Após confusão em indicações, Petrobras elege novo conselho nesta quarta (13)

Após um conturbado processo de escolha de nomes pelo governo federal, os acionistas da Petrobras se reúnem nesta quarta-feira (13) para avaliar a terceira troca do presidente e a maior renovação do conselho de administração em pouco mais de três anos de governo.

No encontro, avaliarão também, entre outros temas, as demonstrações financeiras da empresa em 2021e a proposta de remuneração da administração, que separa R$ 13,1 milhões para pagar bônus a diretores da empresa por lucros nos últimos anos.

Com maioria das ações com direito a voto, o governo dificilmente deixará de eleger seus oito indicados ao conselho, mas o mercado espera disputa com investidores minoritários, que têm interesse em ampliar sua participação no colegiado.

Responsável por aprovar estratégias e nomeações para a diretoria da estatal, o conselho da Petrobras tem 11 cadeiras, uma delas reservada a representante dos empregados da companhia, a engenheira Rosângela Buzanelli.

Outras duas são reservadas a minoritários, que nos últimos anos acabaram elegendo três representantes, avançando sobre uma das vagas da União.

Os investidores privados indicaram sete nomes e tentarão emplacar mais do que as duas vagas previstas solicitando a adoção do voto múltiplo, sistema que prevê a eleição de cada um dos representantes do conselho e não de blocos de representantes.

Com esse modelo, conseguiram em 2020 emplacar três representantes. Em 2021, tentaram uma quarta vaga, mas não obtiveram sucesso. Fontes acreditam que pode haver conflito entre minoritários e a União no debate para adoção do voto múltiplo.

PRINCIPAIS ITENS DA ASSEMBLEIA DA PETROBRAS
1) Eleger novo conselho de administração

Indicados pelo governo

Márcio Andrade Weber (presidente do conselho)
José Mauro Ferreira Coelho (indicado para presidir a companhia)
Carlos Eduardo Lessa Brandão
Eduardo Karrer
Luiz Henrique Caroli
Murilo Marroquim de Souza
Ruy Flaks Schneider
Sonia Julia Sulzbeck Villalobos
Indicados pelos minoritários

Ana Maria Horta Veloso, indicada por acionistas representados pela Navi Capital
Francisco Petros, indicado por acionistas representados pelos Magnus Barbagallo Gomes de Souza e Hassan Jorge Mourani Filho
Rodrigo de Mesquita Pereira, indicado por fundos administrados pelo Banco Clássico
Daniel Alves Ferreira, indicado por fundos administrados pelo Banco Clássico
Marcelo Mesquita de Siqueira Filho, indicado por acionistas representados pelos gestores Navi Capital, Távola Capital, Kapitalo Investimentos e Kapitalo Ciclo Gestora de Recursos
José João Abdalla Filho, indicado por fundos administrados pelo Banco Clássico, caso houver voto múltiplo
Marcelo Gasparino da Silva, indicado por fundos administrados pelo Banco Clássico, caso houver voto múltiplo
2) Aprovar as demonstrações financeiras de 2021

Ano em que a Petrobras registrou lucro recorde de R$ 106,6 bilhões
3) Aprovar remuneração dos administradores

Gasto previsto em R$ 39,6 milhões em salários e benefícios para diretores e conselheiros
R$ 13,1 milhões referem-se a bônus pagos à diretoria pelos resultados obtidos em anos anteriores.
A Petrobras não informa qual será o bônus do lucro recorde de 2021
O principal antagonista do governo na disputa é o investidor Juca Abdalla, apontado como patrocinador da maior parte dos indicados pelos minoritários e ele próprio candidato a uma vaga de representante dos detentores de ações ordinárias.

Os minoritários entendem que um número maior de conselheiros lhes garante um poder maior de fiscalização contra interferências do governo nos negócios da companhia, como o represamento de preços dos combustíveis, por exemplo.

Em outra frente, pode haver também questionamentos ao processo de votação, já que as cédulas foram distribuídas antes da definição final sobre os indicados à presidência e ao conselho: só na última terça (6), a Petrobras recebeu as indicações de José Mauro Coelho e Márcio Weber.

Coelho foi indicado para substituir o general Joaquim Silva e Luna no comando da companhia. Weber, já conselheiro, foi indicado para presidir o colegiado no lugar do almirante Eduardo Bacelar Leal Ferreira. Antes, porém, os primeiros nomes para as vagas foram Adriano Pires e Rodolfo Landim.

Os dois desistiram após questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse, gerando uma das mais conturbadas trocas de comando da estatal nos últimos anos.

A lista final do governo indica uma renovação do conselho, já que quatro dos indicados pela União não participam do conselho atual: além de Coelho, são novas as indicações de Carlos Lessa Brandão, Luiz Henrique Caroli e Eduardo Karrer. O governo não justificou as trocas.

No mercado, porém, a avaliação é que tanto o novo conselho quanto o novo presidente manterão a estratégia atual da companhia e não cederão a pressões por represamento de preços, já que tanto a Lei das Estatais quanto o estatuto da companhia têm mecanismos para evitar operações com prejuízo.

A assembleia avaliará também a proposta de remuneração dos administradores da companhia. A Petrobras propõe a seus acionistas separar R$ 13,1 milhões para o pagamento de bônus a seus diretores em 2022.

O valor é quase equivalente ao gasto em 2021, mas naquele ano a cifra continha encargos de INSS e FGTS, o que não ocorre em 2022. Questionada sobre quanto pagará em bônus pelo resultado de 2021, ano em que registrou lucro recorde de R$ 106,6 bilhões, a empresa disse que a informação não é pública.

Ao todo, a Petrobras propõe gastar R$ 39,6 milhões com remuneração de executivos de sua administração, incluindo diretores e conselheiros, em 2022. O valor é 15,9% inferior ao de 2021, que incluía os gastos com INSS e FGTS. Sem considerar esses itens, houve alta de 0,37%.

Nicola Pamplona/Folhapress

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