Glauber Braga é retirado à força do plenário após tentar ocupar cadeira de Hugo Motta

Polícia legislativa interrompeu sessão e determinou saída de jornalistas do plenário para evitar gravação

O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou nesta terça-feira (9) a cadeira do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), contra a decisão dele de pautar o processo que pede a cassação de seu mandato por chutar um militante de direita que o perseguia na Casa.

A votação, prevista para esta semana, ocorrerá paralelamente à votação para decidir sobre a perda do mandato dos deputados Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foram condenados pela Justiça e estão foragidos.

"Há uma ofensiva em que o único mandato de fato atingido é o mandato que me foi conferido pelo povo do Rio de Janeiro", afirmou Braga, enquanto presidia a sessão. Ramagem e Zambelli não estão participando das sessões por estarem fora do país —ela, presa na Itália, e ele, morando nos Estados Unidos.

O deputado presidia a sessão, decidiu ocupar a cadeira de Motta em protesto e se recusou a sair. Após Glauber anunciar seu protesto, a sessão foi suspensa e deixou de ser transmitida pela internet.

A polícia legislativa determinou a retirada dos jornalistas do plenário, enquanto tratava da saída de Braga da mesa diretora, para evitar imagens. Apenas deputados tiveram acesso à cena e divulgaram vídeos da polícia retirando Glauber à força.

A confusão se seguiu pelo salão verde, com jornalistas, policiais e deputados em um tumulto com empurra-empurra e agressões. Em seguida, o deputado deu entrevista à imprensa —a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), mulher do deputado, e outras deputadas choravam durante a fala do deputado.

Glauber passou ainda por um exame de corpo de delito.

Glauber teve a recomendação da cassação do mandato aprovada pelo Conselho de Ética da Casa em abril por agressão a um militante do MBL (Movimento Brasil Livre). No mesmo dia, ele iniciou uma greve de fome só encerrada após compromisso de Motta de não pautar a votação do caso em plenário no primeiro semestre. Cabe ao plenário a última palavra a respeito da decisão do conselho.

O deputado disse que, no caso da agressão, se exaltou após o militante do MBL ofender a sua mãe, que estava em estágio avançado de Alzheimer e viria a morrer dias depois. Afirmou ainda ser vítima de perseguição política patrocinada nos bastidores pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que nega. Já o conselho de ética entendeu que ele quebrou o decoro parlamentar e recomendou a cassação.

O ato de Glauber está sendo comparado ao motim bolsonarista, que tomou conta da Mesa Diretora no início de agosto.

Antes da expulsão, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que iria buscar uma saída política e criticou a restrição de acesso da imprensa.

Lindbergh, que se opôs ao motim bolsonarista na época, disse a respeito de Glauber que "esse não é o melhor método", mas atribuiu a nova tomada da Mesa à falta de punição de Motta em relação ao motim bolsonarista.

"Tem uma responsabilidade muito grande do presidente da Casa por não terem sido punidos aqueles golpistas que sequestraram a Mesa da Câmara dos Deputados. Então, nós estamos querendo achar uma saída, porque esse não é o melhor método. Não é a melhor forma de se resolver um problema como esse", disse o petista, acrescentando ser solidário a Glauber.

Por Raphael Di Cunto/Carolina Linhares/Folhapress

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