Horas após fechamento das urnas, EUA seguem longe de definir quem será próximo presidente

Após mais de cinco horas desde o início da apuração de votos, o resultado das eleições presidenciais americanas segue indefinido. O cenário indica para uma disputa apertada entre o candidato democrata Joe Biden e o republicado Donald Trump, a ser definida pelos Estados do meio-oeste, como Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, justamente aqueles em que há grande volume de votos pelo correio a serem contabilizados e nos quais a expectativa é que a apuração possa se alongar pelos próximos dias.
© EPA As primeiras horas após o fechamento das urnas mostraram que a eleição não seria uma lavada para nenhum dos lados

As primeiras horas após o fechamento das urnas na terça-feira (03/11) mostraram que a eleição não seria uma lavada para nenhum dos lados. Trump, que concorre à reeleição, saiu na frente na contagem em Flórida, Geórgia, Carolina do Norte e Texas, e sua vitória ali é considerada provável, embora não possa ser garantida. Trump venceu nos quatro Estados em 2016.

O triunfo do republicano nessas áreas é considerado crucial para que ele siga em condições competitivas no colégio eleitoral americano. Já Biden surge na frente no Arizona, que votou por Trump em 2016. Nos EUA, o voto é indireto e conquista a Presidência o candidato que somar no mínimo 270 dos 538 delegados em disputa.

De acordo com a projeção feita pela BBC News Brasil a partir das apurações nos Estados, até a publicação desse texto, Biden somava 205 delegados contra 136 de Trump.

A eleição de 2020 é sem precedentes no país por uma série de motivos. A pandemia de covid-19 levou 101 milhões de americanos a votarem antecipadamente, mais de 60 milhões deles via correio, um recorde.

Além disso, a projeção de participação eleitoral é a maior em mais de 100 anos. Cerca de 67% dos eleitores - ou 160 milhões de pessoas - compareceram às urnas esse ano. Nos EUA, o voto não é obrigatório.

O processo eleitoral não é centralizado e cada Estado tem regras próprias - e diferentes - para a condução do processo, o que explica porque o ritmo de divulgação dos resultados é tão diverso.

Flórida e Texas devem ficar para Trump, Arizona pra Biden

Na Flórida, com 94% das urnas apuradas, Trump não só parecia no caminho de repetir a vitória de 2016, como poderia ampliar consideravelmente a margem sobre o adversário democrata, de 1,2% para 3,5% dos votos.

Conhecido por ser um Estado pendular, a Flórida foi alvo de pesada atenção dos dois candidatos. Trump fez vários comícios ali, Biden também e levou o ex-presidente Barack Obama consigo.

A vitória por maior margem de Trump no Estado se explicaria especialmente pela sua performance nas áreas latinas. Trump conseguiu melhorar em mais de 10 pontos percentuais sua votação nesses grupos em comparação com quatro anos atrás.

Contribuíram especialmente para o resultado a grande comunidade cubana e a diáspora venezuelana, que veem no republicano uma barreira ao avanço da esquerda na América Latina e uma força capaz de levar o regime de Nicolás Maduro na Venezuela a uma transição de poder.

No mês passado, Trump fez um aceno especial a esses eleitores ao mandar seu secretário de Estado, Mike Pompeo, para uma visita a refugiados venezuelanos no Estado brasileiro de Roraima.

© EPA A pandemia de covid-19 levou 101 milhões de americanos a votarem antecipadamente


O presidente do Partido Republicano da Flórida, Joe Gruters, deixou claro o entusiasmo à CBS News em um comunicado, antes mesmo do fim da contagem: "Esmagamos os democratas, nossos eleitores apareceram para votar em peso. Esta foi uma vitória da equipe e é um grande dia para a Flórida. "

Trump também parece ter tido sucesso em bloquear uma vitória democrata no Texas. O Estado não vota majoritariamente pelos democratas desde 1976, mas tem vivido uma mudança significativa em sua demografia: o eleitorado está cada vez menos rural e branco e cada vez mais urbano e racialmente diverso, um perfil que tende a favorecer os democratas.

Com 88% das urnas contadas, Trump deve levar os 38 delegados em disputa no Texas, mas Biden reduziu a vantagem do republicano em relação a 2016, de 9% dos votos para 5%. A apreensão ali era tal que na véspera da eleição a campanha republicana tentou, sem sucesso, invalidar 127 mil votos dados em uma seção eleitoral especialmente democrata em Houston.

Mas a maior vitória de Biden deve ser mesmo o Arizona. Com 76% da apuração concluída, o democrata liderava por diferença de quase nove pontos. E embora o Estado garanta apenas 11 delegados, seria o primeiro a mudar de lado em relação a 2016.

'Durmam um pouco, pessoal e fiquem calmos'

Embora o presidente Trump tenha dito ao longo do dia da eleição que "os americanos têm o direito a ter o resultado em poucas horas", até o início da madrugada do dia 4 nada apontava para esse desfecho.

Em estados decisivos, como Michigan (16 delegados) e Pensilvânia (20 delegados), até a meia-noite, a apuração não havia superado os 50% das urnas. Em Wisconsin (10 delegados), pouco mais de 60% havia sido levantado. As autoridades nestes estados informaram que nenhum resultado definitivo deveria ser esperado nas próximas horas.
© EPA Procurador-geral da Pensilvânia orientou americanos a dormirem um pouco para descansar

E apesar da tendência positiva pra Trump na Geórgia (16 delegados), problemas na contagem de cerca de 20% dos votos do estado na capital Atlanta, majoritariamente democrata, ainda podem levar a uma virada do democrata.

"Durmam um pouco, pessoal. Tivemos um dia de eleição tranquilo. Os votos foram depositados. E seus funcionários eleitorais locais estão trabalhando para contar as cédulas. Como dissemos há meses: esta eleição terminará quando todos os votos forem contados. Fiquem calmos", recomendou Josh Shapiro, procurador-geral da Pensilvânia, pelo Twitter, por volta da meia-noite e meia de Washington D.C.

Próximo à uma da manhã da quarta-feira (04/11), o democrata Biden fez uma curta declaração no centro de convenção em Wilmington, Delaware. "Nós nos sentimos muito bem sobre onde estamos. Nós acreditamos que estamos no caminho para ganhar essa eleição. Sabemos que pela quantidade sem precedentes de votos antecipados, votos por correio, que isso (apuração) levaria um tempo, e nós seremos pacientes", afirmou Biden e complementou: "Podemos ter os resultados tão cedo quanto amanhã de manhã, mas pode demorar um pouco mais e não é minha função nem a de Donald Trump dizer quem ganhou a eleição - isso é a função do povo americano".

O movimento da campanha democrata foi uma tentativa de evitar que, antes do fim da contagem de votos, o republicano pudesse se declarar vencedor. Uma reportagem do site americano Axios afirmou nesta segunda-feira que a Casa Branca debatia essa possibilidade.

Enquanto Biden falava, Trump foi ao Twitter e afirmou: "Nós estamos indo MUITO BEM, mas eles (democratas) vão tentar ROUBAR as eleições. Nós não vamos deixar que façam isso. Não é possível votar depois que as urnas foram fechadas".

Trump passou os últimos meses dizendo que o sistema eleitoral por correio é fraudulento - embora não haja evidências de fraudes relevantes relacionadas a essa modalidade de voto no país. E tem dito que entrará na Justiça para impedir que votos por correio que cheguem depois do dia 3 sejam considerados, mesmo naqueles estados em que por lei cartas com votos podem chegar tardiamente.

É o caso da super disputada Pensilvânia, onde votos por correio serão esperados por até 3 dias depois desta terça-feira. O Twitter marcou a mensagem de Trump com a seguinte advertência: "Parte ou todo o conteúdo compartilhado nesse tuíte é controverso e pode ser enganoso sobre a eleição ou outro processo civil".

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