Bolívia tem confrontos em atos pró e contra presidente, que completa 1 ano no poder

Foto: Claudia Morales/Reuters

Em meio às comemorações de um ano da posse de Luis Arce como presidente da Bolívia, após um tumultuado processo que mergulhou o país no caos desde a destituição de Evo Morales em 2019, opositores do governo também fizeram atos e paralisaram estradas pelo país nesta segunda-feira (8).

Sindicatos de transporte e comércio entraram em greve nesta segunda em protesto contra a Lei contra a Legitimização de Lucros Ilícitos, nome do polêmico projeto que, segundo opositores, permitirá ao governo investigar o patrimônio de cidadãos sem mandato judicial, entre outros aspectos.

“Eles querem nos investigar como criminosos para descobrir de onde conseguimos nosso dinheiro e nossas mercadorias”, disse à agência Reuters o líder sindical Francisco Figueroa. “Temos medo que eles tirem tudo de nós.”

Sindicalistas e opositores marcharam nas principais cidades do país, com direito a bloqueio de estradas em Santa Cruz, principal reduto da oposição contra o partido do governo, o MAS (Movimento ao Socialismo), e quintal do empresário Luis Fernando Camacho, líder dos protestos que levaram à renúncia de Evo há dois anos.

Segundo o jornal boliviano El Deber, cerca de 200 apoiadores do MAS saíram às ruas de Santa Cruz para retirar os bloqueios e liberar as vias. Com isso, houve confrontos entre apoiadores e opositores do governo, com vários feridos e dezenas de pessoas detidas.

O ministro do Interior, Eduardo del Castillo, minimizou a greve em fala à TV estatal. “Em quase oito departamentos do território nacional há total normalidade, livre circulação. No departamento de Santa Cruz existem pontos de bloqueio esporádicos, que foram formados mais por pedras do que por pessoas”, disse.

Na Assembleia Legislativa Plurinacional, parlamentares bateram boca e estenderam cartazes e bandeiras contrárias e favoráveis ao governo durante o pronunciamento do presidente. O deputado governista Héctor Arce denunciou ao Ministério Público uma colega que, segundo ele, tentou estrangulá-lo.

Os processos de divisão interna se acentuaram na Bolívia desde a renúncia de Evo em 2019, pressionado ao decidir concorrer a um quarto mandato presidencial, o que contrariava a Constituição.

Em meio à turbulenta saída do presidente do país, assumiu o oposto como presidente interina Jeanine Áñez, segunda vice-presidente do Senado, com uma interpretação controversa da Constituição, em um processo que opositores acusaram de golpe.

Durante seu mandato, protestos em massa foram reprimidos com violência pelo país. Ela deixou o poder em novembro do ano passado, após a eleição de Luis Arce, aliado de Evo, e foi presa em março deste ano sob acusações de conspiração, sedição e terrorismo.
Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente esta matéria.