Rio prevê liberar público em estádios e shows a partir de setembro e desobrigar uso de máscara em novembro

                      Foto: Wilton Júnior/Estadão/Arquivo

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou nesta quinta-feira, 29, que pretende eliminar progressivamente restrições impostas em razão da pandemia de covid-19. Com o avanço da vacinação contra a doença, o prefeito Eduardo Paes (PSD) prevê a liberação de eventos com público num movimento que culminará, em novembro, com o fim da cobrança por distanciamento social e uso de máscaras nas ruas.

O plano de Paes será conduzido em três etapas. A partir de 2 de setembro serão liberados eventos em ambientes abertos e pessoas que já tenham tomado as duas doses da vacina contra covid-19 poderão entrar em danceterias, boates, casas de shows e festas em locais fechados, e também em estádios. Todos esses ambientes terão lotação limitada à metade de sua capacidade, nessa primeira etapa, quando a prefeitura prevê que 77% da população terá recebido a primeira dose da vacina e 45%, a segunda.

Em 17 de outubro, a lotação dos ambientes citados (estádios, danceterias, boates, casas de shows e festas em locais fechados) será ampliada para 100%, para pessoas que tenham recebido as duas doses da vacina. Nesse momento, a prefeitura prevê que 79% da população terá tomado a primeira dose e 65%, a segunda.

A partir de 15 de novembro deixará de haver qualquer restrição à capacidade dos ambientes, não será cobrado mais o distanciamento entre as pessoas e o uso de máscara será obrigatório apenas no transporte público e nos estabelecimentos de saúde. Nesse momento, a prefeitura estima que 80% da população terá recebido a primeira dose da vacina e 75%, a segunda.

Atualmente, 57% da população da capital recebeu a primeira dose da vacina e 24%, a segunda dose.

O cumprimento desse calendário depende de quatro fatores: a prefeitura receber vacinas conforme a previsão atual, sem que haja atrasos como o que ocorreu na semana passada; os moradores continuarem se vacinando no ritmo atual; ser alcançada uma alta cobertura vacinal para as pessoas com mais de 60 anos ou portadoras de comorbidades; o cenário epidemiológico se manter favorável – a disseminação da variante Delta é um risco a esse item.

“Se houver necessidade, se o secretário de Saúde chegar para mim um dia e falar que não dá porque aumentou ou chegou uma nova variante, imediatamente a gente interrompe qualquer processo de abertura e pode impor novas medidas restritivas”, disse o prefeito Paes. “Tudo indica, nesse momento, os dados, internações, óbitos, que a gente vive um momento melhor. Não é um momento ideal ainda, por isso as restrições continuam e a abertura é gradual”, concluiu.

O dia 2 de setembro será feriado municipal no Rio, para a comemoração do Dia do Reencontro. Dia 3 será ponto facultativo e, de 2 a 5, a cidade terá eventos para festejar o retorno à normalidade de antes da pandemia. O plano da prefeitura é promover uma extensa programação, que vai incluir manifestações culturais e artísticas em centenas de pontos da cidade, cobrança de meia-entrada nos principais pontos turísticos, programação especial na Cidade do Samba e na Cidade das Artes, shows de DJs na orla e a realização da Taça Renasce Rio, uma partida de futebol comemorativa, com 50% do público, entre outras atrações.

Réveillon e carnaval

Paes reafirmou que haverá Réveillon e carnaval em 2022 no Rio de Janeiro. “Já estamos quase fechando os detalhes do apoio e do patrocínio que a prefeitura fará para as escolas de samba. Há uma cláusula que diz: ‘Caso não aconteça, na data programada, as escolas terão a obrigação de fazer numa data programada pela prefeitura’. Mas nós estamos programando diante dos dados – aí, desculpe, são os epidemiologistas que podem nos dizer – que a gente vai ter, sim, Réveillon e carnaval.”

‘Não dá para tolerar atraso na entrega de vacina’, diz secretário do Rio

Depois de ver o calendário de vacinação da cidade suspenso por dois dias pela falta de imunizantes, o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, voltou a pedir agilidade ao governo federal no envio das vacinas. Para ele, nenhum tipo de burocracia justifica o adiamento das remessas.

“Cada dia importa, cada dia é importante”, disse o secretário. “Não dá para a gente tolerar 24 horas de atraso numa distribuição. Dezesseis milhões de doses no estoque, que foi o que aconteceu, dá para vacinar o Estado do Rio de Janeiro todo. Morrem 60 pessoas por dia em média no Estado do Rio nas últimas duas semanas. São 60 pessoas que a gente perde se a gente se atrasar. Não é possível ter nenhum setor, de qualidade, alfandegário, de logística, atrasando 24 horas a distribuição de vacinas”, ponderou.

Esta semana, pelo menos nove capitais do País precisaram suspender a aplicação da primeira dose por falta de imunizantes. O problema levou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), a criticarem a distribuição de vacinas pelo Ministério da Saúde. O ministro Marcelo Queiroga argumentou que o atraso se deveu a entraves burocráticos.

Imunização contra covid-19 na Maré vai ser antecipada

Soranz deu entrevista na manhã desta quinta-feira, 29, em uma clínica da família instalada em um dos acessos ao Conjunto de Favelas da Maré, na zona norte do Rio. O local é um dos 28 pontos de vacinação espalhados pelas 16 favelas que formam o complexo e que, até domingo, receberão moradores em uma iniciativa de vacinação em massa. A ideia é antecipar a imunização de todos os maiores de 18 anos que vivem na Maré.

A campanha faz parte de um estudo liderado pela Fiocruz. A Fiocruz quer avaliar o impacto da vacinação contra a covid-19 em uma população tão grande – ao todo, cerca de 140 mil pessoas vivem no conjunto de favelas.

A cabeleireira Dara Ísis Marcelino Anselmo, de 25 anos, foi uma das moradoras que foram à clínica se vacinar. Se esperasse pelo calendário regular da cidade, ela receberia a primeira dose somente em 10 de agosto.

“Vim porque acho importante. Os jovens gostam muito de sair, e se fôssemos esperar pelo calendário iria demorar muito. Que bom que começou mais cedo”, disse ela. “Estava ansiosa por este momento, quase nem consegui dormir essa noite.”

Ela contou que o marido teve covid-19 no início da pandemia. “Ele ficou muito mal, mas conseguiu se recuperar. No começo a gente não estava acreditando muito (que a doença era perigosa), mas depois que ele ficou mal a família toda começou a se cuidar e a ficar em casa. É difícil para quem mora em comunidade, porque a gente tem que sair toda hora, mas conseguimos”.
Estadão Conteúdo

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