Autópsias realizadas em SP encontram coronavírus no cérebro

Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID)
Autópsias realizadas pela Universidade de São Paulo (USP) detectaram a presença do novo coronavírus no tecido cerebral de quatro vítimas da Covid-19. De acordo com o patologista Paulo Saldiva, em dois pacientes foram identificados casos de AVC isquêmico, que pode ter virado hemorrágico.

Os pesquisadores ainda tentam descobrir qual caminho o vírus faz até o cérebro, mas desconfia que seja por vias nasais. “Nunca o sistema nervoso esteve tão próximo da rua. O vírus pode entrar pelo nariz e, pelas vias olfativas e terminações nervosas, chegar ao interior do sistema nervoso”, disse Saldiva.

Estudos internacionais já mostram que, além da síndrome respiratória, o vírus pode afetar funções neurológicas e provocar sintomas que vão desde os inespecíficos como dor de cabeça e tontura e chegam aos mais graves como alterações de consciência, convulsões, acidentes vasculares cerebrais (AVC), falta de coordenação motora e fraqueza muscular.

Um trabalho publicado na revista científica Jama (Journal of The American Medical Association) na semana passada constatou que 36,4% de 214 pacientes chineses acompanhados apresentavam sintomas neurológicos que variaram de perda de olfato e dor nos nervos a convulsões e derrames.

Outro artigo do New England Journal of Medicine desta semana examinou 58 pacientes em Estrasburgo, na França, e descobriu que mais da metade estava confusa ou agitada, com imagens do cérebro sugerindo inflamação.

Em Brooklyn (NY), uma neurologista do NYU Langone, Jennifer Frontera, está coordenando um projeto internacional de pesquisa colaborativa para padronizar a coleta de dados, como documentar casos como convulsões em pacientes da Covid-19 sem histórico prévio dos episódios e novos padrões de pequenas hemorragias cerebrais.

Segundo ela, uma das descoberta surpreendentes até agora diz respeito ao caso de um homem de 50 anos cuja substância branca (partes do cérebro que conectam as células do cérebro umas às outras) foi tão severamente danificada que “basicamente o deixaria em um estado de profundo dano cerebral”.

De acordo com a neurologista, nos EUA, pacientes que sobrevivem ao ventilador estão sendo avaliados e, muitos deles, ficam com certa confusão mental. No entanto, ainda não se sabe se o comprometimento é de longo prazo. Só fato de estar numa UTI por muito tempo, recebendo fortes medicamentos, pode ser uma experiência desorientadora. Com informações da Folha de S.Paulo.

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