Lula não escapou por pouco. Mas não é só ele que querem livrar



Caro leitor,

Lula quase foi posto em liberdade ontem — apesar de carregar condenações em três instâncias da Justiça.

Mas essa história não acabou

Ainda paira em Brasília a esperança de usar as mensagens roubadas atribuídas a Sergio Moro e aos procuradores da Lava Jato.

Usar as mensagens roubadas para livrar Lula.

Usar as mensagens roubadas para esmagar a Lava Jato.

Usar as mensagens roubadas, portanto, para livrar todos os enrolados na Lava Jato.

Nos bastidores, os poderosos em Brasília estão agindo em mais de uma frente.

Sim, há a tentativa de libertar Lula e abrir a porteira para todos os investigados e condenados.

E há ainda a tentativa de aprovar projetos no Congresso para amordaçar procuradores, PF e juízes na luta contra a corrupção.

Um desses projetos contra a Lava Jato pode ser votado HOJE.

O tema, em discussão no Congresso há pelo menos uma década, está alicerçado em dois principais pilares: um deles é um projeto de lei apresentado em 2016 por Renan Calheiros, alvo de mais de uma dezena de procedimentos criminais (…). Condenar o que chama de abuso de autoridade sempre foi uma das bandeiras preferidas do senador.

Tendo o ex-senador Roberto Requião como relator, o projeto do alagoano que modificava a lei original sobre crimes de abuso de autoridade, datada de 2009, acabou sendo aprovado em abril de 2017 no Senado — por 54 a 19 votos — e a tramitação só parou ali graças à pressão da sociedade e dos alertas feitos pela Lava Jato, que seguia prendendo poderosos e desvendando esquemas espúrios em diversos níveis.

O segundo pilar do abuso de autoridade está associado ao projeto das 10 medidas contra a corrupção, que inclui esse debate. Tal projeto, de iniciativa popular, foi completamente desfigurado e aprovado na Câmara, em uma madrugada de 2016 (…).

Vindo da Câmara, vale lembrar o cronograma, esse projeto chegou ao Senado em 4 de abril de 2017. Somente em 14 de dezembro de 2018 foi distribuído, na CCJ, para a primeira relatora, senadora Simone Tebet.

Em 21 de março deste ano, com Simone já no comando da comissão, o projeto foi redistribuído para o novo relator, o ex-deputado mineiro e senador de primeiro mandato Rodrigo Pacheco, líder do DEM no Senado.

Pacheco ficou com a matéria durante 83 dias, até que recebeu a ordem de apresentar seu relatório. Quando? Exatamente dois dias depois dos primeiros vazamentos de mensagens envolvendo o então juiz Sergio Moro e integrantes da força-tarefa da Lava Jato. A leitura do parecer, favorável ao projeto, foi realmente feita no dia seguinte, como item extrapauta em sessão da CCJ. A ordem partiu de Davi Alcolumbre, presidente do Senado e seu correligionário.

O Antagonista, 25/6/19

Como se vê, a turma de Brasília não para de agir.

Comece a agir você também.

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