Mandonismo de Lula atrapalhou planos de Wagner para a Presidência em 2018

Foto: Agência Senado
Ex-governador e senador Jaques Wagner tinha planos para 2018 que foram abortados pelo ex-presidente da cadeia
A explicação do senador Jaques Wagner (PT) para sua recusa em concorrer à presidência nacional do PT, dada, segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, ao ex-presidente Lula, é mais uma prova de que, apesar de estar na cadeia, o petista continua dando as cartas e definindo os passos e estratégias da sigla.
Wagner teria dito ao correligionário que não tinha vocação para ficar consultando “Posto Ipiranga”, numa alusão ao fato de que, mesmo assumido a presidência da agremiação, teria, para comandar a sigla, que recorrer constantemente a Lula, considerado por ele o verdadeiro líder e presidente do partido.
Não há dúvida, portanto, sobre quem manda no PT, mesmo que da prisão. E com mão de ferro! Em parte, devido ao estilo voluntarista e ao mandonismo do ex-presidente, pode-se atribuir o desfecho das eleições presidenciais passadas.
Lula, por exemplo, além de ter imposto a candidatura do correligionário Fernando Haddad à Presidência da República no PT, ainda escolheu o então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) como seu adversário.
Ninguém se esquece de que, enquanto Geraldo Alckmin, do PSDB, fazia uma fraquíssima campanha em que buscava alvejar o tempo todo Bolsonaro, o PT lavava as mãos, como se o perigo de eleição do candidato do PSL não existisse.
O PT também poderia ter apoiado o então candidato Ciro Gomes (PDT), então mais bem posicionado nas pesquisas para derrotar o ex-capitão, mas Lula preferiu enrolar o pedetista com acenos neste sentido que nunca viraram realidade, deixando o candidato revoltado.
Antes, no entanto, o próprio ex-governador da Bahia surgiu com uma proposta que pareceria irrecusável para qualquer um que efetivamente se preocupasse com o país, não pensasse no quanto pior melhor nem em manter a hegemonia nas esquerdas a qualquer custo.
Wagner apresentou a Lula como solução o apoio à candidatura do empresário e filho do ex-vice-presidente José de Alencar, Josué Gomes, dono da Coteminas, à Presidência, numa chapa a qual ele próprio poderia integrar como candidato a vice.
Tentou convencer o ex-presidente diretamente e por meio de outros colegas de partido. Lula, no entanto, não aceitou a idéia, preferindo perder a eleição com Haddad. O resultado está aí.