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Putin diz que Rússia quer fim da guerra na Ucrânia

Foto: Reuters /Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou
(Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que a Rússia quer o fim da guerra na Ucrânia e que isso envolveria inevitavelmente uma solução diplomática.

Putin fez os comentários um dia depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na Casa Branca e prometeu a ele apoio contínuo e inabalável dos EUA.

"Nosso objetivo não é girar o volante do conflito militar, mas, ao contrário, acabar com esta guerra", disse Putin. "Vamos nos esforçar para acabar com isso, e quanto mais cedo melhor, é claro."

O porta-voz da Casa Branca John Kirby disse que Putin "demonstrou absolutamente nenhuma indicação de que está disposto a negociar" o fim da guerra, que começou quando Moscou enviou tropas à Ucrânia em 24 de fevereiro.

"Pelo contrário", disse Kirby a repórteres durante um briefing online. "Tudo o que ele (Putin) está fazendo no solo e no ar indica um homem que deseja continuar a aplicar violência ao povo ucraniano" e "escalar a guerra".

Kirby reafirmou que Biden estava aberto a negociações com Putin, mas somente depois que o líder russo "mostrasse seriedade nas negociações" e após consultas com a Ucrânia e aliados dos EUA.

A Rússia disse persistentemente que está aberta a negociações, mas a Ucrânia e seus aliados suspeitam de uma manobra para ganhar tempo após uma série de derrotas e retiradas russas que mudaram o ímpeto da guerra de 10 meses em favor de Kiev.

"Eu já disse muitas vezes: a intensificação das hostilidades leva a perdas injustificadas", disse Putin a repórteres.

(Reportagem da Reuters)

EUA mantêm imigrantes em prisões que visam lucro e acumulam denúncias

Javier fugiu da Venezuela em meio ao colapso econômico, à repressão e à pandemia. Ao cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos em 2021, foi detido pelas autoridades americanas, que ameaçaram expulsá-lo de volta a seu país natal, onde ele alega correr riscos.

De tudo isso, é da prisão que ele fala com mais emoção durante entrevista à Folha. Chora ao mencionar que sentia que sua detenção estava sendo prolongada porque era rentável. Esse imigrante de 28 anos, que não diz o sobrenome para evitar repercussões legais, passou seis meses numa prisão particular, com fins lucrativos.

Javier é a regra, não a exceção. Dos 30 mil imigrantes detidos nos EUA, quase 80% estão em prisões privadas —ou seja, que são posse de empresas ou administradas por elas. Essas instituições são apenas supervisionadas pelo ICE, o órgão do governo americano que cuida de assuntos de imigração.

O presidente Joe Biden prometeu durante sua campanha que encerraria essa prática, condenada por ativistas e organizações de defesa dos direitos humanos. Não cumpriu. O número de imigrantes detidos tem crescido durante seu mandato.

Javier conta que foi detido na fronteira e levado ao Mississippi. Um mês depois, foi transferido para uma prisão em Louisiana. Diz que a cela tinha 46 pessoas, duas privadas e duas duchas. A água saía quente como se estivesse fervendo um frango, e o leite no café da manhã estava vencido, afirma.

Não há como confirmar as informações do venezuelano, mas elas se encaixam nas histórias de outros imigrantes que passaram por essa experiência. A reportagem entrou em contato com as autoridades americanas, que não comentaram o assunto.

Um relatório recente do Senado americano sugere que dezenas de mulheres foram submetidas a exames ginecológicos invasivos em uma detenção particular na Geórgia. O texto descreve péssimas condições sanitárias, incluindo procedimentos inadequados para lidar com a Covid-19. Javier conta que, no seu caso, os policiais que trabalhavam na prisão privada se recusaram a ser vacinados.

“A questão das prisões particulares é antiga”, diz Susan Long. Ela é codiretora do Trac, um projeto da Universidade Syracuse que monitora estatísticas relacionadas à imigração nos EUA. “Nosso sistema é dependente das prisões privadas, e existe um imenso debate e preocupação quanto às condições de vida dos detentos.”

Esse cenário está relacionado a um problema maior nos EUA, que é o crescimento de sua população carcerária —em parte, como resultado da guerra às drogas travada nas últimas décadas. Há mais de 2 milhões de pessoas presas. Para lidar com o montante, o Estado transfere suas responsabilidades para a iniciativa privada, contratando prisões particulares.

Para especialistas, um dos principais problemas é que os fins lucrativos servem de incentivo para que os administradores dessas prisões cortem gastos com segurança, saúde e alimentação. Outro ponto sensível é a prolongação da detenção, que, na prática, gera lucro.

Javier diz que seus pedidos de habeas corpus foram negados sob a justificativa de haver risco de fuga. Ele interpretava a demora como uma maneira de o sistema lucrar mais. Afirma ainda não ter superado o receio de que nunca seria libertado. Fala de colegas de cela —incluindo brasileiros— que seguem esperando a soltura.

“É um ciclo vicioso”, explica Jorge Barón, diretor executivo do Northwest Immigrant Rights Project, instituição que trabalha em defesa de imigrantes. Empresas entram no ramo da detenção porque há incentivo financeiro para tal. Para expandir o negócio, pressionam o governo. Legisladores aprovam medidas que resultam em ainda mais detenções.

Javier diz entender que cometeu uma infração ao entrar nos EUA sem visto, cruzando a fronteira de modo irregular. Ele sabia que poderia ser detido. Não esperava, porém, ser tratado como um delinquente. Segundo seu relato, quando era transferido, tinha que colocar algemas nas mãos, nos pés e na cintura. A maior parte dos imigrantes detidos pelas autoridades migratórias cumprem penas por infrações leves. Segundo o Trac, 69,1% deles não têm antecedentes criminais.

“Acreditamos que o governo não deve deter pessoas por violações civis de imigração”, diz Barón. Caso ocorra, a situação se agrava quando acabam em prisões particulares. “Ao terceirizar detenções, há menos fiscalização e mais abusos. É nas instalações privadas que os detentos recebem o pior tratamento.”

Diogo Bercito / Folhapress

Suspensão de jornalistas por Elon Musk abre nova batalha no Twitter

Ampliando o cerco aos críticos de Elon Musk na plataforma, o Twitter suspendeu na noite de quinta (15) as contas de jornalistas americanos vinculados a veículos como The New York Times, CNN, The Washington Post, The Intercept e da estatal Voice of America, entre outros.

“You doxx, you get suspended” (Você revela informações privadas de uma pessoa online, você é suspenso), justificou Musk numa discussão em áudio no Twitter Spaces, ao vivo, acompanhada por dezenas de milhares de usuários. Pouco antes, havia tuitado: “eles postaram minha localização exata em tempo real, basicamente coordenadas de assassinato”.

As suspensões de jornalistas seriam assim vinculadas à mudança nas regras da plataforma divulgada no dia anterior, tirando do ar perfis que seguem e divulgam as rotas de aviões de governantes e outras figuras públicas —como ele mesmo.

Musk, que fechou a compra do Twitter há menos de dois meses, de início prometeu manter o perfil que seguia seu avião online. Justificou sua mudança de posição, nesta semana, dizendo que o carro com um de seus filhos teria sido seguido como suposto resultado de uma conta do gênero.

O NYT afirmou, via porta-voz: “A suspensão das contas de vários jornalistas proeminentes, incluindo Ryan Mac do NYT, é questionável e lamentável. Nem o NYT nem Ryan receberam qualquer explicação. Esperamos que todas sejam restabelecidas e que o Twitter forneça uma explicação satisfatória para essa ação”.

Em nota, a editora-executivo do WaPo, Sally Buzbee, escreveu que “Drew Harwell foi banido do Twitter sem aviso, processo ou explicação, após as publicações de suas reportagens precisas sobre Musk. Nosso jornalista deve ser reintegrado imediatamente”.

Na Europa, a decisão foi criticada na Comissão Europeia, com ameaça de sanções, e nos governos alemão e francês.

A jornalista conservadora Bari Weiss, ex-NYT e uma das autoras da série The Twitter Files, apoiada por Musk, também criticou o empresário: “O antigo regime do Twitter governava por seus próprios caprichos e o novo regime tem o mesmo problema”.

Mas acrescenta “como é fascinante ver aqueles jornalistas que até comemoraram os banimentos feitos sob o pretexto de ‘segurança’ dizerem agora que infringe a liberdade de expressão”. Infringe agora como antes, diz.

Musk já respondeu a ela, questionando o que se deveria fazer diante da divulgação da localização exata, em tempo real, “de seu filho, como [fizeram com] o meu”.

A discussão de Musk no Spaces pode ter levado à saída do ar de toda a ferramenta, como acredita a própria jornalista que comandava o grupo de chat em que ele entrou, Katie Notopoulos, do BuzzFeed. Questionado, Musk afirmou ser apenas uma correção técnica e que o Spaces volta no sábado.

Além dele, participou o próprio repórter do WaPo suspenso pela plataforma, Drew Harwell (acima, reprodução do trecho).

Nelson de Sá, Folhapress

Nova York vê aumento da insegurança alimentar e pressão sobre rede de solidariedade

Um relatório anual de cidades mais caras do mundo para se viver, divulgado nesta semana pelo grupo que publica a revista britânica The Economist, indicou no topo da lista pela primeira vez a americana Nova York —empatada com uma líder habitual do ranking, Singapura.

O resultado não é propriamente surpreendente para quem morou e circulou neste ano na cidade que emergiu das quarentenas impostas pela Covid. Junto com o alívio trazido pelas vacinas e a sensação de vida voltando às ruas, restaurantes e teatros, houve outro retorno: o dos custos de vida em alta.

Aluguéis, por exemplo, dispararam depois da moratória nos despejos decretada no auge da crise sanitária —neste dezembro, a média mensal subiu para US$ 4.095. A recuperação do emprego foi mais lenta do que o ritmo nacional —em novembro, o índice de desemprego local era de 5,9%, contra o de 3,7% no país.

E um fenômeno global, a inflação, contribuiu para a explosão da insegurança alimentar na mais rica e populosa cidade dos Estados Unidos. A alta no valor dos alimentos em Nova York foi a mais forte desde 1979. Um estudo de setembro observou um aumento de 69% em relação a 2019, no pré-pandemia, no número de visitas a despensas públicas e “food banks”, ONGs que distribuem refeições e alimentos.

Um relatório recente da prefeitura estimou que ao menos 1,4 milhão dos 8,4 milhões de residentes são afetados pela insegurança alimentar —quadro cuja gradação pode variar de passar fome a não ter acesso a um mínimo desejável de nutrição diária.

Para completar a tempestade perfeita, governadores republicanos do Texas e da Flórida começaram a despachar para as chamadas cidade-santuário ônibus lotados de imigrantes que pedem asilo nos EUA, num circo político cruel. Nova York é um desses locais, situados em estados predominantemente democratas, onde autoridades são instruídas a não perseguir ou delatar pessoas em situação irregular, em oposição a diretrizes do serviço federal de imigração.

Pelo menos 23 mil imigrantes foram levados a Nova York no segundo semestre —incluindo um grande número de venezuelanos—, sobrecarregando abrigos já lotados de sem-teto.

Numa fria manhã recente, esta repórter se apresentou para um turno de voluntários do posto de distribuição semanal de alimentos da Arquidiocese de Nova York. O lugar fica em Washington Heights, bairro no norte de Manhattan com vasta população de origem dominicana, grupo que representa o maior segmento da população latina na cidade e também o de renda mais baixa.

Em duas salas —uma para enlatados, outra para perecíveis—, a tarefa era encher sacolas para distribuição no dia seguinte, quando a fila se formaria de manhã cedo na calçada, com preponderância de idosos e mães. O monitor do posto buscava seis voluntários, só conseguiu três. Junto da reportagem, estavam uma dominicana silenciosa que trabalhava com velocidade de linha de montagem e um pequeno empresário entediado, que havia sido preso por embriaguez ao volante e recebeu parte da pena em forma de trabalho comunitário.

Na sala, a meta era encher mais de 300 sacolas, cada uma com dois pacotes de macarrão, uma lata de frutas em conserva, um saco de aveia, duas latas de atum, uma de feijão e uma de leite em pó.

Em plena curva ascendente de infecções por Covid no começo do inverno, os dois outros voluntários não usavam máscaras no recinto sem janelas. Assim, é bem-vinda uma inovação recente, a coordenação online para doar alimentos, que permite multiplicar esforços entre pequenos grupos e contribui para a redução de trabalho presencial.

Dezembro marca os 40 anos da maior rede de distribuição de alimentos de Nova York, a City Harvest, que fornece comida para mais de 400 “food banks”, despensários e instituições que oferecem refeições quentes. A não ser durante a pandemia —quando a cidade se tornou o epicentro de casos e mortes no país e a ONG enfrentou uma explosão na demanda, sendo forçada a comprar alimentos—, o modelo de operação é de recolher doações, não resgatar sobras de comida.

Estima-se que os EUA desperdicem anualmente 40% de sua produção de alimentos. A City Harvest usa uma frota de caminhões para recolher comida entre restaurantes, mercados e agricultores cujo estoque, ainda que fresco, não tem saída ou não é atraente para o varejo, como frutas e legumes com forma ou coloração incomum.

Os números da ONG confirmam a carência alimentar que afeta Nova York. O diretor Dan Lavoie diz à reportagem que, em 2022, a organização vai distribuir 20% mais alimentos do que em qualquer ano antes da pandemia —a média anual era de 3.000 toneladas. Ele explica que as campanhas digitais de doações facilitam a adesão de escolas, organizações religiosas e funcionários de empresas privadas.

Se a metrópole sempre exibiu os contrastes da desigualdade, o que dizer de seu mais opulento satélite, a região de verão dos Hamptons, na ilha de Long Island, onde a casa em que Woody Allen filmou “Interiores” (1978) está à venda por US$ 150 milhões?

Não há sinais visíveis de pobreza em qualquer parte. Quem observa o tráfego na entrada de uma pequena igreja de Bridgehampton, uma vila do século 17, descobre que muitos não vão rezar, mas se dirigir ao estacionamento. A reverenda da Igreja Unitária Universalista, Kimberly Johnson, conta à reportagem que a despensa que fica ali com alimentos não perecíveis é esvaziada diariamente —e a congregação não tem mais fundos suficientes para atender à demanda crescente entre famílias locais.

Johnson vai tentar agora levantar doações entre proprietários das mansões de fim de semana.

Gráficos econômicos podem confirmar o aperto dos que recorrem a doações para se alimentar em Nova York. Mas os números refletem também as prioridades sociais de governantes e legisladores.

Lúcia Guimarães/Folhapress

Dina Boluarte é 1ª mulher presidente do Peru após crise e destituição de Castillo

Foto: Reprodução/Twitter/Arquivo
O Congresso do Peru oficializou nesta quarta-feira (7) a vice-presidente do Peru, Dina Boluarte, como chefe de Estado do país após uma tentativa fracassada do agora ex-presidente do país, Pedro Castillo, de tentar destituir o Parlamento. Ela se torna a primeira mulher presidente da nação sul-americana.

Apesar de aliada a Castillo, logo após o anúncio do presidente, Boluarte condenou a destituição em sua conta no Twitter e acusou o esquerdista de “perpetrar a quebra da ordem constitucional”. “É um golpe que agrava a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei”, acrescentou.

Mais cedo, os parlamentares ignoraram a ordem de Castillo e aprovaram a moção de vacância do político populista. O mecanismo, uma espécie de impeachment, foi aprovado com 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções –eram necessários 87 votos para a aprovação. O resultado, aliás, é bem superior às últimas duas votações que tentaram tirar o atual presidente do poder sob acusações de corrupção e “incapacidade moral”.

Dina Boluarte, 60, formou-se como advogada pela Universidade de San Martín de Porres e se especializou em Direito Administrativo e Gestão Pública, Direito Constitucional, Direito Processual Constitucional e Direitos Humanos.

Além de vice-presidente, ela foi nomeada ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social do governo de Castillo logo após a posse de Castillo. Ela, porém, abandonou o cargo após a nomeação de Betsy Chávez como presidente do Conselho de Ministros –espécie de primeira-ministra do país.

A agora nova chefe de Estado é filiada ao Perú Libre, partido de esquerda ao qual Castillo também fazia parte quando foi eleito presidente, em julho do ano passado. Ele, no entanto, abandonou a legenda em junho, e a sigla foi para oposição.

Castillo é acusado pelos ex-correligionários de não ter colocado em prática o programa do partido nem de ter cumprido as promessas eleitorais. Em vez disso, a legenda afirma que o presidente vinha implementando um “programa neoliberal perdedor”.

Folhapress

Congresso do Peru ignora ordem de Castillo e aprova destituição do presidente

O Congresso do Peru ignorou a ordem do presidente Pedro Castillo para dissolver o Parlamento e aprovou a moção de vacância do político populista. O presidente da Casa convocou a vice, Dina Boluarte, para tomar posse como presidente na tarde desta quarta (7).

A moção de vacância foi aprovada com 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções. Eram necessários 87 votos para a aprovação.

Mais cedo, Castillo anunciou que dissolveria o Parlamento e anteciparia as eleições no Peru. Ele também decretou um estado de exceção, dizendo que manteria o modelo econômico vigente no país durante o período em que o Congresso estivesse dissolvido.

A dissolução do Congresso é um instrumento válido no sistema peruano, desde que o Parlamento tenha rejeitado pelo menos dois votos de confiança ao mandatário. Pedro Castillo enfrenta uma crise permanente desde que assumiu a Presidência, há pouco mais de um ano e meio.

Folhapress

Presidente do Peru dissolve o Parlamento e decreta estado de exceção

O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou nesta quarta-feira (7) que vai dissolver o Parlamento e antecipar eleições no país. Ele também decretou um estado de exceção, dizendo que vai manter o modelo econômico vigente no país durante o período em que o Congresso estiver dissolvido.

Pedro Castillo enfrenta uma crise permanente desde que assumiu a Presidência, há pouco mais de um ano e meio. Nesta quarta, o Parlamento deveria analisar o terceiro processo de destituição do político de esquerda populista, e o anúncio dele se deu a horas do debate.

A imprensa peruana e os deputados de oposição, que são maioria no Congresso, chamaram o movimento de Castillo de golpe de Estado. Alguns ministros apresentaram sua renúncia momentos depois do anúncio, incluindo o chanceler César Landa, Alejandro Salas (Trabalho) e Kurt Burneo (Economia). O comandante do Exército, general Walter Córdova, fez o mesmo.

“Determino as seguintes medidas: dissolver temporariamente o Congresso da República, instaurar um governo de emergência excepcional e convocar no mais breve prazo um novo Congresso com poder constituinte, para elaborar uma nova Constituição em um prazo de até nove meses”, disse o presidente, em pronunciamento transmitido pela TV.

“Decreta-se ainda toque de recolher em todo o país a partir das 22h desta quarta (7) até as 4h do dia seguinte, e a reorganização do sistema de justiça —o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Junta Nacional de Justiça e o Tribunal Constitucional.”

Segundo Castillo, a medida foi tomada pensando em restabelecer o Estado de Direito e a democracia no Peru.

A chamada moção de vacância havia sido protocolada no último dia 29 por um grupo liderado pelo deputado Edward Málaga, acusando o presidente de incapacidade moral de governar. Na véspera, outro congressista já tinha apresentado uma moção de suspensão, que afastaria Castillo por 12 meses para que se julguem ações que correm contra ele na Justiça.

O mecanismo de vacância é uma espécie de impeachment, ainda que seja uma figura jurídica distinta. Nas duas moções anteriores, em dezembro do ano passado e março deste ano, a oposição falhou ao mobilizar apoios, mantendo o esquerdista no cargo.

Mergulhados em crise, Executivo e Legislativo vinham se acusando de tramar um golpe de Estado, para dissolver o Congresso ou derrubar o presidente, a depender da visão.

No último dia 25, Castillo havia anunciado uma renovação de seu gabinete, a quinta em 16 meses de mandato —processo obrigatório após o pedido de demissão do primeiro-ministro, Aníbal Torres. A ex-deputada Betssy Chávez foi nomeada para o posto, mas tanto ela quanto os novos ministros teriam que obter o voto de confiança do Parlamento, em meio ao clima de confronto.

Castillo vinha tentando cumprir uma promessa de campanha, de formar uma Assembleia Constituinte, mas sem encontrar eco para isso no Congresso. A Constituição peruana estabelece que, se o governo for derrotado em um voto de confiança, o presidente deve recompor seu gabinete. Se o processo se repetir, o chefe do Executivo então pode dissolver o Parlamento e convocar novas eleições legislativas.

Sylvia Colombo, Folhapress

Cristina Kirchner é condenada por corrupção a 6 anos de prisão, mas não vai ser presa agora

A Justiça da Argentina condenou, nesta terça-feira (6), a vice-presidente Cristina Kirchner por corrupção. A política foi considerada culpada de administração fraudulenta na ação que ficou conhecida como “Causa Vialidad”, a que estava em estágio mais avançado entre as que a envolvem.

A pena foi fixada em 6 anos de prisão, com inabilitação perpétua para exercer cargos públicos. Ela foi inocentada do delito de associação criminosa. Ainda cabe recurso à decisão.

O Ministério Público Fiscal acusava Cristina de ter liderado uma “extraordinária matriz de corrupção”, armando e administrando, ao lado de outros 12 réus, um esquema de desvio de verbas na forma de concessões de obras públicas na província de Santa Cruz à empresa de um amigo da família Kirchner. Lázaro Báez foi condenado a 6 anos de prisão.

Em agosto, a acusação conduzida pelos promotores Diego Luciani e Sergio Mola havia pedido 12 anos de prisão à vice-presidente, que ela fosse impedida de concorrer a cargos públicos para o resto da vida e que devolvesse aos cofres públicos 5,3 bilhões de pesos (R$ 200 milhões).

Cristina nega irregularidades no período em que ocupou a Presidência —a acusação se refere ainda ao mandato de seu marido e antecessor, Néstor (1950-2010), que também foi governador de Santa Cruz. Ela afirma que é vítima de “lawfare”, quando o Judiciário persegue um investigado por razões políticas, e sustenta que a condenação estava escrita desde o início do processo.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada no domingo (4), ela comparou sua situação à do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve as condenações dadas por Sergio Moro na Operação Lava Jato anuladas por, entre outras razões técnicas, a parcialidade do ex-juiz. Em sessões para apresentar sua defesa, em mais de uma vez ela acusou o Judiciário de perseguição e se disse vítima de um “pelotão de fuzilamento”.

A condenação desta terça, de todo modo, não significa que Cristina será presa em breve. Pelos cargos que ocupa —além de vice ela é líder do Senado—, a política possui foro especial, que só é passível de ser derrubado mediante um processo de impeachment no Parlamento. Ainda assim, isso se daria apenas quando fossem esgotadas todas as instâncias de apelação, sendo a Corte Suprema a última delas.

Seu mandato termina em dezembro de 2023, mesmo ano em que ela completa 70 anos —pela idade, poderia também pleitear uma prisão domiciliar. A expectativa, porém, é de que Cristina seja candidata a algum cargo no pleito do ano que vem e, caso seja eleita, renove sua imunidade.

Por enquanto, sua força política, a aliança peronista Frente de Todos, não definiu quem concorrerá à sucessão de Alberto Fernández, mas a atual vice é uma das cotadas, ao lado do próprio presidente, do ministro do Interior, Wado de Pedro, e do governador da província de Buenos Aires, Axel Kiciloff. As primárias para essa votação devem ocorrer em agosto de 2023.

Cristina e Fernández vivem uma série de atritos ao longo do mandato, em uma constante busca de poder. Na véspera do veredicto, o presidente deu uma demonstração de apoio à vice ao promover um cerco ao Judiciário, ordenando a abertura de uma investigação sobre uma suposta viagem que teria sido feita secretamente por um grupo de empresários, promotores e juízes —entre os quais Julián Ercolini, que participou da condução do processo contra a política.

A gestão peronista está mergulhada em crise, com a inflação se aproximando da taxa de 100% ao ano, o que impacta diretamente nas baixas taxas de popularidade do presidente. Cristina, por sua vez, ainda se mostra capaz de mobilizar multidões —como visto nos dias seguintes a uma tentativa de atentado contra ela no início de agosto, após o pedido de prisão nessa mesma ação.

Também nesta terça apoiadores se uniram em defesa da vice-presidente na frente do tribunal de Comodoro Py. Com tambores, bandeiras e camisetas com a imagem de Cristina, gritavam: “Na chefe não se toca! Se tocam em Cristina, tocam em todo mundo”. O calor de 34°C, porém, impediu presença maior de manifestantes.

No momento em que a sentença foi lida, os apoiadores começaram a gritar e a balançar as grades de metal que estavam cercando a entrada do tribunal desde a noite de segunda.

O julgamento, de um caso que durou três anos e meio, teve sua última sessão realizada a distância. Na corte estavam apenas os juízes; Cristina e os demais acusados, bem como os promotores, participaram da sessão por videoconferência.

Lázaro Báez, figura-chave no suposto esquema, já havia sido condenado antes, em outro processo por corrupção, e cumpre pena de 7 anos. Ele também é acusado em uma terceira ação, ainda em andamento, que acusa Cristina de usar imóveis da família Kirchner na Patagônia, incluindo hotéis, para lavar dinheiro —os filhos da política, Florencia e o deputado Máximo, também são acusados.

Esta é a segunda vez que um vice-presidente argentino é condenado. O anterior tinha sido o companheiro de chapa da própria Cristina, Amado Boudou, em 2018.

Sylvia Colombo/Folhapress

Justiça persegue líderes como Lula e eu, diz Cristina Kirchner um dia antes de sentença que pode levá-la à prisão

Uma das figuras mais emblemáticas da América Latina e da política de seu país, a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, quebrou um silêncio de cinco anos sem conceder entrevistas e recebeu a Folha para uma conversa em Buenos Aires no Instituto Pátria, que fundou inspirada no instituto de Lula (PT) no Brasil.

É a primeira vez também que ela concede entrevista a uma publicação brasileira.

Aos 69 anos, Cristina, que já foi deputada, senadora, primeira-dama e presidente da Argentina por duas vezes, será julgada na terça (6) em um processo em que é acusada de liderar um esquema de desvio de verbas públicas.

A Procuradoria pede que ela seja condenada a 12 anos de prisão. Os promotores dizem que Cristina chefiava uma associação ilícita que destinava verbas para 51 obras na província de Santa Cruz, da qual o ex-presidente Néstor Kirchner, seu marido, morto em 2010, foi governador.

Cristina diz que é vítima de um “pelotão de fuzilamento” e que as acusações são uma “falsidade absoluta”. Como Lula, ela seria vítima de “lawfare”, quando juízes perseguem investigados por razões políticas.

Na conversa, a vice-presidente afirma que o “Partido Judicial”, espalhado por países da região, cumpre hoje a função que antes era exercida pelos militares, de controlar a “vontade popular” e obstruir governantes que promovem a inclusão social e a defesa do patrimônio nacional.

Ela admite que a Argentina, cuja pobreza atinge 30% da população e que enfrenta uma inflação anual de quase 90%, “não vai bem”. Mas tira a culpa dos ombros do presidente Alberto Fernández.


Mônica Bergamo/Folhapress

EUA apresentam seu ‘bombardeiro invisível’ de última geração

A Força Aérea dos Estados Unidos apresentou nesta sexta (2) seu primeiro novo bombardeio em 34 anos, o Northrop Grumman B-21 Raider.

Trata-se de um avião “invisível” ao radar, como se diz no jargão para aeronaves que incorporam tecnologias que as tornam furtivas à vigilância inimiga —desenho, controle de emissão de calor pelos motores, pinturas especiais, entre outras. Evidentemente, não são totalmente impossíveis de detectar.

Como as três imagens digitais divulgadas pelos americanos anteriormente sugeriam, o B-21 é muito parecido com o famoso B-2 Spirit, o primeiro bombardeiro furtivo do mundo, revelado em 1988 e que está em operação desde 1997.

O B-21 também é uma asa voadora, desenho que remonta a projetos da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e que facilita a redução da chamada assinatura de radar da aeronave.

A apresentação, na histórica fábrica 42 da Força Aérea de Palmdale (Califórnia), ocorreu logo depois do pôr do sol, justamente para disfarçar detalhes do avião. Ele não chegou a deixar totalmente o hangar, impossibilitando analistas de observar pontos como os bocais de exaustão de seus motores, vitais para comparações com o B-2.

O que é possível dizer é que o desenho geral do B-21 é mais fluido do que o do antecessor, com ainda menos pontos observáveis por radar. As entradas de ar são bipartidas, sugerindo tratar-se também de uma avião quadrimotor, e estão posicionadas mais à frente da fuselagem do que no B-2. O primeiro voo deve ser realizado em 2023.

O Raider (atacante ou invasor em inglês) tira seu nome dos famosos Raiders do coronel James Doolittle, uma formação de bombardeiros B-25 Mitchell lançada contra Tóquio em 1942 de forma quase suicida, para demonstrar uma reação americana ao ataque de Pearl Harbor, ocorrido meses antes e que levou os EUA à Segunda Guerra Mundial.

Segundo o diretor de sistemas aeronáuticos da Northrop, Tom Jones, o B-21 é a primeira aeronave de sexta geração do mundo. É uma definição arbitrária que carece de mais detalhamento dos sistemas do avião, o que dificilmente ocorrerá além de algumas declarações oficiais.

Jones afirma que a definição é possível devido ao emprego de arquitetura aberta de software e compartilhamento de informações operacionais online em nuvem, o que ampliaria o escopo de operações e a capacidade multimissão do avião. A ideia é torná-lo um plataforma de coleta de dados em ação, e há a sugestão não confirmada de que ele ou possa voar sem piloto ou controle frotas de drones.

Na apresentação, que contou com o secretário de Defesa, Lloyd Austin, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, C.Q. Brown Jr., disse que “o B-21Raider fornecerá capacidade de combate formidável em uma variedade de operações em ambientes altamente contestados do futuro”.

Hoje, a grande maioria dos aviões militares do mundo é da chamada quarta geração, nascida no fim dos anos 1970, que incorporava alta capacidade de manobra e de combate além do campo visual de forma sustentada em voo supersônico.

A adição parcial de tecnologias da chamada quinta geração, como ser furtivo ao radar ou ter uma suíte eletrônica capaz de fusão avançada de dados, gerou híbridos como a geração 4.5, ou 4++. É nessa categoria que se encontra o Saab Gripen E/F, modelo comprado pelo Brasil que fará sua estreia operacional no próximo dia 19.

A quinta geração, por sua vez, é mais definida. Hoje, é representada pelos caças furtivos americanos F-22 (introduzido em 2005) e F-35 (2015). Russos, com o Su-57 (2020), e chineses, com o J-20 (2017), afirmam dominar tais tecnologias, mas há dúvidas entre observadores ocidentais acerca das capacidades dos modelos.

Por fim, há o B-2, o avião mais caro da história, ao preço total de programa de US$ 2,1 bilhões (R$ 11 bilhões no câmbio desta sexta), sem contar o custo operacional, para cada uma das 21 unidades construídas —uma delas se perdeu em um acidente em 2008.

O B-21, por sua vez, promete ser um produto mais viável economicamente. A fabricante Northrop, a mesma do B-2, ganhou o contrato em 2015 e segundo relatório enviado neste ano ao Congresso, cumpriu o desenvolvimento do projeto abaixo dos US$ 25,4 bilhões (R$ 132 bilhões) aprovados inicialmente.

Uma novidade foi a abolição de protótipos: todos os seis modelos em estágios diferentes de construção já serão operacionais ao fim dos testes, o que deve ocorrer até o final da década. A fabricação foi acelerada devido ao acirramento da tensão mundial, inicialmente com a Guerra Fria 2.0 com a China e, depois, pela Guerra da Ucrânia.

Ao todo, o plano é ter até cem aviões nos próximos 30 anos, a um preço total de US$ 203 bilhões (R$ 1,05 trilhão), mas incluindo aí a operação. A Força Aérea estima um preço de prateleira de cada avião em US$ 550 milhões (R$ 2,8 bilhões), uma enormidade de todo modo.

A frota teoricamente substituirá todos os outros bombardeiros estratégicos americanos no futuro. Hoje, o país opera, além dos 20 B-2, 58 versões modernizadas do clássico B-52 e 45 supersônicos B1-B. Os B-2 e 46 dos B-52 empregam armas nucleares, enquanto o B1-B tem tal capacidade, mas hoje é designado para ataques convencionais.

O B-21 poderá carregar mísseis e bombas convencionais e atômicas, constituindo a perna aérea da tríada nuclear americana —hoje composta em silos com mísseis intercontinentais Minuteman-3 e submarinos armados principalmente com variantes do míssil Trident.

Russos e chineses correm atrás. Moscou tem um projeto a passo de tartaruga de uma asa voadora chamado PAK-DA, enquanto a China aparentemente está mais avançada com o seu bombardeiro furtivo H-20, sobre o qual pouco se sabe. Todos os programas, incluindo aí o do B-21, estão atrasados.

Hoje, os rivais americanos centram sua força de bombardeiros com capacidade nuclear nos modelos estratégicos russos Tu-22, Tu-95 e Tu-160, além do chinês H-6K. Esses aviões são vistos em patrulhas conjuntas no Pacífico com frequência, como ocorreu nesta semana.

Igor Gielow, Folhapress

Cristina Kirchner tem semana definitiva em julgamento por atos de corrupção

As próximas semanas não serão apenas definidoras do futuro jurídico da vice-presidente Cristina Kirchner diante das mais de cinco causas que enfrenta na Justiça. Serão também, definitivas no que diz respeito à política. A ala mais ligada ao presente Alberto Fernández, prefere que ela se atenha em defender-se em seus processos, e influencie pouco na formação das listas para as primárias eleitorais, que definirão o sucessor para o cargo em 2023 e parte do Congresso.

Nesta terça-feira (29), Cristina Kirchner terá longa seção para que ela e os 13 acusados na obra de viabilidade pública apresentem sua última defesa no caso. A sessão começa às 9.30 e não terá hora exata para acabar. Dos processos contra a Cristina, esse é o mais avançado, e uma condenação neste processo pode ocorrer ainda em dezembro.

Paralelamante, corre o processo que envolve a suposta participação da banda dos copitos de nieve em sua tentativa de assassinar a presiente. Neste caso, há retrocessos no que a vice pretendia, a de esclarecer o vínculo entre o grupo de extremistas de direita, Revolução Federal, em uma suposta ação coordenada entre o grupo de Leonardo Morel, que está preso, e o empresário amigo de Macri, Nicolás Caputo. Cristina queria o afastamento da juíza Maria Eugenia Cacuphetti, que considerava próxima a Macri, mas esta será mantida.

Hoje, o racha entre “albertistas” e “cristinistas” no governo é quase mais fererenho do que entre a própria oposição. Entre os peronistas, figuram com melhor chance o ministro Wado de Pedro ou algum outro escolhido de Cristina. Com a ligeira melhora da economia do país, ainda que em meio ao caos, mas com uma inflação controlada à força de congelamentos, Sergio Massa é um candidato possível.

Com menos de 20% de aprovação, é difícil que Cristina se lance diretamente ao posto, e mais provável que escolha continuar como vice ou alçar-se à senadora, para garantir a imunidade parlamentar. Em seus últimas aparições e em conversas com seus amigos mais íntimos, a preocupação de Cristina é livrar de acusações os filhos Máximo, hoje deputado, e Florencia, menina abalada pelo que os pais a fizeram passar, e que passou anos em um centro de recuperação em Cuba. Ambos estão envolvidos numa das causas que ainda não estão mais atualizadas que a atual. Mais que o centro do poder novamente, Cristina tem como prioridade salvar a filha, que atravessou quadros sensíveis de depressão e problemas decorrentes, em internação em Cuba. Dentre os dois, é quem tem a situação mais frágil, a de não ter imunidade partlamentar.

As vitórias de Cristina no plano jurídico não foram poucas nestes anos, desde a reforma da formação da Corte de Magistados do País ao questionamento insistente de promotores responsáveis por suas causas. Três anos depois da posse e à frente do Senado do país, pode-se dizer que as prioridades de Cristina estiveram no lado da Justiça. Setor em que Fernández não se moveu.

Se a Justiça acata o pedido de prisão de 12 anos por conta da obra da viabiliade púbica, algo que deve ocorrer ainda neste ano, Cristina terá de passar por um impeachment no Congresso para perder a imunidade e, a partir de então, responder a causa. No momento, isso não se configura como possível, pois a ex-mandatária possui os votos nas duas casas para manter-se com seu foro.

Embora a vitória de Luis Inácio Lula da Silva tenha animado os kirchneristas, que o interpretam como uma carona possível para seus candidatos em 2023, quando ocorre a sucessão presidencial argentina, analistas políticos locais veem que a proximidade de Lula com os kirchnerista teria de ser cuidadosa. “Em um ano, o mais provável é que Lula esteja lidando com uma força de centro-direita recém-eleita na Argentina. Ou seja, por mais que o chamem para integrar a campanha do peronista, Lula deverá ser hábil”, diz o ex-diplomata e analista político Diego Guelar, à Folha.

O poder vem sendo exercido, na realidade, na Argentina, por duas figuras que não passam pelo atual mandatário. São eles a vice Cristina Kirchner, que praticamente não mantém contato diário com o presidente Alberto Fernández, mas sim com seu ministro da Economia, Sergio Massa, artífice dos congelamentos e do ponto em suspense em que se encontram os compromissos de pagamento da dívida de US$ 44 bilhões com o fundo monetário internacional.

“A única forma de que suplantem no dia-a-dia a Alberto, é não saírem juntos em fotos e atos”, afirma Guelar. Assim, Cristina fica livre para atuar com a militância, assim como as tratativas com grandes empresas ficam por conta de Massa, que se queima em nome de não manchar a imagem de Cristina como líder da ala mais kirchnerista do setor, ainda reduto importante de votos. Diferenças enormes entre essas duas gestões estão no avanço das legislações anti-violência-doméstica e a favor do aborto apenas pela vontade da mulher. Paulas que o governo Lula não mostra poder avançar neste momento.

Enquanto no processo do atentado à sua pessoa, Cristina usa a hipótese de vínculo do empresário melhor amigo de Macri, Nicolás Caputo, aos moleques extremistas que a ameaçaram. Nas causas de corrupção contra ela e seus filhos, além de funcionários de governo, a estratégia é apelar para a muleta do “lawfare”, construção que pega fácil em esquerdistas mais radicais, como os de sua base kirchnerista, mas causa enorme divisão entre justistas.

Sylvia Colombo / Folha de São Paulo

Portugal facilita visto para estrangeiros que buscam emprego no país

Em vigor desde o dia 30 de outubro, as novas regras na lei de estrangeiros em Portugal facilitam a entrada de pessoas que pretendem morar no país.

Os estudantes estrangeiros que quiserem obter visto de residência terão, a partir de agora, seu processo analisado e aprovado em menos tempo – em média, dois meses, em comparação ao modelo anterior.

A facilitação nos processos de visto também valerá para os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o que inclui o Brasil.

Mas a alteração mais significativa foi a criação do visto para estrangeiros que buscam emprego em Portugal. Para morar lá, o visto terá validade de 120 dias, podendo ser estendido por mais 60 dias.

A pessoa terá que comprovar renda para se manter no país no período de busca por emprego, além de outros requisitos.

De acordo com dados de 2021 do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal, são quase 700 mil estrangeiros no país. Os brasileiros correspondem a mais de 29% desse total, sendo a maior comunidade estrangeira em solo português.

Outras informações sobre as categorias de visto, documentos e formas de obtenção podem ser conferidas no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo português.

Agência Brasil

Eleições nos EUA: Republicanos estão a um assento do controle da Câmara; Democratas levam Senado

Foto: Jim Urquhart/Reuters
Apuração de votação, que ocorreu há uma semana, está próximo da conclusão nesta terça-feira (15).

resumo

  • Nos EUA, não há um órgão oficial de contagem nacional dos votos. A Associated Press faz as principais projeções:

  • Câmara: Democratas 205 x 217 Republicanos (projeção da AP às 08h03).

  • Senado: Democratas 50 x 40 Republicanos (projeção da AP às 08h03).

  • São necessários 218 deputados e 51 senadores para controlar cada uma das Casas.

  • No Senado, apenas 1/3 é renovado; democratas já tinham 36 senadores e republicanos, 29.
Últimas atualizações

Republicanos perto da vitória na Câmara

O Partido Republicano está a um assento do controle da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. Os republicanos conquistaram duas vitórias na Califórnia e uma em Nova York.

Agora, os republicanos têm 217 assentos na Casa - é preciso ter 218 para obter a maioria e, portanto, o controle da Câmara.

A vitória representa o principal revés do atual presidente Joe Biden, democrata. Com o controle dos rivais políticos na Câmara, a segunda parte de sua gestão
Há 2 horas

Disputa pelo comando da Câmara de Representantes ainda segue nos EUA, e os republicanos precisam de 7 cadeiras para tirá-la dos democratas.
Há 2 dias

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Democratas comemoram vitória no Senado e republicanos se culpam pela derrota. "Quem teria pensado há dois meses que aquela 'onda vermelha' se tornaria uma gota muito pequena", disse Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara dos Representantes. Já Donald Trump, que se prepara para uma possível nova candidatura presidencial em 2024, culpou Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, pela derrota. Leia mais aqui.
Nancy Pelosi em entrevista ÀBC neste domingo (13). (Foto: Reprodução/Reuters)
Democratas mantêm controle do Senado

A candidata do Partido Democrata, Catherine Cortez Masto, foi reeleita senadora pelo estado de Nevada, segundo a Associated Press. Com a vitória dela e do ex-astronauta Mark Kelly, no Arizona, os democratas garantem maioria no Senado após uma apertada disputa com os republicanos. Leia a reportagem.

Para alcançar a maioria no Senado, um partido precisa ter pelo menos 51 votos (são 100 assentos ao todo). A vitória de Catherine garante 50. Nos EUA, quando uma votação empata no Senado, quem entra para decidir é o vice-presidente. Hoje, quem ocupa o cargo é Kamala Harris, do Partido Democrata. Desta forma, os aliados de Biden já teriam 51 votos assegurados.
Vitória de Catherine Cortez Masto garante ao Partido Democrata manter o controle do Senado na segunda parte do mandato do presidente Joe Biden (Foto: David Swanson/Reuters)

Por que o resultado de Nevada é importante?

O Senado americano é composto por 100 cadeiras. Os Democratas e os Republicanos estão empatados com 49 vagas cada.

Uma vitória da democrata Catherine Cortez Masto em Nevada pode garantir a maioria para o Partido Democrata, que ficaria com 50 vagas. Só que nos EUA, o vice-presidente do país tem direito a um voto de desempate no Senado. Como Kamala Harris é democrata, o partido poderia contar com 51 votos.

Caso o republicano Adam Laxalt ganhe em Nevada, aí a disputa continua, só que na Georgia. Isso porque lá não foi atingido o mínimo de votos para eleger um candidato e haverá segundo turno no dia 6 de dezembro. Se os republicanos ganharem nos dois estados, ficam com 51 cadeiras.

A disputa no Alaska ainda não está definida, mas a concorrência é entre dois candidatos republicanos e a vaga deles já está na contagem atual de 49 cadeiras.
Há 3 dias

Filho de brasileiros será deputado no Congresso dos EUA
George Santos faz campanha em Nova York, Estados Unidos, no dia 5 de novembro de 2022 (Foto: Mary Altaffer/AP)
Filho de pai mineiro e mãe fluminense, George Santos nasceu e cresceu no Queens, em Nova York. Ele conquistou uma cadeira na Câmara dos Representantes nas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, em uma disputa histórica entre dois candidatos abertamente gays concorrendo à mesma vaga.

O republicano George Santos venceu o democrata Robert Zimmerman pela vaga deixada pelo democrata Tom Suozzi no 3º Distrito do Congresso de Nova York.

No entanto, Santos não é um defensor dos direitos LGBTQIA+. Suas propostas estão mais voltadas para a questão econômica e em defesa dos direitos dos imigrantes no país. Leia aqui o perfil de George Santos.
Há 3 dias

Astronauta democrata vence no Senado, e disputa volta a cenário de empate
O astronauta e senador democrata dos EUA Mark Relly, que venceu a disputa pelo Senado no Arizona, durante comício no início de novembro de 2022. (Foto: Alberto Mariani/ AP )
Os democratas levaram outra disputa crucial no Arizona: um astronauta que já participou de quatro missões espaciais venceu a disputa no estado para o Senado - onde o cenário é mais incerto, derrotando o republicano Blake Masters, um empresário do mercado de capital de risco.

Mark Kelly, que também serviu a Marinha, sobreviveu a um tiro na cabeça durante uma tentativa de assassinato em 2011 e virou um forte crítico da posse de armas. Foi uma vitória, portanto, simbólica, mas que também indicou a chance de os democratas vencerem no Senado.

Isso porque a corrida pelo controle da Casa ficou empatada - agora, segundo projeções da AP, republicanos e democratas têm, cada um, 49 votos. Faltam Nevada e Georgia.

Porém, no Senado, a vice-presidente do país - a democrata Kamala Harris - tem direito a voto de desempate.
Há 3 dias

Democrata derrota negacionista para posto de autoridade máxima das eleições no Arizona

Em meio a disputas apertadas, contagens lentas e avanço de negacionistas, uma vitória do Partido Democrata na madrugada deste sábado (12) chamou a atenção.

O democrata Adrian Fontes, ex-fuzileiro naval, conquistou o principal cargo em jogo nas eleições do Arizona - o de secretário de Estado, responsável por determinar as regras das eleições e, principalmente, certificar o resultado por lá.

O destaque, neste caso, é que ele derrotou um dos principais negacionistas que concorriam nestas eleições dos EUA: o republicano Mark Finchem, que era visto como uma das maiores ameaças à democracia norte-americana.

O motivo: Finchem foi um dos participantes da invasão ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. Até hoje, ele contesta a vitória do presidente Joe Biden nas urnas naquele ano.
Fonte: G1

Além de ministros, deputado baiano é hostilizado nos EUA

Além de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ex-presidente Michel Temer (MDB), o deputado federal baiano Arthur Maia (UB) também foi hostilizado neste domingo (13) por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Nova York, nos Estados Unidos.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram bolsonaristas xingando os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso no momento em que caminham pela cidade e saem de restaurantes e hotéis.

Em um outro material obtido por este Política Livre Arthur Maia é chamado de “apoiador de bandido” por uma manifestante. No vídeo, o parlamentar até tentou um diálogo com o grupo, mas sem sucesso.

Eles estão nos EUA para participar do Lide Brazil Conference. O evento ocorre nesta segunda (14) e nesta terça-feira (15), com painéis sobre democracia e economia brasileira.

Confira o vídeo:
Por Mateus Soares.

Ministros do STF e Temer são hostilizados por bolsonaristas em NY (Assista o Vídeo)

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o ex-presidente Michel Temer (MDB) foram hostilizados neste domingo (13) por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em Nova York (EUA), onde estão para participar de um evento do grupo Lide.

Vídeos que circulam em redes sociais e grupos de mensagem mostram bolsonaristas assediando e xingando os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso no momento em que circulam pela cidade e saem de restaurantes e hotéis. Um deles também mostra Temer sendo xingado.

A perseguição às autoridades começou a ser orquestrada durante o final de semana, quando o endereço do hotel onde estão hospedados foi compartilhado em grupos bolsonaristas.

O evento ocorre nesta segunda (14) e terça-feiras (15), com painéis sobre a democracia e a economia brasileiras, promovido pela entidade fundada pelo ex-governador de São Paulo João Doria.


Fábio Zanini/Folhapress

Explosão em Istambul deixa ao menos 1 morto e 11 feridos

Uma explosão em uma área movimentada de pedestres em Istambul teria deixado ao menos uma pessoa morta e outras 11 feridas neste domingo (13), informou a mídia turca.

A emissora TRT e outros veículos de comunicação mostram vídeos de ambulâncias e policiais saindo do local. A causa da explosão não foi esclarecida, e também não se sabe ainda o número exato de vítimas.

No Twitter, o governador da cidade, Ali Yerlikay, disse que a explosão ocorreu por volta das 16h20 no horário local (10h20 em Brasília) na rua Taksim Istiklal, distrito de Beyoglu. Equipes de emergência, entre elas membros da Afad, a equipe de gestão de desastres e emergências ligada ao Ministério do Interior, foram enviadas ao local.

Folhapress

EUA: Democratas vibram com maioria no Senado e Biden sai 'fortalecido' das eleições

 O Partido Democrata celebra a conquista, neste sábado (12), da cadeira que faltava para manter o controle do Senado dos Estados Unidos, uma vitória decisiva para a continuação da presidência do presidente Joe Biden e um amargo fracasso para seu antecessor Donald Trump. "Sinto-me bem e estou ansioso pelos próximos dois anos", reagiu Biden de Phnom Penh, no Camboja, à margem de uma cúpula asiática.

Quatro dias após as eleições de meio de mandato, a mídia americana declarou vitória para a senadora democrata Catherine Cortez Masto, no estado-chave de Nevada. A titular do cargo venceu por pouco Adam Laxalt, candidato apoiado pelo ex-presidente Donald Trump.

Sua reeleição eleva o número de democratas eleitos para o Senado para 50 em um total de 100, o que permite que o partido de Biden mantenha o controle da Câmara Alta do Congresso. De acordo com a Constituição americana, a vice-presidente Kamala Harris tem o poder de decidir entre os senadores.

Os democratas ainda podem conquistar uma vaga no estado da Geórgia, onde um segundo turno está previsto para 6 de dezembro.

Um golpe para “Make America Great Again”

O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, reagiu poucos minutos depois que os resultados foram anunciados, twittando que esta era uma "manifestação" dos feitos dos democratas. Para ele, isso significa que os americanos "sabiamente rejeitaram a direção antidemocrática, autoritária, perversa e divisiva que os republicanos do MAGA queriam dar ao nosso país", em referência ao movimento "Make America Great Again" de Donald Trump.


Impulsionados pela alta inflação, os republicanos há muito acreditavam ter uma grande vantagem para reconquistar as duas câmaras durante esta eleição tradicionalmente difícil para o partido no poder.

Os republicanos, no entanto, parecem capazes de recuperar a maioria na Câmara dos Deputados. Eles devem usá-la para lançar inúmeras investigações parlamentares sobre o governo de Joe Biden ou daqueles próximos a ele.

Temas sensíveis

No entanto, a vitória do partido de oposição promete ser muito menor do que o esperado. O canal NBC News projetou uma frágil maioria de cinco cadeiras para os republicanos na manhã de sábado, com 220 eleitos contra 215 dos democratas. Quase 20 sondagens ainda não deram seu veredito, principalmente na Califórnia.

Mas, sem o Senado, os republicanos não poderão aprovar leis alinhadas aos seus objetivos, particularmente sobre aborto ou clima, nem bloquear a nomeação de juízes, embaixadores e funcionários do governo.

Os resultados decepcionantes dos republicanos aumentam a agitação entre seus representantes eleitos no Congresso, incitando um possível acerto de contas. Em uma carta revelada pelo Politico, diversos senadores trumpistas pedem o adiamento da votação para eleger seu líder no Senado, agendada para a próxima semana, parecendo desafiar Mitch McConnell, que quer ser reconduzido ao posto.


Fraude eleitoral

O fim das ilusões republicanas para o Senado representa um revés para Donald Trump, que deve anunciar nesta terça-feira (15) que será candidato presidencial, sua terceira tentativa.

Na sexta-feira (11) os democratas já haviam conquistado a vitória no Arizona, onde o cessante Mark Kelly derrotou o republicano Blake Masters, que recebeu o forte apoio do ex-chefe de Estado, e que ainda não reconheceu a derrota.

Afetado por esse revés no Arizona, que se soma a outros fracassos de suas “crias”, o bilionário republicano mais uma vez alegou fraude eleitoral, recusando-se a admitir o veredito das pesquisas, como tem feito desde sua derrota nas eleições presidenciais de 2020.

Mesmo que sua influência no Partido Republicano permaneça inegável, Trump sai das eleições de meio de mandato enfraquecido e parece querer agir rapidamente para puxar o tapete de seus rivais. Entre eles está o governador da Flórida, Ron DeSantis, reeleito triunfalmente e nova estrela da extrema direita. Seu sucesso não fugiu à atenção do bilionário, que esta semana o apelidou de "Ron, o moralista".

E, coincidência do calendário ou não, terça-feira também será o dia do lançamento das memórias de outro possível concorrente de Donald Trump, seu ex-vice-presidente Mike Pence.

(Com informações da AFP)

Argentina congelará preços de 1.500 bens de consumo em meio a inflação galopante

Foto: Mariana Nedelcu/Reuters
O governo argentino anunciou nesta sexta-feira (11) um acordo com supermercados e fornecedores de bens de consumo de massa para congelar ou regular os preços de cerca de 1.500 produtos, na tentativa de conter uma inflação que deve chegar a 100% este ano.

O governo peronista de centro-esquerda está lutando contra uma queda na popularidade e protestos de rua, enquanto os preços em espiral minam o poder de compra dos consumidores, mesmo conforme um déficit acentuado e reservas em moeda estrangeira cada vez menores criam riscos para a economia.

O Ministério da Economia disse em um decreto formal que um novo programa de “Preços Justos”, abrangendo bens de consumo de alimentos e bebidas a produtos de limpeza, ajudará a “estabilizar os preços dos produtos em favor do consumidor”.

Alguns itens terão alta de 4% antes de entrarem no esquema de congelamento de preços por quatro meses, enquanto outros iniciarão o programa nos valores atuais, mas poderão aumentar em até 4% ao mês.

Antes das eleições do próximo ano, a insatisfação tem começado a crescer, com os níveis de pobreza perto de 40%. Milhares protestaram na quinta-feira contra o governo e o FMI (Fundo Monetário Internacional), que emprestou bilhões de dólares ao país latino-americano.

“Temos inflação de três dígitos. O aumento dos preços dos alimentos é bárbaro e estamos diante de um dezembro brutal”, disse a manifestante Monica Sulle.

Nicolás Misculin / Folha de São Paulo

Em grande recuo, Rússia ordena retirada da cidade ucraniana de Kherson

KIEV/NOVOOLEXANDRIVKA, Ucrânia (Reuters) - O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, ordenou nesta quarta-feira que suas tropas se retirem da margem oeste do rio Dnipro diante dos ataques ucranianos perto da cidade de Kherson, no sul do país, um recuo significativo e um possível ponto de virada na guerra.

A Ucrânia reagiu com cautela ao anúncio. O assessor presidencial Mykhailo Podolyak disse que algumas forças russas ainda estão em Kherson.

"Até que a bandeira ucraniana esteja tremulando sobre Kherson, não faz sentido falar sobre uma retirada russa", afirmou Mykhailo Podolyak, assessor sênior do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, em comunicado à Reuters.

A cidade de Kherson foi a única capital regional que a Rússia capturou desde a invasão em fevereiro e seu abandono seria um grande revés para o que Moscou chama de "operação militar especial" na Ucrânia.

Em comentários televisionados, o general Sergei Surovikin, no comando geral da guerra, disse que não era mais possível abastecer a cidade de Kherson. Ele afirmou que propôs assumir linhas defensivas na margem leste do rio.

Shoigu respondeu a Surovikin: "Concordo com suas conclusões e propostas. Prossiga com a retirada das tropas e tome todas as medidas para transferir forças através do rio".

A notícia ocorre após semanas de avanços ucranianos em direção à cidade e uma corrida da Rússia para realocar dezenas de milhares de seus moradores.

"Vamos salvar a vida de nossos soldados e a capacidade de combate de nossas unidades. Mantê-los na margem direita (oeste) é inútil. Alguns deles podem ser usados ​​em outras frentes", disse Surovikin.

Nas últimas semanas, houve especulações de que Moscou poderia retirar suas forças da margem oeste do Dnipro ou entrar em uma batalha sangrenta nos próximos dias ou semanas.

Mais cedo nesta quarta-feira, a ponte principal de uma estrada perto da cidade de Kherson foi explodida.

Vitaly Kim, governador ucraniano da região de Mykolaiv, que faz fronteira com Kherson, sugeriu que as forças ucranianas expulsaram alguns russos: "As tropas russas estão reclamando que já foram expulsas de lá", disse Kim em comunicado em seu canal Telegram.

O anúncio da retirada foi antecipado pelos influentes blogueiros de guerra da Rússia, que a descreveram como um duro golpe.

"Aparentemente vamos deixar a cidade, por mais doloroso que seja escrever sobre isso agora", disse o blog War Gonzo, que tem mais de 1,3 milhão de inscritos no Telegram.

"Sim, esta é uma página negra na história do Exército russo. Do Estado russo. Uma página trágica."

(Reportagem adicional de Peter Graff e Pavel Polityuk)

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