Clima é de comoção e revolta no enterro de operários


O clima é de comoção e revolta no enterro de Antônio Elias da Silva, Lourival Ferreira e José Roque dos Santos,  nesta quarta-feira (10), mortos com outros seis operários em um acidente na obra do Edifício Empresarial Paulo VI, na terça-feira (9). Cerca de 1,5 mil trabalhadores, além de familiares e amigos compareceram ao velório de Antônio, Lourival e José Roque no Bosque da Paz. Antes, os operários fizeram passeata pela Avenida Paralela.
O sepultamento de Hélio Sampaio será às 15 horas no Campo Santo. Os corpos das outras cinco vítimas serão enterradas em cidades do interior baiano: Jairo Correia (Irará); Martinho dos Santos (Conceição de Feira); Antônio Luiz (Conceição do Jacuípe); Antônio Reis do Carmo (Nazaré do Jacuípe); Manoel Bispo Pereira (São Miguel das Matas).
Entre os familiares das vítimas, as palavras são de comoção e tristeza. A mulher de Antônio Elias, Cláudia Silva, pede justiça. "Quero justiça para o que aconteceu com meu marido não aconteça com outras pessoas. Ele morreu trabalhando", desabafa.
Já os operários estão revoltados com a posição da Construtora Segura, responsável pela obra onde aconteceu o acidente. "Eles estão colocando a culpa no operador do elevador, mas ele era ajudante, não era qualificado para a função e colocaram ele para operar", disse um trabalhador que não quis se identificar.
Mas o diretor da Construtura Segura, Fernando Magalhães, contesta essa informação e elogia o operador, Jairo de A. Correia. "Ele era meu amigo pessoal, uma pessoa muito querida e operador extremamente rigoroso".
De acordo com o diretor, a empresa mantém apoio as famílias das vítimas. "Nesse momento a preocupação é minimizar a dor dos familiares. Tudo o que for obrigação da empresa, a Segura não vai medir esforços em fazer. Estamos sofrendo junto com todos familiares. Muitos funcionários tinham mais de 20 anos na empresa".
Risco -  De acordo trabalhadores presentes  no cemitério, outros canteiros de obra também são inseguros. "O mesmo acontece no Manhatthan (empreendimento na Paralela), onde os elevadores funcionam com as portas abertas, porque eles (os empresários) arrancaram o dispositivo de segurança para agilizar o trabalho", critica Carlos Joel, operário do Manhattan e membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa).
"Esse não foi um acidente, foi uma tragédia anunciada. A Cipa vem alertando constantemente em relação à manutenção dos equipamentos, mas eles (empresários) usam material sucateado", completa Carlos Joel.
De acordo com o trabalhador Cláudio Santos, do canteiro do Brisa, na Paralela, os problemas no elevador acontecem por falta de manutenção na parte mecânica. "Eles só fazem manutenção na parte elétrica, mas na mecânica não", critica.
Acidente - Antônio Elias da Silva, Lourival Ferreira, José Roque dos Santos, Hélio Sampaio, Antônio Luiz A. dos Reis, Manoel Bispo Pereira, Jairo de A. Correia, Martinho F. dos Santos e Antônio Reis do Carmo morreram após o elevador que utilizavam cair do 28º andar do prédio em construção. As primeiras investigações apontam para a quebra no eixo da roldana que sustenta o cabo de tração do equipamento, seguida de falha no sistema de freios de emergência.
Fonte Atarde

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