PF notifica delegado por entrevista e propõe acordo para evitar procedimento disciplinar

Foto: Reprodução/TV Globo/Alexandre 

O ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas Alexandre Saraiva foi notificado nesta segunda-feira (7) pela corporação em razão de uma entrevista dada ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em junho de 2021. Um oficial de justiça entregou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com exigências para que um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) não seja aberto contra ele. A PF o acusa de não ter pedido autorização para participar do programa.

Como condição para extinguir a apuração, o documento o proíbe de dar quaisquer entrevistas e impõe a realização de um curso de ética à distância. Saraiva assinou o recebimento da notificação, mas registrou não aceitar as condicionantes. Escreveu “não aceito!!” no ofício. “Logo eu, que nunca fui réu na vida, agora réu em uma ação por ter falado a verdade”, disse o delegado ao Painel.

O termo é proposto pela Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, após outro procedimento disciplinar sobre o mesmo episódio ter sido arquivado na Superintendência do Amazonas. Na avaliação de Saraiva, trata-se ainda de um “resquício “da gestão do ex-diretor-geral da corporação Paulo Maiurino, que deixou o cargo no final de fevereiro, sem nenhuma relação com a nova gestão, de Márcio Nunes de Oliveira.

Saraiva esteve à frente da operação Handroanthus, classificada como a maior apreensão de madeira ilegal da história do país, em dezembro de 2020. Ele foi trocado do cargo de superintendente da PF no Amazonas por decisão de Maiurino um dia depois de enviar ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O delegado afirma que já havia recebido um convite para dar entrevista e consultado seus superiores em outra ocasião. Diz que se tivesse havido resposta negativa, não teria ido ao programa. Quando o segundo convite foi feito, Saraiva afirma que estava em um limbo, porque não estava mais nem na Superintendência do Amazonas, nem havia sido lotado ainda no Rio de Janeiro, para onde foi removido. Portanto, não caberia a exigência de autorização de superior hierárquico, sustenta.

Além disso, o delegado argumenta que não participou do programa como policial federal. “Fui convidado como especialista acadêmico em Amazônia, foi isso que veio em e-mail para mim”, declarou. Na época em que chefiava a superintendência em Manaus, Saraiva entrou em rota de colisão com Salles.

O embate teve início após o ex-ministro atuar em em apoio a madeireiros alvos de investigação. Em entrevista à Folha na época, Saraiva afirmou que na PF não passaria boiada, em referência a expressão usada por Salles durante reunião ministerial em abril de 2020.

Painel/Folhapress

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