Assim caminha a humanidade
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos tem sido campeões em tudo”.  A frase que abre o Poema em Linha Reta, do poeta português  Fernando Pessoa, em seu heterônimo Álvaro de Campos,  se faz bem apropriada para definir certas situações que se verificam na humanidade, em particular um recente episódio envolvendo uma personalidade ipiaúense que atualmente reside em Ilhéus.
Essa criatura foi vitima da própria imprudência e da maldade indiscreta de quem dividia com ela um momento de intimidade. Este,no entanto,não é o foco do nosso comentário, muito pelo contrário. O que enseja a referida  matéria é a maldade de quem se delicia com a desventura alheia. De quem tira proveito de situações vexatórias para destilar o veneno guardado na escuridão da alma perversa.
“Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…”
Prossegue o grande poeta lusitano em outro trecho do Poema em Linha Reta.
Ele ironiza aqueles que se deliciam com as fraquezas dos seus semelhantes,  que se ocupam  da vida alheia e esquecem  da própria vida.
Muitos já cometeram atos muito mais escandalosos, incalculavelmente mais deprimentes, sujos. Escondem a própria sujeira debaixo do tapete que eles próprios personalizam. “Atire a primeira pedra aquele que não tem pecado”. Disse aquele que nunca teve, nem nunca terá pecado.
Aqueles outros pecadores, em especial os de hoje em dia, esqueceram essas sabias palavras. Apedrejam,envenenam,atiçam o fogo, se deliciam com o incêndio. Seguem de acordo com o ditado: ”macaco não olha o rabo”. Também tem outro ditado que  afirma:”quem planta colhe”.Muitos estão plantando pepino,pimenta, ,espinho,abacaxi… A colheita será farta.  Os que plantaram primeiro  já estão colhendo o fruto do próprio pecado.Assim caminha a humanidade.
“ Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?’
 É Fernando Pessoa, é isso mesmo.  Eles escondem suas vergonhas nas gavetas mais fundas e expõem as vergonhas alheias na claridade do dia, na aldeia global, nas ondas maliciosas da Internet, até  no setor da pirataria da feira livre de Ipiaú.  Esquecem que no entorno do escândalo exposto existe um pai, uma mãe, um filho, uma família, uma historia de trabalho e solidariedade. É lamentável, mas assim caminha a humanidade. Deletem tanta maldade.
José Américo Castro