Aliados de Lula celebram fala pró-democracia de ministro da Defesa, mas lamentam momento.

Membros da campanha de Lula (PT) e aliados do ex-presidente receberam com um misto de empolgação e tristeza o compromisso público do general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa, de que respeitará a Carta Democrática Interamericana e seus princípios, adiantado pelo Painel.

Ele anunciou o compromisso nesta terça-feira (26), em meio ao contexto de escalada de falas golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL).

“É um diagnóstico do tempo que vivemos, temos que celebrar declaração do ministro de Defesa de que vai seguir a Constituição. Celebrar isso é um diagnóstico triste do nosso tempo. Celebre-se, mas ao mesmo tempo lamente-se”, diz Randolfe Rodrigues (Rede), coordenador de campanha de Lula.

O senador diz que as forças democráticas não podem ver a declaração de Nogueira como alívio e devem fortalecer todos os atos em defesa do Estado de Direito.

“Não podemos baixar a guarda. Celebrar isso é um diagnóstico triste do momento que vivemos. Celebre-se, mas ao mesmo tempo lamente-se”, acrescenta.

“Acho positivo, espero que seja sincero e verdadeiro. Temos que apostar no positivo. É um compromisso, é bom. Temos que apostar no positivo”, diz o ex-chanceler Celso Amorim, principal conselheiro do ex-presidente sobre política externa.

“Acho importante porque talvez ele tenha sofrido pressão de baixo, das próprias Forças Armadas, que não querem se envolver em uma situação de golpe. Ele, como ministro, é político, mas também tem que ser sensível”, completa, citando também pressões internacionais no sentido de um compromisso democrático, especialmente por parte dos Estados Unidos.

“O que significa ter um compromisso com a democracia? Um compromisso com a democracia significa um compromisso com o processo eleitoral. Interpreto dessa maneira. Não é ficar inventando ‘o que o povo quer'”, conclui o ex-chanceler.

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, diz que a carta é um compromisso do Estado brasileiro e que Nogueira tem que cumpri-lo, e não comentá-lo.

“A carta é um compromisso do Estado brasileiro. Ele como servidor do Estado tem obrigação de cumprir. Ele não tem que comentar, como servidor tem de cumprir um compromisso de Estado”, afirma.

Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí e membro do conselho de campanha de Lula, viu o posicionamento do ministro da Defesa com bons olhos.

“Nossa democracia é muito forte e se fortalece mais ainda com as inúmeras manifestações e posições de defesa de amplos setores, e tem sintonia, tenho certeza, com a ampla maioria dos que têm a missão, como parte do Exército, Marinha e Aeronáutica, da defesa da nossa Constituição, que é cidadã, e nosso tratado pela democracia”, afirma ao Painel.

Guilherme Seto/Folhapress

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