Mostrando postagens com marcador Saúde. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Saúde. Mostrar todas as postagens

Governo abre unidade de oncohematologia no Hospital Roberto Santos e zera fila de pacientes na regulação dessa especialidade

A rede de assistência oncohematológica do estado foi expandida com a inauguração, nesta quarta-feira (21), da Unidade de Oncohematologia do Hospital Geral Roberto Santos, primeiro serviço da rede da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Com a abertura da unidade, a fila dos pacientes que aguardam para iniciar o tratamento nesta área será zerada. O governador Jerônimo Rodrigues e a secretária da Saúde, Roberta Rodrigues, estiveram presentes na entrega do novo serviço. Para a estruturação do espaço foram investidos cerca de R$ 5,6 milhões entre obras e equipamentos. São 14 Leitos, sendo 11 de isolamento e uma enfermaria com três leitos.
Jerônimo vistoriou a estrutura da unidade e conheceu parte da equipe dedicada aos cuidados dos pacientes. "É um dia de muita felicidade e celebração porque representamos o Estado nesta entrega de muita importância para a saúde da Bahia. O Hospital Roberto Santos é uma referência em um conjunto de serviços e possui uma equipe de profissionais muito capacitada e dedicada em cuidar bem. Hoje estamos entregando a oportunidade de atender 14 pessoas, número que zera a fila da regulação desta área. E ainda temos capacidade de ampliar esse número". De acordo o governador, a satisfação de entregar o novo serviço é imensurável, pois seu pai foi vítima de leucemia.
Na nova unidade, além do serviço de internamento, os pacientes também terão atendimento de emergência e acesso a atendimentos ambulatoriais com aplicação de quimioterápicos e tratamento clínico das doenças na área de oncologia, que cuida dos tumores malignos que afetam o sangue e os gânglios. Alguns dos tipos de câncer que fazem parte deste grupo são linfoma, leucemia, mieloma múltiplo, entre outros. Os tumores que afetam o sangue precisam de atenção especial e tratamentos específicos.

A Unidade de Oncohematologia será um serviço de referência estadual, estruturado com uma equipe de 51 profissionais, instalações físicas e equipamentos adequados a prestação de assistência ao paciente. O espaço conta ainda cinco poltronas para quimioterapia, sala de pequenos procedimentos, farmácia e sala de preparação de quimioterápicos. Segundo a Diretora-geral do Roberto Santos, Drª Lucrécia Savernini, a estrutura e a equipe já estão aptas para iniciar os trabalhos. "A instalação deste serviço é um ganho enorme para a saúde de toda a Bahia. A equipe já vem de treinamentos há cerca de dois meses para estar pronta para receber essas pessoas com acolhimento técnico, profissional e afetivo".

A secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, destacou que a abertura da unidade contribuirá de forma muito importante para ampliação da assistência a esses pacientes. “São poucas as unidades especializadas em oncohematologia e são pacientes, muitas vezes, com longa permanência. A nova unidade resolverá essa questão, fazendo com que a espera por um leito não ultrapasse 48 horas”, ressaltou.

Atualmente, os pacientes que necessitam de internamento e tratamento pelo Sistema Único de Saúde com este tipo de agravo são atendidos apenas nos hospitais Aristides Maltez, Universitário Professor Edgard Santos e Santa Izabel, sendo todos em Salvador.

Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia

SUS tem fila com mais de 1 milhão de cirurgias eletivas paradas no país

Mais de 1 milhão de procedimentos cirúrgicos eletivos estão travados na fila do SUS em todo o Brasil, aponta relatório do Ministério da Saúde divulgado na última sexta-feira (2). Os dados foram repassados por todos os estados e pelo Distrito Federal para a pasta por causa de um programa que busca diminuir essa fila.

No total, o ministério pretende repassar cerca de R$ 600 milhões aos governos estaduais e do DF. Segundo as estimativas, esse investimento deve reduzir em cerca de 45% o total dos procedimentos. Por enquanto, a pasta direcionou um terço do orçamento total.

O plano de redução de filas em todo o país foi instaurado por meio de uma portaria de 3 de fevereiro deste ano. O ministério optou por dividir o orçamento total do programa proporcionalmente entre os estados com base na população estimada pelo IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para 2021.

Para receber o montante, cada estado deveria enviar um plano com o número de cirurgias eletivas identificadas na fila, quantas poderiam ser realizadas com o investimento do governo federal e os hospitais que fariam as operações.

As relações de todos os estados foram divulgadas na última sexta (2), já que alguns estados, como São Paulo, demoraram mais para enviar as informações. Com a atualização de todo o país, o total de cirurgias eletivas no SUS ultrapassou 1 milhão de operações aguardando serem feitas.

O levantamento também possibilitou observar os números em cada estado. Goiás é o que tem a maior fila: são cerca de 125 mil procedimentos travados. Em seguida, aparece São Paulo, com 111 mil, e em terceiro lugar, o Rio Grande do Sul, com 108 mil.

A primeira fase do programa, que será feita durante 2023, é voltada às cirurgias eletivas. No entanto, o plano também envolve consultas especializadas e exames complementares, partes que devem ser priorizadas nas próximas etapas.

Se o projeto correr como o planejado, cerca de 487 mil cirurgias serão feitas, mas ainda sobrarão mais de 595 mil na fila de todo o Brasil.

Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), afirma que a iniciativa é importante. “Desde os últimos tempos, isso é inédito, porque a gente não tinha noção do tamanho dessa fila”.

No entanto, ele chama a atenção para alguns aspectos. O primeiro é de que a medida parece ter um caráter mais paliativo. É importante adotar esse tipo de ação porque são pessoas que precisam de atendimento, “mas essa fila volta se medidas também de médio prazo não forem adotadas”.

O professor explica que um dos problemas que precisa ser melhor abordado é a formação de especialistas: embora o país tenha visto um aumento de cursos de graduação em medicina, isso não se converteu nas especialidades.

“Alguns estados poderão ter dificuldade em cumprir a intenção de diminuir a fila mesmo recebendo recurso porque esbarra [no problema da quantidade de especialistas]”, continua.

O Ministério da Saúde afirmou à reportagem que “o programa é um incremento em relação à produção cirúrgica habitual do SUS”. Por isso, durante o período em que o plano estiver em vigor, o número de cirurgias feitas deve ultrapassar o esperado para o programa, já que as cirurgias feitas normalmente também devem ser realizadas.

O órgão também disse que os R$ 400 milhões –parte do orçamento ainda não enviada aos estados– devem ser encaminhados “mediante a apuração da realização das cirurgias pelos estados e municípios, tendo como prazo inicial de execução o ano de 2023, podendo ser ampliado por mais um ano”. O ministério ainda indicou que irá acompanhar o uso do recurso nos estados em “todas as suas dimensões”.

CATARATA

A cirurgia de catarata é a que deve ter o maior contingente de procedimentos realizados. Atualmente, são cerca de 167 mil pacientes em todo o país na espera pelo procedimento, o que representa cerca de 15% de todas as operações travadas. Com o programa de redução, devem ser performadas 88 mil –ou seja, cerca de 52% do total.

Cesar Motta, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), afirma que houve um aumento da incidência de pessoas com catarata. “O envelhecimento da população está cada vez maior. Com esse envelhecimento, a incidência de catarata também se torna cada vez maior”.

O problema ocular faz com que o paciente fique com uma visão embaçada. A complicação pode progredir, levando até mesmo a cegueira, que é normalmente reversível. “A gente tem uma queda na qualidade de vida muito grande quando o paciente se mantém com catarata”, diz Motta.

Para ele, isso é um sinal de que, além do investimento em um programa como este que busca a redução de forma mais imediata, é necessário um plano melhor estruturado para tratar a condição no decorrer dos anos.

“Tirou o investimento, ela vai voltar novamente. É uma coisa que tem quer ser contínua, porque o envelhecimento da população é contínuo também”, conclui.

Sobre a catarata, o Ministério da Saúde afirmou que “historicamente é a mais realizada nos programas de cirurgias eletivas organizados” pela pasta. O ministério também indica que o novo programa “pretende produzir um impacto positivo na capacidade de resposta do SUS a essa demanda cirúrgica específica”.

Samuel Fernandes/Folhapress

Secretaria de Saúde de Ipiaú participa de Audiência Publica em Jequié que visa realizar tratamento oncológico para o municipio e região

A Secretaria de Saúde de Ipiaú participou juntamente com representantes de cidades circunvizinhas, de uma audiência pública regional, nesta segunda-feira (29), na Câmara de vereadores de Jequié, para credenciamento na UNICON (Unidade de alta complexidade para tratamento de câncer) pelo SUS, oportunizando os pacientes diagnosticados gratuitamente à realização desses benefícios, a exemplo de UTI, quimioterapia, cirurgias, assistência multiprofissional humanizada, internamento, cuidados paliativos entre outros.
“O nosso objetivo é trazer esse tratamento para que a nossa população não necessite ir em busca em outros lugares mais distantes, e Ipiaú também será beneficiada em prol dos pacientes que tanto precisam. Muito em breve os tratamentos iniciarão e será muito benéfico para todos”, disse a Secretária de Saúde Laryssa Dias.
O Projeto aguarda a aprovação do Ministério da Saúde e governo do Estado para iniciar.

Dani Muniz: Fonte: DECOM/ Prefeitura de Ipiaú

Ministério da Saúde compra R$ 392 milhões em remédios sem registro da Anvisa

Falta de oferta e desabastecimento forçaram medida, segundo governo, que diz que produtos são certificados

O Ministério da Saúde assinou contratos de R$ 392,2 milhões para comprar lotes sem registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de insulina e imunoglobulina, dois medicamentos considerados estratégicos para o SUS.

A pasta diz ter sido forçada a buscar os produtos fora do país devido ao estoque escasso e à dificuldade de comprar no mercado nacional. Afirma também que segue a legislação sanitária e exige, entre outros pontos, que o produto seja certificado por agências reguladoras de outros países.

O governo Jair Bolsonaro (PL) igualmente recorreu a compras de imunoglobulina sem o registro da agência brasileira. Embora esse procedimento não seja novo, associações de pacientes e médicos temem receber medicamentos desconhecidos e de baixa qualidade.

A Anvisa concede os registros após avaliar estudos sobre segurança, qualidade e eficácia dos produtos, além de inspecionar as instalações das farmacêuticas espalhadas em diversos países.

Coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade, Vanessa Pirolo afirma que pacientes estão “muito preocupadas” por causa da compra de insulina. Existe o receio, segundo ela, de quais resultados ou reações adversas o produto pode demonstrar.

“A Anvisa é uma agência séria. Temos segurança quando ela deu o aval para um medicamento”, declara Pirolo.

Pacientes ainda temem que o ministério repita erros em compras feitas com distribuidoras, ou seja, que não são firmadas diretamente com as farmacêuticas ou representantes oficiais.

Em um dos casos mais traumáticos, a Saúde tentou importar, sem o aval da Anvisa e da fabricante, produtos para doenças raras. Comprados em 2017 e 2018, esses medicamentos nunca foram entregues pela contratada.

“Não é esse o caso [na compra atual]. A gente tem contato com a empresa e o fabricante”, disse à Folha Leandro Pinheiro Safatle, diretor do Departamento do Complexo Econômico Industrial no Ministério da Saúde.

Para Safatle, as dificuldades na compra reforçam que é preciso investir na produção nacional de medicamentos, inclusive por meio de laboratórios públicos.

Integrantes da Saúde reconhecem, reservadamente, que já faltam medicamentos em alguns locais, mas dizem que atuam para reduzir danos aos pacientes.

Safatle afirma que o governo federal autorizou estados a comprar insulina e pedir reembolso do ministério; também orientou que gestores façam remanejamento de estoques a locais mais desabastecidos.

Os contratos emergenciais receberam aval do TCU (Tribunal de Contas da União). O STF (Supremo Tribunal Federal) ainda manteve a compra de imunoglobulina. As importações aguardam aval da Anvisa.

A discussão sobre a aquisição de remédios sem registro no Brasil opõe o governo e a indústria nacional, que afirma ser prejudicada ao disputar os contratos com importadoras que não tiveram de submeter o produto ao crivo da agência sanitária.

Segundo integrantes da indústria, o processo de registro e o compromisso de monitorar o produto no mercado podem elevar o preço das vendas.

“Tanto no caso da imunoglobulina como no da insulina temos produtores no Brasil”, afirmou o presidente-executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos), Nelson Mussolini.

“Entendemos que, para o fortalecimento do complexo industrial da Saúde, as regras regulatórias da Anvisa devem ser seguidas. Importar produtos sem registro põe em risco a população brasileira”, declarou ainda Mussolini.

A compra mais cara sem registro, de imunoglobulina, foi dividida entre duas empresas.

Uma delas, a Auramedi, tem poucos negócios com a União. Segundo dados do portal da transparência, a empresa recebeu cerca de R$ 21 mil em todos os contratos já firmados com a gestão federal.

Agora, a empresa com sede em Aparecida de Goiânia, Goiás, vai entregar lotes de imunoglobulina comprados pelo governo por R$ 285,8 milhões.

De acordo com a empresa, o produto é fabricado pela farmacêutica chinesa Nanjing Pharmacare, a mesma que forneceu a maior parte da imunoglobulina comprada pelo SUS nos últimos anos, também em contratos emergenciais.

Além disso, a empresa diz que conta com serviço de atendimento por telefone a pacientes com dúvidas sobre o produto ou reações adversas.

Outra parcela da imunoglobulina, de R$ 87,63 milhões, será entregue pela Prime Pharma LLC, representada no Brasil pela empresa Farma Medical, de Manaus, Amazonas.

Em nota, a empresa brasileira afirma que vendeu cerca de R$ 70 milhões em imunoglobulina a hospitais federais, estados e municípios em 2022. O produto comprado pelo Ministério da Saúde, ainda segundo a empresa, é fabricado pelo laboratório chinês Harbin Pacific, certificado pela agência sanitária local.

A imunoglobulina é usada, por exemplo, no tratamento de pessoas com o vírus do HIV e imunodeficiências. Desde 2018 o governo acumula compras frustradas e disputas na Justiça e no TCU pelo produto.

Já a compra das canetas de insulina análoga de ação rápida custou R$ 18,8 milhões.

Como a Folha revelou, o governo enfrenta o risco de falta desse produto no SUS, que chegou a ter lotes descartados pelo governo Bolsonaro por causa do fim da validade.

Escolhida para o contrato, a Globalx afirma que a fabricante do medicamento usado para controlar o diabetes é a empresa chinesa Gan&Lee. A mesma farmacêutica tem outro tipo de insulina registrada no Brasil, a glargina, além de fábrica certificada pela Anvisa.

O contrato da insulina é assinado por Freddy Rabbat, empresário que também atua no mercado de artigos de luxo.

Durante a pandemia o governo distribuiu máscaras consideradas ineficientes pela Anvisa, compradas por outra empresa representada por Rabbat.

Em nota, a Saúde diz que chegou a abrir um processo administrativo por causa do contrato das máscaras, mas considerou que a empresa não deveria ser penalizada, “pois a documentação dos autos demonstra de forma inequívoca que houve a reposição de todos os itens avariados”.

A Globalx afirma que deve pedir o registro da insulina na Anvisa, para passar a fornecer regularmente o produto ao SUS. Na mesma nota, nega irregularidades no fornecimento de máscaras e diz que não há conexão entre essas compras.

Mateus Vargas / Folha de São Paulo

Doenças da tireoide serão foco de ação em Shopping da capital baiana

Campanha da SBEM-BA vai esclarecer dúvidas da população sobre hipotireoidismo, hipertireoidismo e câncer no dia 27/05, das 10h às 13h

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional Bahia (SBEM-BA) vai realizar uma ação de conscientização sobre as doenças da tireoide no Salvador Shopping no dia 27, último sábado de maio, das 10 às 13 horas. Para esclarecer dúvidas, mitos e verdades sobre hipotireoidismo, hipertireoidismo, doenças autoimunes, câncer e outras doenças que acometem a glândula localizada na parte anterior do pescoço, profissionais e estudantes da área participarão da atividade, que consistirá em distribuição de material informativo sobre o tema. A programação marca as celebrações do Dia Internacional da Tireoide, 25 de maio.
A importância da tireoide para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, e sua influência no peso, memória, regulação de ciclos menstruais, fertilidade, concentração, humor e controle emocional dos adultos são apenas algumas das informações que serão compartilhadas no próximo dia 27. De acordo com a endocrinologista e diretora da SBEM-BA, Diana Viegas Martins, médicos devem se lembrar do exame clínico da tireoide como parte do exame físico geral.

“Estima-se que 60% da população brasileira tenham nódulos na tireoide em algum momento da vida. Felizmente, 95% deles são benignos. Quando um nódulo é identificado clinicamente, solicitamos exames de sangue e de imagem (ultrassonografia) para melhor avaliação. A depender do resultado, podemos solicitar a punção de tireoide para afastar o diagnóstico de câncer. A descoberta precoce aumenta muito as chances de sucesso do tratamento”, explicou a especialista.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. Entre os fatores que aumentam as chances de desenvolvimento da doença destacam-se: histórico de irradiação (radioterapia) do pescoço e história familiar de câncer da tireoide.

A professora aposentada e artista plástica Lydia Diniz (63) foi diagnosticada com câncer de tireoide aos 49 anos de idade. Apesar do resultado positivo do tratamento, não foi fácil para ela se submeter a uma cirurgia para retirada da glândula e dos linfonodos vizinhos (tireoidectomia total) e, na sequência, à terapêutica com iodo radioativo.

“Sofri com tosse seca e com a perda de dentes, entre outras consequências do tratamento, mas percebi o quanto sou forte. Estou curada, mas até hoje a baixa produção de saliva é uma realidade. Preciso fazer exames a cada seis meses, mas aprendi que jamais podemos perder a fé”, declarou a paciente que descobriu, ao longo do tratamento, o grande prazer de sua própria companhia, já que contou com o apoio de apenas um filho, além de bons médicos e profissionais de saúde, durante o processo.

Não foi o caso de Lydia, mas em alguns casos mais avançados de câncer de tireoide, rouquidão, sintomas compressivos e até mesmo sensação de falta de ar e dificuldade para engolir alimentos podem ser sintomas sugestivos de malignidade de um tumor na tireoide. Em estágios iniciais do câncer, apenas a existência de um nódulo pode despertar a suspeita e incentivar a investigação da doença. Já os sinais clínicos de outras doenças da tireoide podem ser diversos.

Hipotireoidismo - Quando ocorre o hipotireoidismo, por exemplo, o coração bate mais devagar, o intestino não funciona corretamente e o crescimento da pessoa pode ficar comprometido. Diminuição da memória, cansaço excessivo, dores musculares e articulares, sonolência, aumento dos níveis de colesterol no sangue e depressão também são sintomas da doença, caracterizada pela baixa produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4).

Segundo o endocrinologista e também diretor da SBEM-BA, Joaquim Custódio, o hipotireoidismo afeta de 8 a 12% dos brasileiros e acomete mais mulheres e idosos. Para detectar a doença nos bebês, é importante realizar o Teste do Pezinho, preferencialmente entre o terceiro e o quinto dia de vida. “O hormônio da tireoide é fundamental para o desenvolvimento do cérebro. As crianças que nascem com hipotireoidismo congênito (sem função tireoidiana ao nascer) podem ter sérias sequelas cognitivas, neurológicas e de desenvolvimento, caso o problema não seja identificado e controlado precocemente”, destacou.

Embora o ganho de peso seja uma das manifestações clínicas do hipotireoidismo, existem muitos pacientes portadores da disfunção da tireoide que não apresentam esta queixa. Quando ocorre, o ganho de peso é pequeno (cerca de 2Kg) e o tratamento reverte totalmente este efeito da doença. Além disso, “o hipotireoidismo pode causar depressão, perda de cabelo, atraso no metabolismo, infertilidade, cansaço, sonolência, alterações de humor e memória, redução da libido e impotência sexual”, elencou Joaquim Custódio. Uma dieta específica para a redução de sintomas pode trazer benefícios, mas nenhum alimento, suplemento alimentar ou fórmula é capaz de substituir o tratamento clínico da doença.

Hipertireoidismo - Já no hipertireoidismo, que geralmente causa emagrecimento, o coração dispara, o intestino solta e a pessoa fica agitada, fala demais, gesticula muito, dorme pouco e sente-se com muita energia, embora também sinta-se cansada. A fotofobia (incômodo com a luz), olhos vermelhos e saltados também podem ocorrer. A doença surge devido ao excesso de iodo presente em alguns medicamentos, à presença de nódulos na glândula, ao funcionamento mais acelerado da tireoide ou à ingestão dos hormônios da tireoide.

A causa mais comum do hipertireoidismo é a Doença de Graves, que ocorre quando o sistema imunológico começa a produzir anticorpos que atacam a própria glândula tireoide. O diagnóstico é feito através do exame clínico, onde encontramos sinais típicos da doença, sendo confirmado por exames de sangue, com a dosagem dos hormônios tireoidianos (T3 e T4, que ficam aumentados) e do hormônio que regula a tireoide, o TSH. Esses e outros esclarecimentos da campanha alusiva ao Dia Internacional da Tireoide estarão disponíveis em breve no site www.endocrino.org.br e nas redes sociais da SBEM (@sbemnacional e @sbem.bahia).

SERVIÇO
Ação de conscientização sobre as doenças da tireoide

Local: Salvador Shopping (piso L2, próximo à Trousseu Exclusivité);
Data: sábado, 27 de maio de 2023; Horário: 10h às 13h;

Ação gratuita
Assessoria de Imprensa: Cinthya Brandão (71) 99964-5552 e Carla Santana (71) 99926-6898

Quase 150 pacientes do Recôncavo Baiano fazem hemodiálise pelo SUS no município de Santo Amaro

                               Tratamento diferenciado é oferecido no INERE desde 2020

Ninguém imagina que um dia poderá receber o diagnóstico de Doença Renal Crônica (DRC) e que irá depender de uma máquina (ou de um transplante) para se manter vivo. Contudo, mais de 150 mil brasileiros fazem diálise - processo artificial de remoção de resíduos e excesso de líquidos do corpo, necessário quando os rins não funcionam adequadamente. Na Bahia, atualmente, quase 17 mil pacientes precisam desse tratamento, sendo mais de 8.300 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o restante por planos privados. Como muitas cidades do interior não oferecem diálise, muitos pacientes são obrigados a se deslocar para o município mais próximo para realização das sessões.
Até 2020, pacientes com DRC que vivem em Santo Amaro, Candeias, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde, Saubara e Madre de Deus precisavam se deslocar até Salvador três vezes por semana para fazer hemodiálise, mas desde a chegada do Instituto de Nefrologia do Recôncavo (INERE) em julho daquele ano ao município de Santo Amaro, essa realidade mudou. Atualmente, quase 150 pacientes que vivem nesses municípios passam por sessões de hemodiálise pelo SUS no INERE, localizado na Rodovia BA, Km 420. Consultas particulares e por planos de saúde com nefrologistas também estão disponíveis na unidade, que conta com mais de mil metros quadrados de área construída.
De acordo com o nefrologista Antônio Alexandre Barbosa Santos, um dos sócios e diretor médico do INERE, os pacientes perdiam muito tempo de viagem até Salvador e os frequentes deslocamentos eram muito cansativos, para não dizer exaustivos. Com menos quilômetros a percorrer até a unidade de tratamento, os pacientes podem desfrutar por mais tempo da melhor parte de suas vidas. “Além de ajudar a salvar pessoas e de melhorar a qualidade de vida e o bem estar do paciente renal, o Instituto de Nefrologia do Recôncavo contribui para o crescimento econômico da região, a partir da contratação direta e indireta de mais de 80 funcionários”, destacou.
O tipo de diálise oferecida pelo INERE é a hemodiálise, procedimento realizado por um equipamento complexo que elimina os elementos prejudiciais ao organismo, controla a pressão arterial e ajuda na manutenção do equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatina. Todo esse processo é feito por meio de uma máquina que filtra e limpa o sangue, ou seja, simula a função do rim. Segundo informações da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), 93% dos pacientes brasileiros com DRC fazem hemodiálise. Apenas 7% realizam a diálise peritoneal, feita diariamente na casa do paciente, normalmente no período noturno.

Para pessoas com doença renal crônica, a hemodiálise pode ser usada como terapia de longo prazo ou como uma medida temporária até surgir a possibilidade de um transplante renal. Para a maioria dos pacientes dialíticos, um programa de hemodiálise bem-sucedido resulta em qualidade de vida aceitável, com dieta tolerável e pressão arterial normal.

“A fim de tornar o tratamento mais eficiente, o INERE conta com uma infraestrutura moderna, atendimento humanizado, médicos experientes, equipamentos de última geração, equipe multidisciplinar qualificada, ambiente seguro e sistema de tratamento de água com duplo passo”, detalhou o sócio do Instituto. Outro grande diferencial do INERE é o serviço de fisioterapia oferecido aos pacientes durante as sessões de diálise. Outras informações sobre o Instituto podem ser solicitadas pelo telefone (75) 3241-0819 ou (71) 98427-0509 (whatsapp).
Assessoria de Imprensa:
Cinthya Brandão-(71) 99964-5552

Covid-19: 13,5 milhões de pessoas já foram imunizadas com a bivalente

O Ministério da Saúde contabilizou, até sexta-feira (5), 13,5 milhões de pessoas imunizadas com a vacina bivalente. O aumento da cobertura vacinal contra a covid-19 é, segundo o Ministério da Saúde, prioridade do governo federal.

Em nota divulgada pela pasta, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, lembra que a vacinação é “fundamental para minimizar a carga e prevenir o surgimento de complicações decorrentes da doença”.

O imunizante Comirnaty, da Pfizer, que protege conta a variante Ômicron, foi disponibilizada para maiores de 18 anos que tenham recebido, pelo menos, duas doses monovalentes, respeitando um intervalo de quatro meses da última dose.

“Quem ainda não completou o ciclo vacinal e está com alguma dose em atraso, também pode procurar a Atenção Primária, porta de entrada do SUS [Sistema Único de Saúde]. O Ministério da Saúde reforça que, tanto as vacinas monovalentes quanto as bivalentes, têm segurança comprovada e são igualmente eficazes na proteção contra o coronavírus”, diz a nota.

A fim de resgatar a confiança da população nas vacinas e reforçar a segurança e eficácia de imunizantes, em geral, o Ministério da Saúde lançou, em fevereiro, o Movimento Nacional pela Vacinação.

Agência Brasil

Anvisa autoriza realização de exame de análise clínica em farmácias

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou na quarta-feira (3) uma norma que permite a realização de exames de análises clínicas em farmácias do país. Antes, esses locais só estavam autorizados a fazer testes de Covid-19 e de glicemia.

A medida começa a valer em 1º de agosto. Os estabelecimentos terão 180 dias para adequação.

De acordo com a Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias), a rede já está preparada para oferecer ao menos 46 exames, incluindo testes de dengue, HIV e colesterol (veja lista no final deste texto).

A Anvisa não divulgou uma lista de exames. “Os testes deverão atender os critérios da norma para que sejam realizados em farmácias”, afirmou o órgão.

Pela resolução, as farmácias estarão habilitadas a realizar exames de análises clínicas a partir de material biológico primário, desde que todas as etapas sejam feitas após a coleta no próprio estabelecimento e não necessite de instrumento para leitura, interpretação ou visualização do resultado. Será proibido guardar, transportar, receber ou enviar material biológico para outros serviços, bem como realizar punção venosa e arterial.

Segundo a agência, os estabelecimentos que realizarem tais exames deverão implementar um programa de garantia da qualidade. Além disso, apenas profissionais treinados poderão fazer a coleta.

A nova regra atualiza uma norma que já existia.

“A resolução aprovada substitui a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 302/2005, uma vez que a evolução do setor de diagnósticos, assim como dos produtos e instrumentos para diagnóstico, é evidente, e a defasagem da norma frente à realidade tecnológica já era apontada desde a abertura do processo regulatório, em 2017”, afirma o texto.

Wilson Scholnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), explica que a norma anterior já permitia a realização de alguns exames fora dos laboratórios (testes rápidos), mas com qualidade variável. Por isso, em 2005 a Anvisa determinou que eles fossem feitos por profissionais técnicos.

“Na pandemia, os testes rápidos para Covid, por exemplo, foram autorizados sem que exigências mínimas fossem cumpridas. O que mudou agora? A Anvisa não tornou mais necessária a vinculação aos laboratórios. Mas, sabendo da variação da qualidade desses testes, o órgão criou exigências que devem ser cumpridas pelas farmácias, desde regras de infraestrutura até a capacitação de pessoal”, diz Scholnik.

Os exames realizados em farmácias não servirão para diagnóstico, somente para triagem.

De acordo com a nova orientação, o resultado de um teste rápido necessita da interpretação de profissionais de saúde, que devem associá-lo aos dados clínicos do paciente e à realização de outros exames laboratoriais confirmatórios.

Quanto aos preços, estarão sujeitos à livre concorrência das farmácias, segundo a Abrafarma.

EXAMES QUE PODERÃO SER OFERECIDOS

Segundo a Abrafarma, as farmácias do país têm estrutura e espaço para realizar ao menos 40 exames, conforme lista abaixo:
  • Beta-hCG
  • Dengue Anticorpos IgG IgM
  • Dengue Antígeno NS1
  • Hemoglobina Glicada A1c
  • Teste rápido PSA
  • Teste rápido Covid-19 Antígeno
  • Avaliação de controle da asma
  • Check-up pós Covid anticorpos Anti-Spike
  • Teste rápido Ácido Úrico
  • Teste rápido de Chikungunya
  • Colesterol Total
  • Exame de Glicemia
  • Glicemia e Pressão Arterial
  • Teste rápido de Hepatite C
  • Teste rápido de HIV
  • Exame de Hormônio Luteinizante (LH)
  • Teste rápido de Lactato
  • Teste rápido de Malária
  • Teste rápido de Sífilis
  • Toxoplasmose
  • Teste rápido de Troponina Cardíaca
  • VSR (Vírus Sincicial Respiratório)
  • Teste rápido de Ferritina
  • Teste rápido de Mioglobina
  • Teste rápido de Proteína C Reativa
  • Teste rápido de Rubéola
  • Teste rápido Streptococcus Grupo A Molecular
  • Teste rápido Streptococcus Grupo A
  • Teste rápido Vitamina D
  • Exame VSR (Vírus Sincicial Respiratório) molecular
  • Zika Vírus Anticorpos
  • Exames do Coração Check-up completo
  • Medição da pressão arterial
  • Teste de Glicemia e Perfil Lipídico
  • Teste de Imunidade Covid-19 Anticorpos Anti-Spike
  • Teste de Intolerância Alimentar
  • Teste rápido Adenovírus
  • Teste rápido Covid-19 Anticorpos
  • Teste rápido Covid-19 Antígeno + Anticorpos
  • Teste rápido Covid-19 Molecular
  • Teste rápido de Alergia Alimentar
  • Teste rápido de Dímero-D
  • Teste rápido Febre Amarela
  • Teste rápido Helicobacter Pylori
  • Teste rápido Influenza Molecular
  • Teste rápido Tipo Sanguíneo
Patrícia Pasquini/Folhapress

Prazo para cidades aderirem ao programa Mais Médicos acaba hoje

Termina hoje (25) o prazo para adesão ou renovação dos municípios ao Programa Mais Médicos. Das 6.252 vagas previstas pelo edital para 2.074 municípios, mil são postos inéditos para médicos atenderem na região da Amazônia Legal.

“Os gestores das prefeituras devem indicar quantas vagas pretendem preencher em cada localidade do total autorizado pelo edital”, informou o Ministério da Saúde. A previsão é que o resultado preliminar das prefeituras a serem contempladas seja divulgado “nos próximos dias”.

Para esta edição, o ministério destaca o fato de ter adotado uma estratégia de incentivo, a fim de atrair os profissionais, com os médicos tendo a oportunidade de se especializar em medicina de família e comunidade durante a participação no programa, “com oportunidades de mestrado e incentivos financeiros para pagamento da dívida com o Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies)”, informou a pasta.

Licença maternidade

Há também outros benefícios, como licença maternidade às médicas que se tornarem mães, “com complementação do auxílio pago pelo INSS para alcançar o valor da bolsa durante o período de licença de seis meses”. Além disso, os pais terão direito a 20 dias de licença remunerada.

Por meio de nota divulgada pelo Ministério da Saúde, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, disse que o programa é uma “política pública extensa e vigorosa que consegue cumprir o que promete: alocar médicos em regiões remotas e de alta vulnerabilidade”.

Ele acrescentou que esta primeira etapa é o momento de o gestor confirmar, ao ministério, quantas vagas precisa para atender seu território.

“O processo é simples, totalmente online e leva poucos minutos, por meio de acesso à plataforma e-Gestor. Após a realização desta primeira etapa, em um segundo momento haverá a abertura para o cadastramento dos profissionais de saúde”, detalhou.

Agência Brasil

Planos de saúde são obrigados a reembolsar despesas médicas em situações especificadas em Lei

Operadoras não podem interferir na forma de pagamento negociada entre prestadores e pacientes

A Lei nº 9.656/1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, determina que as operadoras de plano de saúde são obrigadas a reembolsar despesas médicas nos casos de urgência ou emergência ou quando não for possível a utilização dos serviços próprios, contratados, credenciados ou referenciados pelas operadoras, observando-se os limites do contrato e de acordo com as despesas efetuadas pelo usuário. Antes de cobrar o reembolso, o usuário precisa verificar e respeitar os limites da apólice contratada. O prazo máximo para fazer esta solicitação é de até 30 dias. 

Para garantir esse direito, os planos de saúde têm exigido o comprovante de pagamento do desembolso de valores. Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) se posicionou sobre o reembolso de despesas em um único processo no qual afirma que o consumidor não tem direito ao reembolso sem que demonstre o prévio desembolso de valores. No entanto, a decisão vale apenas para aquele processo e não para todos. 

De acordo com a advogada Marina Basile, pioneira em Direito à Saúde no país, o reembolso sem desembolso acontece quando o beneficiário repassa o valor das despesas médicas ao prestador somente após o recebimento do “reembolso” pelo plano de saúde. “Na realidade, a forma de pagamento do desembolso deve ser negociada entre o hospital ou clínica e o usuário do serviço de saúde. As operadoras de saúde não podem intervir. A forma escolhida pelo cliente para pagar ao prestador jamais deve ser colocada pelo plano de saúde como condição para reembolso, seja ele assistido ou não”, destacou.

Se o médico negocia com o paciente um determinado prazo para cobrar pelo serviço prestado, não há fraude. O desembolso parcelado no cartão de crédito é uma possibilidade, assim como o pagamento imediato em espécie, débito ou pix. O  paciente não deve ser induzido a escolher uma ou outra forma de cobrança. “Ele deve ter ciência de sua responsabilidade financeira e de que, ao solicitar um reembolso assistido, apenas está contando com uma empresa para auxiliá-lo na busca pelo direito de reembolso de um débito que assumiu ao negociar com o prestador uma forma de pagamento”, destacou Marina Basile.

Ainda segundo a especialista em Direito Civil e Direito Médico Hospitalar, ao pagar no cartão de crédito em dez parcelas, por exemplo, o usuário não precisa solicitar o reembolso mês a mês, pois já existe o compromisso por esse pagamento. “A comunicação nesse tipo de negociação precisa ser assertiva. Hospitais e clínicas não devem jamais usar de subterfúgios para angariar clientes e a linguagem deve ser clara e franca. Os prestadores precisam explicar claramente o seu modo de cobrança, dando a chance do paciente pagar de imediato ou negociar o pagamento”, completou.

Recentemente, algumas operadoras comunicaram aos seus usuários que reembolsos poderiam se constituir em fraude. A afirmação só faz sentido se o paciente não tiver pago ou não houver se comprometido a pagar pelo serviço de saúde. Excluídas essas possibilidades, resta a legitimidade de cobrar reembolso do plano. “As operadoras têm ciência de que não devem interferir na forma de pagamento acertada entre o prestador e o paciente, inclusive porque esse tipo de atitude fere a autonomia das partes garantida pela legislação brasileira. Por isso, ao se deparar com este tipo de cobrança ou diante de uma negativa ilegal de reembolso, o usuário tem todo o direito de acionar o Poder Judiciário”, concluiu Marina Basile. 

Assessoria de Imprensa: Cinthya Brandão (71) 99964-5552-cinthyabrandao@gmail.com

Carla Santana (71) 99926-6898

Mais de 300 pacientes amanhecem à espera de regulação: “continua sendo a fila morte”, critica Alan Sanches

Segundo o deputado estadual Alan Sanches, líder da bancada da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, o feriado dessa sexta-feira (21) foi de “aflição e angústia para mais de 300 pacientes que amanheceram na longa fila de espera por uma transferência médica pelo sistema de regulação da rede estadual de saúde”.

“A inoperância do Governo do Estado com relação à Secretaria de Saúde só faz piorar o sofrimento dos baianos. Amanhecemos com 320 pacientes no município de Salvador aguardando resposta da regulação. Isso apenas em Salvador, nas UPAs e unidades de pronto atendimento. Não é possível que tenhamos que nos acostumar com a fila perversa da regulação. Precisamos salvar essas vidas e diminuir o sofrimento de tantas famílias”, afirmou o parlamentar.

“Não se trata regulação com policlínica e feira de saúde. O que precisamos é fazer uma gestão de leitos e gestão dos hospitais cobrando as metas acordadas nos contratos assinados entre as instituições responsáveis pela gestão de cada unidade e a Sesab”, reforçou.

Ele destacou que a Prefeitura de Salvador repassa quase R$ 800 milhões ao governo do Estado para cobrir os custos dos pacientes da capital baiana. “Não é um favor, nem boa vontade que o governo estadual faz, pelo contrário, o prefeito Bruno Reis tem colocado recursos para garantir assistência à saúde dos soteropolitanos”.

O líder da Oposição pontuou ainda que as críticas não estão mais no âmbito da disputa eleitoral, mas sim porque é uma questão de dignidade humana.

“Durante todo esse tempo eu me calei, aceitando o resultado das eleições, que a população escolheu manter esse sistema de governo do PT. Mas não consigo mais aceitar o sofrimento de tantos pacientes que precisam de regulação”, acrescentou.

Oncologista explica por que o câncer está cada vez mais presente entre os jovens

Em qualquer idade, o diagnóstico de câncer é carregado de sofrimento, dor e ideia de finitude. E, quando isso ocorre em pacientes mais jovens, o impacto é ainda maior, contrariando as expectativas do diagnóstico mais comum associado ao avanço da idade. Larisse Brito, 38 anos, passou por essa experiência quando, há três anos, foi diagnosticada com câncer colorretal.

Depois de vivenciar as difíceis fases entre diagnóstico e tratamento, a corretora venceu a doença e, diante do Dia Mundial de Combate ao Câncer (8 de abril), revela sua história para que diagnósticos como o dela possam trazer menos dor, menos sofrimento e mais confiança. O caso dessa soteropolitana valente ilustra pesquisas recentes que apontam maior incidência de câncer abaixo dos 50 anos, em diversas partes do mundo, mas serve de força e inspiração para o enfrentamento do câncer.

Recentemente, o câncer colorretal também foi diagnosticado e anunciado pelas cantoras Simony (46 anos) e Preta Gil (48 anos), o que deixa o assunto em pauta, como ilustra a oncologista Vanessa Dybal, da Clínica AMO. Esses dois casos vão ao encontro das estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de que o câncer de cólon e reto deve ter 46 mil novos registros por ano no Brasil no triênio 2023-2025. O Inca estima também que o número de mortes precoces pela doença no país cresça 10% entre 2026 e 2030 quando comparado a 2011 e 2015.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que compara dados de 2012 e 2020, há mesmo uma tendência de epidemia de câncer em jovens e os diagnósticos dos tumores de mama, tireoide, endométrio, próstata, colorretal, rim e outros revelam aumento significativo na faixa etária entre 20 e 49 anos.

Artigo publicado na revista Lancet Oncology avaliou o impacto e a incidência de câncer em jovens, numa faixa etária ainda menor: de 15 a 39 anos. Neste público, são mais de 1,2 milhão de novos casos por ano, responsáveis por cerca de 400 mil óbitos anuais em todo o mundo. Até 29 anos, as principais causas de morte por neoplasias são leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas, em ambos os sexos.

Desafio e fatores de risco

A explicação para essa crescente incidência ainda é um desafio para os pesquisadores, mas a oncologista Vanessa Dybal reforça a relação entre câncer e fatores de risco como o tabagismo, obesidade, sedentarismo, álcool em excesso, exposição ao sol sem proteção e alimentação pobre em fibras e rica em ultraprocessados, entre outros.

“É preciso estar atento a qualquer modificação no corpo e buscar orientação médica. Manchas que crescem na pele, mudam de cor ou sangram; cansaço excessivo; nódulos em crescimento, alterações persistente do hábito intestinal, e perda significativa de peso sem motivo aparente dão pistas de que algo não vai bem e merece investigação ”, explica a oncologista da Clínica AMO, que integra a Dasa, maior rede de saúde integrada do país.

No contraponto do impacto da notícia da descoberta da doença, a oncologista Vanessa Dybal reforça que o diagnóstico precoce pode elevar para mais de 90% as chances de cura em alguns tipos de tumores. “Além disso, fazem a diferença os novos tratamentos, cada vez mais individualizados, aliados ao acolhimento feito por uma equipe multidisciplinar e preparada para fazer a navegação do paciente durante todas as etapas do combate ao câncer”, completa a médica.

E, para a paciente Larisse Brito, o primeiro passo é aceitar a doença, seguir em frente, ir à luta. Esbanjando força e coragem, ela diz que a “sentença de morte”, como algumas pessoas enxergam o diagnóstico do câncer, deve ser vista como uma “certidão de nascimento porque você passa cuidar de si de uma forma melhor, mais cuidadosa, com mais qualidade”.

Anvisa suspende autorização de uso de medicamento contra covid-19

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu temporariamente a autorização de uso emergencial do medicamento Evusheld (Tixagevimabe + Cilgavimabe). O remédio é indicado para prevenção, pré-exposição e tratamento de casos leves a moderados da covid-19 e também de pacientes com alto risco de progressão e agravamento da doença.

“A Anvisa vem acompanhando a eficácia dos medicamentos aprovados contra as novas variantes do SARS-CoV-2 e, de acordo com os dados apresentados pela empresa, o medicamento Evusheld demonstrou queda significativa na atividade contra as variantes de preocupação do novo coronavírus em circulação no país”, justificou a agência em nota.

Atualmente, como a variante Ômicron e suas subvariantes predominam no Brasil, apresentando recentemente prevalência de 77% para a BQ.1 e de 15% para a BA.5, “após a avaliação dos dados, a diretoria colegiada da agência decidiu, por unanimidade, suspender temporariamente a autorização de uso emergencial do medicamento, até que sejam apresentados dados que comprovem sua eficácia contra as variantes do SARS-CoV-2 em circulação no país”, acrescentou a Anvisa.

Caso existam lotes do medicamento em território brasileiro, a empresa detentora da autorização deve comunicar aos profissionais de saúde dados sobre a ineficácia do produto contra as variantes em circulação do SARS-Cov-2, para que somente façam uso do remédio quando o paciente tiver sido infectado por alguma variante do SARS-CoV-2 suscetível a ele.

Agência Brasil

25% dos pacientes com câncer de pênis sofrem amputação do órgão

Campanha nacional de prevenção e combate à doença segue até o final de fevereiro
Dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que só no ano passado, 1.933 casos de câncer de pênis foram registrados no Brasil e em 459 deles (quase 25%), a amputação do órgão foi necessária. Em 2021, mais de 1.700 casos deste tipo de tumor foram registrados no país, sendo 139 na Bahia. Como a doença é prevenível na maioria dos casos, a SBU promove, até o fim deste mês, uma ampla campanha para esclarecer sobre suas três principais causas: higiene inadequada, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e estreitamento do prepúcio (fimose).

A limpeza diária do órgão com água e sabão, principalmente após as relações sexuais, é a melhor forma de evitar a doença. Por isso, os meninos precisam aprender hábitos de higiene íntima diária desde cedo. Usar camisinha em todas as relações sexuais também ajuda na prevenção, já que o preservativo diminui a chance de contágio de infecções sexualmente transmissíveis, como o  HPV, vírus que está quase sempre associado ao câncer de pênis. Para combater este vírus, meninos de 9 a 14 anos devem tomar a vacina contra o HPV, disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Segundo o urologista Filipe Sena, integrante do grupo URO+ Urologia Avançada e Cirurgia Robótica, a cirurgia para o tratamento da fimose, quando a pele do prepúcio é estreita e impede a exposição adequada da cabeça do pênis (glande), é outra forma de prevenção, nos pacientes que têm indicação. “A fimose pode dificultar a limpeza adequada do órgão e a detecção de lesões pré-malignas. A operação, também conhecida como postectomia ou circuncisão, é simples e rápida, e na maioria das vezes não necessita de internamento. Embora seja mais realizada na infância, ela também pode beneficiar adultos e idosos”, explicou. 

O diagnóstico definitivo do câncer de pênis é feito por meio da biópsia (retirada de um fragmento do tecido) de qualquer lesão peniana suspeita. O objetivo é diferenciar lesões malignas e seus subtipos,  lesões pré-cancerosas e benignas. O sintoma mais comum do câncer de pênis é o aparecimento de uma ferida ou úlcera persistente. Em alguns casos, pode haver perda de pigmentação ou manchas esbranquiçadas, secreções e mau cheiro, tumoração no pênis e/ou na virilha (íngua), além de inflamações de longo período, com vermelhidão e coceira. Quando diagnosticado em estágio inicial, a doença apresenta elevada taxa de cura. 

Segundo Filipe Sena, o tratamento é cirúrgico, mas pode ser seguido de aplicações de quimioterapia e/ou sessões de radioterapia, dependendo da extensão do tumor, da região onde está localizado e do prognóstico. “A cirurgia é eficaz para o controle local da doença, mas se o paciente apresentar ‘ínguas’ na virilha pode ser um sinal de que o tumor está se espalhando”, acrescentou o urologista. Qualquer tipo de lesão ou tumoração peniana, independentemente da presença de fimose, devem ser avaliadas por um médico.

Mais informações para a imprensa podem ser obtidas com a jornalista Carla Santana pelo telefone (71) 99926-6898

‘Olhaí os curuminzinhos tudo com malária, não tenho o que fazer’, disse testemunha da crise nos yanomamis

Áudios repassados ao MPF mostram desespero diante de caos e falta de dipirona e paracetamol
Áudios enviados pelo Whatsapp e repassados ao MPF (Ministério Público Federal) em Roraima mostram o desespero de pessoas que se depararam com a gravidade do estado de saúde de crianças yanomami.

As mensagens descrevem um cenário de “caos” na terra indígena, a maior do Brasil, e falta de medicamentos básicos como dipirona e paracetamol.

Um quadro generalizado de desassistência em saúde no território ao longo do governo Jair Bolsonaro (PL), agravado pela permanência de mais de 20 mil garimpeiros invasores na área demarcada, teve como consequência a explosão de casos de malária, a incidência de verminoses facilmente evitáveis e o agravamento da desnutrição, especialmente entre crianças e idosos.

“Estive em Xitei e Surucucu [comunidades da terra indígena]. Está um caos. Postos lotados, pouca medicação. Não tem dipirona, paracetamol. Levamos doação, mas para poucos dias”, cita um áudio, transcrito pelo procurador da República Alisson Marugal numa recomendação expedida em 30 de novembro de 2022.

O procurador recomendou uma intervenção no DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) Yanomami, vinculado ao Ministério da Saúde, diante do quadro de desabastecimento de medicamentos básicos, de explosão da malária e das suspeitas de fraudes e corrupção no fornecimento de medicamentos pela empresa contratada.

O MPF não divulgou os áudios, apenas os transcreveu na recomendação.

Em um dos áudios transcritos, o interlocutor afirma: “Olha aí os curuminzinhos [curumim é um termo para designar crianças indígenas], tudo com malária, tudo amarelo com malária. Tem uns deles aqui que já tão pra desmaiar.”

A transcrição prossegue: “Ô parente, deixa eu te falar uma coisa, você tá vendo a situação aqui? Um horror de curumim doente com malária e eu não tenho dipirona, não tenho paracetamol, não tenho medicamento de malária. Aqui é malária, mesmo!”

O governo Bolsonaro distribuiu cloroquina, um medicamento para malária, para combate à Covid-19 na pandemia, apesar de inexistirem provas científicas de eficácia da droga para o coronavírus.

Depois, o mesmo governo deixou faltar cloroquina para o combate à malária em terras indígenas, como nos territórios no noroeste do Amazonas e na terra yanomami.

Nos áudios usados pelo MPF, a testemunha do grave quadro de saúde das crianças yanomamis diz: “Passe isso aqui pra Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde], pra Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas], pega o número de telefone dos presidentes.”

E prossegue: “Mermão, eu não tenho mais o que fazer por essas crianças! É só criança recém-nascida, de quatro meses, cinco meses, tudo é malarento, tudo! Eu não posso fazer mais nada. Pelo amor de Deus, faça alguma coisa, irmão!”

O procurador da República afirma, na recomendação, que foi necessária uma intervenção, no começo de novembro de 2022, para que o então coordenador do DSEI Yanomami adotasse medidas para fornecimento de medicamentos básicos aos indígenas.

Os relatos de desabastecimento eram “desesperadores”, conforme Marugal, assim como as imagens de crianças desnutridas por falta de tratamento médico, também encaminhadas ao MPF.

Para a Procuradoria, “a gênese de todas essas irregularidades decorre da preponderância de critérios políticos sobre os técnicos para as nomeações dos coordenadores distritais e da fragilidade dos mecanismos de supervisão instituídos pela Sesai”.

“Os últimos dois titulares do DSEI Yanomami eram agentes sem nenhuma experiência em saúde pública ou povos indígenas”, cita a recomendação, em referência a nomeações feitas pelo governo Bolsonaro. “O traço comum a ambos é o estreito enlace com atores políticos locais.”

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou emergência em saúde pública e instalou um centro de operações para lidar com a crise de saúde na terra yanomami.

Em 30 de novembro do ano passado, a PF (Polícia Federal) e o MPF fizeram uma operação para combater um suposto desvio de recursos públicos destinados à compra de medicamentos aos yanomamis.

As supostas fraudes no governo anterior resultaram na retenção de medicamentos, em especial vermífugos, o que deixou 10.193 crianças desassistidas, segundo a PF. O resultado foi um “aumento de infecções e manifestações de formas graves da doença, com crianças expelindo vermes pela boca”.

De 13.748 crianças aptas ao tratamento de verminoses no primeiro semestre de 2022, apenas 3.555 receberam tratamento, segundo os dados usados nas investigações.

Um hospital para crianças em Boa Vista (RR) atendeu mais de 300 crianças yanomamis com desnutrição ou malária num período de 15 meses.

De acordo com o MPF, 52% das crianças yanomamis estão desnutridas. Nas comunidades mais isoladas, o índice chega a 80%.

O quadro crítico é notado também com a malária. Foram 44 mil casos da doença em menos de dois anos, e o cenário é de que toda a população yanomami, de 28 mil indígenas, foi infectada, com descontrole do surto, como descreve o MPF na recomendação em novembro de 2021.

Vinicius Sassine / Folha de São Paulo

Saúde nega acesso à informação sobre estoque de medicamentos e vacinas

O Ministério da Saúde negou acesso a informações sobre o estoques de vacinas e medicamentos da pasta. O pedido via LAI (Lei de Acesso à Informação) foi feito já na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Durante a campanha, Lula prometeu que iria trabalhar para derrubar os sigilos impostos pelo governo de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). No dia da posse, o petista assinou despacho em que determina que a CGU (Controladoria-Geral da União) reavalie decisões do último governo.

A informação encontra-se sob sigilo desde 2018, antes do último governo ter início. A Folha fez inúmeros pedidos de LAI durante a gestão Bolsonaro, todos foram negados.

A pasta afirmou que, “conforme despacho presidencial, assinado em 1º de janeiro, a Controladoria-Geral da União (CGU) irá reavaliar, no prazo de 30 dias, o sigilo imposto pela última gestão sobre informações e documentos da administração pública, incluindo os estoques de insumos estratégicos do Ministério da Saúde”.

Como revelou a Folha, o sigilo de todo o estoque do Ministério da Saúde cairia neste ano, mas o até então diretor de Logística da Saúde, general da reserva Ridauto Ribeiro, assinou novo termo de classificação da informação no dia 20 de abril do ano passado.

Com isso, não há mais uma data para todo o estoque ser revelado. As informações serão protegidas por dois anos a partir de quando forem produzidas.

“Esclarece-se a impossibilidade de atendimento do pedido, uma vez que os dados do estoque e da movimentação do estoque de Insumos Estratégicos para Saúde sob guarda deste Departamento de Logística em Saúde (DLOG) são sigilosos, na classificação reservada”, disse a resposta encaminhada via LAI.

Ex-braço direito do general Pazuello, o general da reserva foi um dos participantes do ato golpista na praça dos Três Poderes no domingo (8). Ele gravou um vídeo em frente ao Palácio do Planalto durante o protesto.

Ele ocupou o cargo de diretor do Departamento em Logística da Saúde da pasta até o último dia da administração Bolsonaro, em 31 de dezembro de 2022.

O TCU (Tribunal de Contas da União) chegou a determinar a suspensão dos sigilos de estoques do Ministério da Saúde em junho do ano passado.

A decisão cita reportagens da Folha que revelaram que o governo anterior acumulava, em 2021, R$ 243 milhões em produtos vencidos.

O relator do processo, ministro Vital do Rêgo, afirmou na decisão que o sigilo “configura prejuízo ao controle social, à transparência dos atos da administração pública e ao direito à informação”.

Entretanto, O TCU voltou atrás após um pedido do Executivo ainda sob o comando de Bolsonaro.

A Saúde guardava 3,7 milhões de itens sem validade em 2021. O dado foi obtido a partir de relatórios internos da pasta.

A lista de produtos vencidos incluía, por exemplo, 820 mil canetas de insulina, compradas por R$ 10 milhões e suficientes para 235 mil pacientes com diabetes durante um mês.

O governo Bolsonaro também perdeu frascos para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B (quase 6 milhões de doses), varicela, entre outras doenças.

A lista revelada ainda apontava produtos vencidos que poderiam servir a pacientes do SUS com hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, a transplantados e pessoas com problemas renais, entre outras situações.

Nesta quarta-feira (11), o Ministério da Saúde tornou o relatório do governo de transição público. A informação sobre os insumos também não foi divulgada por falta de acesso dos membros da transição.

“Vale lembrar que, segundo o TCU, 3 milhões de doses venceram recentemente. Suspeita-se que não há estoques suficientes de kit para catástrofes. Essas informações só poderão ser confirmadas a partir de janeiro”, diz o relatório.

Mateus Vargas e Raquel Lopes, Folhapress

Técnica recria pênis “do zero” pelo SUS e promete devolver vida sexual ativa

Era meia-noite de um dia comum de 2012 quando João*, de 61 anos, acordou com o latido dos cachorros.

Ele saiu da cama para descobrir se alguém tentava entrar em sua casa, localizada na zona rural de uma cidade baiana, e chegou a ver os bandidos de longe, no escuro. Foi quando um deles disparou um único tiro, acertando a virilha do fazendeiro e decepando parte do pênis.

A história só teve final feliz no final de setembro deste ano, quando ele passou por uma cirurgia de reconstrução peniana desenvolvida por um médico urologista brasileiro.

“Eu fiquei defeituoso. Não conseguia nem urinar. Quase que eu morri, mas agora tudo vai mudar”, disse ele, pouco antes da intervenção. Um dia após o processo, que começou às 15h e terminou por volta de 22h, João disse que não sentiu dor e não via a hora de retirar as bandagens. Ele teve alta dois dias depois da cirurgia, sem nenhuma complicação ou necessidade de bolsa de sangue.

Ao todo, sete pessoas já passaram pelo procedimento inovador criado pela equipe do médico Ubirajara Barroso, chefe do serviço de urologia do Hospital Universitário Prof. Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde também é coordenador da disciplina de urologia. Seis dos pacientes passaram pela Mobilização Total dos Corpos (TCM, na abreviação em inglês) por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo João o único a realizar a cirurgia de forma particular.

O especialista explica que apenas parte do pênis fica para fora do corpo, tendo uma extensão, não visível, dentro do homem. Em média, a parte que enxergamos corresponde a apenas 2/5 do órgão, enquanto os outros 3/5 ficam fixos na bacia, garantindo a ereção. A ideia de Barroso foi relativamente simples: puxar a parte interna para fora.

“O que nós fazemos na cirurgia é destacar essa porção do corpo cavernoso do osso e levar tudo para a superfície. É como um iceberg: tem uma porção pequena acima da água e uma grande porção abaixo da água. O pênis pequeno é só a ponta desse iceberg, então nós retiramos a parte de ‘dentro da água’ e colocamos na superfície”, afirma.

Apesar da teoria simplificada, o procedimento nunca havia sido feito no mundo. A primeira vez que o especialista pôde comprovar o funcionamento da técnica foi em 2019, em um menino que teve o pênis arrancado por um cachorro aos 8 meses de idade.

A criança mordida pelo cachorro

O caso, que ganhou as páginas policiais em meados de 2000, aconteceu em Itapicuru, a cerca de 215 km de Salvador, na Bahia. O cão da família arrancou o pênis do garoto, que teve o órgão completamente amputado. Na época, a mãe foi aconselhada a realizar uma cirurgia de redesignação sexual no bebê, para que ele se tornasse do sexo feminino. Ela não aceitou.

Por volta dos 11 anos de idade, André* passou pela primeira cirurgia com o médico Ubirajara Barroso. Utilizando uma técnica anterior ao TCM, o especialista baiano conseguiu recuperar a uretra do menino, que urinava por um orifício. Era a segunda cirurgia deste tipo realizada no Brasil e teve sucesso. “Fizemos uma espécie de enxerto de pele para que ele tivesse o aspecto de uma genitália masculina”, explica.

Entretanto, os hormônios de André já estavam se manifestando com a puberdade. “Ele se masturbava pegando no períneo, uma área próxima ao anus, debaixo do escroto. E aí, quando ele já tinha quase 18 anos, veio a ideia de tentarmos”, afirma o médico.

No caso do jovem, seria difícil colocar uma prótese peniana, visto que não havia muito a ser reaproveitado como base. Além disso, uma prótese inflável, que ele teria de acionar quando quisesse manter relações sexuais, custa em torno de R$ 40 mil e a cirurgia não é feita pelo SUS.

Por fim, a pele usada para revestir a prótese é de outra parte do corpo (como braço, por exemplo,) e não possui terminações nervosas como um órgão sexual – o que impossibilita o prazer da masturbação.

A TMC usa o tecido peniano já existente na parte interna, destacando-o do osso e recolocando-o um pouco mais externo. Por ser feita com esse tecido, que é capaz de ereção, não é necessário uma prótese. No caso de Jorge, o pênis foi do zero a oito centímetros. “Ele garante que sente prazer na masturbação e em breve deve tentar penetração, pois soube que está ‘engatilhando’ um namoro”, afirma.

Ainda assim, os médicos se questionavam se o que o garoto sentia era realmente um orgasmo, visto que ele nunca havia tido um pênis para comparar. Foi desta forma que encontraram um segundo paciente.

O segundo a passar pela técnica foi Moacir*, que tem transtornos psiquiátricos. Em um surto psicótico, ele arrancou o próprio pênis, sobrando apenas cerca de oito centímetros. Anos após a crise e sob controle, ele procurou o médico na tentativa de recuperar o órgão.

Hoje, após o procedimento, o pênis possui 12,5 centímetros e é capaz de proporcionar prazer semelhante ao órgão sem intervenção, segundo o médico. “Esse também se masturba tranquilo, diz que é como antes e está supercontente”, resume.

Câncer de pênis e micropênis

O primeiro a tentar penetração foi Carlos*, um homem casado que sofreu de câncer de pênis e, por causa da doença, perdeu quatro centímetros do órgão.

De acordo com o médico supervisor da Disciplina de Câncer de Pênis da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), José de Ribamar Rodrigues Calixto, há a expectativa de que a TCM seja cada vez mais usada nos casos relacionados a essa doença.

A depender do estágio do tumor, pode ser necessário retirar todo o falo, mas, em casos menos avançados do câncer, é possível que a amputação de metade do órgão seja suficiente.

“Há uma estimativa de que o homem consiga penetrar com oito centímetros de pênis externo em ereção. Mesmo que você faça amputação da metade do pênis, dificilmente terá esse tamanho para conseguir voltar a penetrar. Além disso, muitas vezes temos que reconstruir a uretra no períneo e eles urinam sentados”, diz Calixto.

Após a cirurgia, Carlos ficou com cerca de 11,5 centímetros e já retomou a vida sexual. Barroso revela que ele confirmou sentir orgasmo como antes. “Ele está penetrando inclusive por cima da parceira, que é uma penetração difícil por ter uma angulação maior. Ou seja, não é apenas o coito com uma mulher ‘por cima’, que é mais fácil, mas com ele por cima”, afirma o criador da técnica.

O quarto desafio da equipe médica baiana foi conseguir não apenas aumentar, mas também tornar mais grosso um caso de micropênis. “Foi o caso mais desafiador e o que mais demorei”, diz.

Dentre as dificuldades, estava o fato de Reinaldo* já ter um pênis bem formado, ainda que inapto para penetração, mas com aspecto e outras funcionalidades regulares. “Um cara com um pênis assim está desesperado, todos os casos envolvem (sentimento de) responsabilidade, mas esse eu não poderia deixar dar errado”, diz.

Apesar da dificuldade, o paciente não só passa bem como está namorando e faz coito com penetração. Conforme o médico, ele passou de 2,5 centímetros para 9,5 centímetros, além do avanço da largura.

O representante da SBU destacou que o urologista Ubirajara Barroso já deu palestras para os médicos associados para que o procedimento seja feito em outros Estados. Por enquanto, apenas uma cirurgia de TCM foi feita fora de solo baiano, sendo o quinto no Brasil. Trata-se de um paciente gaúcho, de Porto Alegre.

Na época, Barroso viajou até o Rio Grande do Sul e realizou a cirurgia junto com um colega. Por não se tratar de um paciente dele, o médico não lembra com clareza o comprimento atual do pênis, mas afirma que o homem ganhou oito centímetros logo após a cirurgia.

O sexto paciente foi o único a passar por um procedimento modificado: em vez de retirar a parte interna do pênis, foi retirada a parte interna do clitóris, além de passar pelo processo de engrossamento.

“Por incrível que pareça, a anatomia do clitóris é idêntica à anatomia do pênis, tem os mesmos corpos cavernosos cilíndricos, só que menor. É como um pênis miniatura, meio que dobrado nele próprio”, explica.

Alguns hormônios também facilitaram o engrossamento do pênis de Marcelo*, que hoje tem 7,1 centímetros. “Obviamente que não tem a mínima extensão porque o pênis é maior do que o clitóris, tanto na parte externa como na parte interna. Então por isso que o homem trans vai ter também um pouco mais de limitação”, afirma.

Ainda assim, a cirurgia possibilitou a Marcelo ter, por exemplo, a experiência de urinar em pé. Barroso utilizou parte da mucosa interna da boca para fazer uma uretra que passasse pelo antigo clítoris até sua ponta, possibilitando que ele urinasse como um homem comum.

Outra surpresa neste caso foi confirmar que Marcelo pode se masturbar e ter uma forma de prazer diferente da que tinha antes. “A mulher se masturba de uma forma, mas o homem se masturba pegando.

Hoje o Marcelo* está se masturbando. Ele disse “olhe, é um outro orgasmo”. Sabemos que o orgasmo também está muito na cabeça, então não se trata de dizer que o homem tenha mais ou menos orgasmo que a mulher. Mas ele está sentindo muito mais prazer”, afirma o médico.

Pós-cirúrgico

O paciente mais recente foi João, a vítima de bandidos na Bahia. Ele já está de volta para casa, mas foi orientado a ainda não tentar o sexo com sua esposa, com quem é casado há 35 anos e tem quatro filhos — dois homens e duas mulher, que deram de presente a cirurgia para o pai. Ele foi o único a passar pelo serviço de forma particular e não pelo SUS.

O inventor da técnica aconselha que o paciente espere pelo menos dois meses para realizar o coito. De resto, entretanto, a recuperação é rápida e ele pode voltar a trabalhar cerca de 15 dias depois.

A internação, contando pré e pós-cirúrgico, costuma levar de dois a três dias. Esse prazo pode aumentar caso precise de reconstrução da uretra, mas a cirurgia costuma levar cerca de oito horas.

Nenhum dos homens precisou de bolsa de sangue ou teve algum tipo de complicação. Quando a técnica começou a ser estudada, havia medo de que afetasse principalmente a artéria peniana, além da grande vascularização da região íntima.

“É por isso que os procedimentos nunca tinham sido pensados, pois mobilizar esse osso traria muita lesão aos vasos. O que nós fizemos foi uma modificação técnica, mas que permite que seja feito o procedimento por dentro do osso e ainda aproveitamos essa porção óssea para fixar e garantir a ereção”, diz o urologista.

Aumento de pênis

Apesar de a técnica conseguir aumentar e até engrossar o órgão sexual masculino, Barroso só pretende adotar o procedimento para aqueles diagnosticados com micropênis, câncer peniano, mutilação ou redesignação de gênero.

Segundo o profissional, a maioria dos homens que acreditam ter pênis pequeno normalmente não o tem, sendo desnecessária uma intervenção cirúrgica. “Esses casos nunca foram tratados de maneira a ganhar significativamente no tamanho, mas na vida pessoal”, afirma.

Atualmente, o Brasil contabiliza mais de 500 casos de amputação de pênis por ano e não há dados concretos sobre o número de homens trans que pretendem fazer cirurgia de redesignação.

A fila de espera de Barroso, segundo conta, já está na casa dos milhares, especialmente pelo fato de os procedimentos serem realizados pelo SUS. O profissional reforça que está em contato com diversos urologistas brasileiros e anuncia que, em breve, deve recuperar a vida sexual de um paulistano.

*Todos os nomes foram alterados para não expor os pacientes

https://www.cnnbrasil.com.br/

Destaques