Padilha diz que sanção dos EUA não impede participação em evento da ONU

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), disse nesta terça-feira (19) que a sanção imposta pelo governo dos Estados Unidos, que cancelou os vistos de sua família, não impede a eventual ida dele a eventos ligados à Assembleia-Geral da ONU, marcada para setembro, em Nova York.

Padilha, porém, disse que ainda avalia se irá ao evento por causa da agenda do Ministério da Saúde. Ele afirmou que a prioridade do governo é trabalhar pela aprovação da MP (medida provisória) que cria o programa Agora Tem Especialistas, que perde a validade se não for aprovada até 26 de setembro.

O ministro estava com o visto vencido e não foi atingido pela medida. Ele afirmou que ainda poderia viajar aos EUA por causa de acordo que permitiria a entrada de autoridades convidadas a eventos como o da ONU no país governado por Donald Trump.

“Em relação tanto à ONU quanto à Opas [Organização Pan-Americana da Saúde, sediada em Washington], tem o chamado acordo de sede, em que nenhum país do mundo pode impedir o acesso de uma autoridade convidada ao evento onde ele será sediado”, disse Padilha em cerimônia no Ministério da Educação.

A Assembleia-Geral da ONU também promoverá encontro de autoridades para debater a prevenção e controle de doenças crônicas, além da saúde mental.

Na última semana, a mulher e a filha de 10 anos do ministro Padilha tiveram o visto para os Estados Unidos cancelado, segundo informou o próprio consulado do país em São Paulo à família. A medida foi tomada dois dias depois de o Departamento de Estado do governo Donald Trump cancelar os documentos de viagem de funcionários brasileiros que implementaram o programa Mais Médicos por causa da parceria já extinta do programa com Cuba.

Padilha disse que não deseja “ir para a Disney”, mas que tem parentes morando nos Estados Unidos. “O maior impacto com a minha família é o fato de eu ter um irmão que é cidadão americano, que vive nos Estados Unidos, tem a esposa do meu pai. Quando ele estava no exílio [nos Estados Unidos], eu a conheci antes de o conhecer”, disse Padilha.

Anivaldo Padilha, pai do ministro, foi preso e torturado pela ditadura militar. Esteve exilado no Chile, EUA e Suíça. “Eu também comentei com a minha filha. Eu vivi oito anos sem poder ver meu pai, porque tinha uma ditadura no país. Felizmente, hoje a minha filha pode ver o pai, pode estar junto com o pai, a prima dela pode sair dos Estados Unidos e vir para o Brasil”, disse Padilha.

A retirada dos vistos ocorre na esteira de medidas dos EUA de sanções ao Brasil e ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, tomada sob argumento de que o juiz tem censurado empresas e cidadãos americanos e promovido uma “caça às bruxas” ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mateus Vargas/Folhapress

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