro, Fux fez ressalvas importantes, como a crítica à competência do STF para julgar todos os casos do 8 de janeiro e a avaliação de que algumas penas seriam excessivas. Isso tem levado as defesas de investigados a vê-lo como um possível voto favorável em recursos futuros, ainda que suas discordâncias não sejam suficientes para alterar a situação judicial do ex-presidente.

Na Câmara dos Deputados, também há rachas, especialmente entre aliados de Bolsonaro e o presidente da Casa em exercício, Hugo Motta, que barrou reuniões de comissões durante o recesso. Enquanto isso, Bolsonaro, diante da tensão jurídica e do risco de prisão, tem adotado uma postura discreta. Na terça-feira (22), ele evitou aparições públicas, permanecendo na sede do PL e depois seguindo para casa, em um movimento de cautela em meio ao acirramento político e judicial.

Congresso promulga reajuste para as Forças Armadas

 Aumento beneficia aproximadamente 740 mil pessoas, abrangendo militares da ativa, da reserva e pensionistas

O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP), promulgou a Lei 15.167/25, que reajustou o soldo dos militares das Forças Armadas a partir de abril último. O texto foi publicado no Diário Oficial da União de 18 de julho.

A nova norma é oriunda da Medida Provisória 1293/25, aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 10 e pelo Senado no dia 16.

Soldo é o vencimento básico dos militares e varia conforme posto e graduação. O aumento previsto no texto do Poder Executivo foi dividido em duas parcelas de 4,5%, uma em abril de 2025 e outra em janeiro de 2026.

O impacto orçamentário estimado é de R$ 3 bilhões no primeiro ano e R$ 5,3 bilhões no segundo. Segundo o governo, o reajuste beneficia aproximadamente 740 mil pessoas, abrangendo militares da ativa, da reserva e pensionistas.
Fonte: Agência Câmara de Notícias

Base para prisão de Bolsonaro gera divergências, e Moraes é alvo de críticas

A decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) ameaçou decretar a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), gera divergências entre especialistas consultados pela Folha.

Entre os que criticam a decisão, expedida na segunda-feira (21), há o entendimento de que a interpretação que Moraes está fazendo da medida cautelar imposta por ele mesmo de “proibição de uso de rede social” é muito expansiva.

A discussão principal é se posts feitos por terceiros, sem qualquer evidência de conluio com Bolsonaro, poderiam ser caracterizados como uma violação dessa restrição por parte do ex-presidente. Há críticas também no sentido de que a decisão não traz detalhamento ou elementos mínimos para fundamentar o suposto descumprimento.

Quem defende a decisão vê a medida como necessária frente a forma como os ataques ao STF têm sido engendrados via redes sociais e que o ministro já teria elementos para decretar a prisão preventiva.

Na sexta-feira (18), Moraes determinou diversas medidas cautelares alternativas à prisão contra Bolsonaro, como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de uso “redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros”.

Depois de dizer, em ordem na segunda-feira, que essa restrição incluía transmissões, ou retransmissões de entrevistas “em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros”, Moraes intimou a defesa do ex-presidente a prestar “esclarecimentos sobre o descumprimento das medidas cautelares impostas, sob pena de decretação imediata da prisão do réu”. A decisão de Moraes reproduz cinco posts, entre eles um do jornal O Estado de S. Paulo e dois de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também é investigado.

O episódio divulgado se referia a fala de Bolsonaro a jornalistas na Câmara dos Deputados, quando ele exibiu a tornozeleira a fotógrafos, dizendo que o aparelho era “símbolo da máxima humilhação”. Os vídeos da declaração do ex-presidente foram publicados nos perfis de apoiadores e opositores.

Nesta terça-feira, a defesa de Bolsonaro afirmou no processo que ele não descumpriu as medidas e pediu a Moraes que esclareça se o ex-presidente pode conceder entrevistas.

A advogada criminalista e vice-presidente do Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo), Marina Coelho Araújo, avalia que não haveria embasamento para prender Bolsonaro por descumprimento das medidas cautelares.

“Ele pode ir no Congresso, porque ele não está proibido –ele está proibido de ir nas embaixadas. E ele não está proibido de falar com jornalista”, diz ela. “O fato de o jornalista colocar isso na rede social não é, a meu ver, utilização na rede social indiretamente por Bolsonaro. É uma notícia que está sendo dada por um jornal.”

Para ela, as decisões de Moraes até esta segunda estão dando uma interpretação muito expansiva dessa proibição de utilização de redes sociais e que ela deve ser entendida como dizendo respeito apenas a Bolsonaro. “O que ele [Moraes] está obrigando aqui é o Bolsonaro a não se valer de terceiras pessoas. Por exemplo, eu uso uma conta da rede social do meu amigo ou do outro para fazer alguma publicação. Isso ele não pode fazer.”

Das medidas cautelares contra Bolsonaro, ela vê a obrigação de uso de tornozeleira eletrônica como bem aplicada. Mas critica a restrição de uso das redes, por avaliar que o processo em tramitação sobre a trama golpista não está correndo risco.

Já o advogado criminalista Hugo Leonardo, ex-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e membro do grupo de advogados Prerrogativas, defende que a atuação de Bolsonaro do que entende serem ataques à corte já justificariam uma medida ainda mais gravosa, que seria a decretação de prisão preventiva.

Ele entende, de modo geral, que apenas as cautelares previstas em lei poderiam ser aplicadas no âmbito penal. Apesar disso, defende que, no caso de Bolsonaro, a restrição ao uso das redes estaria correta –critica por outro lado, a proibição de contato entre o ex-presidente e seu filho Eduardo.

“Este é um caso cujo cometimento do crime tem sido justamente por meio desses artifícios de mobilização da opinião pública de falseamento da verdade, então não dá para gente deslocar a forma como esse crime foi cometido e tem sido discutido no STF com o meio pelo qual esses atores atuam”, diz.

Leonardo defende que posts da imprensa da passagem de Bolsonaro pela Câmara não violaram a medida que foi imposta por Moraes, mas sim a própria cena que ocorreu. “Houve uma cena construída, ele levanta a calça, mostra a tornozeleira e fala em humilhação suprema, dizer que isso não é um ataque ao Supremo, eu não sei mais o que é.”

Francisco Monteiro Rocha, advogado e professor de direito penal da UFPR (Universidade Federal do Paraná), vê com preocupação a decisão de Moraes ameaçando o ex-presidente de prisão, incluindo post até mesmo da imprensa.

“Eu acho isso bastante temerário”, diz. “Então, qualquer pessoa que fale qualquer coisa do Bolsonaro, em qualquer momento, vai fazer com que ele seja preso?”

Para Rocha, um post, por exemplo, da esposa do investigado com um vídeo ele seria um caso com maior possibilidade de se entender que há um uso de rede social de terceiro, como foi vetado por Moraes inicialmente. Ele avalia que os casos citados na decisão não parecem ser “suficientemente lastreados em elementos de prova mínima”.

“É muito difícil você estabelecer aí esse nexo do dolo, da vontade de fazer com que a sua palavra seja reverberada por terceiros sem que isso não esbarre no direito de se manifestar, no direito de conceder entrevistas”, argumenta ele.

A advogada Tatiana Stoco, que é professora de direito e processo penal do Insper, vê a decisão de Moraes desta segunda como pouco específica.

A partir da decisão de Moraes anterior, ela entende que, em caso de haver apenas retransmissão por parte de algum veículo sem que haja uma articulação do ex-presidente para essa divulgação, isso não poderia justificar uma prisão preventiva. Pois, diz ela, a medida cautelar é dirigida pessoalmente àquele que é investigado.

Outro caso, diz ela, seria a situação em que Bolsonaro faça articulações para promover as retransmissões, mas adenda que a decisão de Moraes não traz fundamentação a esse respeito.

“Se ficar demonstrado no caso que ele [Bolsonaro] está articulando para isso, que ele está proibido, ele está descumprindo aquela proibição”, diz ela.

Renata Galf/Folhapress

PT paga R$ 2 milhões e quita dívida com marqueteiro preso na Lava Jato após 11 anos

O diretório nacional do PT quitou uma dívida antiga com o marqueteiro João Santana e a sócia e esposa dele, Mônica Moura, referente à campanha presidencial de Dilma Rousseff à reeleição em 2014.

O casal foi preso e condenado na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro em caixa dois em campanhas eleitorais petistas.

Em maio deste ano, o partido pagou R$ 2,3 milhões à Polis Propaganda e Marketing, empresa de Santana e Moura, dando fim a um imbróglio judicial que se arrastava havia sete anos. O valor consta na prestação de contas anual do partido e foi pago em depósito único no dia 5 do mês.

Em nota, o PT afirmou que o valor é relativo a um acordo firmado entre as partes e homologado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal: “Todos os pagamentos foram declarados à Justiça Eleitoral e à Justiça do DF, que arquivou a demanda por restar satisfeita a obrigação”, diz o partido.

A Folha tentou contato com Santana e Moura por meio de telefonema e mensagens de WhatsApp, mas não houve resposta.

O processo da Polis contra o PT por serviços não pagos na campanha de 2014 corria na Justiça do DF desde 2018. Em julho daquele ano, o partido foi condenado a arcar com as despesas e vinha recorrendo desde então.

Em abril deste ano, as partes firmaram um acordo extrajudicial para reduzir a dívida, que estava em R$ 9 milhões, em valores atualizados, para R$ 4 milhões. Subtraindo o que já havia sido pago pelo PT, determinaram que o partido pagaria R$ 2,7 milhões à empresa.

Após a quitação da primeira parte do pagamento –os R$ 2,3 milhões declarados à Justiça Eleitoral–, o advogado que representa a Polis pediu a extinção do processo por considerar que o acordo foi cumprido. O PT combinou de pagar o restante do valor em cinco prestações mensais.

Santana foi marqueteiro do PT e responsável pelas campanhas vitoriosas de reeleição de Lula, em 2006, e de Dilma em 2010 e em 2014. Ele e Moura foram presos em 2016 na 23ª fase da Lava Jato. Condenados, firmaram acordo de delação premiada em 2017, devolveram cerca de R$ 80 milhões, cumpriram penas nos regimes fechado e semiaberto, usaram tornozeleira eletrônica e prestaram serviços comunitários.

As duas sentenças expedidas contra o marqueteiro em Curitiba foram anuladas nas instâncias superiores sob o entendimento de que os processos deveriam ter tramitado na Justiça Eleitoral, não na Justiça Federal.

Posteriormente, em junho de 2024, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal) também anulou o uso de provas obtidas contra os dois no acordo de colaboração da Odebrecht.

Há três anos, Santana foi o responsável pela campanha a presidente de Ciro Gomes (PDT), que ficou em quarto lugar na disputa.

Juliana Arreguy/Folhapress

Pacote anti-STF está restrito ao PL de Bolsonaro, e Câmara não deve chancelar ofensiva

A cúpula da Câmara vê o pacote anti-STF defendido pela oposição como uma pauta restrita ao PL. Integrantes do partido passaram a pressionar pelo andamento de propostas que atinjam a Corte como reação às medidas restritivas impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas aliados do presidente Hugo Motta (Republicanos) ouvidos pela Coluna do Estadão dizem que a Casa não deve chancelar a ofensiva.

Está descartada a convocação de uma sessão extraordinária no recesso parlamentar, e qualquer discussão sobre projetos deve passar pelo Colégio de Líderes.

Deputados com influência na Câmara não veem chance de avanço do projeto de anistia aos condenados do 8/1, que poderia eventualmente beneficiar Bolsonaro. Tampouco veem ambiente para avançar com propostas que deem ao Congresso a prerrogativa de derrubar decisões do Supremo Tribunal Federal ou permitam novas possibilidades de impeachment de ministros da Corte.

Motta já deu dois grandes sinais de que não compactua com o enfrentamento ao STF. O primeiro foi a decisão na última sexta-feira, 18, de manter o recesso parlamentar apesar do pedido do PL para que os trabalhos da Casa fossem mantidos. O segundo foi nesta terça-feira, 22, ao proibir comissões de fazerem homenagem a Bolsonaro. Segundo interlocutores do paraibano, ele não quer passar a impressão de que a Câmara apoia o tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump.

Lideranças da Casa reforçam que Motta não gosta de ser pressionado e só toma uma decisão quando há consenso. Foi o caso da derrubada do decreto do governo que aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): naquele caso, havia amplo apoio do Centrão. Não é o caso agora.

Iander Porcella/Estadão

Em ação conjunta, Polícia Civil e PRF recuperam carga roubada avaliada em R$ 600 mil em Vitória da Conquista

Uma ação integrada entre a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Vitória da Conquista e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resultou, na manhã desta terça-feira (22), na recuperação de uma carga de aparelhos de ar-condicionado avaliada em R$ 600 mil. A mercadoria, roubada horas antes no município de Poções, foi localizada em um terreno baldio no bairro Boa Vista, em Vitória da Conquista

Segundo relato do motorista, ele trafegava pela BR-116, no trajeto Cajamar (SP) / Conde (PB), quando, por volta das 5h40, foi abordado no trecho urbano de Poções. Um caminhão-baú forçou uma ultrapassagem, obrigando-o a parar no acostamento. Logo depois, um veículo parou ao lado e dois homens encapuzados desceram, armados, ordenando que ele destravasse a porta. A vítima foi levada para a parte traseira da carreta, onde teve os braços amarrados com um cabo de celular e permaneceu com o rosto virado para o canto enquanto o crime era executado.

A localização da carga foi possível graças ao compartilhamento de informações entre as forças de segurança. Os equipamentos recuperados foram apresentados na unidade especializada e passarão por perícia. As investigações continuam, com diligências em andamento para identificar e responsabilizar todos os envolvidos no crime.

"A mercadoria, composta por aparelhos de ar-condicionado, tinha como destino a Paraíba."
Fonte: Ascom PC

Trump diz que EUA e Japão chegaram a acordo comercial, e tarifas caem de 24% para 15%


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na noite desta terça-feira (22) que chegou a um acordo comercial “enorme” com o Japão e que vai impor tarifas de 15% sobre o país, uma redução em relação aos 24% anunciados em abril.

Trump disse que o país asiático abrirá seus mercados para carros e arroz americanos, que foram pontos de divergência durante as negociações entre os aliados. Apesar da redução, a taxa é maior que a temporária de 10% que estava em vigor.

“Acabamos de concluir um acordo enorme com o Japão, talvez o maior já feito”, publicou Trump em sua plataforma Truth Social nesta terça. “O Japão abrirá seu país para o comércio, incluindo carros e caminhões, arroz e certos produtos agrícolas e outras coisas.”

Trump também disse que o Japão investirá mais US$ 500 bilhões nos EUA, o que segundo ele criará centenas de milhares de empregos, e anunciou uma parceria para produção de gás natural liquefeito no Alasca. Os futuros da Nikkei, a Bolsa japonesa, saltaram 1,7% após o anúncio.

O acordo com o Japão foi acompanhado de outros com a Indonésia e as Filipinas, que conseguiram reduzir as tarifas impostas sobre suas exportações em troca de uma redução das taxas sobre produtos americanos importados.

Em acordo celebrado na semana passada, mas detalhado nesta terça-feira (22), a Indonésia concordou em eliminar tarifas sobre mais de 99% de produtos dos EUA e abolir todas as barreiras não tarifárias, segundo comunicado divulgado pelos dois países.

Os EUA reduzirão as tarifas sobre a maior economia do Sudeste Asiático de 32% para 19%. A taxa é igual à anunciada para as Filipinas também nesta terça, que prometeu zerar as tarifas sobre produtos americanos, segundo publicação de Trump no Truth Social. A taxa para o Vietnã foi fixada em 20%.

Os acordos com o Japão, a Indonésia e as Filipinas estão entre os poucos alcançados até agora pelo governo americano antes do prazo de 1º de agosto, quando as taxas mais altas sobre dezenas de países devem entrar em vigor. O governo brasileiro, alvo de sobretaxa de 50%, estuda diversas medidas para fazer frente ao tarifaço de Trump.

Trump disse na rede social que o acordo com a Indonésia é uma vitória para montadores, empresas de tecnologia e trabalhadores americanos.

Segundo uma declaração conjunta emitida pelos países, Jacarta interromperá algumas inspeções de produtos agrícolas americanos que entram no país. Os dois lados também “trabalharão juntos” para que a Indonésia reconheça as regras americanas sobre segurança de automóveis, medicamentos e produtos farmacêuticos.

Jacarta também deve abandonar os controles de exportação de commodities industriais e minerais críticos enviados aos EUA, segundo o comunicado.

Trump publicou a notícia do acordo com as Filipinas depois de se reunir com o presidente do país, Ferdinand Marcos, no Salão Oval.

“Foi uma bela visita e concluímos nosso acordo comercial, pelo qual as Filipinas vão abrir mercado aos Estados Unidos e zerar as tarifas. As Filipinas pagarão uma tarifa de 19%”, disse Trump, chamando Marcos de “negociador muito bom e duro”.

O acordo com a Indonésia marca a primeira vez que Trump conseguiu pressionar com sucesso um parceiro comercial a se comprometer a eliminar uma série de barreiras não tarifárias, um dos principais objetivos de suas tarifas.

As negociações entre Jacarta e Washington também devem envolver a compra pela Indonésia de US$ 3,2 bilhões em aeronaves americanas, junto com US$ 4,5 bilhões em produtos agrícolas, incluindo soja, trigo e algodão, e US$ 15 bilhões em produtos energéticos.

Os dois países disseram que negociariam regras de origem para garantir que os benefícios do acordo sejam principalmente para os EUA e a Indonésia, não para países terceiros.

A Indonésia também concordou em se juntar ao Global Forum on Steel Excess Capacity e tomar medidas para enfrentar o excesso de capacidade global no setor siderúrgico.

O acordo é o primeiro desde que Trump enviou cartas a mais de 20 parceiros comerciais há duas semanas, incluindo o Brasil, ameaçando novos níveis tarifários sobre suas exportações se não chegarem a um acordo até 1º de agosto.

A tarifa de 19% para as Filipinas ficou um pouco abaixo dos 20% ameaçados por Trump no início deste mês, mas acima da tarifa de 17% estabelecida em abril.

Folhapress

Prefeitura de Ipiaú realiza audiência do PPA na Fazenda do Povo; próxima será nesta quarta-feira (23), às 10h, na Câmara Municipal

Créditos: Janaína Castro
Na tarde desta terça-feira (22), a Prefeitura de Ipiaú realizou a segunda audiência pública para construção do Plano Plurianual (PPA) 2026-2029, desta vez na localidade da Fazenda do Povo. O momento foi marcado pela participação ativa da comunidade, que contribuiu com sugestões e demandas para os próximos quatro anos de gestão pública.
Créditos: Janaína Castro
Representando a prefeita Laryssa Dias, esteve presente o secretário de Governo, Marcos Miranda. A apresentação técnica do PPA foi conduzida por Esdras Souza, diretor municipal de Planejamento. O secretário da pasta, Sandro xxx ressaltou a grande participação popular nos encontros.

Também participaram o comandante da 55ª CIPM, Major Dalmo, além de secretários, servidores municipais e representantes da sociedade civil.Entre os participantes, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, José Vaz, destacou a importância da iniciativa:

"É fundamental essa escuta da comunidade. A gestão está de parabéns por abrir espaço para que a população aponte suas demandas, seja na saúde, infraestrutura ou educação", afirmou.

Valmir, presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Fazenda do Povo, também fez questão de agradecer a presença da equipe da Prefeitura:

"É muito importante quando a Prefeitura vem até a comunidade e dá oportunidade para a gente falar. A gente se sente valorizado", pontuou. A moradora Tatiane, nascida e criada na localidade, reforçou a importância da participação popular:

Créditos: Janaína Castro
"Eu gosto quando a Prefeitura vem ouvir o povo. A comunidade precisa participar, dar sua opinião e dizer o que precisa. É assim que as coisas melhoram", comentou. Outra voz importante foi a de Dona Ana Zilda, que vive na Fazenda do Povo há 57 anos: A gente se sente importante quando a Prefeitura vem ouvir o que o povo precisa. Aproveitei para pedir mais reforço no policiamento da nossa comunidade e também que o programa Morar Melhor, que reforma casas de quem mais precisa, chegue até a nossa localidade", disse.

Essa foi a segunda audiência do ciclo de escutas públicas. A primeira ocorreu no distrito de Córrego de Pedras. A terceira e última desta etapa será realizada nesta quarta-feira (23), às 10h da manhã, no plenário da Câmara Municipal de Ipiaú.

 CONVITE 

A prefeita Laryssa Dias reforçou  o convite para que toda a comunidade participe amanhã, 10h, da audiência do  PPA, que será realizada na Câmara de Vereadores e  contribua com ideias para o futuro do município. Fernando Canuth / Decom PMI

Compra de carne brasileira pelos Estados Unidos despenca 80% nos últimos três meses economia

As tarifas extras já impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derrubaram a venda de carne bovina brasileira para os americanos, mesmo antes de entrar em vigor a sobretaxa de 50%, prevista para valer a partir de 1º de agosto.

Em abril, mês em que Trump passou a impor a taxação adicional de 10%, as exportações brasileiras de carne para os EUA chegaram a 47,8 mil toneladas.

Em menos de três meses, porém, o volume despencou: foram registradas as vendas de 27,4 mil toneladas em maio. Em junho, houve uma nova redução, para 18,2 mil toneladas. Neste mês, mais um tombo, e o volume das compras americanas chega a 9,7 mil toneladas neste momento, uma redução de 80% sobre as exportações de abril.

Os dados do comércio bilateral são do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), compilados pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).

Em curva oposta, embora bem menos acentuada, o preço da carne brasileira subiu para os americanos. Se em abril o valor médio pago pelo importador era de US$ 5.200 por tonelada de carne, esse preço passou para US$ 5.400 em maio e chegou a US$ 5.600 em junho. Nesta semana, o valor médio praticado está em US$ 5.850, uma alta de 12%.

Com a incerteza do que pode ocorrer a partir de agosto, algumas remessas de carne já fechadas e que tinham os EUA como destino chegaram a trocar o destino portuário em território americano, para evitar que a embarcação chegasse após o dia 1º.

Nos bastidores, a indústria da carne e o governo federal têm procurado importadores americanos para tentar sensibilizar o setor sobre os reflexos que uma tarifa de 50% terá sobre as transações. Os articuladores envolvidos nessas discussões acreditam que será possível incluir esse passo numa negociação por etapas.

O cenário geral, porém, permanece obscuro, dada a posição do governo americano de não abrir espaço para negociações e impor condições sem nenhuma relação econômica, como a revisão de processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal.

Na semana passada, frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam a produção de carnes destinadas aos Estados Unidos.

O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina para os EUA, seguido por Austrália, Nova Zelândia e Uruguai. Paralelamente, os americanos são o segundo maior destino da carne brasileira, só atrás da China.

As vendas de carne para os EUA seguiam em níveis recordes até o início deste ano. De janeiro a junho de 2025, o Brasil exportou 181,5 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, com faturamento de US$ 1,04 bilhão no período.

O resultado representa um crescimento de 112,6% em volume e 102% em valor em relação ao mesmo período de 2024, quando foram exportadas 85,4 mil toneladas, totalizando US$ 515 milhões.

O preço médio brasileiro ainda está abaixo da média de exportadores como o Canadá e Argentina, mas essa situação mudaria drasticamente com a sobretaxa de 50% ameaçada por Trump.

Historicamente, os Estados Unidos impõem limites de importação para a carne bovina que entra no país. Cada país exportador tem um teto (cota) de quantas toneladas de carne pode vender aos EUA com tarifa baixa (ou até isenção). Se o país quiser exportar mais do que essa cota, é possível, mas paga uma tarifa mais alta, o que geralmente encarece o produto e reduz sua competitividade.

O Brasil tem uma cota de 65 mil toneladas por ano. O país vinha exportando muito mais carne bovina para os EUA, com mais de 181 mil toneladas de janeiro a junho, ou seja, quase o triplo da cota permitida com tarifa reduzida. Isso mostra que a carne brasileira entra nos EUA mesmo pagando tarifas maiores. Com as novas ameaças de Trump, porém, esse cenário tende a se tornar inviável.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que lidera os diálogos, sinalizou, em conversas com auxiliares que acompanham o tema, que os setores produtivos brasileiros podem funcionar como ponta de lança dessa estratégia. Neste roteiro, em primeiro lugar, estão as reuniões com setores do mercado brasileiro, que começaram nesta terça-feira (15).

Segundo a Abiec, cerca de 70% de toda a carne produzida fica no mercado nacional. Os 30% que são exportados, em sua maioria, correspondem a cortes que o brasileiro não consome com frequência. Principalmente do dianteiro do boi, que vai para os Estados Unidos, onde é utilizado na produção de hambúrgueres, e miúdos, que vão para a Ásia, onde são usados em ensopados e preparações típicas, por exemplo.

André Borges/Folhapress

STF vive uma extravagância e Moraes precisa ser levado ao divã, diz Marco Aurélio Mello

Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello avalia que o STF vive um momento de “extravagância” com “enorme” desgaste para a instituição. Para ele, as decisões do ministro Alexandre de Moraes são incompreensíveis ao estado democrático de direito e serão cobradas pela história.

Marco Aurélio continua: para compreender o que está por trás das decisões de Moraes, seria necessário levá-lo ao psicanalista.

“Eu teria que colocá-lo em um divã e fazer uma análise talvez mediante um ato maior, e uma análise do que ele pensa, o que está por trás de tudo isso. O que eu digo é que essa atuação alargada do Supremo, e uma atuação tão incisiva, implica desgaste para a instituição… A história cobrará esses atos praticados. Ele (Moraes) proibiu, por exemplo, diálogos. Mordaça, censura prévia, em pleno século que estamos vivendo. É incompreensível”, disse em entrevista exclusiva à Coluna do Estadão.

Mello considera que a investigação sobre Jair Bolsonaro já começou de maneira errada e não deveria estar na Suprema Corte. Ele lembra, por exemplo, que, quando era ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva respondeu na primeira instância. “Estive 31 anos na bancada do Supremo e nunca julgamos em turma processo crime. Alguma coisa está errada”, prosseguiu.

Na visão do ex-ministro, Bolsonaro está sendo submetido a humilhação, com o uso da tornozeleira eletrônica, e sendo tratado “como se fosse um bandido de periculosidade maior”. Ele ressaltou que, se estivesse na Corte, acompanharia a divergência do ministro Luiz Fux, e lamentou que os magistrados estejam agindo por “espírito de corpo” ao apoiarem os atos de Moraes.

Nesta entrevista, Marco Aurélio Mello também faz um apelo por correção de rumos no STF. “Que haja uma evolução, e que o Supremo atue, não como órgão individual como vem atuando na voz do ministro Alexandre de Moraes, mas como órgão coletivo, e percebendo a repercussão dos atos que pratica. Aí nós avançaremos culturalmente”.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista

O ministro Alexandre de Moraes impôs restrições ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em decisões publicadas na sexta-feira passada e nessa segunda. O que o sr. considera que está certo e o que excede?

O que começa errado não pode acabar bem. Começou errado, considerando a competência do Supremo, que está na Constituição. E o preceito é exaustivo. Supremo não é competente para julgar cidadão comum, para julgar originariamente ex-presidente da República, ex-deputado federal ou ex-senador. Basta que indaguemos: o atual presidente (Luiz Inácio Lula da Silva), quando respondeu criminalmente, ele o fez onde? Na 13ª Vara Criminal de Curitiba. A legislação não mudou. Por que o ex-presidente Bolsonaro está a responder no Supremo? Isso é inexplicável, e a história em si é impiedosa, vai cobrar essa postura do Supremo. Quando o Supremo decide, não cabe recurso a um órgão revisor. Então, o devido processo legal fica prejudicado. Não se avança culturalmente assim, maltratando a lei das leis que é a Constituição Federal. Agora, o momento é de temperança, é de buscar-se a correção de rumos sem atropelos, principalmente sem partir-se para uma censura prévia. Isso é incompreensível ao estado democrático de direito.

Em quais pontos da decisão de Moraes o sr. vê censura?

Quando ele proíbe participação em rede social. Quando ele proíbe, e aí passa a apenar o cidadão, proíbe que mantenha um diálogo com terceiros. E impõe, pior do que isso, impõe a um ex-presidente da República, algo que é humilhante, que é o uso de tornozeleira. Pra quê? Qual é o receio, de ele fugir? Não pode haver esse receio. Em direito penal o meio justifica o fim, jamais o fim ao meio, sob pena de termos aí a batel um contexto que não se mostrará harmônico com a Constituição Federal. Inclusive tenho lido o noticiário, e ele (Moraes) não defendeu bem o alcance dessa censura prévia. Censura. Considerados os ares democráticos da Constituição de 1988 é inimaginável. Qual é a medula do Estado? É a liberdade de expressão. Eu não vejo com bons olhos e fico muito triste porque o desgaste do Supremo, o desgaste institucional é enorme.

O Supremo caminha para onde neste momento?

Não sei. Basta considerar que houve uma emenda regimental deslocando a competência do plenário para as turmas, em processo crime. Estive 31 anos na bancada do Supremo e nunca julgamos em turma processo crime. Alguma coisa está errada. Eu espero que não se chegue a julgar processo crime individualmente, monocraticamente.

O que o sr. acha que está movendo e embasando as decisões de Moraes?

Eu teria que colocá-lo em um divã e fazer uma análise talvez mediante um ato maior, e uma análise do que ele pensa, o que está por trás de tudo isso. O que eu digo é que essa atuação alargada do Supremo, e uma atuação tão incisiva, implica desgaste para a instituição.

As condições impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro são comparáveis a de um preso condenado?

Um preso condenado, com sentença não mais sujeita a impugnação, ele cumpre a pena. É preciso observar se essas medidas alcançam a dignidade da própria pessoa. O uso de tornozeleira. A proibição de sair de casa, que é praticamente uma prisão domiciliar. Vamos observar a ordem natural, que é apurar para, selada a culpa no processo crime, exercido o direito de defesa, chegar-se à execução do pronunciamento judicial definitivo. E não há esse pronunciamento, por enquanto. O ministro Luiz Fux divergiu e, se lá eu estivesse, eu o acompanharia. Divergiu quanto à utilização (de tornozeleira eletrônica), por um ex-presidente da República. Vamos respeitar a instituição que é a Presidência da República. Utilizar como se fosse um bandido de periculosidade maior. A tornozeleira é uma apenação humilhante, porque alcança a dignidade da pessoa.

Por que o sr. acredita, então, que os ministros têm acompanhado na turma, em maioria, as decisões de Moraes?

É um espírito de corpo que não deveria haver. Quando formei no colegiado, me manifestava espontaneamente, segundo meu convencimento, não me importando em somar voto. Não há campo para solidariedade no órgão julgador. Cada integrante deve atuar com absoluta independência. Evidentemente acompanhando o colega no que se convencer do acerto da proposição desse colega.

O sr. vê alguma perspectiva de mudança no comportamento da Corte, a partir da mudança na presidência do STF, em setembro?

O presidente é um coordenador dos trabalhos. Ele não é um superior hierárquico. E cada qual é que tem que compreender a envergadura da cadeira e a importância dos atos que pratique. E buscar praticar atos afinados com a legislação, com o arcabouço normativo. Eu repito: o Supremo hoje está na vitrine e é alvo de imensas críticas. Eu, por exemplo, saio, as pessoas me reconhecem nas ruas. Eu nunca fui hostilizado como juiz. E reclamam do Supremo. Isso é péssimo. O Supremo é a última trincheira da cidadania e deve agir dando exemplo, portanto, aos demais órgãos do Judiciário.

O sr. avaliaria, então, que falta alguma postura mais firme do atual presidente da Corte?

Não, porque fica muito difícil para o ministro presidente impor certa ótica. O que cabe a ele, no máximo, é fazer uma ponderação. Uma ponderação no sentido da correção de rumos.

E como ele poderia fazer isso?

Conversando. Num diálogo aberto, ainda que reservado, com o próprio ministro que está a atuar (Alexandre de Moraes). E ele ficou como relator de todos os casos que tenham alguma ligação com aquele inquérito inicial, que eu rotulei como inquérito do fim do mundo (inquérito das fake news), tudo vai para ele, e isso não é bom. Quando se deixa de observar o critério democrático da distribuição.

O sr. vê nas decisões de Moraes alguma tentativa de banimento da imagem de Bolsonaro?

Eu não posso. Por que banimento? Agora mesmo se potencializou muito a fala do presidente (Donald) Trump. Uma fala como governante, que não visou proteger a família Bolsonaro. A família Bolsonaro não tem junto à Presidência dos Estados Unidos esse prestígio todo. A ponto de o próprio governo interferir ou tentar interferir numa atuação do País irmão. Isso aí é algo ingênuo e precisamos parar para observar qual é a origem em si dessa atuação do presidente Trump.

Uma das reclamações dos apoiadores de Bolsonaro é o fato de ele não poder dar entrevista, usar as redes e porque há extensão dessas medidas cautelares para terceiros, deixando dúvidas até se é permitido usar entrevistas antigas de Bolsonaro.

Eu só espero que essa postura não acabe intimidando a grande imprensa. E gere um cerceio e gere consequências inimagináveis. Não se coaduna com o estado democrático de direito o que vem ocorrendo. Nós não tivemos isso sequer quando vivenciamos o regime de exceção, que foi o regime militar.

Se não se viveu isso nem no estado de exceção, o sr. classificaria o atual estado como o quê?

Eu vejo como uma extravagância que vem se verificando no âmbito da Corte maior do País que é o Supremo. E é preciso que volte a Corte a atuar como colegiado e, preferencialmente, no plenário, com as 11 cadeiras ocupadas. E que cada qual se pronuncie com absoluta independência. Isso é o que se espera.

O sr. já disse que para entender as decisões de Moraes precisaria levá-lo ao divã. O sr. percebe algum impacto emocional das decisões do ministro, já que ele é um dos principais alvos dos bolsonaristas?

Eu não queria estar na pele do ministro Alexandre de Moraes. Ele não consegue sair, estar num lugar público, a não ser com contingente de seguranças. Quando isso se verifica, algo está errado. E cumpre àquele que é alvo da hostilização da sociedade observar os atos praticados se evoluir. E vou repetir: resulta no prejuízo da instituição e, mais à frente, a história cobrará esses atos praticados. Ele (Moraes) proibiu, por exemplo, diálogos. Mordaça, censura prévia, em pleno século que estamos vivendo. É incompreensível.

O sr. quer complementar algo?

Que haja uma evolução, e que o Supremo atue, não como órgão individual como vem atuando na voz do ministro Alexandre de Moraes, mas como órgão coletivo, e percebendo a repercussão dos atos que pratica. Aí nós avançaremos culturalmente.

Roseann Kennedy/Estadão

PF e CGU deflagram Operação Route 156 para combater fraudes em licitações do DNIT/AP

Macapá/AP. A Polícia Federal, com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU/AP), deflagrou nesta terça-feira (22/7) a Operação Route 156, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre um suposto esquema criminoso de direcionamento de licitações e desvio de recursos públicos federais vinculados a contratos de manutenção e recuperação da rodovia BR-156, no Estado do Amapá.

As investigações indicam a existência de uma organização criminosa estruturada no âmbito da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Amapá (DNIT/AP), que teria fraudado o caráter competitivo de pelo menos quatro pregões eletrônicos, totalizando mais de R$ 60 milhões em contratos.

A PF e a CGU verificaram indícios que o grupo atuava por meio da montagem de certames licitatórios simulando concorrência, com propostas fictícias e cláusulas indevidamente restritivas nos editais, além de omissões propositais de servidores públicos no dever de fiscalizar e instaurar processos administrativos diante de irregularidades.

Estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amapá, sendo: seis no Estado do Amapá, três em Minas Gerais, um no Mato Grosso do Sul e um no Amazonas.

Além das buscas, a Justiça Federal determinou o afastamento cautelar por 10 dias do Superintendente do DNIT/AP e de uma servidora da autarquia, ambos suspeitos de participação ativa no esquema.

Também foi determinado o bloqueio judicial de bens e valores dos investigados no montante total de R$ 8.060.000,00, valor equivalente aos saques em espécie e às movimentações financeiras consideradas atípicas identificadas durante a investigação.

Os envolvidos poderão responder, na medida de suas participações, pelos crimes de fraude à licitação, organização criminosa, prevaricação, violação de sigilo funcional, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

Resultado Operacional
Durante uma das buscas em Macapá, a PF apreendeu 3 pistolas, 1 fuzil .556 e aproximadamente 250 munições. O investigado é CAC e a PF iniciará o processo de cassação do registro.

No cumprimento de outro mandado de busca, na cidade de Nova Lima/MG, a PF apreendeu 3 veículos da marca Porshe, além de 13 quadros obras de arte de Guignard e Portinari, joias e relógios de luxo.

Comunicação Social da Polícia Federal no Amapá

PM desarticula laboratório de drogas no Engenho Velho de Brotas

Na tarde desta terça-feira (22), militares da 26ª CIPM desarticularam um laboratório de drogas, no bairro de Brotas.

Os militares realizavam patrulhamento na Rua Chile da Capelinha, quando foram acionados pelo Cicom para averiguar uma ocorrência de disparo de arma de fogo em via pública.

Buscas foram realizadas, sendo encontrados em um imóvel abandonado, 500 porções de ecstasy, uma trouxa da mesma substância,20 gramas de maconha, uma pedra de cocaína, duas balanças de precisão, um litro de Benzina Clorofórmio, 250 ml de cheIrinho perfumado, frasco de catalizador, embalagens para acondicionamento de drogas e dinheiro em espécie.

Nenhum suspeito foi localizado. Todo material apreendido foi encaminhado à 6ª delegacia para tomada das medidas cabíveis.

Foto: 26ª CIPM

Operação Muro de Sangue prende suspeitos de grupo criminoso em Ilhéus

Foram cumpridos mandados de prisão e busca contra integrantes de organização criminosa ligada ao tráfico de drogas.

A Polícia Civil da Bahia deflagrou, na manhã desta terça-feira (22), a Operação Muro de Sangue, com o objetivo de cumprir mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra um grupo criminoso que atua no município de Ilhéus. Na ação, dois homens foram presos, suspeitos de envolvimento em uma tentativa de homicídio e de participação em atividades ligadas ao tráfico de drogas nas localidades da Juerana, São Domingos e Jóia do Atlântico.

As investigações apontam que os suspeitos participaram da tentativa de homicídio contra um homem de 43 anos, ocorrida na noite de 26 de janeiro de 2025, por volta das 21h30. A vítima foi atingida por disparos de arma de fogo na porta de sua residência, no bairro da Juerana, e socorrida por familiares ao Hospital Regional Costa do Cacau.

De acordo com o inquérito policial, o crime foi ordenado por um dos presos, apontado como líder do grupo, e executado pelo comparsa. A motivação estaria relacionada ao fato de a vítima ter apagado pichações feitas pelos criminosos em um muro de condomínio, em frente à sua casa, com referências à organização.

Na residência dos suspeitos foram apreendidos uma pistola HS Produkt modelo HS-9, calibre 9mm, de uso restrito, dois carregadores, 40 munições do mesmo calibre, dois aparelhos celulares e porções de maconha. Em uma das casas, os policiais encontraram um celular que o suspeito tentou danificar e incendiar antes da chegada das equipes.

A operação foi realizada pelo Núcleo de Homicídios de Ilhéus, com apoio da Coordenação de Polícia do Interior (7ª COORPIN), da Coordenação de Apoio Tático e Técnico à Investigação (CATTI/Costa do Cacau) e da Delegacia Territorial de Ilhéus. Os suspeitos permanecem custodiados à disposição do Poder Judiciário, e o material apreendido foi encaminhado para análise pericial.
Fonte
Pedro Moraes / Ascom PCBA

Contas de três prefeituras têm parecer do TCM pela rejeição 22 de julho de 2025

Na sessão desta terça-feira (22/07), os conselheiros do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia recomendaram, às câmaras de vereadores, a rejeição das contas das prefeituras de mais três municípios. Essas contas são relativas aos exercícios de 2020, 2021 e 2022.

As contas de 2020, da Prefeitura de Fátima, da responsabilidade do ex-prefeito Manoel Missias Vieira, foram reincluídas na pauta de julgamento após pedido de vista do conselheiro Mário Negromonte, que, se aposentou sem analisar a matéria. Os conselheiros presentes à sessão acompanharam o voto do relator original – conselheiro Fernando Vita – pela rejeição das contas em razão da indisponibilidade financeira para cobrir “restos a pagar” do exercício, descumprindo ao disposto no artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Pela irregularidade, foi determinada a formulação de representação ao Ministério Público Estadual, para que seja apurada a prática de ato ilícito. O gestor foi multado em R$6 mil.

Já a prestação de contas da Prefeitura de Glória, sob responsabilidade de David de Souza Cavalcanti, referente ao exercício de 2021, foi rejeitada em virtude da insuficiência de recursos para suportar os créditos abertos por superávit financeiro (R$2.894.756,72) e excesso de arrecadação (R$4.131.966,45). Também foi identificada – pela área técnica do TCM – a abertura de créditos extraordinários sem comunicação ao Poder Legislativo e a ausência de caracterização de situação de imprevisibilidade.

David Cavalcanti foi punido com uma multa de R$3 mil.

E a prefeitura de Itaberaba, de responsabilidade de Ricardo dos Anjos Mascarenhas, recebeu o parecer prévio pela rejeição das contas de 2022 em razão da prática de irregularidades em processos licitatórios. O gestor foi multado em R$5 mil.

Cabe recurso às decisões.

Coca-Cola anuncia que vai criar versão da bebida adoçada com açúcar após pressão de Trump

No EUA, refrigerante é feito com xarope de milho. Na última quinta-feira (17), presidente americano disse que queria mudar receita do produto.

A Coca-Cola anunciou nesta terça-feira (22) que irá lançar uma versão da bebida adoçada com o açúcar da cana-de-açúcar produzida nos Estados Unidos. Atualmente, no país, o refrigerante é feito com xarope de milho.

"Como parte de sua agenda contínua de inovação, a empresa planeja lançar, neste outono, um produto feito com açúcar de cana dos EUA para expandir sua linha de produtos da marca Coca-Cola", disse a companhia, em seu relatório de resultados do segundo trimestre.

"Essa adição foi desenvolvida para complementar o forte portfólio principal da empresa e oferecer mais opções para diferentes ocasiões e preferências."

A decisão da empresa acontece cinco dias depois de Donald Trump ter dito que queria mudar a receita da Coca-Cola, trocando o xarope de milho pelo açúcar da cana.

"Tenho conversado com a Coca-Cola sobre o uso de açúcar de cana de verdade na Coca nos Estados Unidos, e eles concordaram em fazer isso", escreveu Trump nas redes sociais.


EUA não são autossuficientes

Logo após essa declaração, analistas de mercado afirmaram que os EUA teriam que importar açúcar do Brasil, maior produtor mundial, para fabricar a bebida, já que os americanos não são autossuficientes na produção de açúcar.

O Brasil é o segundo maior fornecedor dos EUA, depois do México.

No entanto, a empresa afirmou nesta terça que a bebida será feita com o açúcar produzido nos próprios EUA.
Atualmente, os EUA consomem cerca de 11 milhões de toneladas de açúcar por ano, mas produzem aproximadamente 8 milhões de toneladas, segundo o analista da StoneX Brasil Marcelo Di Bonifacio Filho.

"Eles precisam importar entre 3 e 5 milhões de toneladas por ano, dependendo da safra", detalha.


Produtos da Coca adoçados com açúcar

Segundo a rede de TV americana NBC, o CEO da Coca-Cola, James Quincey, disse que a empresa já utiliza açúcar de cana em suas linhas de chá, limonada, café e Vitamin Water.

Acredito que será uma opção duradoura para o consumidor", afirmou ele. "Estamos definitivamente buscando usar todas as ferramentas disponíveis em termos de adoçantes, sempre que houver preferência do consumidor."

No Brasil, a Coca é adoçada com açúcar de cana, assim como no México e em diversos países da Europa.

Operação “Entre Lobos”: dois advogados são presos em Salvador por envolvimento com organização criminosa

Dois advogados foram presos nesta terça-feira, 22, em Salvador, durante a Operação “Entre Lobos”, deflagrada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), por meio do seu Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), em apoio ao Gaeco do MPSC.

A operação ocorre de forma simultânea em outros quatro estados da federação — Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul e Alagoas — e é fruto de uma investigação conduzida pelo Gaeco do Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC), com apoio das Promotorias de Justiça locais. No total, estão sendo cumpridos 13 mandados de prisão (oito preventivas e cinco temporárias) e 35 mandados de busca e apreensão, além de 25 apreensões de veículos e 16 ordens de bloqueio de contas bancárias, com valores de até R$ 2 milhões por investigado ou empresa envolvida.

As investigações apontam para a existência de uma sofisticada e estruturada organização criminosa, liderada por cinco advogados e composta por pelo menos 17 integrantes, especializada na prática de estelionato, lavagem de dinheiro, patrocínio infiel e crimes contra idosos. O grupo é suspeito de lesar financeiramente aposentados e pessoas em situação de vulnerabilidade por meio de um esquema de cessões de créditos judiciais fraudadas.

De acordo com as apurações, o grupo abordava as vítimas — predominantemente idosos, com idade média de 69 anos — oferecendo a propositura de ações revisionais de contratos bancários. Após o ajuizamento dessas ações, sem o devido conhecimento dos clientes, as vítimas eram induzidas a assinar contratos de cessão de crédito por valores muito inferiores aos reais montantes a receber. Em muitos casos, os idosos eram levados a cartórios para reconhecimento de firma, dando aparência de legalidade ao golpe.

As investigações também identificaram o uso do “Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP)” como fachada institucional para captação de vítimas pela internet. O site do instituto era utilizado nacionalmente para atrair aposentados, que, ao acessá-lo, acabavam assinando documentos que permitiam à organização ajuizar ações judiciais e depois operar o desvio dos créditos.

Até o momento, já foram identificadas cerca de 215 vítimas do esquema criminoso, mas há indícios de que mais de mil pessoas possam ter sido lesadas nos estados investigados, o que demonstra a amplitude e a gravidade da atuação da organização criminosa.

Na Bahia, a ação também contou com o apoio da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap).

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