Começa funeral de Francisco, com milhares de fiéis e dezenas de autoridades


O funeral do papa Francisco começou às 5h de Brasília deste sábado (26), cinco dias após a sua morte. A missa das exéquias é celebrada em frente à Basílica de São Pedro, voltada para a praça de mesmo nome.
Celebrada pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, a missa fúnebre será acompanhada por quase 170 delegações internacionais, lideradas por chefes de Estado e de governo, além de monarcas.

A primeira fila, ao lado do altar, tem os representantes da Itália e da Argentina, por ser o país-natal do papa. A primeira-ministra Giorgia Meloni e o presidente Javier Milei estão sentados perto um do outro, entre as demais autoridades de seus países.

A lista inclui também os presidentes Donald Trump (EUA), Emmanuel Macron (França) e Marcelo Rebelo de Souza (Portugal); os primeiros-ministros Keir Starmer (Reino Unido), Olaf Scholz (Alemanha) e Viktor Orbán (Hungria); e representantes da União Europeia, como Ursula Von der Leyen e Antonio Costa. Entre os monarcas, os reis de Espanha, Bélgica e Dinamarca. O príncipe William, do Reino Unido, representa o rei Charles 3º.

O presidente Lula está acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.

Após Itália, Argentina e monarcas, a acomodação dos países é definida por ordem alfabética do francês. Ou seja, os EUA não estarão como “United States of America”, mas como “États-Unis d’Amérique”. O presidente Lula deve se sentar perto dos representantes de Canadá e Cabo Verde.

O esquema de segurança em torno do Vaticano, em vigor desde terça-feira (22), foi reforçado ainda mais. Caças, um destróier, radares e dispositivos antidrone estão mobilizados por toda a capital.

São esperadas 200 mil pessoas para acompanhar a cerimônia na praça. Telões foram instalados em outros pontos da cidade. Em três dias de velório, 250 mil foram à basílica se despedir do papa.

A missa das exéquias segue um ritual que foi atualizado pelo próprio papa Francisco no ano passado. Várias etapas que envolvem a morte de um pontífice foram simplificadas, como o caixão, que antes eram três, um dentro do outro, e agora é somente um de madeira.

Na missa, depois dos ritos de introdução, vêm a liturgia da palavra, com a primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, e a segunda leitura, com trecho da Carta de São Paulo aos Filipenses. Após o canto de aclamação do Evangelho, vem a homilia.

Na oração universal, ou oração dos fiéis, um trecho será recitado também em português: “Pelos povos de todas as nações: que, praticando incansavelmente a justiça, possam estar sempre unidos no amor fraterno e busquem incessantemente o caminho da paz.”

Em seguida, vêm os ritos da eucaristia, da comunhão e a Última Recomendação e Adeus, em que é recitada a Súplica da Igreja de Roma, com a menção dos santos, inclusive os papas canonizados, que foram incluídos na revisão feita por Francisco.

Ao fim da missa, o caixão do papa será levado em cortejo para a Basílica de Santa Maria Maior, onde ele escolheu ser sepultado. O deslocamento, transmitido ao vivo, será uma operação sem precedentes. O último papa enterrado fora do Vaticano foi Leão 13, em 1903, na Basílica de São João Latrão.

Lá, o caixão de Francisco será recebido, nos degraus da igreja, por um grupo de 40 pessoas formado por moradores de rua, detentos, imigrantes e pessoas transgêneros. Cada um terá uma rosa branca em mãos.

Por fim, em cerimônia reservada, comandada pelo camerlengo, o cardeal Kevin Farrell, ele será sepultado sob o túmulo de mármore, com a inscrição Franciscus, em latim.

Após 12 anos de papado, o argentino Jorge Mario Bergoglio morreu no último dia 21, aos 88 anos, depois de sofrer um AVC (acidente vascular cerebral), seguido de coma e parada cardiorrespiratória. Semanas antes, havia ficado internado por quase 40 dias devido a uma pneumonia em ambos os pulmões.

José Henrique Mariante e Michele Oliveira/Folhapress

STF condena a 14 anos mulher que pichou estátua no 8/1

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela condenação de Débora Rodrigues do Santos, que pichou a estátua próxima ao tribunal nos ataques de 8 de janeiro, a pena de 14 anos de prisão em regime fechado. Votaram nesse sentido o relator do caso, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia.

Mais cedo nesta sexta-feira (25), o ministro Luiz Fux votou para condenar a cabeleireira a pena de 1 ano e 6 meses.

O voto foi a primeira divergência em relação a Moraes, que sugeriu pena de 14 anos para a cabeleireira —símbolo do bolsonarismo na ofensiva pela anistia.

Fux ficou isolado no julgamento. Ele foi o único a sugerir a condenação de Débora somente pelo crime de deterioração do patrimônio tombado, excluindo os demais quatro crimes (golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, associação criminosa armada e dano qualificado contra o patrimônio público).

Os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin concordaram com Moraes na condenação de Débora por todos os crimes —o último ministro, porém, sugere uma pena menor, de 11 anos de prisão.

Já havia maioria, portanto, para a condenação da mulher que pichou a estátua, mas o voto decisivo para a dosimetria da pena foi o da ministra Cármen Lúcia.

O resultado do julgamento confirma o isolamento de Fux e seu novo posicionamento diante dos casos de 8 de janeiro na Primeira Turma do STF. No Supremo, somente Kássio Nunes Marques negava que os acusados tinham cometido crimes contra a democracia. Fux sinaliza ser o novo adepto da tese.

A nova posição de Fux, porém, pode embaralhar ainda mais o cenário no plenário do Supremo. As penas sugeridas por Moraes passam a ter somente seis votos no plenário.

Fux rejeitou a condenação de Débora por todos os crimes contra a democracia, como golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Para ele, Débora deve ser condenada somente pela deterioração do patrimônio tombado.

O voto de Fux, no entanto, é uma virada na posição que ele vinha manifestando até aqui nos casos dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro —até o momento, ele acompanhou Moraes nas propostas de penas elevadas em casos semelhantes ao da pichadora.

“Não há elementos da vinculação subjetiva da ré com outros acusados, necessária para a prova da coautoria nos crimes multitudinários de golpe de estado, abolição violenta do estado democrático de direito, associação criminosa”, disse Fux no voto.

O ministro disse que as provas apresentadas no processo judicial mostram que Débora só permaneceu na parte externa da Praça dos Três Poderes, sem ter entrado em nenhum dos prédios depredados.

“O que se colhe dos autos é a prova única de que a ré esteve em Brasília, na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023 e que confessadamente escreveu os dizeres ‘Perdeu, Mané’ na estátua já referida”, afirma.

Fux ainda argumenta que a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) não individualizou a conduta de Débora sobre a suposta adesão à associação criminosa armada que buscava dar um golpe de Estado.

“No presente caso, o que se tem é precisamente o contrário: há prova apenas da conduta individual e isolada da ré, no sentido de pichar a estátua da justiça utilizando-se de um batom”.

Fux apresentou o voto na retomada do julgamento de Débora Rodrigues na Primeira Turma do Supremo. Ele pediu vistas (mais tempo para análise) do caso em março e, após um mês estudando o processo, decidiu revisar a pena sugerida por Moraes.

O julgamento ocorre de forma virtual na Primeira Turma do STF, com término previsto para 6 de maio. Todos os integrantes do colegiado, no entanto, já se manifestaram.

A posição de Fux já era esperada. Ele havia avisado Moraes que pediria vista do caso de Debora. O ministro também anunciou durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela trama golpista de 2022 que analisaria o caso porque considerava a pena excessivamente alta.

“O ministro Alexandre, em seu trabalho, explicitou a conduta de cada uma das pessoas. E eu confesso que em determinadas ocasiões eu me deparo com uma pena exacerbada. E foi por essa razão, dando satisfação à Vossa Excelência, que eu pedi vista desse caso. Eu quero analisar o contexto em que essa senhora se encontrava”, disse

O ministro disse que “debaixo da toga bate o coração de um homem” e defendeu a necessidade de que os ministros do Supremo tenham a “capacidade de refletir”.

“Julgamos sob violenta emoção após a verificação da tragédia do 8 de janeiro. Eu fui ao meu ex-gabinete, a ministra Rosa [Weber] era minha vice-presidente, vi mesa queimada, papéis queimados. Mas eu acho que os juízes na sua vida têm sempre de refletir dos erros e dos acertos”, disse no fim de março.

As declarações de Fux em julgamento de grande apelo popular, televisionado, causaram incômodo entre colegas do Supremo. Nos bastidores, falou-se que o ministro costuma levar em conta avaliações externas sobre a atuação do STF —manifestações populares, da mídia, de comunidades políticas e de círculos jurídicos. Este seria o caso agora, na avaliação desses integrantes da corte.

A mudança de postura de Fux também causou estranhamento entre ministros do STF porque o ministro acompanhou Moraes em quase todas as 500 condenações relacionadas aos ataques aos Poderes.

Moraes e Flávio Dino votaram na primeira parte do julgamento pela condenação de Débora a 14 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio público, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.

“Está comprovado, pelo teor do seu interrogatório policial e judicial, bem como pelas provas juntadas aos autos, que Débora Rodrigues dos Santos buscava, em claro atentado à democracia e ao Estado de Direito, a realização de um golpe de Estado com decretação de ‘intervenção das Forças Armadas’”, disse Moraes no voto.

O relator também acrescentou um complemento do voto no plenário virtual, no qual afirma que a ré confessou participação nos ataques e pediu intervenção militar e ressaltou as provas constantes no processo.

Zanin, o terceiro a condenar Débora por todos os crimes, apresentou seu voto na tarde desta sexta. Ele seguiu sua mesma posição em julgamentos anteriores de casos do 8 de janeiro, sugerindo pena menor que a fixada por Moraes.

A pena de 11 anos é o patamar definido por Zanin para todos os denunciados que comprovadamente tenham participado dos atos de 8 de janeiro, mas não quebraram algo durante os ataques.

O caso de Débora é explorado pelo bolsonarismo na ofensiva pela anistia dos condenados pelos ataques às sedes dos Poderes. Aliados de Jair Bolsonaro tentam levantar a tese de que a mulher somente pichou a estátua com um batom e não deveria ser condenada.

A acusação da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Débora, porém, considera a ação individual da denunciada e a atuação multitudinária —um conceito do direito penal que se refere a crimes cometidos por multidão em tumulto.

A PGR entende que, nesse tipo de crime, cada pessoa que atuou no ataque às sedes dos Poderes tinha o mesmo objetivo: forçar as Forças Armadas a darem um golpe de Estado contra Lula (PT).

Seguindo essa tese, Gonet pede a condenação de Débora não pelo fato de ter escrito na estátua a frase “perdeu, mané”. Para a PGR, a sentença se daria porque a mulher participou do ataque aos Poderes e incentivou uma ruptura democrática.

Débora foi transferida para prisão domiciliar em 28 de março. Ela estava detida no Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, no interior de São Paulo, havia dois anos.

A flexibilização da prisão foi autorizada por Alexandre de Moraes após o ministro negar nove pedidos de liberdade para Débora.

Moraes argumentou na decisão que Débora ficou presa por dois anos —quase um sexto da possível pena de 14 anos sugerida pelo ministro. Ela tem filho menor de idade e é responsável pelos cuidados da criança, e o ministro considerou a situação.

“Há, portanto, necessidade de compatibilização entre o ‘direito à liberdade’ e a ‘aplicação da lei penal’, com a adequação das necessárias, razoáveis e adequadas restrições à liberdade de ir e vir e os requisitos legais e processuais”, disse.

Em depoimento ao Supremo, Débora Rodrigues pediu desculpas pela participação nos atos de 8 de janeiro e disse que pichou a estátua levada pelo “calor da situação”.

“Quando me deparei lá em Brasília com o movimento, eu não fazia ideia do bem [valor] financeiro e simbólico da estátua. Quando eu estava lá já tinha uma pessoa fazendo a pichação. Faltou talvez um pouco de malícia da minha parte, porque ele começou a escrita e falou assim: ‘Eu tenho a letra muito feia, moça, você pode me ajudar a escrever?’. E aí eu continuei fazendo a escrita da frase dita pelo ministro [Luís Roberto] Barroso”, disse.

Cézar Feitoza/Ana Pompeu/Folhapress

Disparada de fraudes no INSS em 2023 passa por mudança nas regras, omissão e indicações políticas

Os descontos ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS são um problema que começou a entrar no radar em 2018, mas que disparou a partir de 2023, primeiro ano do governo Lula. O forte crescimento dos débitos motivou uma investigação pela Controladoria-Geral da União (CGU), nesse mesmo ano, e culminou na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal nesta semana.

Os motivos para a explosão dos descontos – quase todos sem autorização – passam pelo afrouxamento das regras, motivada por lobbies no Congresso Nacional, por falhas do INSS no controle e na fiscalização, e por indicações políticas para o órgão. O escândalo levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de outros dirigentes do INSS, além da apreensão de carros de luxo, joias e dinheiro vivo.

A auditoria da CGU mostra que o valor dos débitos saltou 34% em 2018, mas caiu nos dois anos seguintes, em 2019 e 2020. Depois disso, voltou a subir a partir de 2021. Em 2023, aumentou 84%, para disparar 119% em 2024. Uma auditoria do próprio INSS verificou aumentos significativos de descontos indevidos em 2023 e 2024, chegando a quase 1,5 milhão de mensalidades no ano passado.

Procurado, o INSS não se manifestou. Em nota divulgada mais cedo, o instituto afirmou que, na atual gestão, “ações imediatas foram tomadas” (leia mais abaixo).

Congresso atuou para impedir revalidação de descontos

A judicialização de muitos casos de descontos indevidos entre os anos de 2017 e 2018 levou o governo Jair Bolsonaro a apertar as regras já no início do seu mandato, pegando carona na Medida Provisória (MP) 871, que tratava das primeiras mudanças relativas à reforma da Previdência.

O texto original, redigido pelo Executivo, estabelecia que todos os descontos nas folhas de pagamento concedidos a associações de aposentados precisariam ser revalidados ano a ano. A ideia era que essa revalidação periódica limpasse as fraudes para trás e coibisse também novos abusos, para frente.

Durante a tramitação do texto no Congresso, contudo, a atuação de lobbies das associações, junto a deputados e senadores, conseguiu prorrogar esse prazo de um ano para três, estabelecendo ainda que a regra só começaria a contar a partir de 31 de dezembro de 2021. A mudança foi sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Quando chegou o prazo, em 2021, o Congresso colocou um “jabuti” em outra medida provisória, prorrogando mais uma vez o prazo: agora, a revalidação seria a cada três anos, podendo ser prorrogado por mais um, a partir de 31 de dezembro de 2022. O novo período foi incorporado pelo INSS em uma instrução normativa de 28 de março de 2022.

Antes que o novo prazo chegasse, também por forte atuação das associações no Congresso, um novo “jabuti” foi inserido na MP 1.107, em 2022, revogando em definitivo qualquer tipo de revalidação de assinaturas e autorizações por parte de aposentados e pensionistas. Com isso, na prática, não houve endurecimento das regras, durante esse período.

Em março de 2024, o então presidente do INSS, Alexandre Stefanutto, revogou a revalidação ao assinar uma instrução normativa sobre os descontos.

Regras frouxas coincide com loteamento político do INSS

A mudança nas regras coincide também com o que seria o loteamento político do INSS a partidos ligados ao Centrão, ainda no governo Jair Bolsonaro. A atuação desse mesmo grupo teria se perpetuado durante o governo Lula, apesar da troca de espectro político entre as duas gestões.

Um ponto de mudança, segundo interlocutores ouvidos pelo Estadão sob reserva, é a nomeação do servidor do INSS José Carlos Oliveira à diretoria de Benefícios do órgão, em maio de 2021. À época filiado ao PSD, Oliveira teve uma ascensão meteórica dentro do governo Bolsonaro: da diretoria de Benefícios, em maio, assumiu a presidência do INSS, em novembro de 2021, para ser nomeado ministro do Trabalho e Previdência, em março do ano seguinte, em cerimônia no Palácio do Planalto.

Com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi nomeado para a diretoria de Benefícios do INSS o servidor André Fidelis. Apesar da troca de governo, Fidelis também tinha ligações com associações e partidos do Centrão e, durante a sua gestão à frente da diretoria, as fraudes ganharam novas proporções, segundo pessoas a par do assunto.

Em junho de 2024, após uma série de reportagens publicadas pelo portal Metrópoles, mostrando a ampliação das fraudes, Fidelis foi exonerado do cargo. Ainda assim, os descontos ilegais não pararam, o que levou a uma atuação mais direta de órgãos de controle.

Procurado, José Carlos Oliveira não se manifestou. A reportagem não conseguiu contato com André Fidelis.

Investigações apontam omissão e falhas do INSS que permitiram aumento das fraudes

As investigações da CGU, da Polícia Federal, do TCU e dos auditores do INSS identificaram falhas do órgão no período em que os descontos irregulares dispararam. Em outras palavras, é como se a porta de entrada dos crimes que vinham acontecendo não tivesse sido fechada, permitindo o aumento nas fraudes.

O relatório da CGU sobre o esquema afirma que “o INSS não implementou controles suficientes para mitigar os riscos de descontos indevidos.” O mesmo entendimento foi citado pela PF.

O TCU, em uma análise paralela no ano passado, também verificou falhas de controle no INSS que permitiram os descontos indevidos. A Corte de Contas alertou que o órgão poderia ser responsabilizado pelos danos aos aposentados em virtude das mensalidades ilegais.

Uma auditoria feita por técnicos do próprio INSS, em 2024, encontrou brechas nos acordos firmados pelo órgão com os sindicatos, ausência de fiscalização das mensalidades e erros na avaliação de parcerias com entidades suspeitas.

No mesmo ano, o INSS baixou a Instrução Normativa 162, de 28 de março, que exigiu reconhecimento biométrico e assinatura eletrônica, por parte de aposentados e pensionistas, para a concessão dos descontos.

Como mostrou o Estadão, a mesma norma, assinada pelo presidente afastado do INSS Alessandro Stefanutto, também eximiu o órgão de culpa por qualquer desconto indevido.

“O INSS não responde, em nenhuma hipótese, pelos descontos indevidos de mensalidade associativa, restringindo-se sua responsabilidade ao repasse financeiro à entidade em relação às operações devidamente autorizadas pelos beneficiários.”

Governo culpa digitalização; INSS diz que tomou ‘ações imediatas’

O governo atual alega que a digitalização permitiu o aumento do número de associações conveniadas com o INSS, e isso potencializou as fraudes por meio dos descontos. Auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) mostra que as associações conveniadas saltaram de 15, em 2021, para 22, em 2022, indo a 27 e 33, nos dois anos seguintes.

O INSS, por sua vez, disse em nota que apenas uma associação alvo de ações judiciais pela Operação Sem Desconto firmou contrato no atual governo, e que os problemas tiveram início no governo anterior. O texto diz que os acordos de cooperação foram suspensos, após a Operação da Polícia Federal, e que os valores descontados de forma indevida serão devolvidos após avaliação de grupo de Advocacia-Geral da União (AGU).

Além disso, afirmam que “ações imediatas” foram tomadas pela atual gestão para coibir irregularidades, e que somente uma associação investigada pela CGU assinou acordo com o órgão em 2023.

“Das 11 entidades investigadas pela CGU, somente uma teve acordo assinado em 2023. As demais são de 1994, 2014, 2017 (2), 2021 e 2022 (5). Como é possível observar, esses descontos vinham ocorrendo em governos anteriores. Na atual gestão, ações imediatas foram tomadas”, disse o órgão.

Entre as medidas citadas em uma lista, a partir de 2024, estão o uso de assinatura eletrônica avançada e biometria (para novos contratos), limitação de desconto a 1% do limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e reformulação da diretoria de Benefícios, em junho de 2024.

Segundo o órgão, a biometria está em pleno funcionamento desde fevereiro de 2025 e houve aumento dos cancelamento entre 2023 e 2025.

Alvaro Gribel/Daniel Weterman/Estadão

Carcereiros de Alagoas temem cenário de tensão com prisão de Collor em Maceió

O Sindicato dos Policiais Penais de Alagoas diz que está atento para “eventuais mordomias” que venham a ser concedidas ao ex-presidente Fernando Collor no presídio Baldomero Cavalcanti Oliveira, para o qual foi encaminhado, em Maceió.

Segundo a entidade, a unidade é um “barril de pólvoras de alta precariedade”. “Qualquer evidência de benefício ao ex-presidente e ex-governador pode detonar a revolta de outros presos”, afirma o sindicato.

Collor chegou ao presídio por volta das 14h30 desta sexta-feira (25), após fazer exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu que o ex-presidente deverá ficar preso em ala especial do presídio.

Fábio Zanini/Folhapress

Velório de Francisco termina, e Vaticano inicia preparação para funeral na manhã deste sábado

O velório do papa Francisco foi encerrado às 14h de Brasília desta sexta-feira (25), com o fechamento das portas da Basílica de São Pedro. Desde quarta-feira (23), ao menos 250 mil pessoas passaram para ver seu caixão, segundo o Vaticano. Nas duas madrugadas, a igreja foi mantida aberta para receber fiéis e turistas, que formaram longas filas no entorno da praça São Pedro. Quem entrou até as 14h foi autorizado a concluir a visita.

Uma hora depois do encerramento, começou a cerimônia reservada de fechamento do caixão, em preparação para o funeral, que ocorre neste sábado (26) a partir das 5h de Brasília.

Aos 88 anos, o papa morreu na segunda-feira (21), após um AVC (acidente vascular cerebral) seguido de coma e parada cardiorrespiratória. Semanas antes, ele havia ficado internado por quase 40 dias devido a uma pneumonia em ambos os pulmões.

Na quarta, as filas para se despedir de Francisco começaram a se formar mesmo antes de encerrada a cerimônia da chegada do seu caixão à basílica, depois de velório reservado na Casa Santa Marta, onde ele morava no Vaticano.

Ainda em fase de organização, o primeiro dia foi marcado pela longa espera que os fiéis tiveram que enfrentar, dentro e fora da igreja, até a chegada aos pés do caixão do papa, posicionado no altar da Confissão. Alguns passaram até cinco horas na fila, muitos sob o sol. A basílica ficou aberta durante quase toda a madrugada. Nas primeiras 24 horas, cerca de 50 mil viram o papa.

No dia seguinte, o Vaticano amanheceu com seu entorno mais organizado, com agentes de polícia e da proteção civil orientando os pedestres ainda no caminho para a praça.

Nesta sexta, último dia de visitação pública e feriado nacional na Itália (Dia da Liberação, que lembra os 80 anos do fim da ocupação nazista), as redondezas do Vaticano amanheceram tomadas por visitantes. Quem chegava perto do caixão tinha poucos segundos para avistá-lo, com os seguranças que impunham um ritmo acelerado aos passantes.

Durante todo o velório, o público que foi à basílica misturou fiéis e religiosos com turistas e curiosos –uns se comoviam diante do papa, muitos chegavam ávidos por uma foto. Adolescentes e jovens marcaram presença, na cidade para o Jubileu dos Adolescentes, parte importante do calendário do Jubileu da Igreja, a cada 25 anos.

Por volta das 12h de Brasília desta sexta, o acesso à fila para entrar na igreja foi suspenso. A proteção civil italiana emitiu um raro alerta para os celulares de quem estava em Roma avisando do encerramento da visitação, para que as pessoas não se dirigissem à praça São Pedro.

Também homenagearam o papa diversas autoridades, como a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, logo no primeiro dia, e o presidente Lula, que chegou a Roma nesta sexta. Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, estavam acompanhados por ministros, presidentes do Congresso e ministros do Supremo Tribunal Federal. A ex-presidente Dilma Rousseff também estava no grupo, na condição de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do Brics.

Em 2005, o velório público do papa João Paulo 2º durou seis dias e atraiu cerca de 3 milhões de pessoas, com até 13 horas de espera. Em 2022, a visitação ao papa Bento 16 aconteceu durante três dias, com total de 195 mil pessoas.

O ritual do fechamento do caixão foi comandado pelo cardeal camerlengo, Kevin Farrell, que abriu a cerimônia com uma oração. Em seguida, o chefe de celebrações litúrgicas, Diego Ravelli, fez a leitura da biografia de Francisco, com menção aos seus feitos mais importantes.

Após cantos e orações, o camerlengo retoma a palavra. “Que seu rosto, que perdeu a luz deste mundo, seja iluminado para sempre pela verdadeira luz que tem em ti sua fonte inesgotável”, disse Farrell.

Em seguida, Ravelli cobriu o rosto de Francisco com um véu de seda branca e o camerlengo borrifou água benta sobre o corpo. Foram colocados dentro do caixão uma bolsa com moedas e medalhas fabricadas durante o papado e o texto da biografia, que fica em um tubo.

Ravelli, então, fechou o caixão com a tampa de zinco, a cruz, o brasão escolhido por Francisco e a placa com seu nome e a duração do papado, que depois foi soldada e lacrada pelo camerlengo. A tampa de madeira também foi colocada, e o caixão foi, enfim, fechado completamente.

Michele Oliveira/José Henrique Mariante/Folhapress

Policiais do 9º Batalhão são condecorados com a Medalha Marechal Argolo-Visconde de Itaparica.

O 9º Batalhão/Vitoria da Conquista tem a honra de ter, dentro do seu efetivo, quatro policiais militares agraciados com a Medalha Marechal Argolo - Visconde de Itaparica, por bons serviços prestados à PMBA, conforme publicação em Diário Oficial do Estado, desta sexta-feira, 25.04.25.

Foram condecorados os seguintes policiais militares:

1. Cap PM Débora Brito Nascimento Costa;

2. Subten PM Jackeline de Oliveira Sá Cordeiro Santos;

3. 1ª Sgt PM Daniela Cristina de Souza Lima, e;

4. Cb PM Ruben Ribeiro Costa Nascimento.

O Comandante do 9º Batalhão parabeniza os seus policiais militares pela honraria, ao tempo que se sente  deveras lisonjeado pelo 9º BEIC ter sido reconhecido, através de seus quatro policiais militares, merecidamente, agraciados.

PMBA, uma Força a serviço do cidadão!

Fonte: ASCOM/9° BEIC

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