Aliados do governo criticam Jaques Wagner por articulação da votação do PL da Dosimetria: "Farsa"

A articulação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para viabilizar a votação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria gerou forte reação dentro da própria base governista, sobretudo entre parlamentares do PT e aliados históricos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O episódio evidenciou divergências internas sobre a condução política no Congresso e expôs desconforto no Palácio do Planalto.

O projeto, aprovado pelo Plenário do Senado por ampla maioria, altera critérios para a fixação de penas e inclui dispositivos que podem beneficiar condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A controvérsia teve início após Wagner admitir que articulou um acordo para permitir a votação do projeto, em meio à negociação para destravar pautas de interesse do governo federal. A estratégia foi interpretada por integrantes da base como uma concessão indevida à oposição.

Diante das críticas, o senador Jaques Wagner reagiu publicamente. “Lamentável é nos rendermos ao debate raso e superficial. É despachar divergências de governo por rede social”, afirmou, ao rebater manifestações de aliados que questionaram sua condução no Senado.

Um dos mais duros críticos foi o senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado do governo, que se recusou a participar da votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Renan afirmou que houve uma tentativa de troca política envolvendo o avanço do PL da Dosimetria e projetos econômicos de interesse do Executivo.

“Eu não vou participar aqui de farsa nenhuma para possibilitar a votação desta matéria para que o governo aprecie outra matéria logo mais à tarde”, disse. Segundo ele, o líder do governo teria argumentado que concordaria com a votação do PL para viabilizar, em seguida, a análise de propostas que aumentam alíquotas de apostas eletrônicas e fintechs. “Isso é uma farsa e eu não concordo com isso”, reforçou.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também criticou duramente a condução do tema. Para ela, a forma como o projeto avançou no Senado contrariou a orientação oficial do governo, que sempre se posicionou contra a proposta.

“A redução das penas dos golpistas é um desrespeito à decisão do STF e um grave retrocesso na legislação que protege a democracia”, escreveu a ministra. Em seguida, completou: “A condução desse tema pela liderança do governo no Senado foi um erro lamentável”.

Gleisi ainda adiantou que o presidente Lula vetará o projeto, reafirmando que o Planalto não compactua com qualquer iniciativa que relativize punições a crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Hoje (18), o próprio presidente Lula se manifestou dizendo que não passou por ele qualquer articulação para colocar em pauta o projeto. O chefe do poder executivo antecipou que irá vetar a proposta "assim que chegar em sua mesa".

Por Política Livre

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