Padre Júlio Lancellotti proibido de fazer lives: quando e como a Igreja censura seus religiosos
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| Lancelotti foi proibido pela Arquidiciocese de São Paulo de transmitir missas pela internet |
Milenar e solidamente erguida sobre pilares de rígida hierarquia, a Igreja Católica tem instrumentos para controlar sacerdotes que estejam causando incômodos. O silêncio imposto pela Arquidiocese de São Paulo ao padre Júlio Lancellotti, famoso pelo seu envolvimento em causas sociais, tem fundamento no Código de Direito Canônico da instituição.
Lancellotti anunciou no último domingo que suas missas, celebradas semanalmente na capela da Universidade São Judas, na Mooca, zona leste de São Paulo, não serão mais transmitidas ao vivo pela internet como costumava acontecer. E que ele não deve seguir atualizando suas redes sociais. A capela faz parte da Paróquia São Miguel Arcanjo, da qual Lancellotti é o padre responsável.
Com mais de 2,3 milhões de seguidores no Instagram, ele é um dos maiores influenciadores do catolicismo brasileiro. Seus posicionamentos a favor da inclusão de minorias, de dependentes químicos a transexuais, e seu trabalho de ajuda a moradores de rua de São Paulo costuma despertar críticas intensas, sobretudo de internautas alinhados à extrema-direita.
"Mesmo que a gente fique sem ar, vai aparecer um tubo de oxigênio", afirmou o padre, na missa do último dia 14. Ele não disse o motivo da suspensão da presença nas redes, mas segundo pessoas próximas a ele a imposição teria sido da arquidiocese de São Paulo, comandada pelo cardeal arcebispo dom Odilo Scherer. A entidade, superiora direta da paróquia de Lancellotti, não se manifestou publicamente a respeito, ressaltando que tais tratativas são do "âmbito interno" e devem ser conduzidas entre os envolvidos.
Nota assinada por Lancellotti e divulgada pela paróquia na terça (16) confirma que as transmissões online das celebrações "estão temporariamente suspensas" — embora elas continuem sendo realizadas normalmente no endereço físico. O texto também ressalta que "as redes sociais não estão sendo movimentadas por um período de recolhimento temporário".
Em resposta a uma informação que circulava desde domingo em diversos grupos de WhatsApp de católicos paulistanos, a nota também afirma que "não procede a informação sobre a transferência" de Lancellotti de sua função à frente da paróquia da Mooca. Mas ele escreve que reafirma sua "pertença e obediência à Arquidiocese de São Paulo".
A reportagem procurou diretamente o padre, por meio de seu WhatsApp pessoal. Até o momento, contudo, não houve resposta do religioso sobre um pedido de entrevista.
Obediência e silêncio
Nascido em 1948 na capital paulista, Julio Lancellotti é sacerdote ordenado há 40 anos. Como padre diocesano, ou seja, ligado diretamente à diocese e não a uma ordem religiosa, ele deve obediência direta ao bispo — padres fazem uma promessa solene de viver em simplicidade, exercer o celibato e obedecer ao superior hierárquico.
Edison Veiga
Role,De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
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