Medo de Leão ser cooptado por Bolsonaro no comando do governo assombra chapa governista

Foto: Divulgação/Arquivo
Até agora ponto pacífico na chapa que o grupo governista pretende apresentar entre amanhã e segunda-feira com Otto Alencar (PSD) na cabeça, o vice-governador João Leão (PP) passou a ser alvo de um conjunto de especulações e desconfianças entre as forças aliadas com relação a seu comportamento a partir do momento em que assumir o lugar do governador Rui Costa (PT), que vai renunciar em abril para concorrer ao Senado.

Menos por seu perfil, já considerado um tanto quanto imprevisível, do que pelas ligações profundas que o PP mantém nacionalmente com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). A insegurança aumentou na medida que uma nova pesquisa mostrou Bolsonaro mais fortalecido, reforçando a tese de que o PT não pode trabalhar com a ideia de que o ex-presidente Lula já ganhou e que a eleição será um passeio para ele nos Estados.

O que, especialmente, petistas, mas também representantes de partidos de esquerda, questionam é sobre quais salvaguardas Rui, o senador Jaques Wagner (PT) e o próprio Otto alinharam com Leão para assegurar que ele irá se manter fiel ao projeto de eleger a chapa que o governo está montando, uma vez que o fato de ele indicar o próximo vice e a suplência do Senado, além de negociar espaços num eventual futuro governo, não fornecem garantia de nada.

Uma hipótese que vem sendo discutida principalmente por deputados petistas diz respeito à possibilidade de, no momento em que assumir o governo, Leão passar a ser assediado pelo governo federal para sair candidato a governador para fornecer o palanque que Bolsonaro ainda não tem no Estado. A pressão seria supostamente feita pelo senador Ciro Nogueira (PI) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL).

Os dois são considerados, junto com Valdemar Costa Neto, presidente do partido do presidente da República, os principais fiadores do governo, responsáveis pela estabilidade parlamentar e até pelo relativo controle da língua do presidente. Por este motivo, controlam o Orçamento da União e a liberação de emendas pelo Congresso, o que pode ser usado, na avaliação de alguns, para seduzir Leão e o PP baiano para a aventura de concorrer ao governo.

“Quero saber como Leão vai reagir, por exemplo, à promessa de Bolsonaro de injetar bilhões na Bahia em troca de seu apoio à reeleição do presidente, o que terá repercussão na sua imagem e nas campanhas dos seus deputados”, diz um deputado da base governista, observando que o vice-governador deveria vir a público anunciar seu compromisso inarredável com a chapa, além de que não vai concorrer em hipótese alguma, para evitar especulações.

“Você já imaginou se Bolsonaro, só de sacanagem, para cooptar Leão, entregar os recursos para a construção da ponte Salvador-Itaparica, um projeto que o vice encampou e que até agora não saiu do papel? Qual vai ser a reação de Leão?”, questiona outro deputado, lembrando ainda que o vice-governador precisa também assegurar de público que não vai disputar a reeleição mesmo que Otto demore de decolar nas pesquisas.

Outro ponto lembrado pelos parlamentares é quanto ao comportamento que Leão vai adotar em relação às bases do PSD. Todo mundo sabe da aguerrida rivalidade entre o partido e o PP no interior, motivo porque, segundo o mesmo entendimento, seria conveniente que o vice se comprometesse a não tentar expandir seu partido sobre a base do legenda de Otto no período em que estiver no governo para não desestabilizar e afundar a campanha.

A possibilidade de não se entenderem em relação a estes pontos tem estimulado, inclusive, boatos de que Otto não aceitaria a candidatura ao governo, a menos que Leão renunciasse e desistisse de assumir a vaga de Rui, o que os aliados do senador do PSD negam que esteja acontecendo, atribuindo os rumores a ‘pura fofoca’ e à vontade dos adversários de impedirem que a chapa seja montada.

Política Livre

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente esta matéria.