Como caso dos respiradores pode afetar disputa de Rui ao Senado, por Raul Monteiro*
A manifestação do procurador geral da República Paulo Gonet sobre a compra de respiradores não entregues pelo Consórcio Nordeste durante a pandemia da Covid 19 reveste de gravidade as acusações feitas ao ministro Rui Costa (Casa Civil) em todo o episódio, fragilizando-o politicamente. Presidente do órgão e governador da Bahia na época da polêmica compra, Rui tinha conseguido até agora circunscrever a denúncia ao âmbito das intrigas políticas, lideradas pela oposição contra a sua pessoa. Mas a entrada de Gonet em campo alterou a cena do crime, o qual envolveu o desembolso de R$ 48 milhões de recursos públicos por uma aquisição não consumada.
Afinal, o procurador foi escolhido e nomeado por Lula em substituição a Augusto Aras e Rui é um dos ministros mais importantes do presidente da República. Para completar, não são leves os termos usados por Gonet para se referir ao caso, sobre o qual defende que o inquérito continue. “As investigações, iniciadas pela Polícia Civil da Bahia, revelaram indícios de irregularidades na contratação da Hempcare Pharma, empresa com capital social ínfimo, reduzido número de empregados e sem experiência no ramo médico/hospitalar, mas que logrou firmar um contrato milionário com o Consórcio Nordeste”, afirma ele ao citar nominalmente o ministro.
A defesa de Rui nega sua responsabilidade, mas o argumento não impediu que o PGR tenha pedido ao ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino que envie o inquérito para o STJ, onde primeiro tramitou quando Rui era governador para depois cair na Justiça Federal após o fim do seu mandato e, em seguida, com sua ascensão ao cargo de ministro, rumar, por uma questão de foro, para o STF, onde ficou parado até maio passado. Único escândalo em que ele se envolveu durante os oito anos de gestão no governo, a compra dos respiradores teria tido um efeito devastador sobre a vida do ministro, que teve até então sua imagem limpinha tingida de suspeitas.
No governo de Jair Bolsonaro (PL), quando liderou, junto com a Prefeitura de Salvador, ações contra a disseminação da Covid no Estado, não foram poucas as vezes em que viu seu nome, sempre em tom intimidatório, associado à compra dos respiradores na boca do próprio presidente da República, um negacionista convicto. Entre governistas, atribui-se ao temor de uma perseguição política que pudesse levá-lo à prisão a obsessão que desenvolveu na época pela conquista de uma vaga no Senado, forma de obter imunidade, o que o levou a urdir sua renúncia ao governo com o então vice, João Leão (PP), iniciativa que poderia ter custado o poder ao PT na Bahia.
O tema da disputa ao cargo de senador volta, portanto, à tona com mais força agora ante a inesperada abordagem dos respiradores por Gonet. E pode reforçar, frente aos parceiros políticos, notadamente o senador Jaques Wagner (PT) e o PSD do senador Otto Alencar, que disputam as duas vagas ao Senado na chapa do governador Jerônimo Rodrigues (PT), a ideia de que, como o caso continua pairando como um fantasma sobre Rui, está na hora de priorizá-lo na eleição ao Congresso para se proteger. Ou então virar um óbice a que concorra, devido ao desgaste que pode causar ao grupo. Pelo visto, Lula será chamado a arbitrar a decisão sobre Rui na chapa.
*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na Tribuna de hoje.
* Raul Monteiro
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