MDB se afasta de Lula por aliança com Republicanos após União-PP


O anúncio da federação entre União Brasil e PP levou o MDB a buscar uma aliança nacional com o Republicanos que, se concretizada, pode afastar o partido do apoio formal à reeleição do presidente Lula (PT) —hoje já improvável, segundo emedebistas.

A federação exige que os partidos atuem juntos em todos os estados e nacionalmente, como se fossem uma só agremiação, por quatro anos.

O instrumento surgiu em 2021 como uma forma de sobrevivência das pequenas legendas, mas tem mexido também no tabuleiro dos grande partidos.

A federação União-PP, chamada União Progressista, terá a maior bancada da Câmara, com 109 deputados federais, e do Senado, com 14 senadores (empatado com PSD e PL). Também terá a maior parcela dos fundos partidário e eleitoral e o maior tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio.

Os demais partidos de centro-direita e direita avaliam que a estrutura da federação União-PP dará ao grupo a condição de pleitear as vagas de candidatos ao Senado ou vice-governador em cada estado, com a oferta de tempo de TV.

Além disso, a aliança entre duas grandes siglas facilitará a montagem das chapas para deputado federal e estadual, ao reunir muitos candidatos com votos, o que facilita a eleição devido ao atual sistema proporcional, que leva em conta na distribuição das vagas a votação de todos os candidatos da legenda ou da federação.

Para reagir a essa nova força eleitoral, MDB e Republicanos intensificaram conversas sobre se unirem em uma federação também. O Republicanos chegou a discutir a ideia de integrar o grupo de União Brasil e PP, mas desistiu porque seria minoritário na composição.

Outra conversa do Republicanos é com o partido que resultará da fusão entre PSDB e Podemos. Essas negociações, no entanto, ainda precisam aguardar a concretização dessa união para começarem de fato.

No MDB, a ideia da federação começou a ser debatida no mês passado, num encontro entre o presidente do partido, Baleia Rossi (MDB), e o do Republicanos, Marcos Pereira, mas ganhou adeptos entre diversas alas do emedebismo após o anúncio da União Progressista.

“A consolidação dessa federação faz com que as pessoas deixem de lado as filigranas do processo e entendam como necessária uma federação”, diz o deputado José Priante (MDB-PA), primo do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).

Para o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), o partido precisa buscar alianças para se manter como um ator importante na política. “Quem não se federar vai ficar numa divisão inferior, e o MDB é partido de série A, não pode admitir disputar outra série”, afirma.

Ele é cotado para disputar o Governo de Alagoas em 2026, e seu pai, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), deve concorrer à reeleição. Ambos enfrentarão o grupo do ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), que terá o suporte da nova federação para se candidatar ao Senado contra os emedebistas.

No estado, o MDB dos Calheiros firmou uma parceria com o PSD de Gilberto Kassab. Na quarta-feira (7), Kassab disse não haver acertos ou expectativa de federação, mas que o partido está “aberto a conversas”.

Baleia e Marcos Pereira voltaram a se reunir nesta terça-feira (6) para discutir com mais profundidade a federação e os possíveis problemas regionais. Também houve um jantar na quarta, organizado por Priante, com representantes dos dois partidos, como Baleia e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).

Entre as dificuldades está, por exemplo, o Espírito Santo, onde Ricardo Ferraço (MDB) deve assumir o governo e disputar a reeleição com a renúncia do governador Renato Casagrande (PSB) para concorrer ao Senado. O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), é um potencial candidato ao governo contra ele.

Outro estado com dificuldades é a Bahia, onde o MDB está na vice do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o Republicanos faz parte do grupo do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil). Ainda há problemas em Pernambuco, com o próprio MDB dividido sobre quem apoiará na eleição para governador em 2026, Roraima e Paraíba.

Lideranças dos dois partidos, no entanto, entendem que é possível conversar nos próximos meses para superar esses conflitos regionais e que a prioridade é fortalecer os partidos nacionalmente.

Se unidos, MDB e Republicanos teriam 15 senadores, a maior bancada da Casa, além de 88 deputados e cinco governadores.

A possível aliança com o partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afasta mais o MDB da possibilidade de apoiar a reeleição de Lula.

Tarcísio é cotado como sucessor de Jair Bolsonaro (PL), caso o ex-presidente continue inelegível, mas ele tem a opção também de mudar de legenda e concorrer pelo PL.

Entre dirigentes do MDB, a possibilidade de apoio formal ao petista já é praticamente descartada, a não ser que ocorra uma reviravolta que torne Lula amplamente favorito para a eleição de 2026. A sigla comanda hoje três ministérios: Transportes, Cidades e Planejamento.

Um dirigente nacional diz que mais de 90% da bancada federal não concorda com esse apoio, por acreditar que perderá votos se tirar uma foto com o petista e postar nas redes sociais. Apenas a ala nordestina e parte do Norte ainda cogitariam a coligação.

Emedebistas dizem que Helder, cotado para assumir como vice de Lula no lugar de Geraldo Alckmin (PSB), já estaria convencido de que a coligação com o petista é improvável e estaria concentrando suas forças na eleição para o Senado.

Parlamentares do entorno do governador do Pará afirmam, entretanto, que não há decisão nesse sentido e que é preciso esperar a definição das variáveis de 2026 —entre outras, as condições em que Lula chegará na disputa e qual será o candidato de Bolsonaro, caso seja mantida a sua inelegibilidade.

Raphael Di Cunto/Ranier Bragon/Folhapress

Lula atende Zelenski e pede a Putin para estender cessar-fogo de 3 para 30 dias


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou nesta sexta-feira, dia 9, ao presidente russo, Vladimir Putin, um apelo para que aceitasse um cessar-fogo de 30 dias na guerra na Ucrânia.

Lula atendeu a pedido enviado pelo governo ucraniano à embaixada brasileira em Kiev. Segundo fontes do Palácio do Planalto e diplomatas, os ucranianos fizeram o mesmo pedido de ajuda ao presidente chinês, Xi Jinping.

Antes de se reunir com Lula, Putin esteve com Xi. Agora, o brasileiro vai conversar sobre o assunto com o chinês, em Pequim. Embaixadores brasileiros acreditam que Xi também conversou com Putin sobre o pedido de intermediação do governo Volodmir Zelenski.

Os dois foram os líderes globais de maior peso a atender um convite de Putin para visitar Moscou nesta sexta-feira e celebrar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. O evento foi usado politicamente por Putin para promover sua versão sobre a guerra e expor armamentos usados e soldados na batalha russo-ucraniana.

China e Brasil lideraram a criação de um grupo de países “amigos da paz” e lançaram no ano passado um documento com princípios para estabelecer um cessar-fogo prolongado e depois colocar os dois países na mesa numa conferência internacional. A Rússia elogiou a proposta, mas a Ucrânia a criticou por não exigir a retirada de tropas russas do território invadido e ocupado.

A partir do pedido de Zelenski, o petista sugeriu a Putin que estendesse o cessar-fogo unilateral de três dias decretado pelo Kremlin por causa de festividades do fim da Segunda Guerra Mundial, em Moscou.

Na prática, a pausa adotada pela Rússia foi prejudicada. A Ucrânia a classificou como um teatro e manteve uma ofensiva com drones contra Moscou, atrapalhando a chegada de delegações estrangeiras e a operação de voos comerciais para os 80 anos do Dia da Vitória. A Rússia respondeu com bombardeios.

O petista também criticou a interlocutores a possibilidade de ataques com drones durante a celebração da vitória contra o nazismo.

Segundo interlocutores de Lula, Putin teria indicado que precisava avaliar o assunto e não deu uma resposta conclusiva a Lula na reunião bilateral, feita de forma ampliada com membros dos dois governos, no Salão da Ordem de St. Catherine, no Kremlin. Havia muita gente na mesa para tratar de um assunto sensível, segundo um dos participantes do encontro.

A reportagem perguntou a Lula o que Putin havia respondido ao tratarem de um possível acordo de paz no encontro, mas o petista desconversou: “Não posso falar o que eu ouvi do Putin, seria muito ruim. Ele vai falar”.

Lula aproveitou a reunião para levar ao líder russo o pedido do governo Zelenski, que aceitou uma proposta de cessar-fogo de 30 dias intermediada pelos Estados Unidos. Putin, por sua vez, não concordou com os termos.

O assunto foi discutido reservadamente, depois que a imprensa havia deixado o local da reunião ampliada. Ao falar a jornalistas sobre o encontro neste sábado, dia 10, Lula foi genérico e não revelou que havia levado a sugestão ao russo a pedido do ucraniano.

A reportagem apurou que o pedido chegou ao Palácio do Planalto por via diplomática, pouco antes da viagem do petista à Rússia. O governo ucraniano fez o pleito formalmente ao embaixador brasileiro em Kiev, Rafael de Mello Vidal, que o transmitiu a Brasília. O Itamaraty então levou o assunto a Lula.

Os ucranianos também insistiram que devem estar representados em negociações que venham a ser feitas com a Rússia, de forma direta.

Já em Brasília, a embaixada ucraniana enviou uma nota ao governo Lula sugerindo um telefonema entre o petista e Zelenski, nos últimos dias, por ocasião da viagem a Moscou. No entanto, depois que o Planalto aceitou a conversa no nomento em que Lula estivesse em Brasília, os ucranianos teriam indicado dificuldade de agenda para que Zelenski atendesse a ligação.

Não é a primeira vez que ocorre um desencontro e constrangimento entre Lula e Zelenski. Algo similar ocorreu em 2023, no Japão, quando ambos participavam como convidados da cúpula do G-7 e tentaram uma conversa presencial. Ela só ocorreu meses depois, em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU.

Integrantes do governo brasileiro que acompanham a relação interpretam que Zelenski tem feito jogo de cena e criticado Lula e o Brasil em público, em diversas ocasiões declarando que considerava o petista fora da mediação, mas que em privado pede auxílio ao brasileiro, assim como ao governo chinês por causa da relação amistosa de ambos com Putin. A viagem de Lula a Moscou desagradou a Ucrânia.

O chanceler Mauro Vieira, que participou do encontro, afirmou que “o Brasil se colocou à disposição para auxiliar no que for de interesse de ambas as partes (Rússia e Ucrânia) para a construção da paz”, inclusive por meio do grupo de países amigos do Sul Global.

Felipe Frazão/Estadão

Operação Contra Crimes de Extorsão e Agiotagem resulta em prisões em Itamaraju


Itamaraju: A Polícia Civil da Bahia, através da Delegacia Territorial de Itamaraju e com o apoio da 43ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), deflagrou nesta sexta-feira, 9 de maio, uma operação que resultou na prisão de dois homens investigados por crimes de extorsão e agiotagem na cidade de Itamaraju.

A ação é resultado de um inquérito policial instaurado após vítimas formalizarem denúncias de ameaças e perseguições decorrentes de cobranças de juros abusivos. As investigações da Polícia Civil apontam que Josenilson Braga Santos, de 47 anos, identificado como um dos agiotas, realizava as cobranças utilizando grave ameaça, incluindo o envio de áudios intimidadores e a presença armada na residência das vítimas.

De acordo com o apurado, uma das vítimas possuía uma dívida com Zedeias Mateus Noronha Filho, de 46 anos. Este, por sua vez, teria repassado cheques que garantiam a dívida para que Josenilson Braga efetuasse as cobranças mediante ameaça e violência.

Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências dos suspeitos. A ação resultou na apreensão de diversos cheques, documentos e outros materiais que comprovam as práticas ilícitas, além de uma arma de fogo de calibre 9mm.

A Polícia Civil informou que "a periculosidade dos investigados e o histórico de envolvimento em crimes similares motivaram o pedido de prisão temporária e busca domiciliar, que foram prontamente deferidos pelo Poder Judiciário". Josenilson Braga Santos e Zedeias Mateus Noronha Filho foram presos na manhã desta sexta-feira (9).

A Polícia Civil reforça seu compromisso no combate ao crime organizado e à prática de cobranças ilegais, e destaca a importância da colaboração da população através dos canais oficiais para a denúncia de crimes.

Por: Lenio Cidreira/Liberdadenews

Jerônimo embarca para missão na China e Geraldo Júnior assume interinamente governo do Estado


O governador Jerônimo Rodrigues (PT) embarcou nesta sexta-feira (9) para uma missão oficial na China e transferiu o comando do Executivo baiano ao vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que assume interinamente como governador em exercício.

Neste sábado (10), o governador em exercício, Geraldo Júnior, cumpre agenda em Salvador. Pela manhã, ele participa da ação “Abraço na Fonte Nova”, promovida pela Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), vinculada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). A iniciativa celebra a escolha de Salvador como uma das cidades-sede da Copa do Mundo Feminina da FIFA 2027.

“Recebemos com entusiasmo essa missão confiada pelo governador Jerônimo e faremos deste momento um grande ato de celebração, ao lado de atletas baianos, muitos dos quais são beneficiados pelos programas FazAtleta e Bolsa Esporte”, destaca Geraldo Júnior.

À tarde, Geraldo Jr. participa do Brasil Nordeste – 1º Festival de Economia Popular e Solidária, que segue até domingo (11), no Centro de Convenções de Salvador. Promovido pelo Consórcio Nordeste em parceria com o governo do Estado, o evento reúne feira de produtos, oficinas, painéis temáticos e apresentações musicais com grandes nomes da cultura brasileira.

Líderes de centro da Câmara tentam evitar crise com STF, mas oposição cobra resposta


Líderes de partidos de centro e de esquerda querem evitar uma nova crise com o STF (Supremo Tribunal Federal) por manobra da Câmara a favor do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) que poderia beneficiar Jair Bolsonaro (PL).

O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta sexta-feira (9) que esperava que o STF mantivesse a decisão da Câmara – o que, horas depois, não se confirmou com a maioria formada na corte para derrubá-la.

Apesar disso, lideranças dizem, reservadamente, que não veem espaço para uma resposta sem que pareça como um novo capítulo de crise entre os Poderes. Avaliam ainda que é suficiente trancar parte da ação penal resguardando apenas Ramagem.

O tom ainda é de cautela. Um líder do centrão disse que, se Motta for sensato, vai evitar a escalada da crise. Mas da forma como conduziu até aqui, dá brecha para ser amplamente cobrado pela oposição.

A aprovação do relatório foi vista como um gesto de Motta para a oposição, que amargou derrota com o engavetamento do projeto de lei que concede anistia aos presos pelos ataques golpistas de 8 de janeiro. Sobretudo pela forma como ocorreu, numa votação rápida em plenário e sem instrumentos que pudessem adiar a discussão.

Deputados bolsonaristas, por sua vez, se queixaram do entendimento da corte, ainda que estivesse precificada. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), foi às redes sociais para cobrar uma resposta de Motta.

“Acaba de ser formada a maioria na Primeira Turma do STF para derrubar parte da sustação aprovada por 315 deputados em plenário. Um ministro está se sobrepondo à vontade de toda a Câmara. Com a palavra, o presidente Hugo Motta. Vai defender a soberania do Parlamento ou assistir calado?”, questionou no X.

Já o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), comemorou o resultado da corte. “STF forma maioria e derruba ‘trem da anistia’. Bolsonaro e seus generais terão que responder por seus crimes. A Câmara não pode trancar a totalidade da ação penal. É ilegal e inconstitucional”, disse.

Aliados de Motta dizem que é preciso aguardar os desdobramentos políticos do episódio, mas apostam que ele não terá interesse em prolongá-lo, transformando numa nova crise com o Supremo. A Câmara pode ainda recorrer com embargos de declaração, o que ainda não estava decidido.

Quando assumiu o mandato de presidente da Casa, no início do ano, uma de suas prioridades foi o distensionamento entre os Poderes, sobretudo a resolução da crise das emendas parlamentares.

Da forma como foi aprovado na Câmara, o relatório poderia trancar a ação penal beneficiando outros réus, além de Ramagem, como Braga Netto e Bolsonaro. O STF já havia dito à Casa que não havia previsão constitucional para um entendimento tão amplo.

Nesta sexta-feira (9), a Primeira Turma do STF formou maioria pela derrubada da manobra da Câmara. A posição do Supremo confronta a decisão dos deputados de sustar toda a ação penal contra Ramagem e confirma que a ação dos congressistas não tem poder de paralisar o processo contra os demais réus, como Bolsonaro.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou contra a paralisação de toda a ação penal contra o deputado e, no começo da noite, já havia sido acompanhado pelos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux. Falta ainda o voto de Cármen Lúcia.

O julgamento ocorre no plenário virtual da Primeira Turma e tem prazo para terminar até a próxima terça-feira (13).

“Os requisitos do caráter personalíssimo e temporal, previstos no texto constitucional, são claros e expressos, no sentido da impossibilidade de aplicação dessa imunidade a corréus não parlamentares e a infrações penais praticadas antes da diplomação”, disse Moraes em seu voto.

O ministro afirma que a Constituição não prevê nenhuma outra situação em que o Poder Legislativo pode suspender a atividade jurisdicional do STF. Por isso, a atribuição da Câmara no caso Ramagem é limitada.

Aliados de Motta viram o voto de Flávio Dino como o mais duro. Ele diz que a Câmara, ao tentar suspender todo o processo, ultrapassa suas atribuições constitucionais e tenta promover “indevida ingerência em um processo judicial de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal”.

“Somente em tiranias um ramo estatal pode concentrar em suas mãos o poder de aprovar leis, elaborar o orçamento e executá-lo diretamente, efetuar julgamentos de índole criminal ou paralisa-los arbitrariamente —tudo isso supostamente sem nenhum tipo de controle jurídico”, afirma o magistrado.

Marianna Holanda/Folhapress

AGU pede bloqueio de bens de mais 14 investigados por fraude no INSS


A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça Federal nesta sexta-feira (9) o bloqueio de bens de mais seis empresas e oito pessoas investigadas por descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O órgão entrou com pedido de mudança na ação cautelar ajuizada na quinta-feira (8) contra as associações investigadas.

A medida atende a pedido da Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou a necessidade de incluir novas pessoas jurídicas e físicas no pedido de indisponibilidade de bens e ativos financeiros. Com base na Lei nº 12.846/2013, conhecida como Lei Anticorrupção, a AGU também solicitou o bloqueio das atividades financeiras e a suspensão dos sigilos bancários e fiscal dos investigados.

As empresas e seus sócios que figuram no novo pedido são acusados de serem intermediárias de pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos vinculados ao INSS e a outras pessoas físicas a elas relacionadas. Até o momento, informou a AGU, o repasse de valores indevidos a esses agentes públicos está estimado em R$ 23,8 milhões.

“As investigações em curso revelam fortes indícios de que as empresas mencionadas participaram diretamente da intermediação de valores milionários”, informou a AGU na petição de aditamento. “Essa engenharia financeira sustentava o esquema criminoso, que consistia em repassar os valores indevidamente descontados pelas associações e pagar vantagens ilícitas a agentes públicos que permitiam ou facilitavam esses descontos”.

Em relação ao bloqueio de bens dos sócios das empresas citadas, a AGU baseia-se no argumento de que “as pessoas jurídicas foram utilizadas como instrumento para práticas ilícitas de natureza penal, administrativa e civil, servindo como meio para captação de vantagens provenientes de recursos indevidamente extraídos dos benefícios de aposentados e pensionistas”.

No caso dos agentes públicos investigados na Operação Sem Desconto, a AGU instaurou procedimento preparatório para ajuizar ação por improbidade administrativa.

Na petição original da ação cautelar proposta na quinta-feira, a AGU requereu, além dos R$ 23,8 milhões, o bloqueio de R$ 2,56 bilhões em bens móveis e imóveis e a quebra de sigilos bancário e fiscal de 12 entidades associativas e seus dirigentes.

Wellton Máximo/Folhapress

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