Vexame está além das 4 linhas

  O vexame da Seleção Brasileira nas cobranças de pênaltis na Copa América foi mais um alerta à CBF sobre o nosso futebol em nível mundial. Em uma semana, perdemos 3 competições internacionais: Os Mundiais Femininos, adulto e sub-17 e a Copa América, sem contar a era Dunga, que foi um fiasco em 2010 na África do Sul.

Eu estava nas arquibancadas mais uma vez e pude ver de perto os protestos dos torcedores brasileiros com relação ao comando da Confederação Brasileira de Futebol. O continuísmo desgasta, cria vícios, dentre outros males. É natural em qualquer lugar do mundo o nepotismo, o patrimonialismo e a corrupção imperarem num sistema em que o mandatário fica por muito tempo, raro não acontecer.

Não quero parecer radical, mas em qualquer instituição, por mais complexa que seja sua administração, oito anos estariam de bom tamanho, pois seriam dois mandatos, como na politica (cargos executivos), talvez até menos. A situação de Ricardo Teixeira beira à saga por um poder absoluto, vingativo e ameaçador.

Teixeira é dono de fato da CBF e o que é que explica isso?

Talvez a ignorância humana faz com que as pessoas tenham apego pelo poder e daí é que gera, em última instância, a violência, a arrogância, a corrupção, a ditadura e, por fim, os conflitos e até as guerras. No futebol, isso é comum, onde dirigentes renovam mandatos e se eternizam contra tudo e contra todos. Os resultados são desastrosos.

O poder é afrodisíaco, mas a vaidade está exposta a um risco enorme, até porque esse poder tem um potencial para transformar caráter e personalidade: Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe o poder e a caneta.

O verdadeiro poder pode ser reconhecido e até mesmo medido pela quantidade de justiça de que alguém num cargo executivo seja capaz de praticar, pela capacidade de promover a autoestima em sua equipe e pela fidelidade que é capaz de agregar na organização. Ser vencedor! E para isso não precisa passar a vida no comando de uma instituição. O continuísmo me parece algo doentio, psicopata, carente de cura pela medicina.

Falei mais sobre o continuísmo na tentativa de encontrar algo que explicasse o fiasco de clubes de futebol, federações, da própria CBF e por fim da Seleção Brasileira. Como explicar que verdadeiros craques individuais não venceram nos 90 minutos e mais os 30 da prorrogação, uma equipe frágil como a do Paraguai? A resposta só poderá estar muito além das quatro linhas.

Para finalizar, gostaria de citar uma frase rotineira que meu pai repetia a todo o momento, em casa, aos filhos:

“Desta vida não se leva nada, pois caixão não tem gaveta! Então, pra que esse apego todo ao poder e ao dinheiro?”
Por Márcio Martins direto de Boenos Aires.

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