Ipiaú: Justiça suspende eleição da Mesa Diretora e determina nova sessão em 24h
A decisão, proferida pela juíza Leandra Leal Lopes, também exige a convocação de nova sessão em até 24 horas para empossar vereadores e reeleger a Mesa, sob pena de multa de R$ 30 mil por descumprimento.
s impetrantes, sete vereadores diplomados que não participaram da votação, alegaram que a ausência de quórum mínimo na eleição desrespeitou o regimento interno da Câmara e a Lei Orgânica do município. Segundo a decisão, a eleição não poderia ter sido realizada com apenas seis vereadores presentes, sendo necessária a participação da maioria absoluta dos 13 parlamentares.
A juíza destacou que a posse dos vereadores depende da apresentação do diploma eleitoral, mas ponderou que, mesmo com a ausência de alguns diplomas, a eleição da Mesa deveria ser adiada, conforme previsto no regimento. “Assim, verifica-se que a eleição da Mesa Diretora ocorreu com infringência do Regimento Interno da Câmara de Vereadores de Ipiaú e da Lei Orgânica do Município de Ipiaú como alegaram os impetrantes.”
Além de invalidar a eleição, a magistrada determinou a repetição da posse da prefeita e do vice-prefeito, já que tais atos estão vinculados à regularidade da formação da Mesa Diretora. O caso será encaminhado ao Ministério Público e ao juízo competente após o fim do plantão. Cabe recurso da decisão. Veja Decisão da Justiça
Entenda a polêmicaEm uma sessão marcada por polêmicas e tumultos (veja vídeo), a vereadora Andreia Novaes (Avante) foi declarada eleita presidente da Câmara Municipal de Ipiaú para o biênio 2025-2026. Com seis votos, incluindo o dela e os dos vereadores Cláudio Nascimento, Naciel Ramos, Danilo, Picolé e Mônica Souza, Andreia assumiu a liderança do legislativo em meio a protestos e controvérsias.
A sessão foi presidida interinamente pelo vereador Cláudio Nascimento, que solicitou a apresentação física dos diplomas de eleitos dos vereadores presentes. O pedido gerou indignação no grupo dos 07 legisladores liderado por Edson Marques (Avante), outro candidato à presidência. Segundo os parlamentares desse bloco, a exigência nunca havia sido feita em uma sessão de posse anterior, o que foi interpretado como uma manobra política.
Por: Giro IpiauSuposta candidata fala que comprou 1.000 votos, recebeu só 29 e pede devolução em Pix
![]() |
Fachada da Câmara Municipal de Oliveira dos Brejinhos, na Bahia |
Gleisi diz ser gravíssima suspeita de fraude nas eleições por transferência de títulos
Presidente do PT disse que vai acompanhar investigações da Polícia Federal e da Justiça
A possível amplitude nacional do esquema foi revelada pela Folha.
“Gravíssima a suspeita de fraude envolvendo pequenos e médios municípios nas eleições de 2024: a compra de votos em massa por meio da transferência coletiva e ilegal de títulos de eleitores entre uma cidade e outra, o que pode ter sido decisivo para o resultado nas urnas”, escreveu Gleisi na rede social X (antigo Twitter).
A Folha mostrou em reportagens que a Justiça Eleitoral e a Polícia Federal promoveram diversas prisões, operações e investigações em todo o país em decorrência de transferências em bloco de domicílio eleitoral.
A suspeita é a de que candidatos a prefeito e vereador de pequenas e médias cidades atraíram eleitores de municípios vizinhos mediante promessa de dinheiro ou benefícios.
Dados colhidos pela Folha no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que 82 municípios —a grande parte deles com menos de 10 mil habitantes— viram seu eleitorado crescer entre 20% e 46% só com a transferência de títulos de outras cidades.
Devido a isso, 58 dessas cidades vivem a inusitada situação de terem mais eleitores formais do que a população residente.
Gleisi disse que o partido irá acompanhar as investigações da Justiça e da PF. “Democracia se constrói, acima de tudo, com transparência e honestidade.”
Cármen Lúcia ignora indicativos de fraude nas eleições e nega falha do TSE
A própria Justiça Eleitoral, o Ministério Público e a Polícia Federal promoveram diversas prisões, operações e investigações em todo o país em decorrência de transferências em bloco de domicílio eleitoral de uma cidade a outra.
A suspeita é a de que candidatos a prefeito e vereador de pequenas e médias cidades atraíram eleitores de municípios vizinhos mediante promessa de dinheiro ou benefícios.
Oitenta e duas cidades tiveram o eleitorado elevado de 20% a 46% só com transferência de título, sendo que 52 deles registram mais eleitores formais que toda a população contada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“Sobre o eleitorado, houve alguma divulgação no sentido de que teria havido vícios porque nós temos um eleitorado maior do que moradores de um município. Primeiro, esta notícia já foi dada, por exemplo, se pegarem uma matéria que saiu em um jornal da Bahia [sobre um caso específico] de 10 de setembro de 2023, é a mesmíssima notícia. (…) Este é um dado solto e não leva muita coisa”, disse Cármen ao apresentar o relatório do tribunal com dados sobre as eleições municipais.
O eleitorado em maior número do que a população não é o único indicativo de fraude, embora a própria legislação eleitoral considere o fenômeno como suspeito e motivo de possível correição ou revisão eleitoral.
Há várias investigações pelo país que apontam para a tentativa de transferências de eleitores em bloco de uma cidade a outra nas eleições de 2024 usando comprovantes de residência falsos.
“Nós temos a revisão do eleitorado e temos pedido de revisão de eleitorado em algumas localidades e não se faz revisão de eleitorado em ano de eleição, exatamente para não propiciar nenhum tipo de dúvida sobre o eleitorado”, disse Cármen, sem citar quais são essas localidades.
A presidente do TSE também usou como argumento de que a biometria não permite que o eleitor vote em uma cidade e depois vote em outra, o que não tem relação com as possíveis fraudes nas pequenas e médias cidades.
A suspeita é a de que os eleitores tenham sido cooptados a votar em uma cidade que não moram ou não têm relação, não que tenham votado em duas cidades diferentes.
Cármen também usou como exemplo de possível discrepância no número de eleitores em relação à população o fato de pessoas que se mudam a trabalho e mantêm o domicílio eleitoral na cidade de origem.
Só que essa situação citada pela ministra não envolve transferência de títulos eleitorais. No caso das possíveis fraudes em investigação em vários estados do país, há sempre a transferência coletiva de títulos. Em mais de 700 cidades, por exemplo, o eleitorado cresceu mais de 10% só com essas migrações.
Em entrevista coletiva e após ser questionada sobre esse ponto específico, Cármen também demonstrou desconhecimento em relação às várias operações e investigações da Polícia Federal que miram as possíveis fraudes.
Em Elesbão Veloso (PI), por exemplo, a PF deflagrou em agosto a Operação Águas Rasas devido à suspeita de fraude em 126 transferências de título para a cidade, todas por meio de comprovantes falsos, alguns emitidos pela empresa de água e esgoto do estado.
De acordo com a polícia, o suspeito de produzir os documentos era um servidor público e candidato a vereador.
Em Minas, a PF deflagrou em outubro a Operação Sufrágio para apurar a transferência suspeita de cerca de 1.000 títulos de eleitor de Governador Valadares e região para a pequena Divino das Laranjeiras, que tem pouco mais de 4.000 habitantes.
“[investigação] de mudança [de título] não, o que eles [PF] fizeram foi outra coisa. As operações que eles fizeram foi basicamente para ver se houve algum tipo de ilícito eleitoral, crime eleitoral ou fatos que poderiam ser criminosos relativos ao uso de recursos, direcionamento de eleitores e candidatos e impedimento de acesso [de candidatos] aos territórios”, disse Cármen.
Candidatos no Piauí disputaram compra de eleitores de outras cidades, indica investigação
Investigações das autoridades eleitorais e acusações mútuas entre as chapas concorrentes apontam para uma enxurrada de transferências de títulos de eleitor lastreadas com base em comprovantes emitidos por microempresas de telefonia atestando um endereço do eleitor que, na realidade, é falso.
Esses boletos são aceitos como comprovantes de endereço pela Justiça Eleitoral, que em geral autoriza o cidadão a votar na cidade para a qual ele afirma ter se mudado.
Como revelou a Folha, há uma suspeita de fraude generalizada nas eleições de 2024 em várias pequenas e médias cidades do país por meio da transferência coletiva de eleitores cooptados para votar em determinados candidatos, o que pode ter sido determinante para a eleição de vereadores e prefeitos.
A principal suspeita é a de que eleitores de cidades vizinhas (em geral polos em suas regiões) tenham aceitado fingir a mudança de residência para esses pequenos e médios municípios em troca de dinheiro ou benefícios oferecidos pelos candidatos.
No caso de três cidades do Piauí, o município supostamente “fornecedor” de eleitores foi Picos.
Em uma dessas cidades, os dois concorrentes trocaram acusações entre si de cooptação de eleitores de outras cidades para tentar inflar de forma fraudulenta a respectiva votação. Em outra, áudios anexados a processo mostram candidatos dizendo ter cometido a fraude.
São Luis do Piauí, por exemplo, é uma pequena cidade de 2.309 habitantes contados pelo Censo 2022. Só em 2023 e 2024, porém, recebeu a transferência de 1.201 títulos eleitorais, impactando uma eleição disputadíssima e se tornando a segunda cidade do país com o maior crescimento de eleitores só por meio de títulos vindos de outras cidades (45%).
Renato Pio (PP) venceu Josafá Marques (PT) por uma diferença de 32 votos, obtendo seu quinto mandato.
PT e PP apresentaram, um contra o outro, denúncias de cooptação ilegal de eleitores de outras cidades, o que motivou investigação pelo Ministério Público, ainda sem conclusão na Justiça Eleitoral, e pela Polícia Federal.
A Promotoria pede o cancelamento das transferências de 67 eleitores. O relatório da investigação aponta, por exemplo, que em maio pai, mãe e filho foram presos em flagrante por tentar transferir seus domicílios eleitorais para a cidade com uma conta de luz falsificada.
Em vários casos, os eleitores apresentaram comprovante de residência emitidos pela mesma operadora de telefonia celular, a Start Cell, que disse tê-los emitido por vendas efetivadas no balcão de sua loja, que fica em Picos, mas não apresentou à Justiça as notas fiscais solicitadas.
A empresa confirmou que não checa se o endereço declarado pelo consumidor é verdadeiro.
Situação semelhante aconteceu em Santo Inácio do Piauí. Ali o Ministério Público identificou, depois de uma denúncia anônima, diversas transferências justificadas com boletos de outra microempresa de telefonia, a Alves Telecom, usados como comprovante de endereço.
No processo, a empresa de telefonia fixa disse que não conseguiria comprovar a relação contratual com os clientes ou porque o técnico se “esqueceu” de levar o contrato no dia da instalação ou porque chegou no endereço e não encontrou o cliente para quem gerou o boleto.
A Alves Telecom disse, durante o processo, que mudou a forma de operação em 2024 após identificar uma “enxurrada” de pedidos de troca de titularidade em Santo Inácio.
Em sentença publicada na semana passada, o juiz Luiz de Moura Correia citou o caso de um investigado que juntou, como prova de domicílio, “uma fatura de água em nome de seu pai, que, conforme ele mesmo afirma, faleceu em 2018, o que causa perplexidade.”
Na cidade, que recebeu 350 novos títulos entre 2023 e 2024, Dr. Auro (PT) venceu por 331 votos de diferença na disputa contra Francisco Átila (PSB).
Na decisão da semana passada, 12 transferências de título foram anuladas, incluindo a de quatro pessoas que afirmaram ser funcionárias domésticas de Átila.
Em Aroeiras do Itaim, cidade também próxima a Picos, o MDB questionou na Justiça em fevereiro todas as 458 transferências de títulos até então realizadas no ano.
Alegou, no processo, que a cidade tinha 2.690 habitantes no Censo 2022, mas já somava 3.937 eleitores. Também uma única microempresa de telefonia, a Progressonet, emitiu a maior parte dos comprovantes de endereço apresentados à Justiça Eleitoral.
Na semana anterior ao pleito, o juiz Adelmar de Sousa Martins negou o cancelamento imediato das transferências afirmando ser necessária uma apuração individual e mais criteriosa para aferir se “efetivamente ocorreram as irregularidades apontadas”. Segundo ele, negar o direito ao voto a 458 pessoas sem o contraditório seria uma violação ao princípio do devido processo legal. Desde então, os eleitores estão sendo acionados um a um.
No dia da eleição, 4.402 pessoas estavam aptas a exercer o voto em Aroeiras.
Marciano Macedo (PSD) venceu por 339 votos o candidato do MDB, Wesley de Deus, representante da família que há 20 anos comanda a cidade.
Em Bom Princípio do Piauí, cidade próxima a Parnaíba, áudios de WhatsApp anexados a processo na Justiça Eleitoral mostram vereadores discutindo quem conseguiria transferir mais títulos para a cidade.
“Hoje nós levamos uma faixa de 70, 80 pessoas para ajeitar título, enquanto eles lá [adversários] levaram umas 10, 15. Em termos de transferência de títulos, de ajeitar títulos, a diferença é muito grande. Hoje estava eu, Jailson, Germarcio, Zé do Chico Bento, Junior do Milhão, era indo levar, trazer, buscar”, diz Jacinto Moraes (MDB), então presidente da Câmara, em um dos áudios.
Os áudios foram apresentados à Justiça pelo PSB, que conseguiu anular 17 transferências de título e elegeu o prefeito Apolinário com 3.196 votos, contra 2.680 de Lucas Moraes (MDB), candidato à reeleição e filho do então presidente da Câmara. Jailson (PT) e Germarcio (PSD), citados no áudio, foram eleitos vereadores.
A Folha procurou todos os candidatos sobre os quais pesam suspeita de participação em fraude eleitoral, mas não os localizou ou não houve manifestação.
Suspeita de fraude por transferência de eleitores
Qual é a suspeita
A Justiça Federal e a Polícia Federal investigam as transferências em bloco de domicílio eleitoral de votantes de cidades pequenas e médias, o que pode ter sido determinante para a eleição de prefeitos e vereadores.
Exemplos em SP e MG
Em Fernão, a 400 km de São Paulo, o candidato Bill (PL) foi eleito prefeito com diferença de apenas 1 voto em relação a Zé Fodra (PSD): 522 votos a 521. O eleitorado oficial da cidade cresceu 17% só com a transferência de títulos, o que fez com que o número de eleitores aptos fosse maior do que o total de moradores.
Outro caso ocorreu em Divino das Laranjeiras, no sul de Minas Gerais. A cidade tem 4.178 habitantes, segundo o Censo de 2022, tendo encolhido 15,4% em relação ao levantamento anterior de 2010. No caso do eleitorado oficial, porém, ocorreu o inverso: um crescimento de 15,6% em relação à eleição anterior, chegando a 4.968 pessoas.
Como seria a fraude
Para transferir seu local de votação, o eleitor precisa comprovar vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional ou comunitário com a nova cidade. Segundo as investigações, há indícios de uso de contas de luz, água e esgoto como comprovantes de residência falsos emitidos por servidores públicos.
Qual é a punição para os eleitores
Caso comprovadas as irregularidades, os eleitores podem ser enquadrados nos artigos 289 e 290 do Código Eleitoral, com penas de 2 a 5 anos de prisão mais multa.
Demétrio Vecchioli, Ranier Bragon e Camila Mattoso / Folhapress
Eleição de 2024 tem suspeita de fraude por transferência em massa de eleitores entre cidades
82 municípios a grande parte deles com menos de 10 mil habitantes viram seu eleitorado crescer entre 20% e 46%
A Folha mapeou nos últimos meses na Justiça Eleitoral e na Polícia Federal prisões, operações e investigações que se espalharam pelo país em decorrência de transferências em bloco de domicílio eleitoral, o que em algumas cidades pode ter sido determinante para a eleição fraudulenta de prefeitos e vereadores.
Dados colhidos pela Folha no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que 82 municípios a grande parte deles com menos de 10 mil habitantes viram seu eleitorado crescer entre 20% e 46% só com a transferência de títulos de outras cidades.
Devido a isso, 58 dessas cidades vivem a inusitada situação de terem mais eleitores formais do que a população residente.
Considerando os municípios com aumento de 15% dos eleitores com as transferências de títulos, o número de cidades sobe para 229.
Um caso exemplar ocorreu em Fernão, a 400 km de São Paulo. A pequena cidade tem 1.656 moradores, de acordo com o Censo de 2022, o que inclui crianças e adolescentes que não votam. O eleitorado oficial, porém, é maior do que toda a população, 1.754, graças a um incremento de 17% só com a transferência de títulos.
O candidato Bill, do PL, foi eleito prefeito com diferença de apenas 1 voto em relação ao atual chefe do Executivo, Zé Fodra (PSD). Foram 522 votos a 521.
Bill, cujo nome é Eber Rogério Assis, é alvo do Ministério Público justamente sob a acusação de ter patrocinado de forma fraudulenta a transferência de mais de 60 eleitores de outras cidades para Fernão.
A Promotoria Eleitoral entrou com ação para impedir sua posse e, em 22 de outubro, o juiz Felipe Guinsani suspendeu de forma liminar a diplomação.
Segundo o juiz, o eleito, que é vereador e veterinário da Casa da Agricultura de Fernão, “promoveu uma verdadeira arregimentação de eleitores, proporcionando-lhes facilidades para transferência fraudulenta de títulos eleitorais”.
“Isso ocorreu em um município de pequeno porte, com apenas 1.754 eleitores aptos a votar, o que demonstra a potencialidade da conduta para influenciar o resultado das eleições.”
A liminar foi cassada dias depois pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo sob o argumento de ser necessário o direito à ampla defesa.
A Folha entrou em contato com a defesa de Bill, mas não houve resposta. Em rede social, ele disse que é alvo de acusações infundadas e injustas.
Outro caso ocorreu em Divino das Laranjeiras, no leste de Minas Gerais. A cidade tem 4.178 habitantes, de acordo com o Censo de 2022, tendo encolhido 15,4% em relação ao levantamento anterior. No caso do eleitorado oficial, porém, ocorreu o inverso: um crescimento de 15,6%, chegando a 4.968 pessoas.
O TRE de Minas Gerais informou que há processos em segredo de Justiça sobre aliciamento de eleitores para a cidade.
A três dias da eleição, o Ministério Público ingressou com pedido de anulação da transferência de 38 eleitores. “Os impugnados se envolveram em uma trama ardilosa em que interpostas pessoas, com o nítido propósito de burlar o sistema eleitoral, cooptaram eleitores”, escreveu a promotora eleitoral Mariana Cristina Pereira Melo, sem citar o nome do candidato.
Na manhã seguinte, 4 de outubro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sufrágio, afirmando que o esquema envolveu a transferência de cerca de mil títulos. No mesmo dia, a Justiça cancelou o registro de apenas três eleitoras que confessaram a fraude. Os demais puderam votar.
Em Divino, Reinaldo Romualdo dos Santos (MDB) venceu Emanuel Antonio Siqueira (Republicanos) por 268 votos de diferença.
Outro caso ocorreu em Elesbão Veloso, cidade do Piauí que também viu a
sua população encolher 6% de 2010 a 2022, mas o eleitorado oficial subir
8% mais um exemplo no qual o número de eleitores superou o de
habitantes.
Em maio, a Justiça cancelou sete transferências de votantes que apresentaram como prova de residência contas de luz falsas.
Em agosto, a PF deflagrou a Operação Águas Rasas devido à suspeita de fraude em 126 transferências de título para a cidade, todas por meio de comprovantes falsos, alguns emitidos pela empresa de água e esgoto do estado. De acordo com a polícia, o suspeito de produzir os documentos era um servidor público e candidato a vereador.
Na cidade, Ronaldo Barbosa (PP) derrotou Dr. Cleriston (PT) por diferença de 712 votos.
O estado com o maior número de cidades que elevaram em mais de 20% o número de pessoas aptas a votar é Goiás. Foram 19, entre elas Guarinos, a campeã em crescimento (46%), e Davinópolis, onde o eleitorado oficial (4.405) é mais do que o dobro do que toda a população contada pelo IBGE.
O TRE de Goiás disse, em nota, que há investigações da Polícia Civil em Aragoiânia e da Polícia Federal em Santo Antonio do Descoberto.
Houve ainda pedido de revisão do eleitorado em alguns municípios, mas eles foram negados por falta de indícios de irregularidade.
O órgão afirmou também que a revisão do eleitorado baseado em distorções de natureza estatística (mais eleitores que moradores, por exemplo) é de competência exclusiva do TSE que foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou.
Além das ações judiciais, eleitores em vários estados foram presos em flagrante tentando transferir o título com documentação falsa. Em Correntina (BA), por exemplo, a juíza eleitoral da região chamou a polícia em abril após duas pessoas supostamente tentarem promover a fraude no cartório eleitoral.
Em novembro, reportagem do Fantástico, da TV Globo, mostrou indícios de que houve mercado ilegal de eleitores em Mangaratiba, balneário do Rio de Janeiro que também ganhou milhares de novos votantes.
Para transferir seu local de votação, o eleitor precisa comprovar vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional, comunitário ou de outra natureza com a nova cidade. Quando há a burla, ela geralmente é enquadrada nos artigos 289 e 290 do Código Eleitoral, com penas de 2 a 5 anos de prisão mais multa.
A Justiça Federal e a Polícia Federal investigam as transferências em bloco de domicílio eleitoral de votantes de cidades pequenas e médias, o que pode ter sido determinante para a eleição de prefeitos e vereadores.
Em Fernão, a 400 km de São Paulo, o candidato Bill (PL) foi eleito prefeito com diferença de apenas 1 voto em relação a Zé Fodra (PSD): 522 votos a 521. O eleitorado oficial da cidade cresceu 17% só com a transferência de títulos, o que fez com que o número de eleitores aptos fosse maior do que o total de moradores.
Outro caso ocorreu em Divino das Laranjeiras, no sul de Minas Gerais. A cidade tem 4.178 habitantes, segundo o Censo de 2022, tendo encolhido 15,4% em relação ao levantamento anterior de 2010. No caso do eleitorado oficial, porém, ocorreu o inverso: um crescimento de 15,6% em relação à eleição anterior, chegando a 4.968 pessoas.
Para transferir seu local de votação, o eleitor precisa comprovar vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional ou comunitário com a nova cidade. Segundo as investigações, há indícios de uso de contas de luz, água e esgoto como comprovantes de residência falsos emitidos por servidores públicos.
Caso comprovadas as irregularidades, os eleitores podem ser enquadrados nos artigos 289 e 290 do Código Eleitoral, com penas de 2 a 5 anos de prisão mais multa.
Campanhas contrataram 1,2 milhão de pessoas nas eleições por R$ 1,9 bi
Ester Brum, 20, soube da chegada de uma equipe da campanha do prefeito eleito Netinho Reis (MDB) no Parque Vila Nova, comunidade onde mora em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Procuravam pessoas sem emprego fixo para trabalhar durante a eleição na cidade.
Ester anotou o nome na lista de candidatos e foi uma das escolhidas. Além dela, a irmã e a mãe também conseguiram o emprego temporário.
Sem vínculo empregatício, as três trabalharam de agosto a outubro no centro de Duque de Caxias, balançando bandeiras de Netinho Reis. A jornada de trabalho, de meio-dia às 19h, de domingo a domingo, rendeu R$ 800 por quinzena.
“Eu trabalhava vendendo bala no trânsito e até tirava mais com as balas do que com a bandeira, mas quase não conseguia ver lucro porque gastava todos os dias recomprando os produtos. Nesse emprego temporário recebo por quinzena, dá um certo alívio para nós”, diz.
Ela diz que “queria que a eleição se estendesse e que pintasse uma possibilidade de continuar trabalhando com política no ano que vem”.
Ester foi uma das 1,2 milhão de pessoas contratadas diretamente por campanhas eleitorais no Brasil este ano, segundo dados das prestações de contas enviadas pelos candidatos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até a última quarta-feira (20).
Não é possível falar em 1,2 milhão de postos de trabalho porque parte se refere a serviços específicos, como cessão de veículos ou locação de imóveis.
Mais da metade dos contratados (cerca de 669 mil), porém, atuou em atividades de militância e mobilização de rua, de acordo com os dados do TSE. Mas o número real de pessoas envolvidas em ação de campanha nas ruas é ainda maior, já que muitos deles foram incluídos nas prestações de contas de forma genérica, como “despesas com pessoal”.
Os contratos com pessoas físicas já informados à Justiça Eleitoral somam R$ 1,96 bilhão dos R$ 6,22 bilhões do total. A maior parte dos gastos foi feita com empresas.
Os dados mostram que a remuneração média para quem trabalhou em atividades de rua foi de R$ 1.020. O valor depende do local, tempo e função do trabalho.
Bruna Rocha da Silva, 38, coordenou, de agosto a outubro, 11 pessoas que atuaram na campanha do candidato a vereador Vinicius Cordeiro (Cidadania), em uma praça da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro.
A equipe, incluindo a própria Bruna, que recebeu R$ 1.600 mensais pelo trabalho, balançava bandeiras e entregava panfletos na entrada de uma estação de metrô: “Eu estou recebendo auxílio desemprego, mas não dá para tudo. Esse dinheiro extra veio em ótima hora”, afirmou ela.
Ela era vigilante em uma agência bancária até agosto. A empresa terceirizada perdeu o contrato com o banco e Bruna não foi remanejada. Moradora do morro do Salgueiro, soube da vaga temporária através da associação de moradores local.
“Fui perguntar se precisavam de pessoas para trabalhar no período da eleição e no mesmo dia havia uma reunião do candidato sobre como seria o trabalho. Consegui a vaga e virei coordenadora da equipe.”
Os números se referem apenas a contratações diretas feitas pelas próprias campanhas. As novas vagas criadas nas eleições, porém, atingem outros setores.
A indústria gráfica, principal destinatária dos recursos da campanha eleitoral, afirma ter ampliado o número de vagas temporárias para atender à demanda dos candidatos.
Levantamento da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) junto às empresas do setor indica que 17% das gráficas do país fizeram contratações temporárias.
O presidente da Abigraf, Julião Gaúna, afirma que o planejamento das gráficas começa na pré-campanha em contato com responsáveis dos partidos para medir o nível da demanda. O objetivo é garantir matéria-prima para a confecção dos santinhos e panfletos que inundam as ruas das cidades.
Segundo Gaúna, as vagas temporárias criadas têm como objetivo o processo final, de empacotamento do material impresso.
“Precisa empacotar, dobrar, separar. É um trabalho praticamente manual mais na linha final. A produção gráfica é toda automatizada”, disse ele.
O TSE impõe em toda eleição um limite de contratação de pessoal, para evitar que os repasses sejam usados para compra de votos. Para candidatos a prefeito, o cálculo é de 1% do eleitorado até o limite de 30 mil eleitores e, depois, uma contratação a cada mil eleitores acima deste teto. Para os que disputam uma vaga na Câmara Municipal, é a metade.
Em São Paulo, os candidatos a prefeito puderam contratar até 9.592 pessoas. Já os que tentavam uma cadeira como vereador, 4.796.
Abstenção cresce no 2º turno, alcança 29% do eleitorado e preocupa TSE e especialistas
Dos 33,9 milhões de eleitores das 51 cidades que tiveram disputa no domingo (27), mais de 9,9 milhões faltaram à votação.
O montante equivale a 29,26% do total. É próximo ao registrado no segundo turno de 2020 (29,53%), quando o pleito foi realizado durante a pandemia da Covid-19. Mas supera o da eleição municipal de 2016 (21,55%).
Presidente do TSE, a ministra Cármen Lúcia demonstrou preocupação com o percentual e disse que a Justiça Eleitoral ainda vai se debruçar sobre os dados de comparecimento no segundo turno. “A gente vai ter que apurar em cada local”, afirmou após a divulgação dos resultados no domingo.
O maior percentual de abstenção, de 34,43%, foi registrado nos municípios de Goiás. Na outra ponta do mesmo ranking estão as cidades do Ceará, com 16,28% de abstenção no segundo turno.
No estado de São Paulo, 31,42% dos eleitores das 18 cidades com votação no domingo faltaram às urnas.
“Talvez agora a gente não possa mais negar que é um tema para ser trabalhado. Precisamos olhar para esse dado com a mesma complexidade e detalhe que o eleitorado do Brasil exige”, disse Ana Claudia Santano, coordenadora-geral da ONG Transparência Eleitoral Brasil.
A presidente do TSE afirmou, ainda na data do segundo turno, que é preciso avaliar se medidas para facilitar o acesso às urnas foram bem divulgadas.
“Em Pernambuco, temos ônibus, vans que vão buscar. Isso foi amplamente divulgado? Temos de ver em cada local o que aconteceu, por que está acontecendo e o que a gente pode fazer para que a abstenção, onde tem aumentado, não volte a acontecer.”
Para Bruno Andrade, coordenador-geral adjunto da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, um dos fatores que podem corroborar para uma alta abstenção é a falsa compreensão de que a obrigação com as eleições estaria cumprida com a votação apenas no primeiro turno.
“Pelos dados disponíveis, é rotineiro que, em eleições municipais, a abstenção seja maior no segundo turno. Mesmo nas eleições gerais, tirando a última de 2022, há uma redução no comparecimento no segundo turno”, diz ele.
Andrade diz ainda que o poder público, sobretudo a Justiça Eleitoral, deve buscar soluções e cita estratégias que podem ajudar a reduzir os índices de abstenções.
“Buscar novos locais de votação que tenham mais facilidade de acesso, fornecer transporte aos eleitores que estejam em zonas rurais longe de locais de votação, coletar informações de eleitores para atender melhor àqueles que têm algum tipo de deficiência”, diz.
A ministra disse ainda que que a abstenção em alguns locais ficou abaixo do que já havia sido registrado.
“Por exemplo, no Amazonas, onde tínhamos tanta preocupação sobre estiagem, que fez com que estradas que são rios não mais existissem, tivemos ali um menor índice de abstenção do que a gente tinha apurado antes. Ou seja, ali funcionou este recado dado, porque talvez a nossa preocupação também fosse maior”, disse Cármen.
Ela também citou que as mudanças climáticas podem ter influenciado na abstenção em alguns locais.
“Em Porto Velho, de manhã, teve chuva intensa. O eleitorado que teria de ir de manhã, precisou ir à tarde. Mas para aqueles que têm o voto facultativo, por exemplo, os mais velhos, isso desanima? Isso leva a não ir? Foi pouco divulgado que a acessibilidade seria tranquila?”, declarou.
Para Santano, da Transparência Eleitoral, é preciso observar diversos dados para lidar com a abstenção, como o comparecimento dos idosos que têm voto facultativo, jovens, pessoas privadas de liberdade e os casos de assédio eleitoral.
Ela defende que aumentar a sanção para quem deixa de votar não é a melhor medida para aumentar o comparecimento nas eleições. “A gente precisa voltar a trabalhar com os valores democráticos, com a importância do voto.”
A multa para quem não vai votar hoje é de R$ 3,51 por turno.
“Saio desse segundo turno das eleições preocupada. Em vários outros países de voto facultativo, a abstenção está ali em torno de 40%, em alguns casos 45%. Pois a gente talvez esteja caminhando para isso no voto obrigatório”, afirmou ainda.
A coordenadora da Transparência Eleitoral também avalia que movimentos contrários à política impactam na ida às urnas.
Para ela, há um cenário de deslegitimação dos partidos, com uma sensação para o cidadão médio “de que os problemas reais dele não estão sendo solucionados”.
“Eu vi muitas análises falando da derrota da polarização e vitória da centralização ideológica. Será? Vendo pela parte do abstencionismo, a gente pode ver um cansaço, a gente pode ver um desencanto. Aquele eleitor que já não vê tanto sentido. Na hora da raiva, eles votam na candidatura antissistema. No segundo turno, como de fato não houve tantas candidaturas radicais, não tinha esse candidato antissistema. Então essa pessoa já perde totalmente a motivação de votar”, afirmou ainda Ana Santano.
Para o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e cientista político Marco Antonio Teixeira, disputas que dão mais espaço a embates violentos do que para debates voltados às demandas das cidades afasta o eleitor médio, o que corrobora com um número maior de cidadãos insatisfeitos com as opções restantes no segundo turno, conforme se observa em São Paulo.
“Teve uma campanha muito ruim, muito agressiva no primeiro turno, o que acabou com um grau um pouco menor se repetindo no segundo turno. Então o espaço para debate sobre os temas da cidade foi pouco e o perfil dos candidatos acabou não ajudando a prender o eleitor mais médio, mais padrão, que queria escutar o que cada um queria dizer”, diz.
O professor indica que os partidos hoje se preocupam mais em emplacar candidatos com maiores chances de se eleger do que aqueles que promovem o debate. Para ele, isso afasta o eleitor médio e acarreta em abstenção.
“Isso está esvaziando o debate e a arena política como espaço propositivo e ajuda, de alguma maneira, a aumentar a abstenção”, afirma.
Mateus Vargas e Mariana Brasil/Folhapress
MDB e PSD controlarão 38% dos orçamentos municipais a partir de 2025
A diferença entre os dois partidos é de R$ 20 bilhões. O MDB irá comandar R$ 254 bilhões dos orçamentos municipais (19,7%), enquanto a fatia do PSD será de R$ 234 bilhões (18,1%).
Parte significativa do orçamento sob gestão do MDB no próximo ano se deve à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que derrotou Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo. O orçamento de R$ 107 bilhões, maior do país, representa 42% de tudo que estará sob decisão da sigla.
Além de São Paulo, ficam sob responsabilidade do partido as capitais Porto Alegre, Belém, Boa Vista e Macapá, que juntas representam R$ 22 bilhões.
O PSD, que conquistou o maior número de prefeituras do país, também controla grandes orçamentos. Um terço do montante do partido de Gilberto Kassab vem de cinco capitais, sendo o Rio de Janeiro a maior delas –R$ 46 bilhões foi o orçamento de 2023.
A cidade será novamente comandada por Eduardo Paes, reeleito no primeiro turno com 60,5% dos votos válidos (1.861.856 votos).
Adriane Lopes (PP) é reeleita prefeita de Campo Grande
![]() |
Foto: Reprodução/Facebook |
Com 100% das urnas apuradas, a candidata apoiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 51,45% dos votos válidos (222.699 votos), superando Rose Modesto (União Brasil), com 48,55% (210.112).
Campo Grande foi a única capital brasileira com segundo turno disputado por duas mulheres.
A campanha da prefeita cresceu na reta final do primeiro turno, com discurso conservador de olho em votos bolsonaristas. Ela desbancou o deputado federal Beto Pereira (PSDB), que ficou em terceiro.
Adriane Lopes foi apoiada por Bolsonaro no segundo turno, a pedido da ex-ministra da Agricultura e atual senadora Tereza Cristina (PP-MS). O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), também apoiou Adriane Lopes, depois de estar ao lado de Beto Pereira no primeiro turno.
As duas candidatas disputaram públicos parecidos durante a campanha. São evangélicas, fizeram forte apelo à presença da mulher na política e buscaram o voto conservador dos sul-mato-grossenses. Nas redes sociais, Rose passou a campanha publicando vídeos tocando violão e cantando músicas gospel.
A campanha de Rose não fez acenos nem a Lula (PT) nem a Bolsonaro.
Quem é Adriane Lopes
Adriane Lopes, 48, nasceu em Grandes Rios, no Paraná. Tem formação em direito e teologia. Foi também coach vinculada ao Instituto Brasileiro de Coaching. Ganhou projeção em Campo Grande após atuar por quatro anos no sistema penitenciário do estado.
Era vice-prefeita de Marquinhos Trad (PSD) desde 2017. Assumiu o comando da cidade em 2022, quando o prefeito renunciou ao cargo para disputar o governo de Mato Grosso do Sul.
Ela foi a primeira mulher a ocupar a Prefeitura de Campo Grande e, para o novo mandato, terá como vice outra mulher, Dra. Camilla (Avante).
Derrotada no pleito municipal, Rose, 46, já havia sofrido revés na eleição estadual de 2022. Ela começou a carreira em 2008 como vereadora pelo PSDB. Foi eleita vice-governadora de Reinaldo Azambuja (PSDB) em 2014 e deputada federal em 2018.
Em 2022, quando escolheu concorrer ao governo do estado, foi descartada pelo partido tucano. Filiou-se, então, ao União Brasil. Ela ficou em quarto lugar na disputa que elegeu Riedel.
Eduardo Pimentel (PSD) é eleito prefeito de Curitiba
![]() |
Foto: Divulgação |
Com 92,24% das urnas apuradas, Pimentel, apadrinhado pelo atual prefeito Rafael Greca (PSD) e pelo governador do Paraná Ratinho Junior (PSD), tinha 57,31% dos votos válidos ante 42,69% de Cristina.
Cristina e Pimentel protagonizaram uma campanha quente, com ataques permanentes. Pimentel está ligado à “direita tradicional”. Já Cristina é da “direita radical”, com forte presença nas redes sociais.
Além de ter as máquinas municipal e estadual como aliadas, Pimentel entrou na corrida eleitoral com a maior coligação entre os dez concorrentes: PSD se aliou ao Novo, PL, MDB, Republicanos, Pode, Avante e PRTB.
Desde o início da campanha, ele figurou numericamente à frente de todos os candidatos nas pesquisas realizadas pela Quaest. Mas a disputa com Cristina foi acirrada nas urnas do primeiro turno, o que fez com que sua campanha mudasse quase toda a estratégia para o segundo turno.
Para enfrentar uma candidata alinhada com o bolsonarismo, Pimentel escalou apoiadores da direita como o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo) e reduziu o espaço na propaganda da tevê de padrinhos políticos como o prefeito Greca, chamado por Cristina de “prefeito lulista”.
Pimentel também explorou fragilidades e polêmicas da adversária, chamada por ele de “extremista” e “aventureira”. Passou a dizer que era o candidato da ciência e que a rival dividia Curitiba.
Ele também fez acenos discretos ao eleitorado da esquerda, que ficou sem representantes no segundo turno. Na véspera da eleição deste domingo, pediu para que o eleitor não anulasse o voto. “Se for para anular, que seja para anular o ódio”, afirmou ele, em referência à candidata bolsonarista.
A campanha de Pimentel também enfrentou desgastes, especialmente no primeiro turno, como a nomeação do sogro do candidato a vice.
O ex-deputado federal Paulo Martins (PL), agora eleito vice-prefeito, atuava na assessoria especial do governador Ratinho Junior até junho deste ano, quando foi exonerado para participar das eleições. Na sequência, contudo, o sogro de Martins, Cezar Orlando Gaglionone, que já atuava na Cohapar (Companhia de Habitação do Paraná), ganhou exatamente o mesmo cargo deixado por ele, na assessoria da governadoria. Após a repercussão, em setembro, Gaglionone foi demitido. O governo estadual não comenta o caso.
O desgaste maior, contudo, envolve a prefeitura de Curitiba e uma suposta coação de servidores para que houvesse colaboração financeira à campanha. Áudios vazados na última semana da campanha do primeiro turno revelaram um superintendente da prefeitura dizendo a servidores que eles precisavam comprar convites do jantar em apoio a Pimentel, que isso “já veio determinado” e “não tem como negociar”.
Nos áudios, ele sugere que há mais gente envolvida neste esquema de arrecadação, incluindo seu superior direto e outros superintendentes. Mas ele não falou com a imprensa e foi exonerado após a repercussão do caso.
A prefeitura tratou como fato isolado e a campanha de Pimentel negou qualquer participação, repudiando a atitude do superintendente. O caso está sendo investigado na Justiça Eleitoral e ainda não há um desfecho.
Formado em Administração, Eduardo Pimentel Slaviero, 40, é membro da família Slaviero, dona da rede de hotéis homônima, e neto de Paulo Pimentel, governador do Paraná entre 1966 e 1971 e megaempresário da comunicação até 2011, quando concluiu a venda de jornais, rádios e tevês. Também é irmão do atual diretor-presidente da Copel (Companhia Paranaense de Energia), Daniel Pimentel Slaviero, indicado para o cargo pelo governador Ratinho Junior.
Antes de ser eleito vice-prefeito em 2016 e 2020, Pimentel havia disputado uma eleição em 2010 para deputado estadual pelo PSDB, mas saiu derrotado. Depois acabou nomeado pelo então governador Beto Richa (PSDB) para a diretoria da Ceasa (Centrais de Abastecimento do Paraná) e seguiu em cargos públicos até a eleição de 2016.
No período em que estava no mandato de vice, também foi secretário municipal de Obras Públicas por dois anos. No início de 2023, quando seu grupo político já articulava sua candidatura à prefeitura, também foi chamado para ser secretário estadual das Cidades, onde ficou por um ano.
Sandro Mabel (União Brasil) é eleito prefeito de Goiânia
Paulinho Freire (União Brasil) é eleito prefeito de Natal
![]() |
Paulinho Freire (União Brasil), novo prefeito de Natal |
Com 93,75% das urnas apuradas, Paulinho teve 55,46% dos votos válidos contra 44,54% da deputada federal Natália Bonavides (PT), que entrou na disputa com o apoio da governadora Fátima Bezerra (PT).
A vitória de Paulinho representa uma continuidade da gestão do prefeito Álvaro Dias (Republicanos), que o apoiou e indicou a ex-secretária municipal Joana Guerra (Republicanos) como vice.
Também consolida mais uma vitória da direita em capitais do Nordeste. A região costuma dar votações consistentes ao PT em eleições presidenciais, mas teve um predomínio nas urnas de candidatos do campo conservador nas capitais.
No primeiro turno, Paulinho Freire teve 44,1% dos votos válidos contra 28,4% de Natália. O ex-prefeito Carlos Eduardo (PSD) ficou em terceiro lugar com 23,9% e se manteve neutro no segundo turno.
Paulinho Freire é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contou com a presença do ex-presidente no lançamento de sua candidatura, no mês de agosto. Em visita de Bolsonaro a Natal, Freire pediu o apoio de cada eleitor que tivesse “espírito patriota”.
Freire iniciou sua carreira política como vereador em Natal, foi deputado estadual e é deputado federal desde fevereiro de 2023.
Ele foi vice-prefeito de Natal de 2009 a 2016, na gestão da então prefeita Micarla de Sousa (PV). Assumiu o comando da prefeitura de 1º de novembro a 13 de dezembro de 2012, após o afastamento da então prefeita pela Justiça.
Durante a campanha, Paulinho focou suas propostas na geração de empregos e na ampliação da rede municipal de saúde, com a construção de novas unidades básicas de saúde e ampliação do horário de funcionamento das atuais.
Também trouxe pautas de costumes para a campanha visando criticar sua adversária, Natália Bonavides. No segundo turno, recebeu o apoio do senador Styvenson Valentim (Podemos).
Natália Bonavides é advogada e foi eleita deputada federal em 2018 e 2022 —na última oportunidade, foi a mais votada do Rio Grande do Norte. Ela também teve um mandato como vereadora, de 2017 ao começo de 2019, quando assumiu a vaga na Câmara.
A campanha de Natália em Natal teve as digitais do presidente Lula (PT), que participou de um comício em Natal neste segundo turno, e da governadora Fátima Bezerra (PT), engajada na campanha da aliada desde o início da campanha eleitoral.
Um dos problemas que a Prefeitura de Natal enfrenta é o avanço do mar na praia de Ponta Negra. Em setembro deste ano, a gestão do município decretou estado de emergência diante de estragos provocados pela maré alta em estruturas urbanas e privadas na orla.
De acordo com a prefeitura, a medida foi tomada após relatório da Defesa Civil apontar aumento no processo de erosão no Morro do Careca, um dos principais cartões-postais da cidade. Com a situação de emergência, a administração diz que vai ampliar a interdição no entorno do local.
Nunes derrota Boulos e é reeleito prefeito de São Paulo, projeta Datafolha
Com 29,13% das urnas apuradas, Nunes tinha 60,49% e Boulos, 39,51%.
Para projetar a vitória de um candidato, o Datafolha acompanha os dados da apuração divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e, por meio de um sistema próprio, faz a projeção do resultado considerando o peso que cada zona eleitoral tem em relação ao total de eleitores de cada cidade.
Quando há um número razoável de votos apurados em todas as zonas
eleitorais, poderá ser possível estimar que um candidato não pode mais
ser ultrapassado, e, portanto, projetar sua vitória.
Eduardo Siqueira Campos (Podemos) é eleito prefeito de Palmas
![]() |
Eduardo Siqueira Campos (Podemos) durante evento de campanha em Porto Velho |
Com 100% das urnas apuradas, Siqueira Campos obteve 53,03% dos votos válidos (78.673 votos), ante 46,97% de Janad Valcari (69.684), segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No primeiro turno, Janad havia encerrado na liderança a disputa para o comando da capital do Tocantins com 39,22% dos votos válidos, ante 32,42% de Siqueira Campos. Essa foi a primeira vez que Palmas teve segundo turno.
Em sua campanha de segundo turno, Eduardo Siqueira Campos concentrou esforços em eventos públicos, como “adesivaços” e encontros com eleitores em bairros de Palmas.
Ele recebeu apoio da prefeita Cinthia Ribeiro, do ex-candidato Júnior Geo (PSDB), e de partidos como o PT e o PCdoB.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), o ministro do Esporte André Fufuca e o senador Ciro Nogueira marcaram presença em um dos últimos eventos de campanha do candidato.
Nos debates televisivos, como o da TV Norte, afiliada do SBT, Siqueira Campos destacou propostas para modernizar o transporte público com 200 novos ônibus e melhorias na infraestrutura urbana.
O candidato também citou o fortalecimento do Banco do Povo, ampliando crédito para microempreendedores, e a expansão de instituições de ensino técnico.
A campanha de ex-senador e ex-prefeito procurou manter uma proximidade com os eleitores por meio de eventos populares, feiras, e encontros comunitários.
Siqueira Campos tem uma trajetória longa no cenário político de Tocantins. Sua carreira na política teve início como deputado federal em 1988, logo após a criação do estado.
Ele foi prefeito de Palmas entre 1993 e 1997, além de senador de 1999 a 2007. Em 2023, ele se filiou ao Podemos para concorrer novamente à prefeitura. Atualmente, atua como empresário no ramo da comunicação, tendo sido deputado estadual de 2015 a 2023.
O deputado estadual Professor Júnior Geo (PSDB), terceiro colocado no primeiro turno, deu apoio velado a Siqueira Campos em suas redes sociais ao afirmar que não votaria em Janad e que abstenções e votos nulos e brancos só ajudariam quem não se quer no poder.
Entre as promessas no segundo turno, Siqueira Campos diz que pretende criar subprefeituras para atuar como zeladorias dos bairros, contendo unidade da Guarda Metropolitana e SAMU. Também prometeu priorizar a inclusão social, programas para idosos e incentivo ao empreendedorismo feminino.
Ex-sócia da banda Barões da Pisadinha, Janad foi eleita deputada estadual em 2022, sendo a primeira mulher mais votada do legislativo de Tocantins, somando 31.587 votos.
Para o pleito deste ano, ela contou com apoio do governador Wanderlei Barbosa e do senador Eduardo Gomes, ambos do PL.
O ex-presidente Jair Bolsonaro também a apoiou, participando de motociata. Acompanharam o ato senadores, deputados, vereadores e lideranças políticas, no último dia de campanha de Janad.
No segundo turno, ela explicou que pretende abrir concursos públicos e criar um plano de carreira próprio para servidores do PrevPalmas. Ela também pretende pagar benefícios aos servidores da saúde, como plantões extras, gratificações e vale transporte, sem comprometer os cofres públicos.
A ex-sócia da banda virou alvo de uma investigação da Promotoria do Tocantins sobre um possível enriquecimento ilícito envolvendo a banda. Ela nega as acusações.
Destaques
Siga-nos
Ouça aqui: Web Radio Gospel Ipiaú
Web Rádio Gospel de Ipiaú
Publicidade
Solidariedade
Faça seu pedido: (73) 98108-8375
Publicidade
Publicidade

Publicidade
Publicidade

Publicidade.
Publicidade
Total de visualizações de página
Anucie aqui: (73) 991241546-9-82007563
Postagens mais visitadas
Arquivo do blog
-
▼
2025
(714)
-
▼
fevereiro
(284)
-
▼
fev. 19
(9)
- Contas de mais 13 câmaras são julgadas regulares
- Equipe do Social de Ipiaú intensifica ações de pre...
- Toffoli anula todos os atos da Lava Jato contra Pa...
- PF combate tráfico internacional de drogas em Rond...
- SSP investe R$ 9 milhões em equipamentos de períci...
- Ministros do STF criticam Alexandre de Moraes e qu...
- Valdemar, argentino, padre e 4 coronéis indiciados...
- PGR denuncia Bolsonaro por tentativa de golpe de E...
- Defesa de Bolsonaro se diz estarrecida e indignada...
-
▼
fev. 19
(9)
-
▼
fevereiro
(284)
- ► 2024 (5607)
- ► 2023 (4688)
- ► 2022 (5535)
- ► 2021 (5869)
- ► 2020 (4953)