Dois foragidos da Justiça são localizados durante a segunda fase da Operação Concórdia

Indiciados por homicídios, tráfico de drogas, porte ilegal de arma e organização criminosa são alvos desta etapa.
Com o objetivo de retirar do convívio social envolvidos com homicídios, porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e organização criminosa, que estão com mandados de prisão em aberto, a Polícia Civil, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), deflagrou nesta quinta-feira (5) a segunda etapa da Operação Concórdia. Dois foragidos da Justiça já foram localizados.

Um dos suspeitos foi preso no bairro da Liberdade. Ele é apontado como responsável por organizar os estoques de drogas nos pontos de tráfico, armazenar os entorpecentes em sua residência para serem distribuídos, cobrar os valores oriundos das vendas do material ilícito e prestar contas para a liderança do grupo criminoso.

O segundo mandado foi cumprido em São Marcos. Cleison de Carvalho Rodrigues, que era “puxador de bonde”, resistiu à prisão e ficou ferido durante confronto com as equipes policiais. Ele chegou a ser socorrido para uma unidade de saúde, onde morreu.
A ação, que integra um esforço estratégico voltado à responsabilização penal de autores já indiciados em procedimentos que tramitam no Poder Judiciário, ocorre simultaneamente em bairros de Salvador e na cidade de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro.

Equipes do Núcleo de Operações, da Agência de Inteligência, do Grupo de Capturas, da 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central) e da 3ª (DH/BTS), que integram o DHPP, participam das diligências, com o apoio da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Primeira fase

Sete indiciados pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo tiveram os mandados de prisão cumpridos durante a primeira fase da Operação Concórdia, deflagrada no último dia 30. Os foragidos foram localizados na capital baiana, nos bairros de São Marcos, Vila Canária e Castelo Branco, e nos municípios de Vera Cruz e Macururé, além da cidade carioca de Rios das Ostras.

Uma mulher, tia de um dos alvos, foi presa em flagrante com uma pistola, carregador, munições, drogas, celulares, colete balístico e anotações relacionadas ao tráfico de entorpecentes. Equipes do DHPP, com o apoio dos Departamentos Especializado de Investigações Criminais (Deic) e de Inteligência Policial (DIP), da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Militar da Bahia e da Polícia Civil do Rio de Janeiro participaram da primeira etapa.

Texto: Ascom PC

Governo Trump sinaliza negar pedido de extradição de Zambelli, que cogita ficar nos EUA

Integrantes da gestão Donald Trump sinalizaram a bolsonaristas que um pedido de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ao Brasil será negado pelos Estados Unidos, caso ela esteja no país.

Com base nessa informação, a deputada estaria reconsiderando a ida para a Itália, onde essa proteção seria mais frágil. O país permite a extradição mesmo de pessoas com cidadania local.

Outro argumento que aliados dela têm usado é que há uma comunidade de brasileiros bolsonaristas bem estabelecida nos Estados Unidos, sobretudo na Flórida, e que ela poderia contar com esta rede de apoio para trabalhar e viver.

Até agora, no entanto, ela mantém o plano de viajar para o país europeu.

Fábio Zanini/Folhapress

BNDES bloqueia R$ 806 milhões em financiamentos para desmatadores

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) chegou a R$ 806,3 milhões de financiamentos negados a produtores rurais que promoveram desmatamento ilegal.

O bloqueio é feito a partir de parceria firmada em 2023 entre o banco e o MapBiomas, que monitora os biomas brasileiros via satélite.

O balanço, divulgado na Semana do Meio Ambiente, mostra que chegou a quase R$ 1 milhão por dia o volume de financiamento evitado para produtores ruais que desmatam.

Os 3.723 alertas de desmatamento registrados desde fevereiro de 2023 equivalem a 1% das 337,2 mil solicitações de crédito rural encaminhadas ao BNDES no período.

As operações de crédito rural incluem os programas agropecuários do governo federal com juros equalizados, a linha BNDES Crédito Rural e as que tenham marcação de crédito agrícola pelo Banco Central.

“A tecnologia e uma governança rígida nos permitem atuar com agilidade e precisão na análise do crédito e atender a urgente agenda de enfrentamento das mudanças climáticas”, diz o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Segundo ele, só no mês de abril deste ano, o volume de crédito evitado para quem desmata foi de quase R$ 25 milhões.

“O BNDES é um grande parceiro do agronegócio e da pecuária, mas não é complacente com o agronegócio que destrói o meio ambiente. O banco acredita e apoia a agropecuária que tem o meio ambiente como aliado, que inova e é sustentável. O tempo do crédito para o agro que desmata já passou”, acrescenta Mercadante.

Fábio Zanini/Folhapress

Quaest: Lula empata com Tarcísio, Ratinho Jr., Michelle e Eduardo Leite em 2º turno para 2026

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (5) mostra o presidente Lula (PT) em dificuldades no cenário eleitoral para o próximo ano.

De acordo com a empresa de pesquisas, o petista perdeu vantagem em simulações de segundo turno da disputa presidencial e agora empata tecnicamente com os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Paraná, Ratinho Junior (PSD), e Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), além da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL).

Em cenário de segundo turno em que o atual presidente concorre com Tarcísio, Lula tem 41% das intenções de voto, ante 40% do adversário. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, a situação é considerada um empate técnico. Votos em branco ou nulo e eleitores que não vão votar somam 14%, e os indecisos, 5%.

Na pesquisa anterior da empresa, em março, Lula ainda tinha vantagem sobre Tarcísio: os índices eram de 43% a 37%. Meses antes, a dianteira era bem mais folgada: 52% a 26%.

A Genial/Quaest fez nesta rodada 2.004 entrevistas em 120 municípios, da quinta-feira passada (29) até o domingo (1º). O nível de confiança é de 95%.

Na simulação de segundo turno entre Lula e Ratinho Junior, o empate também é configurado: o petista teria 40% dos votos, e o rival, 38%. Os indecisos somam 4%, e brancos, nulos e eleitores que não votarão outros 17%. Em março, o placar estava em 42% a 35%.

Quando o adversário apresentado é Michelle Bolsonaro, Lula tem 43% dos votos, ante 39% da adversária. Nesse caso, a diferença está no limite da margem de erro (de dois pontos para mais ou para menos), e a Genial/Quaest considera também um quadro de empate.

A situação também ocorre quando o rival de Lula é Eduardo Leite. O petista obtém 40% dos votos, e o governador gaúcho, 36%.

O levantamento mostra ainda Lula e Jair Bolsonaro (PL) empatados com 41% das intenções de voto em simulação de segundo turno. O ex-presidente, porém, está inelegível até 2030 por causa de condenação na Justiça Eleitoral, embora diga que vá se candidatar.

O atual mandatário manteve a liderança em simulações com outros três nomes cotados para a disputa.

Quando o adversário no segundo turno é o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Lula vence por 44% a 34%.

Em disputa com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o petista tem 42% das intenções de votos, ante 33% do adversário.

Por fim, em cenário de segundo turno entre Lula e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), o placar fica em 43% a 33%.

A empresa de pesquisa também perguntou se o atual presidente deveria se candidatar à reeleição. Disseram que não 66% dos entrevistados —o índice era de 52% no levantamento feito em dezembro.

Além disso, a pesquisa aponta que 65% entendem que Bolsonaro deveria abrir mão da candidatura agora e apoiar outro candidato. O ex-presidente promete insistir em disputar a Presidência, comportamento que tende a embaralhar a escolha de um outro nome de seu campo político para 2026.

Para 17%, se Bolsonaro não for candidato, o nome da direita na sucessão presidencial deve ser Tarcísio, e 16% responderam Michelle. Outros 11% citaram Ratinho Junior.

A Genial/Quaest também pesquisou a rejeição dos candidatos. Nesse quesito, os dois principais líderes políticos do país estão à frente.

Disseram que conhecem e não votariam em Lula 57%, ante 40% que responderam que conhecem e votariam.

Em relação a Bolsonaro, os números são parecidos: 55% disseram que conhecem e não votariam, ante 39% que responderam na linha oposta.

Outro com rejeição elevada é Eduardo Bolsonaro, com 56% de respostas “conhece e não votaria”.

Na pesquisa espontânea (quando os nomes dos candidatos não são apresentados ao entrevistado), Lula tem 11% das intenções de voto, e Bolsonaro marca 9%.

O levantamento da Quaest é financiado pela corretora de investimentos digital Genial Investimentos, controlada pelo banco Genial.

Folhapress

Interpol se negou a incluir bolsonaristas na lista vermelha de procurados em revés a Moraes

Acionada a pedido do ministro Alexandre de Moraes para a prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), a Interpol negou nos últimos anos dois pedidos de inclusão de dois símbolos do bolsonarismo na difusão vermelha da organização internacional.

As negativas foram dadas com diferentes justificativas e ocorreram no âmbito dos procedimentos internos para conferir se os mandados de prisão do Brasil estavam de acordo com as regras estipuladas pelas regras da Interpol.

Os bolsonaristas alvos do STF (Supremo Tribunal Federal) foram os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio. Os dois alcançaram visibilidade ainda no início do governo Jair Bolsonaro (PL) com publicações e vídeos em defesa da gestão do ex-presidente.

Allan dos Santos foi para os Estados Unidos em 2020. Em outubro de 2021, Moraes decretou a prisão preventiva do influenciador bolsonarista sob acusação de lavagem de dinheiro, organização criminosa e incitação ao crime.

Por ordem de Moraes, a Polícia Federal requereu à Interpol a inclusão do nome de Allan na lista vermelha —mecanismo por meio do qual se difunde a identidade de um foragido da Justiça aos 196 países-membros da organização solicitando colaboração policial.

O organismo internacional não se satisfez com as informações iniciais enviadas pela Polícia Federal e, ainda em 2021, enviou um pedido de complementação de dados relacionados à acusação contra o influenciador.

“A Secretaria-Geral considera que a descrição das atividades criminosas de Allan Lopes dos Santos não é clara, notadamente no que diz respeito à acusação de lavagem de dinheiro. Assim, para permitir que a Secretaria-Geral conclua sua análise do caso, reiteramos nosso pedido de algumas informações adicionais”, reforçou a chefia da Interpol em email encaminhado à PF.

A decisão final foi comunicada pela Interpol em dezembro de 2022. A organização internacional disse que não incluiria Allan dos Santos na difusão vermelha por falta de informações sobre o crime de lavagem.

A Interpol também decidiu não incluir o nome de Oswaldo Eustáquio em sua lista vermelha. A negativa se deu a outro pedido de Moraes, de 2023. O influenciador bolsonarista teve a prisão decretada meses antes por suposta participação e incitação nos atos de vandalismo que ocorreram em Brasília em 12 de dezembro de 2022.

Naquela ocasião, bolsonaristas radicais incendiaram ônibus e tentaram invadir a sede da Polícia Federal após a corporação prender o indígena José Acácio Serere Xavante. Sócio de Eustáquio, o também influenciador Bismark Fugazza acabou preso.

Em ofício enviado ao gabinete de Moraes, o coordenador-geral de Cooperação Policial Internacional da PF, Fábio Mertens, comunicou que a Interpol não inclui pessoas com pedidos de refúgio ou asilo político em outros países na lista vermelha de procurados.

Uma das justificativas está no artigo 3º da constituição da Interpol, que diz ser “estritamente proibido à organização empreender qualquer intervenção ou atividade de caráter político, militar, religioso ou racial”.

Outro revés a Moraes foi quando a Espanha negou, em abril, a extradição de Eustáquio, alvo de dois mandados de prisão por crimes contra a democracia e corrupção de menores. O tribunal espanhol determinou ainda que uma cópia da decisão fosse enviada ao Interpol “para os efeitos procedentes”.

Em reação, o ministro do Supremo suspendeu a extradição de um búlgaro condenado na Espanha sob a alegação de desrespeito ao requisito de reciprocidade pelo lado espanhol.

O novo foco sobre a Interpol vem no momento em que Moraes determinou a prisão preventiva de Carla Zambelli. Na quarta-feira (4), o ministro pediu à Polícia Federal que dê início aos procedimentos para a inclusão do nome da parlamentar na lista vermelha da organização internacional.

O trâmite para a possível inclusão do nome da deputada, porém, não é automático. Os prazos da Interpol para avaliar toda a documentação recebida do lado brasileiro podem permitir que Zambelli faça viagens internacionais —ela está nos Estados Unidos, mas comunicou o interesse de se mudar para a Itália.

Zambelli foi condenada a dez anos de prisão pela Primeira Turma do STF por ter invadido os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), com auxílio do hacker Walter Delgatti, e ter incluído mandados de prisão e de soltura para causar confusão no Judiciário.

A prisão da parlamentar foi autorizada por Moraes sob a alegação de que ela fugiu do país para evitar o cumprimento da pena.

A Polícia Federal reuniu todas as informações relacionadas à condenação de Zambelli na quarta-feira e enviou o pedido de inclusão do nome dela à Secretaria-Geral da Interpol, em Lyon, na França.

Pela primeira vez na história, a organização internacional é comandada por um brasileiro: Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal.

Um conselho da Interpol será responsável por analisar a documentação e decidir se o pedido de inclusão do nome de Zambelli está de acordo com os requisitos da própria organização internacional.

Cézar Feitoza/Folhapress

Estímulos do governo atrasam efeito da Selic na atividade econômica, dizem economistas

As altas na taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central estão levando meses a mais do que o normal para desacelerar a atividade e reduzir as expectativas de inflação, por causa dos estímulos fiscais que, na direção contrária, empurram a economia brasileira neste momento.

Mesmo quando o BC sobe a Selic em situações em que esses incentivos não são tão pesados, o impacto não é imediato. Os efeitos na ponta —como a reação de empresas e consumidores ao novo patamar de juros e os efeitos sobre preços— vão sendo lentamente percebidos até atingirem seu potencial máximo entre seis a nove meses depois da mudança na taxa.

Esse tempo está maior, segundo economistas. A estimativa de Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos, é que a defasagem da política monetária (nome técnico do fenômeno) varia hoje entre 12 e 16 meses. Em 2022, antes do salto no valor do programa Auxílio Brasil (que depois voltou a se chamar Bolsa Família), o especialista calculava a demora em nove meses.

“A defasagem ficou maior porque o fiscal está entupindo os canais de transmissão da política monetária”, afirma Barros. “Tem muito estímulo fiscal acontecendo, e isso está tirando a potência da política monetária. É como se o BC tivesse uma bola de ferro no pé, que atrapalha de progredir na direção da meta de inflação.”

O especialista afirma esse cenário foi visto no segundo mandato do governo de Dilma Rousseff, quando os estímulos fiscais e subsídios alcançaram patamar elevado. “É um momento parecido com o que vivemos hoje, com programas como o Vale-Gás, o Pé-de-Meia, a nova faixa do Minha Casa, Minha Vida e o consignado privado, entre outros.”

No ano passado, o governo gastou R$ 278,9 bilhões com o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), mas os estímulos vão bem além disso, já que os subsídios medidos pelos gastos tributários (isenções fiscais), por exemplo, foram de R$ 544,5 bilhões em 2024.

“O gasto tem apresentado uma tendência de crescimento quase independente dos governos de plantão”, afirma o economista-chefe da Warren e especialista em contas públicas Felipe Salto.

Hoje em 14,75% ao ano, a Selic vem subindo desde setembro de 2024, quando estava estava estacionada em 10,50%, mas a taxa básica está acima de 10% desde o início de 2022. Apesar disso, a economia vem se mostrando resiliente, com o PIB surpreendendo para cima nos últimos anos.

“Quando a política fiscal é mais expansionista, diminui a potência da política monetária, que passa a ter menos efeito para desacelerar a atividade econômica. Isso gera uma convergência mais gradual, com uma defasagem mais longa”, afirma Fernando Machado, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco.

Os dados de emprego divulgados na semana passada pelo IBGE são o sinal mais recente desse movimento. A taxa de desemprego ficou em 6,6% em abril, o menor patamar para o mês desde o início da série histórica, iniciada em 2012.

“Estamos convivendo há três anos e meio com juros acima de 10%. A economia já deveria mostrar algum sinal de desaceleração. Isso significa que os juros não estão funcionando? Eles provavelmente estão impactando a atividade, mas há outros fatores compensando, como a política fiscal”, aponta Ivo Chermont, economista-chefe da gestora Quantitas.

Apesar da forte injeção de juros na economia, as expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para 2026 e 2027 estão em 4,50% e 4%, respectivamente, acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 3%.

“Estamos no maior nível de juros em quase 19 anos, e poderíamos ter uma queda mais rápida da inflação. Mas a política fiscal expansionista tira a eficácia da política monetária”, diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

É a mesma avaliação de Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP), que lembra que isso acontece apesar da política monetária ter ganhado força com a explosão do crédito à pessoa física observada nos últimos anos.

“É uma força contrária, um volume grande de benefícios, muitos subsídios”, diz. “E isso deve se manter, porque o ciclo político vai falar mais alto neste ano e no ano que vem. Só haverá correção de rumo a partir de 2027, se é que isso vai acontecer”, afirma Marçal.

Para Fernanda Guardado, economista-chefe do BNP Paribas para América Latina e ex-diretora do Banco Central, não houve mudanças substanciais nos canais de transmissão da política monetária.

“Quando se observa as taxas de juros no crédito para pessoas físicas e jurídicas, a conclusão é que elas vêm subindo da forma esperada”, afirma. “Outro canal que reage rápido à política monetária é o câmbio, e o real de fato vem se apreciando”.

Ela acredita que a economia perderá força no segundo semestre deste ano em consequência dos juros mais altos. “O mercado de trabalho é o último indicador que reflete o esforço monetário, porque depende da desaceleração da demanda, redução dos planos de investimentos e eventuais decisões de desligamentos”, afirma.

Na avaliação da economista, o Banco Central ainda subirá os juros uma última vez na próxima reunião, a 15% ao ano, e os deixará nesse patamar por bastante tempo. “Acredito que os juros só voltam a cair em maio de 2026”, diz.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Fazenda afirmou que não tinha porta-vozes com disponibilidade de agenda para conceder entrevista.

Maeli Prado/Folhapress

Caminhão carregado de água mineral sai da pista e colide com árvore na BA-650, em Ibirataia

Motorista sofreu ferimentos leves após acidente na perigosa Curva da Garganta, trecho conhecido por alto número de ocorrências.
Na manhã desta quarta-feira (04), um caminhão carregado com galões de água mineral se envolveu em um acidente na Curva da Garganta, trecho da rodovia BA-650, no município de Ibirataia. O veículo saiu da pista, desceu um barranco e colidiu contra uma árvore. O motorista, identificado como Jorge Luís dos Santos, sofreu ferimentos leves.

Segundo informações iniciais, o condutor teria perdido o controle da direção em um dos pontos mais críticos da rodovia, conhecido por seu alto índice de acidentes — alguns deles com vítimas fatais. As causas exatas do acidente ainda estão sendo investigadas pelas autoridades competentes.

A vítima, que trabalha para uma empresa de Ipiaú responsável pela distribuição de água mineral na região, apresentava escoriações e queixava-se de dores abdominais. Ele foi socorrido por uma equipe do Samu e encaminhado para o Hospital Geral de Ipiaú, onde recebeu atendimento médico.

A Curva da Garganta é frequentemente citada pela população como um trecho que requer melhorias urgentes na sinalização e segurança viária. O incidente reacende os pedidos por intervenções estruturais que ajudem a evitar novos acidentes no local.

Governo da Bahia e Concessionária Ponte Salvador-Itaparica celebram acordo contratual para avanço do projeto e das obras

O Governo da Bahia e a Concessionária responsável pelo Sistema Rodoviário Ponte Salvador - Ilha de Itaparica assinaram, nesta quarta-feira (4), o novo acordo contratual que vai garantir o avanço do projeto e o início efetivo das obras. Ao lado de secretários de Estado, em seu gabinete, o governador Jerônimo Rodrigues compartilhou a notícia, durante reunião virtual com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que estava acompanhado de Zhu Qingqiao, embaixador da República Popular da China no Brasil.

O ato ocorre após intermediação do Tribunal de Contas do Estado (TCE/BA), que homologou, em fevereiro, a proposta de conciliação para execução da obra. “Hoje essa assinatura põe fim a essa etapa do processo. Agora é aguardar para que a empresa chinesa, que já fez a sondagem, faça o projeto executivo para que a gente possa continuar avançando com as ações do Governo do Estado para fazer a ponte Salvador-Itaparica acontecer. Vamos exigir que o projeto estabeleça ações para o turismo, a economia e a preservação da cultura. Vamos encurtar caminhos dentro da Bahia e também quanto à relação Brasil-China”, enfatizou Jerônimo Rodrigues.
Após a assinatura de hoje, os próximos passos são a elaboração do projeto executivo e a mobilização dos canteiros de obras nos municípios de Salvador e de Vera Cruz. De acordo com o contrato, as obras devem iniciar no prazo máximo de 12 meses. O sistema rodoviário será um novo vetor de distribuição de renda e vai impulsionar a economia de toda a Bahia, com geração de sete mil empregos.

A discussão contratual não impediu a continuidade da sondagem na Baía de Todos-os-Santos onde será construída a ponte. Em abril de 2025, após 12 meses, foi finalizada a sondagem. Durante a execução dos serviços foram mobilizadas mais de 300 pessoas, contratadas mais de 20 empresas baianas e investidos R$ 200 milhões. A sondagem da Ponte Salvador-Itaparica obteve recordes históricos: foi a primeira no Brasil a atingir 200 metros de profundidade para coleta de material intacto no solo marinho.
De acordo com o ministro Rui Costa, “essa é uma obra estruturante para a Bahia já que impulsiona o desenvolvimento econômico do Sul e Baixo Sul e fundamental para a integração econômica do estado. A construção da Ponte Salvador - Itaparica irá gerar além de milhares de empregos, muitos investimentos no turismo da região. Esse será o maior símbolo físico da integração econômica Brasil-China. É um dia muito feliz para o povo baiano”, afirmou Rui Costa, ministro da Casa Civil, durante reunião com o governador e representantes da empresa chinesa.

Para Claudio Villas Boas, CEO da Concessionária Ponte Salvador-Itaparica, do ponto de vista técnico, a assinatura é um marco imprescindível ao avanço do projeto. “Estamos preparados e muito focados para dar este passo decisivo rumo à concretização do maior projeto de infraestrutura em execução no país. Para os baianos e baianas, a Ponte Salvador-Itaparica vai significar muito mais que uma nova ligação entre duas cidades. Ela será um caminho para a prosperidade, a inclusão e a geração de emprego e renda. Nosso compromisso é garantir que essa transformação aconteça com responsabilidade e eficiência”, conclui.
Em agosto de 2024, o TCE instaurou o processo de Solução Consensual de Controvérsias e Prevenção de Conflitos. Durante três meses, a Corte presidiu inúmeras reuniões com representantes da Concessionária, Governo e técnicos do Tribunal que possibilitaram fazer a proposta de conciliação. Os trabalhos foram conduzidos com a premissa de haver vantajosidade para o Governo e, ao mesmo tempo, garantir a viabilidade deste projeto que irá promover o desenvolvimento social e econômico em diversas regiões da Bahia. Aprovado por unanimidade pelos conselheiros do TCE e pelo Ministério Público de Contas, o documento também foi avaliado e validado pelo governo chinês.

“A primeira vitória é do povo da Bahia, porque um projeto com uma magnitude dessa que é a ponte Salvador-Itaparica, vai trazer uma mudança na economia da sociedade baiana. É também uma vitória para o Tribunal de Contas do Estado, que, após negociação e uma conciliação através do consenso, hoje, inspirado pelo Tribunal de Contas da União, conseguimos, através da compreensão dos nossos técnicos e dos nossos conselheiros, aprovar assinatura desse aditivo”, afirmou Marcus Presídio, presidente do Tribunal de Contas do Estado da Bahia.

Desenvolvimento social, urbano e econômico

Esse grande investimento vai promover desenvolvimento econômico a partir da atração de novos empreendimentos em áreas como logística, indústria, comércio, serviços e mercado imobiliário, transformando a vida de 10 milhões de baianos em cerca de 250 municípios. O novo sistema irá também impulsionar de maneira sustentável o turismo na Bahia já que a distância entre Salvador e importantes zonas turísticas do estado, como o Sul e Baixo Sul, será reduzida em mais de 100 km.

Cenário econômico alterado pela pandemia

Em 12 de novembro de 2020, durante a pandemia do Covid-19, foi assinado contrato entre o Estado da Bahia e a Concessionária para a execução das obras e dos serviços necessários à construção, operação e manutenção do Sistema Rodoviário Ponte Salvador-Ilha de Itaparica. Com a pandemia, ocorreram diversas alterações nas condições macroeconômicas em âmbito nacional e internacional que impediram a execução contratual nos termos originalmente estabelecidos e levaram à apresentação de diversos pleitos de reequilíbrio e aprimoramentos contratuais pela Concessionária.

Entre as alterações em função da pandemia estavam, principalmente, questões relativas ao aumento extraordinário e significativo nos preços dos insumos da construção civil e o aumento dos custos dos financiamentos. Inicialmente, a Concessionária adotou diversas medidas buscando equacionar essas questões, mas, diante do volume de pleitos, Governo e Concessionária consideraram ser mais eficiente uma repactuação do contrato de modo mais amplo. Dessa forma, seguindo o exemplo de ações já realizadas a nível federal, foi solicitada a participação do TCE.

O Tribunal, por sua vez, de modo inédito na Bahia, instalou a Comissão de Solução Consensual de Controvérsias para equacionar os pleitos da Concessionária e garantir o aprimoramento e modernização contratual, permitindo assim a continuidade do projeto.

Respaldo Federal

A revisão ampla de contratos em situação de crise tem sido realizada em diferentes esferas da Administração Pública, com o devido respaldo e suporte dos entes públicos contratantes e dos tribunais de contas. No âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), a readaptação e otimização dos contratos de concessão é tida como medida apropriada para torná-los aderentes à nova realidade, sobretudo quando ocorrem alterações significativas nas condições macroeconômicas. Além disso, o artigo 22 da Lei Federal nº 13.448/2017 prevê expressamente a possibilidade de modernização, adequação e aprimoramento dos contratos de concessão.

Fotos reunião TCE/BA: Wuiga Rubini/GOVBA
Ilustração. Projeto da Ponte Salvador-Itaparica

São Félix do Coribe ganha duas ambulâncias e equipamentos de saúde do Governo do Estado

Durante encontro com representantes da prefeitura de São Félix do Coribe, no Extremo Oeste baiano, na tarde desta quarta-feira (4), o governador Jerônimo Rodrigues destinou para a saúde do município, duas ambulâncias e equipamentos hospitalares. A agenda, que reuniu secretários estaduais no Centro de Operações e Inteligência (COI), em Salvador, teve como objetivo tratar das demandas emergenciais para o desenvolvimento do município.
“Tratamos nessa agenda, de mais obras de pavimentação para os bairros, da construção de mais uma escola de tempo integral, ações na área de segurança e saúde e sistema de abastecimento de água nos povoados. Queremos construir o melhor para São Félix do Coribe, que já sai daqui hoje, com duas ambulâncias e equipamentos de saúde”, pontuou o governador.
São Félix do Coribe tem uma população de 16 mil habitantes e já recebeu R$ 29,4 milhões de investimentos do Governo do Estado, em dois anos. Na educação, os recursos estão sendo aplicados na construção do Colégio de Tempo Integral Rio Corrente; e para a mobilidade e infraestrutura, os investimentos estão concentrados na pavimentação das ruas da sede e a duplicação da Avenida Luís Eduardo Magalhães. Ainda está em elaboração de projeto, a pavimentação no acesso a esta unidade de ensino.

Para o prefeito do município, Toni de Dalmir, a parceria com o Governo do Estado é fundamental para melhorar a qualidade de vida da comunidade e impulsionar o desenvolvimento local. “Saímos daqui hoje, extremamente satisfeitos com essa recepção do governador e dos secretários estaduais com a nossa cidade. Tivemos a oportunidade de discutir os problemas prioritários de São Félix do Coribe. Nada supera o poder do trabalho”, afirmou o gestor municipal.
Repórter: Simônica Capistrano/GOVBA
São Félix do Coribe. Foto: Wuiga Rubini/GOVBA

Trump conversa com Putin e diz que russo revidará ataque; EUA temem risco nuclear no conflito

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou nesta quarta (4) com Vladimir Putin. Eles discutiram a escalada na guerra da Ucrânia, e o americano disse que o líder russo afirmou estar decidido a retaliar o mega-ataque de Kiev a suas bases de bombardeiros no domingo (1º).

O telefonema, o quarto entre eles desde que o republicano voltou à Casa Branca, girou em torno da crise. Segundo Trump, ambos também discutiram o Irã, que está em difícil negociação com os EUA sobre seu programa nuclear, e concordaram em que Teerã não deve ter acesso à bomba atômica.

“Foi uma boa conversa, mas não uma conversa que levará à paz imediata. O presidente Putin disse, de forma bastante forte, que ele terá de responder aos recentes ataques a aeródromos”, afirmou o americano.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, criticou Trump sem citá-lo. “Se o mundo reage fracamente às ameaças de Putin, ele considera tal atitude como permissão tácita —para novas atrocidades, novos ataques, novos assassinatos”, disse ele, que também rejeitou as demandas russas para a paz.

Antes da ligação, os Estados Unidos haviam criticado o ataque ucraniano, sinalizando ver risco de escalada até nuclear por parte de Moscou.

A desaprovação foi expressa pelo enviado americano para a Ucrânia, Keith Kellogg, e confirmada de forma prática pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, que se recusou participar da rotineira reunião de 57 países que dão apoio militar a Kiev —é a primeira vez que um americano não estará presente.

Na noite de terça (3), Kellogg, que foi rebaixado do posto de negociador principal da guerra por ser visto por Moscou como muito próximo de Volodimir Zelenski, disse: “Estou te falando, os níveis de risco estão indo para o alto. Digo, com o que ocorreu no fim de semana”, afirmou à Fox News.

“As pessoas têm de entender no contexto de segurança nacional. Quando você ataca parte do sistema de sobrevivência nacional de seu oponente, que é sua tríade nuclear, isso significa que seu nível de risco sobe porque você não sabe o que o outro lado vai fazer. Você não tem certeza”, disse.

Tríade nuclear é o jargão para os três meios que grandes potências empregam suas armas atômicas: lançadas por aviões, submarinos ou do solo. No caso, Kellogg se referia aos bombardeiros Tu-95 atacados por Kiev, ao lado de modelos que não são mais usados para essa missão por Moscou, os Tu-22.

Um número incerto deles foi destruído no domingo. Kiev falou em 41, depois disse que destruídos foram 13, número que bate com a estimativa de 12 ouvida pela reportagem a Otan. A agência Reuters disse que os americanos contaram 10, a partir de imagens de satélite —ainda assim um grande estrago, quase 10% da frota de bombardeiros.

A fala calculada de Kellogg revive o temor que permeou as ações dos EUA sob Joe Biden, que apoiava radicalmente a Ucrânia, ao contrário de Trump, que buscou aproximar-se de Vladimir Putin e reabriu as difíceis negociações entre Kiev e Moscou.

Ao longo da guerra, Biden evitava movimentos que provocassem o Kremlin, que desde o início do conflito em 24 de fevereiro de 2022 sacou a carta nuclear contra quem se opusesse a sua invasão. Isso foi sendo flexibilizado, culminando na autorização para ataques limitados com mísseis ocidentais dentro da Rússia, no fim de 2024.

Ato contínuo, na manhã desta quarta (4) Hegseth confirmou que não participaria da reunião dos apoiadores de Kiev em Colônia, na Alemanha.

Segundo disse à reportagem uma pessoa próxima do Kremlin nesta quarta, a leitura do movimento americano é de acomodação. Esse observador não crê em retaliação nuclear, e diz os russos esperavam uma posição de distanciamento dos EUA do humilhante ataque às suas bases.

A situação ficou ainda mais tensa na terça, com o ataque com explosivos de Kiev à simbólica ponte da Crimeia e os rumores de ação contra uma base naval russa na península. Na Ucrânia, o dia foi de expectativa, com alerta de ataques balísticos com o novo míssil Orechnik, desenhado para guerras nucleares, que acabaram não ocorrendo.

Nesta quarta, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a ação na ponte não deixou danos significativos. Ele reiterou que as negociações, que tiveram uma rodada na segunda (2) com troca oficial de termos de lado a lado, serão complexas.

Zelenski disse que as demandas russas para cessar-fogo e paz, que incluem cessão territorial, neutralidade e até eleições na Ucrânia, são “um ultimato inaceitável”.

Putin, por sua vez, afirmou em uma teleconferência sobre a guerra com autoridades que “o atual regime em Kiev não precisa de paz”. “Como podemos negociar com aqueles que contam com o terror?”, disse, referindo-se a um ataque no fim de semana contra pontes ferroviárias na Rússia que matou sete pessoas.

O negociador-chefe russo, Vladimir Medinski, relatou ao chefe na reunião os detalhes do encontro de segunda em Istambul. Confirmou que está tudo pronto para mais uma troca de prisioneiros nos dias 7 a 9.

O ataque do domingo teve impacto psicológico e potencialmente sobre algumas capacidades militares russas, mas não altera o modo com que a guerra é lutada por Putin: por atrito de infantaria e artilharia.

Com efeito, suas forças avançaram um pouco mais na região norte da Ucrânia, e já têm a capital regional de Sumi a cerca de 20 km de suas baterias e drones.

COMPROMETIMENTO DE TRUMP DEPENDE DE GASTO, DIZ OTAN

Após anunciar que a Ucrânia seria novamente convidada para a reunião de cúpula do clube, no fim deste mês, o secretário-geral da aliança, o holandês Mark Rutte, afirmou que o comprometimento dos EUA com a Otan depende de seus outros 31 membros aumentarem seus gastos militares.

Na véspera, ele havia dito que seria necessário quintuplicar a capacidade de defesa aérea dos países do bloco.

É um discurso conhecido. A expectativa é de que a Otan estabeleça metas irrealistas de dispêndio na sua cúpula para responder à demanda de Trump, que vê os EUA excessivamente envolvidos na defesa da Europa. Rutte já sugeriu colocar a meta de gasto em 5% do PIB com defesa.

Hoje, o alvo é 2%, vistos como insuficientes. É um movimento em curso há uma década: quando Putin anexou a Crimeia em 2014, só 3 dos então 28 membros do time cumpriam os 2%, número que passou a 23 de 32 em 2024.

No ano passado, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (Londres), a Rússia elevou em mais de 40% sua despesa militar, ultrapassando todo o gasto da Europa em termos reais. Os EUA seguem sozinhos como maior potência no setor, responsáveis por 39,4% de tudo o que o mundo emprega em defesa, ante 22,1% de seus parceiros de Otan.

Rutte não disse se Zelenski irá participar da cúpula em Haia, na Holanda, como já fez anteriormente. Sua preocupação com os EUA foi temperada nesta semana pelo anúncio de que Trump quer continuar com um general americano no posto do comandante-geral das forças da Otan, historicamente uma prerrogativa de Washington.

Igor Gielow/Folhapress

Mendonça diz em julgamento do Marco Civil que desconfiar da Justiça Eleitoral é um direito

Foto: Antonio Augusto/ STF/Arquivo

O ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), começou a apresentar seu voto sobre as regras do Marco Civil da Internet nesta quarta-feira (4) e disse que inovações tecnológicas sempre suscitam temores.

Mendonça afirmou que a verdadeira tolerância defende pessoas, ainda que expressem ideias “idiotas ou inaceitáveis”, e que essas ideias devem ser atacadas, não as pessoas.

“A Justiça Eleitoral brasileira é confiável e digna de orgulho. Se, apesar disso, um cidadão vier a desconfiar dela, este é um direito. No Brasil, é lícito duvidar da existência de Deus, que o homem foi à Lua e das instituições”, disse.

O plenário retomou a discussão a respeito do momento em que uma plataforma deve ser responsabilizada por conteúdos de terceiros publicados em redes sociais. Hoje, as empresas apenas devem pagar indenização caso não remova publicações depois de ordem judicial.

Apenas Mendonça se manifestou. No início da tarde, ele avisou que, dada a complexidade do tema, fará a leitura completa do voto e que, para isso, precisará de duas sessões. O ministro deve concluir o voto na sessão de quinta (5).

Ao abordar o tema das fake news, o ministro defendeu uma postura autocontida do Judiciário.

“O que se busca apontar são os efeitos deletérios que decorrem de postura ativista, ao qual, no presente caso, pode culminar em agudizar ainda mais o problema que se pretende combater”, afirmou.

O ministro, que foi indicado para o cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem adotado posicionamento que contraria a ala majoritária do tribunal em diversos temas. Votou em 2024, por exemplo, para impedir Alexandre de Moraes de julgar o ex-presidente.

O Marco Civil começou a ser julgado em novembro, e houve o pedido de vista —mais tempo para análise— de Mendonça em dezembro passado. Até então, três votos haviam sido dados, dos relatores dos dois recursos, Dias Toffoli e Luiz Fux, e do presidente Luís Roberto Barroso.

A expectativa é que o Supremo promova mudanças no Marco Civil da Internet semelhantes ao que vinha sendo discutido no Congresso Nacional no âmbito de um projeto de lei sobre regulamentação das redes sociais.

Relatado pelo deputado Orlando Silva (PC do B-SP), o chamado PL das Fake News acabou travado na Câmara, em 2023, por oposição das big techs e ameaças a parlamentares.

Ao votar, em dezembro passado, Barroso afirmou entender que o artigo 19 do Marco Civil é insuficiente para o cenário atual, que demandaria regulação, mas não deve ser derrubado por completo. Ele defendeu que, em casos de ofensas e crimes contra a honra, a necessidade de decisão judicial prévia deve continuar valendo.

Nesta tarde, Barroso abriu a sessão fazendo o que chamou de esclarecimento à sociedade diante de desinformações sobre o tema.

“O Judiciário não está legislando e muito menos regulando em caráter geral, abstrato e definitivo as plataformas digitais. Nós estamos julgando pretensões que chegaram ao tribunal por via de recursos”, disse.

Toffoli, relator de um dos processos, também comentou o tema. “Aqui não se trata de nenhum julgamento que diga respeito a censura ou que tolha liberdade de expressão”, disse.

Segundo o ministro, o artigo 19 da lei estabeleceu uma cláusula legal de imunidade de responsabilização pelo período entre a postagem e a deliberação judicial.

“Na forma como está hoje, essa responsabilidade só surge se descumprir decisão. Se cumprir, não tenho que pagar nada”, afirmou o ministro.

Com base no entendimento de que o modelo atual dá imunidade às empresas, Toffoli propôs no ano passado que a responsabilização se baseie em outro dispositivo da lei, o artigo 21, que prevê a retirada do conteúdo mediante simples notificação.

Segundo a votar, também em 2024, Fux propôs que as empresas sejam obrigadas a remover conteúdos ofensivos à honra ou à imagem e à privacidade que caracterizem crimes assim que foram notificadas.

Para ele, as plataformas devem fazer monitoramento ativo e retirem o conteúdo do ar imediatamente, sem necessidade de notificação de discurso de ódio, racismo, pedofilia, incitação à violência e apologia à abolição violenta do Estado democrático de Direito e ao golpe de Estado.

Por sua vez, Barroso aborda o dever geral de cuidado, para evitar que conteúdos como pornografia infantil, automutilação, indução ao suicídio, tráfico de pessoas, terrorismo e abolição violenta do Estado democrático de Direito cheguem ao espaço público.

Ana Pompeu/Folhapress

Lula chega a hotel e recebe lenço que simboliza apoio a palestinos

O presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) chegou nesta quarta-feira (4) a Paris para visita oficial à França. Ele aterrissou no aeroporto de Orly às 13h30 locais (8h30 no Brasil) e chegou ao hotel Intercontinental Le Grand, vizinho da Ópera de Paris, às 14h19 locais (9h19 de Brasília), ao lado da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja.

Ambos desceram para falar com um grupo de cerca de 50 apoiadores que aguardavam na porta do hotel aos gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro”. Recebeu de uma delas um keffiyeh, lenço preto e branco que simboliza a luta palestina. Colocou-os sobre os ombros e entrou sem falar com a imprensa.

A comitiva inclui 19 autoridades, entre elas sete ministros titulares (Relações Exteriores, Justiça, Portos e Aeroportos, Agricultura, Cultura, Minas e Energia, Meio Ambiente), três senadores e quatro deputados federais. A diária mais barata do Le Grand nos sites de busca custa € 471 (cerca de R$ 3.000).

O uso do keffiyeh por Lula ocorre um dia depois de o presidente subir o tom contra a ofensiva militar de Israel em Gaza. Ele voltou a falar em genocídio e disse que Tel Aviv tem de parar com vitimismo. “E vem dizer que é antissemitismo? Precisa parar com esse vitimismo. Precisa parar com esse vitimismo e saber o seguinte: o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio”, declarou Lula em entrevista coletiva nesta terça (3), em Brasília, antes de embarcar para a França, cujo presidente, Emannuel Macron, também endureceu o discurso contra Israel.

A movimentação no lobby do hotel despertou a curiosidade de um hóspede ilustre, o ex-secretário de Estado americano e ex-candidato à presidência dos EUA John Kerry. Ele perguntou aos repórteres brasileiros o motivo da aglomeração na entrada do hotel e, ao saber da presença do presidente brasileiro, ergueu o punho cerrado e exclamou “Lula!”, sorrindo.

Segundo o Palácio do Planalto, o presidente não tem compromissos oficiais nesta quarta. Já primeira-dama, Janja, foi a um encontro com sua homóloga francesa, Brigitte Macron, e um grupo de estilistas brasileiras em um restaurante de Paris.

“Que bom que você veio! Tô muito feliz”, disse Janja, em português, depois de abraçar efusivamente Brigitte na entrada do Museu do Homem, local do evento. A primeira-dama francesa chegou às 20h13 locais (15h13 em Brasília). Também em português, Janja a apresentou à ministra da Cultura, Margareth Menezes, e ao presidente da Apex, o ex-senador Jorge Viana.

Na manhã desta quinta (5), Lula será recebido por Macron no pátio dos Invalides, o monumento francês onde fica o túmulo de Napoleão e onde são recebidos chefes de Estado em visita oficial. Em seguida, Lula tem uma reunião com Macron no Palácio do Eliseu, sede da presidência, seguida de declaração à imprensa e almoço.

Na tarde de quinta, Lula será homenageado com uma sessão privada da Academia Francesa, homenagem concedida raramente pela instituição criada no século 17. De lá, o presidente segue para o Hôtel de Ville, sede do governo municipal de Paris. Será recebido pela prefeita, a socialista Anne Hidalgo, e inaugurará uma placa comemorativa na “floresta urbana” plantada pela capital francesa na esplanada em frente à prefeitura.

Às 20h30 (15h30 em Brasília) de quinta, Lula janta com Macron e um grupo de personalidades brasileiras e francesas no Eliseu.

Na sexta (6), o presidente recebe o título de doutor honoris causa da Universidade Paris 8 e inaugura duas exposições de arte brasileira no Grand Palais, pavilhão de exposições histórico no centro de Paris. Também participa de cerimônia de certificação do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação, concedida pela Organização Mundial de Saúde Animal, e discursa no Fórum Empresarial Brasil-França.

O Planalto ainda não havia confirmado, até a manhã desta quarta, se Lula viaja para o litoral mediterrâneo ainda na tarde de sexta ou na manhã de sábado. Ele participará de um fórum sobre “economia azul” (relacionada aos mares) em Mônaco, no dia 8, e da Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, em Nice, no dia 9. Antes de retornar o Brasil, no mesmo dia 9, ele visitará em Lyon a sede da Interpol, organização internacional de polícias. O secretário-geral da Interpol é o delegado da Polícia Federal brasileira Valdecy Urquiza, eleito no ano passado com apoio do governo brasileiro.

Um fuzil e 132 quilos de drogas são apreendidos em operação conjunta

Uma operação conjunta entre a Polícia Civil da Bahia e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resultou na prisão de três homens pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. A ação ocorreu na manhã desta terça-feira (3), em Feira de Santana.

Durante a ação, as equipes interceptaram um veículo na BR-116, onde foram encontrados 131 quilos de maconha, um quilo de pasta base de cocaína, um fuzilColt calibre 5.56mm e dois carregadores. Dois homens que transportavam o material foram conduzidos para a delegacia, sendo um preso em flagrante e o outro foi ouvido e liberado, por não haver indícios de ligação com o crime. Conforme as investigações, a carga havia saído do Rio de Janeiro e seria entregue a um grupo criminoso com atuação no município e região.

Após a apreensão da carga, as investigações e diligências continuaram, e equipes da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) de Feira de Santana prenderam outros dois homens no bairro Novo Horizonte, suspeitos de serem os receptadores da droga e das armas. O material apreendido foi encaminhado para perícia e os três presos estão à disposição do Poder Judiciário.

De acordo com o delegado Eudes Aquino, titular da DTE/Feira, a integração entre as forças de segurança tem sido essencial para impedir o avanço do crime e retirar armas e drogas de circulação. “Essas ações vão além das apreensões: têm impacto direto na redução dos fatores que alimentam a criminalidade no município. Seguiremos com as investigações para identificar os demais envolvidos e judicializar todos os responsáveis”.

Fonte: Ascom/PCBA

Forças Estaduais e Federais zeram ocorrências de explosões a banco na Bahia

Captura de líderes de facções, investimentos em equipamentos de inteligência e treinamentos resultaram na ausência da modalidade criminosa.
O trabalho integrado das Forças Estaduais e Federais da Segurança Pública zerou as ocorrências de explosões de bancos no estado da Bahia. Nos primeiros cinco meses de 2025 não foi registrado ataque à instituição financeira.

A captura de líderes de facções, investimentos em equipamentos de inteligência e treinamentos resultaram no ausência da modalidade criminosa.

Em pouco mais de dois anos, cerca de 160 criminosos envolvidos com roubos a bancos, tráficos de armas e drogas, lavagem de dinheiro e homicídios foram alcançados em ações de inteligência.

“As Polícias Militar, Civil, Técnica, Federal, Rodoviária Federal e Penal, além das Guardas Municipais e da FICCO Bahia têm trabalhado de forma irmanada. A integração é peça-chave nesse contexto de redução dos roubos a bancos na Bahia”, destacou o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner.

Lembrou também das capacitações realizadas visando a atuação nesse tipo de cenário. “Na semana passada, a PM realizou mais uma edição do Simulado de Primeiras Respostas em Crimes contra Instituições Financeiras. O treinamento foi promovido no Extremo Sul do estado”, completou Werner.

Acrescentou ainda que em 2024 foram registrados quatro casos, menor número dos últimos 14 anos. “Neste período, a redução dos roubos a bancos foi de 98%”, finalizou o secretário.

Texto: Alberto Maraux

Investigados por homicídios em Juazeiro são presos pela Polícia Civil

              Quatro suspeitos foram presos e uma adolescente de 15 anos foi apreendida.
A Polícia Civil, por meio de uma ação integrada envolvendo a Delegacia Territorial e unidades especializadas de Juazeiro, prendeu, na terça-feira (3), quatro homens suspeitos de envolvimento em homicídios ocorridos naquela cidade. Uma adolescente de 15 anos foi apreendida.

Os mandados, expedidos pela Vara do Júri da Comarca de Juazeiro, foram cumpridos em um imóvel no bairro Alto do Alencar, utilizado pelo grupo criminoso como base de atuação. Com a chegada das equipes policiais, os suspeitos arremessaram materiais ilícitos para terrenos vizinhos.

Uma pistola .40, com numeração suprimida e 13 munições, um revólver calibre .32, munições de diferentes calibres e porções de maconha e cocaína foram apreendidos durante a ação. O grupo foi autuado em flagrante por tráfico de drogas, associação para o tráfico, posse de arma de fogo e corrupção de menores.

A adolescente apreendida foi encaminhada aos familiares conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. As investigações, conduzidas pela Delegacia de Homicídios (DH) de Juazeiro, prosseguem com o objetivo de esclarecer a participação do grupo em outros crimes na região. Equipes da Coordenação de Apoio Técnico e Tático à Investigação e da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) de Juazeiro participaram das diligências.

Segurança Pública reforça policiamento no Extremo Sul com entrega de viaturas para a PM

As unidades da região também passam a contar com 10 novos tenentes promovidos na manhã desta quarta-feira (4).
Mais de R$ 2 milhões foram investidos em viaturas para reforço da frota da Polícia Militar, na região do Extremo Sul baiano. Os veículos foram entregues na manhã desta quarta-feira (4), pelo secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, e pelo comandante-geral da PM, coronel Antônio Magalhães.
Os automóveis vão reforçar a frota do Comando de Policiamento Regional do Extremo Sul, do 8º Batalhão de Polícia Militar, da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Mata Atlântica e das 44ª e 87ª Companhias Independentes da PM.
“Nosso principal objetivo é atender melhor à população e oferecer melhores condições de trabalho para os servidores, o nosso maior patrimônio”, frisou o secretário da pasta, Marcelo Werner.

Durante a solenidade, a PM também realizou a promoção de 10 policiais para os postos de tenentes, em solenidade de substituição de luvas.

Texto: Marcia Santana

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