Se pudesse decidir, queria meu pai candidato ao governo em 2022, diz Cacá em entrevista exclusiva

Deputado federal pela Bahia em seu segundo mandato, Cacá Leão (PP) assumiu a liderança do seu partido na Câmara. O antigo ocupante do posto é o agora presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Para ele, a legenda soube dar “a volta por cima” após a Lava Jato, que derrubou legendas como o PT e MDB.

“Fomos o partido que mais cresceu nas eleições municipais, segundo maior em prefeitos em todo brasil. O PP deu a volta por cima, conseguiu provar a sua inocência”, acredita.

Cacá não se vê perto e nem longe do presidente Jair Bolsonaro, mas deseja que seu governo dê certo. “Eu troço que o Brasil dê certo e, para isso acontecer, o governo do presidente Bolsonaro precisa dar certo”, sentencia.

Filho do vice-governador João Leão, ele lembra que foi o responsável por colocar o PP na oposição ao PT em Lauro de Freitas – cidade que já foi comandada por sua família. Se pudesse decidir, ele diz, iria querer seu pai governador em 2022.

Política Livre: A liderança do PP na Câmara dos Deputados é uma função muito importante. Como está sendo desempenhar esse papel nesses primeiros dias?

Cacá Leão: Tem sido de bastante trabalho. Foi uma correria grande, não é só assumir a liderança do PP. É assumir a liderança depois de o líder anterior assumir a presidência da Câmara. Muitas das discussões são feitas de forma conjunta. Foi uma semana de montagem de equipe, foram dias de bastante trabalho e a gente tendo a volta dos trabalhos e o novo formato híbrido de ações da Câmara. Estamos mudando do completamente online para um formato híbrido, onde os líderes terão que estar presentes, os relatores das matérias também, para facilitar. Foi uma semana de rearrumação.

O PP, junto do PT, MDB, foi um dos partidos mais atingidos pela Lava Jato. Você acredita que o partido deu a volta por cima depois do “Petrolão”?

Com certeza demos a volta por cima. Grande parte das pessoas que foram acuadas, foram inocentadas. Nosso partido deu a volta por cima. Fomos o partido que mais cresceu nas eleições municipais, segundo maior em prefeitos em todo o brasil. O PP deu a volta por cima, conseguiu provar a sua inocência, fez agora o presidente da Câmara. É bastante.

Queria que você falasse do papel da sua legenda nesse momento. A presidência da Câmara talvez seja a segunda função mais importante no país e vocês estão lá agora.

O legislativo é bicameral, temos o presidente do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM), e o presidente da Câmara, o deputado Artur Lira (PP). É muito importante pra mim poder assumir a liderança no melhor momento da história do partido, tem sido gratificante, estamos no centro das discussões. A gente pode falar de vacinação, de auxílio emergencial, retomada da economia, vários temas urgentes que precisam ser tratados. Salvar vidas, fazer com que as pessoas não vivam em situação de miséria e retomada de economia.

Muita gente aponta o presidente Artur Lira como um político articulado, mas que é de retaliar, muito linha dura. O que a gente pode esperar dele?

O Brasil pode esperar muito trabalho. Trato esse tipo de coisa de retaliação como falácia. Ele foi eleito com 302 votos, teve voto em todos os segmentos. Na esquerda, direita e centro. O maior cartão postal, o maior cabo eleitoral dele no processo, é o fato de ele ser conhecido como um homem de palavra. O que ele acerta, ele cumpre. Esses primeiros dias têm sido importantes, inclusive de mudança de funcionamento e de satisfação de toda uma Casa.

Às vezes tenho a impressão de que você não está tão perto, mas também não está exatamente longe do presidente Bolsonaro. Como você se vê nesse jogo?

Eu me enxergo exatamente assim. O PP faz parte da base do presidente Bolsonaro. Ele foi importante na vitória do meu partido, ninguém pode negar isso. Eu, como deputado, tenho liberdade de votar conforme minha consciência, o partido nunca nos cobrou engajamento direto com as pautas. Claro que muitas pautas convergem, a questão econômica eu penso como o governo, por isso temos de votar na maioria das vezes junto com o governo. Eu torço para que o Brasil dê certo e, para isso acontecer, o governo do presidente Bolsonaro precisa dar certo.

Sua família, por base, sempre foi oposição ao PT, em Lauro de Feiras. Depois vocês se aproximaram. Como você vê o PT hoje?

A oposição ao PT começou comigo, eu perdi para Moema (Gramacho, atual prefeita) em 2004. Nos aproximamos ao longo do tempo. Tivemos oportunidade de conviver na Câmara dos Deputados e fui um dos primeiros a apoiar ela na reeleição dela para a Prefeitura. O PP hoje faz parte do governo, ajudamos a reeleger a prefeita. Estamos ajudando ela a governar, assim como aconteceu na Bahia, quando começamos a participar do então governo Jaques Wagner (2006-14). Apoiamos a reeleição, tivemos a eleição de Rui e Leão e a reeleição. Nossa aliança é consolidada. Temos nossas diferenças, e faço parte inclusive dos que, quando sentem as diferenças, externa. Tenho relação ótima com Wagner e Rui, admiro os dois. O governador é um dos mais bem avaliados do Brasil. Tenho certeza que ele tem futuro próspero.

Você tem aspirações na política, obvio. Quais?

Eu comecei perdendo, em 2004. Em 2010 fui ser deputado estadual, em 2014 federal, me reelegi e caminho para renovar nosso mandato de deputado federal. Acredito que a majoritária é destino. Se o destino bater na minha porta, eu abraço.

Você não nega suas relações com figuras do grupo do prefeito ACM Neto. O secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, é seu amigo pessoal. Como é sua proximidade com os outros membros?

Todo mundo sabe da minha amizade com Leo. Ele é um dos meus melhores amigos. Dobramos juntos na eleição, mesmo fazendo parte de grupos políticos diferentes. Sou amigo do prefeito Bruno, tenho carinho grande por Neto. Todos os deputados federais que fazem parte da bancada de Neto são meus amigos. Faço parte do time que torce para que João Roma aceite ser ministro (a entrevista foi concedida um dia antes de o deputado ter sido nomeado para o ministério), vai ser muito importante. Paulo Azi [presidente estadual do DEM] é um dos meus grandes amigos, Arthur Maia é amigo de antes da política. Temos relação forte, grande, mas sabemos separar. Na hora certa, cada um segue seu caminho.

Se você pudesse escolher, o que desejaria para o futuro político do vice-governador João Leão, seu pai?

Gostaria de vê-lo governador da Bahia. Quem sabe, presidente da República. O vice-governador é uma das pessoas que conheço que tem a maior capacidade de trabalho, dorme, acorda e pensa em trabalho, não tem final de semana. É o lazer dele. Quando muita gente no final de semana que ir na praia, ele gosta de pegar o carro, visitar uma obra. Eu sonho em vê-lo poder dar voos mais altos e quem sabe ser governador em 2022.

Alexandre Galvão

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